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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Três belas frases de João de Araújo Correia

Bem me lembro que num Agosto de há mais de trinta anos eu fui por aí fora a caminho da Srª da Lapa, em dia de romaria grande. Às tantas desviei-me da estrada de Moimenta e enfiei pela estradinha da Soutosa, estradinha pouco expedita, na Serra de Leomil. Foi então que dei de caras com a aldeia de Nacomba, coisa inesperada mas, ainda assim, com algum relevo nas miudezas do mapa.

Nacomba surgiu-me a deslado, meio aconhegada num desses vales que dão as águas e dão o ser aos requebros da Serra de Leomil.

Nacomba era um povoado de casas velhas e humildes, casas de telha vã com todo o negror do tempo e da fuligem.

À distância de todos estes anos passados, é crível que um ou outro emigrante tenha feito ali uma casa mais arrebicada, a dar algum sainete às gentes do lugar, aos caminhos lastrados de mato galego, mesmo àquele chão onde se imbricam as leiras de sementio.

E bem me lembro que quando li o conto “Os Cegos de Nacomba”, de João de Araújo Correia, logo me deu no goto esta frase admirável: Meia dúzia de casas perdidas na unhada que Nosso Senhor dera num monte.

Esta frase, tão metafórica e tão sintética, ficou-me a vida inteira, a dizer-me, só por si, da omnipotência e da omnisciência de Deus, Nosso Senhor.  
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Bem me lembro ainda das antigas carregações do vinho na casa agrícola de meus pais, nos subúrbios da Régua. As carregações eram uma festa aos meus olhos de rapazinho descuidado. Eram carros e mais carros de bois, cada qual com sua pipa bem arrochada; e eram os carreiros, os matulas de armazém, os serventes beberrões e eram, principalmente, os bois, sempre a esmoerem palha milhã e inçados de mosquedo. Por esse tempo os carros de bois eram os carros de aluguer e o pecúlio entesoirado fazia com que os carreiros levassem vida bem regalada. Pode dizer-se, até, que os bois eram afagados com amor. Livres de andaços ou mazelas, nédios, bem nutridos, cheios de carnes e untuosidades, eram umas estampas de bom porte e boa galhadura, coisa digna de se ver e eram também a vaidade dos carreiros.

Imagine-se agora uma junta de bois a dormir no eido, numa noite de lua cheia, noite profunda e silenciosa de Estio.

Imagine-se que vamos até à janela a ver o sereno irreal da noite enluarada e a ver a junta de bois assim amodorrada.

João de Araújo Correia dá-nos esse quadro. É como se fossem dois versos na sublimação de um poema:

Duas medas de carne fulva untadas de luar. 
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Lembra-te homem que és pó e em pó te hás-de tornar.

Mas, na hora de prestar contas no outro mundo, quem fala são, muitas vezes, os preconceitos e as mundanidades.

Luxos, bonitezas, fidalgos ou cavadores, obtusos ou letrados, ricaços ou mendicantes, celerados ou preguicentos, ao fim e ao cabo todos dormirão o sono da eternidade polvorenta. Quem no-lo diz é João de Araújo Correia. Diz esta belíssima frase tão judicativa como sentenciosa:

Tanto voam para sempre os que têm asas de prata no caixão, como os que se remedeiam no voo com as asas das omoplatas.
- Manuel Braz de Magalhães, Fev/2013

Clique na imagem para ampliar. Texto de  Manuel Braz de Magalhães. Imagem e texto cedidos pelo Dr. José Alfredo AlmeidaEdição de imagem e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Fevereiro de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Uma carta do além… *

Canelas do Douro, 28 de Novembro de 2012

Exmo. Presidente dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua
Dr. José Alfredo Almeida
Ilustre Causídico,

Quando há quase três décadas fixei o meu eremitério em Canelas do Douro, perdi um pouco o ritmo de carteador compulsivo que fui ao longo de quase toda a minha vida. Porém, de quando em vez, ainda faço o gosto ao dedo.

Aproveito, desta feita, o 132º aniversário dos nossos Bombeiros para me dirigir a V. Excia. e na sua pessoa a todos os bombeiros da corporação, aos que ainda servem e defendem as populações e aos que mudaram de sítio, para eremitérios como este meu. Quando aqui chegaram meus filhos João e Camilo, muitas novidades me trouxeram da nova Régua com suas evoluções e dislates, e com especial atenção me contaram a fidelidade e modernização da nossa Associação como força viva e dinâmica, comandada por homens de pendor humanista, o que estou certo continuará a distingui-la da apatia comum.

De V. Excia. me contaram ser um jovem causídico muito dedicado à causa dos Bombeiros e à cultura. Senti-me de novo com o mesmo júbilo com que brincava com os ademanes da farda de meu pai que, como sabe, também foi bombeiro, no tempo do quartel no Largo da Chafarica. Dizem-me ainda que é V. Excia natural de Caldas do Moledo, terra natal de meu pai.

Não há muito tempo, encontrei no recreio das almas, um bombeiro do quadro de honra – o amigo Teles – que me cumprimentou com saudade e de imediato me falou dos nossos bombeiros. Foi ele que me explicou que V. Excia é filho do Sr. Almeida, carteiro de profissão, que muitas cartas me levou, Medreiros acima.

Percebi que V. Excia seria o inesquecível recém-nascido que um dia me entrou consultório adentro, em vias de perecer por rejeição do leite materno. Tudo se resolveu, felizmente, e sem o saber, até nessa hora providencial continuei a servir com o que tinha de mim, a causa e o futuro dos Bombeiros da Régua.

Bem-haja o senhor doutor pelo trabalho que tem feito, permita-me, pelo Bombeiro que tem sido! Sei que teve mesmo o rasgo e o bom senso de escrever memórias da história da corporação e dos seus servidores, bombeiros voluntários e soldados da paz, como então se dizia. Mergulho a alma na saudade ao lembrar-me dos bombeiros do meu tempo e de algumas personagens inesquecíveis – as barbas brancas do Afonso Soares, o José Ruço, o Riço, o João dos óculos, o anedótico Justino, que sempre que metia no seu discurso flores, falava de gipsófila, muito embora lhe chamasse “pisgatófilha”. Enfim…

Do muito que me lembro dos bombeiros, que sempre mereceram o meu zelo e até o meu sacrifício, não consigo esquecer o prazer com que preenchi páginas e páginas do nosso querido boletim “Vida por Vida”. Um exemplo de utilidade pública que cultivava o amor dos cidadãos pelos seus bombeiros, e ainda apontava aos homens primores e desprimores da nossa terra. Não quererá V. Excia. aceitar o desafio de fazer renascer o “Vida por Vida”? Certamente haverá hoje na Régua gente capaz de lhe preencher novas páginas. Seria notícia que muito me agradaria receber na minha tebaida de Canelas.

Oxalá continuem os Bombeiros, mais ou menos voluntários, mais ou menos modernizados, a ter no seu quartel local de palavra e reflexão, de convívio e dinâmica cultural. Afinal, se os bombeiros acodem a fogos e doentes, porque não haverão de acudir às maleitas da sua terra? Falo-lhe em maleitas porque também me chegam notícias tristes sobre as nossas Caldas do Moledo e a sua Estância Termal a agonizar, vítima da estrupícia dos homens… e ainda o desprezo pelos jardins e pelas árvores, que continuam a sofrer ataques arboricidas, ao que me dizem! Já que mataram o secular Jardim Alexandre Herculano, ao menos que salvem a Alameda.

Dizem-me ainda que tem agora a Régua uma Biblioteca Municipal, moderna e eficaz, com uma sala onde se veneram e guardam os livros com o meu obscuro nome! Pois aplaudam-se com todas as mãos os autores da ideia e da obra. Entristece-me ver fechada a velhinha biblioteca Maximiano de Lemos, que nasceu da pequena estante que existia ainda no quartel da Chafarica, e que foi a minha primeira biblioteca, na altura enorme e poderosa aos olhos de uma criança aprendiz de leituras.

Contam-me os meus filhos que o rio está prenhe de barcos, uns são hotéis flutuantes cheios de mundo, outros que são Rabelos a motor! Os primeiros são-me bem-vindos, pelo ar fresco que trazem a terra possuída pelo tranglomanglo; os segundos é que me parecem cozinhado de estrugido queimado… Bem que ficavam nas baías da Régua e do Pinhão os velhos monarcas Rabelos, mas sem motores, de vela ao vento e arrais ao leme, passeando devagarosamente turistas, como se fossem as “gôndolas” do Douro.

Chegam-me notícias de que a Casa do Douro está atacada por doença cancerígena prolongada, agonizando à espera da morte definitiva. Pobre Antão de Carvalho, pobres paladinos do Douro, que devem estar em sofrimento, mesmo depois da suposta paz que se seguiu à sua vida terrena.

Por seu lado, depois de conseguido o Museu do Douro por que tanto clamei, está agora em maus lençóis, sem destino à vista! Sinto-me recolhido em Canelas do Douro, sem inveja nenhuma de quem por aí anda, e protegido de desgostos que me seriam fatais ao espírito.

Meu caro amigo Dr. José Alfredo Almeida, sou obrigado a concluir que tanto na Régua como na Pátria, talvez só mesmo os Bombeiros continuem, pela sua atitude, exemplo e coragem, a merecer a minha contínua doação e sacrifício, mesmo que daqui deste meu eremitério espiritual.

Em dia de aniversário dos nossos Bombeiros, deixo-lhe, com redobrado sentimento, o que a alma me ditou há mais de meio século, e que acredito ainda seja o espelho dos Bombeiros da Régua e de todo o Portugal: «Um homem de luvas brancas, com machado de prata às ordens e a cabeça adornada por um elmo de ouro, não é um homem. É um semideus.»

Já vai longa esta minha conversa com V. Excia, por isso recorro à tábua dos “Signaes de Incêndio”, que era de meu pai, para dar as cinco badaladas finais com que a sineta manda parar.

Abraço todos os Bombeiros do Peso da Régua e de Portugal.

Creia-me, com admiração e estima,

João de Araújo Correia
Texto de autoria de *JOSÉ BRAGA AMARAL - escritor e jornalista. Clique  nas imagens para ampliar. Texto e imagens cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Delicadeza

Faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem delicado. Melhor dizendo, faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem que exerceu, durante mais de oitenta anos, a delicada arte de ser delicado. 

Parece que o exercício dessa função espiritual o conservou moço até da cova. Tinha oitenta anos como se tivesse apenas cinquenta, mas, direitos e elegantes como guias de salgueiro. 

Toda a gente sabe ou adivinha que o nosso morto é o Lourenço de Almeida Pinto Medeiros, o Lourencinho, como lhe chamávamos todos, consoante o uso do Norte. O 'inho', entre nós, não é mau signo de equívoca personalidade. É tributo que se paga, em moeda de afectivo respeito, a homem que o mereça. 

O Lourencinho, reguense nato, inteligência circunscrita a ideias intramuros, coração transbordante de paixões locais, Bombeiros e festas do Socorro, foi excepção na Régua devido à sua ingénita delicadeza. 

Por esse motivo, além de outros, faz imensa falta a este burgo comercial, tão atarefado, que não considerou ainda que a cortesia é sinal de civilização. 

Terra que não saiba cumprimentar, que não perdoe pequenas fraquezas a naturais e estranhos, que não dissolva mesquinhos ressentimentos, não vença a iníqua antipatia que lhe inspiram os melhores filhos, é terra que não passa de esboço colonial de provável povoação.
É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourencinho. Ele e poucos mais, que felizmente por aí ficaram, uns ricamente vestidos, uns pobremente vestidos, provam que a Régua não é tão árida de cortesias como a pintam os seus hóspedes mais sensíveis. O Lourencinho foi fidalgo de natureza, que é a maneira menos falível de ser fidalgo. 
- João de Araújo Correia, Dezembro de 1959.

Nota: Esta crónica, inicialmente publicada no jornal Vida por Vida, antigo órgão informativo da AHBVPR, faz parte do livro Pátria Pequena, editado pela Imprensa do Douro (1977).

Mais textos sobre o Comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros neste blogue, ao longo do tempo:
Clique nas imagens para ampliar. Imagens e texto cedidas pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CALDAS DO MOLEDO - O nosso único parque

Simples homenagem ao estimado Amigo Dr. José Alfredo Almeida e ao recanto onde nasceu e que tanto o inspira em suas "prosas" neste blogue, as CALDAS DO MOLEDO.

O vício de ler também obriga a sofrer. Quem lê jornais e revistas fica apavorado com a perspectiva de morrermos todos se continuarmos a poluir o ar, a água e a terra. Automóveis, fogões de gás, fumos de fábrica, poluem o ar. Insecticidas e outros venenos poluem a terra e, por sua vez, todas as águas. Não haverá, dentro de poucos anos, se continuarmos a envenenar o mundo, lugar em que se viva. A Terra, como a Lua, girará pasmada, na sua órbita, como cão morto que quisesse morder o rabo. Imagine-se a tristeza dos anjos e dos bem-aventurados quando a virem passar tão morta como louca. À poluição do ar poderíamos opor, como contra-veneno, o oxigénio proveniente da vegetação. Mas, em vez de semelhante medida, recorremos a outra, que é uma rica vasilha com o fundo virado para cima. Com herbicidas, machado e serrote, destruímos a vegetação. Destruímos as fontes de oxigénio. Não nos passa pela cabeça oca a impossibilidade de vivermos sem ele. Pensamos até que não existe, porque ninguém o palpa. É, porventura, uma quimera de sábios.

Se assim é o homem do povo, se assim é o lavrador, e até o homem medíocre, dotado de instrução elementar, não deve ser assim o homem que governa. Esse, por amor ao oxigénio, bênção de que não duvida, respeitará a árvore onde quer que exista. Se lhe faltar a sensibilidade precisa para se comover diante de uma árvore, suplique-a a Nosso Senhor nas suas orações.

Desapareça o tempo em que os governantes, nas cidades e vilas portuguesas, fizeram de cada árvore uma ré condenada ao patíbulo sem defesa. A olhos de poeta, não há canto de Portugal que não chore, como viúvo, a árvore que o embelezou.

Pelo que toca à nossa terra, são horas de nos iniciarmos no respeito devido a cada árvore - fonte de vida e de beleza. São horas, mais do que horas, de plantarmos o nosso parque, fazermos da nossa zona verde, pura ficção, uma realidade.

Enquanto não houver parque municipal, gozemos e amemos o do Moledo, que também é nosso como principal adorno das nossas ricas termas. Não se diga, por vergonha nossa, que não temos árvore capaz de abençoar e amparar o viajante cansado.
O parque do Moledo é o nosso único parque. Ame-se e defenda-se, enquanto não tivermos outro e depois de termos outro. Quanto mais arvoredo, mais beleza e mais saúde...

- João de Araújo Correia - Agosto de 1970
In “Pátria Pequena”, editado pela Imprensa do Douro (1977)
Do Blogue "Malomil" - Grande Hotel das Caldas do Moledo
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Clique  nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

As Festas do Socorro


João de Araújo Correia
Não devem ser muito antigas as festas do Socorro. Devem datar do princípio do nosso século ou dos últimos anos do século passado. É crível que se tenham desenvolvido com o crescimento da Régua, vila moderna que tentou imitar Vila Real e Lamego, realizando festas semelhantes às de Santo António e às de Nossa Senhora dos Remédios. É natural que a Régua, situada entre dois burgos lendários, dissesse entre si: também eu nasci ontem, quero festas iguais às de Lamego e às de Vila Real. Iguais ou superiores…
À parte a emulação, terá contribuído para engrandecer as festas reguenses a actual imagem da Virgem Nossa Senhora do Socorro. Dizem que a imagem antiga era tão pequenina, tão humilde, que mal se enxergaria se saísse à rua, como rainha da procissão, no dia 15 de Agosto. Foi preciso que Francisco Pereira da Costa, antigo caiador, regressasse do Brasil com dinheiro suficiente para oferecer à igreja da sua terra uma Nossa Senhora do Socorro nova. Ofereceu-lha como se lhe oferecesse o retrato de sua esposa. O rosto da Senhora é reprodução do rosto da Rosinha – mulher do caiador. O artífice repatriado quis perpetuar e divinizar, na obra encomendada e recomendada, as adoradas feições da sua companheira. De exemplo de amor conjugal confundido, em adoração, como amor à Virgem.

Nossa Senhora do Socorro não é padroeira da única freguesia que constitui a Régua ou, melhor dizendo, o Peso da Régua – nome oficial. Padroeiro da Régua é S. Faustino. Mas, ninguém quer saber de semelhante santo, ninguém lhe reza uma oração, ninguém lhe acende uma vela. Tem imagem na igreja, mas, essa imagem, só por grande milagre figura na procissão. É uma bela imagem, mas, esquecida à míngua de devotos e devotas.
S. Faustino foi mártir. Não contentes com isso, os seus paroquianos prolongaram-lhe o martírio, condenando-o, depois de morto, à moderna pena do silêncio. Tanto, que só uma vez puseram nome de Faustino a um neófito. Abundam as Marias do Socorro, porque a Virgem do Socorro é, de facto, a padroeira da Régua. Quando sai à rua, bem vestida e bem ourada, provoca êxtases religiosos. 
(…)
- Peso da Régua, 5/9/66 - In livro “Horas Mortas”, da Imprensa do Douro.
Clique  nas imagens para ampliar. Imagens e texto cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida e editadas para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O UNIVERSALISMO DE JOÃO DE ARAÚJO CORREIA

M. NOGUEIRA BORGES

João de Araújo Correia é, definitivamente, um vulto saliente do neo-realismo português que faz, quanto a mim, a perfeita justaposição entre o naturalismo concreto e um superior regionalismo que ultrapassa os limites do espaço onde a sua obra se realiza. É visível a ligação ficcionista do meio rural ao urbano através da sua actividade de cronista e palestrante nos ambientes citadinos e também (ou acima de tudo), nos seus contos, onde a aristocracia em decadência de regime e a ascendente burguesia se degladiam, surdamente, na expectativa dos melhores bocados, saltitando entre a terra produtiva e a urbe gastadora em azáfama de fim de ciclo.

É na sua matriz regionalista que, todavia, João de Araújo Correia atinge a pujança determinante do seu carisma. António José Saraiva e Óscar Lopes, na sua “História da Literatura Portuguesa”, distinguem-no: “(…) assimila à mais correntia e elegante prosa a fala oral dos seus aldeãos, e tornou-se capaz como poucos de organizar a narrativa de modo a dispensar a mínima nota judicativa extrínseca à acção, convertendo muitas vezes o próprio narrador rural da primeira pessoa em personagem bem caracterizada e que se mexe à nossa vista.”

A sua obra contém uma marca que sempre me impressionou: um elevado sentido ético, um enorme respeito para consigo e para com os outros; a preocupação de não inventar o verbalismo normalmente associado à incapacidade de (re) criar o enredo; o esforço pelo apuro linguístico e pela verdade da tradição do seu povo. A sua obra é o espelho da simbiose por muitos tentada e não conseguida: a identificação entre o Escritor e o Homem da (con) textura literária e da insígnia cívica. Não há fingimento ou disfarce entre a escrita e o ser que a expressa, aquela dualidade que, muitas vezes, acontece entre a áurea literária e a pequenez humana, entre as tiradas de fraternidade e a frieza e o egoísmo do nome que titula os livros.

Há quem, ao debruçar-se sobre a obra de um Autor (na globalidade da sua estrutura), se preocupe em decifrar ao milésimo os fonemas das palavras, os pormenores da pontuação, a concordância gramatical, a originalidade de coisas novas ou a novidade perante coisas velhas, o ritmo da composição, o estilo que é o cunho do escritor, a intimidade psicológica da sua definição, a distinção entre a forma e o fundo, a beleza estética entre a moldura e o conteúdo que naquela se delimita. João de Araújo Correia não foge a nenhuma exigência, suporta todas as equivalências e dimensiona-se em todas as características críticas.

Aqueles que o apelidam de escritor exclusivamente ruralista pecam por imprudência e precipitam-se na apreciação redutora. O ruralismo não é - bem se sabe- qualidade que calhe a todos. Dir-se-ia, até, raridade que só a pente fino se apanha. Numa sociedade enlatada, plastificada, computorizada e robotizada, escrever-se com e pelo povo é literatura que muitos depreciam por inabitualidade cultural ou presunção elitista. Mas não só hoje. Ontem, um ontem onde muitos românticos se excepcionam, a ficção rural surgiu como uma tipocromia que a muitos pareceu uma revelação pitoresca de uma criação restrita a uma determinada extensão geográfica.

João Araújo Correia rompeu essa esfera local, transportando, para além dos Montes, a saga duriense num eco de genética universalidade. Foi porta-voz e protagonista dos sacrifícios de uma raça que ergueu com sangue, suor e lágrimas a mais bela arquitectura geodésica; ilustrou para o mundo que sabe pensar e amar as grandezas ou as misérias (que também as há em qualquer nobreza) de gentes heróicas ou velhacas, joviais ou taciturnas, francas ou mangadoras, decadentes ou evolutivas, directas ou evasivas, supersticiosas ou desembaraçadas – retrato de qualquer povo em qualquer atlas actual ou passado.

João Araújo Correia escreveu não para ter nome, mas para o dar aos outros, para dar voz a quem não a tinha. Esticou as horas num desinteressado esforço para que as cinzas nos nossos lares nunca se apagassem; para que, em nenhuma parte do mundo, ninguém roubasse a gesta da nossa experiência e as gerações soubessem (saibam) que o sofrimento aqui não é diferente do de qualquer sítio onde não morre o lume da esperança que nos ilumina.

João de Araújo Correia recusou, por feitio e formação, a propaganda das ideologias culturais que alcandoram os apaniguados a símbolos da consciência nacional; afastou-se, por visceral repulsa, de todas as franjas onde se misturam o sofisma da (in) dependência com a mistificação da (im) parcialidade; não foi atracção de luxo em palcos de concentrações de massas, nem deixou que a sua palavra servisse de bandeira para fins diferentes do da Arte: a comunhão entre os homens no respeito pela diversidade.

Nasceu e morreu no chão que o modelou, resistiu à tentação das entronizações, ficou no seu canto sabedor de que, depois da passagem física do ser, é sempre a eternidade da sua memória criativa que resta. Voou longe como uma ave sem gaiola; pousou nas árvores da sua paixão e revoltou-se contra quem as cortou; conheceu os beirais da sua terra porque peregrinou pelos miradouros do sonho; ouviu, nos catres da doença, os gemidos anunciadores da morte e por isso exaltou a vida sem deslealdades.

Nota: Este excelente texto de análise sobre o carácter humano e a obra  “universal” do escritor reguense escrito por M. Nogueira Borges, foi publicado no jornal "O Arrais", do Peso da Régua, em 13 de Julho de 1995.
Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de texto e imagem feita pelo Dr. José Alfredo Almeida (Jasa). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012 em homenagem de saudade ao Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.  

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Biblioteca de Maximiano Lemos


João de Araújo Correia

A biblioteca de Maximiano Lemos, inaugurada em 1960, ao comemorar-se o primeiro centenário do seu ilustre patrono, vai ser enriquecida, no próximo Novembro, com uma valiosa colecção de livros oferecidos pela benemérita Fundação Calouste Gulbenkian. Diremos, para ser precisos, que vai funcionar, dentro da Biblioteca de Maximiano Lemos uma das bibliotecas fixas de Fundação Gulbenkian.

Queremos crer que as duas bibliotecas não briguem uma com a outra, antes se auxiliem e completem. A de Maximiano Lemos é livraria pobre e livraria velha, herdeira da primitiva estante dos Bombeiros e acrescida de alguma oferta particular. Mas, sempre conterá, como velha, embora pobre, alguma espécie rara, útil a estudiosos ou bibliófilos. A da Fundação, constituída por livros em barba e todos em folha, será útil ao comum dos leitores. Será própria para os desbravar e lhes estimular o gosto de leitura.

Uns e outros livros deverão acautelar-se de inúteis desvios. Não falta quem se aproprie de livro alheio só para o ter ou deixar perder, nanja para o ler e se instruir com ele. É como se cultivasse a arte de tirar por tirar.

Ninguém deve esquecer, aqui na Régua, o que aconteceu à antiga biblioteca municipal, fundada pelo Dr. Claudino de Morais no século passado. Quando, em 1935, houve incêndio nos Paços de Concelho, já os livros tinham desaparecido. Oxalá não suceda o mesmo aos livros da Biblioteca de Maximiano Lemos, agora enriquecida com a inestimável oferta da Fundação Gulbenkian.
Se há livros que podem emprestar-se para leitura domiciliária, outros há que não devem sair para longe da vista do bibliotecário. São livros raros, insubstituíveis.

Em todos as bibliotecas, há regulamento que protege os livros. Não falte na Biblioteca de Maximiano Lemos. É indispensável que não falte e que se cumpra. Só assim haverá quem ofereça à Biblioteca livros preciosos, colecções de jornais e até manuscritos.

Na Régua, é tradição que falhem todas as iniciativas. Falharam as touradas, as exposições fotográficas, o teatro de amadores, o orfeão, a parada agrícola, os desportos fluviais e até o carnaval inventado pelo Chico Pulga. Tudo falhou, menos a Associação dos Bombeiros Voluntários, fundada em 1880 e de ano para ano, mais florescente.
Da vitalidade da Associação dos Bombeiros fiamos a conservação e o progresso da Biblioteca de Maximiano Lemos. Mas, é indispensável que a Associação seja acompanhada, neste particular, pelos reguenses dados à leitura. Espera-se que espontaneamente se organize o Grupo dos Amigos da Biblioteca de Maximiano Lemos.
- Outubro de 1963
Nota: Esta crónica, inicialmente publicada no extinto jornal “Vida por Vida”,  faz parte do livro Pátria Pequena, editado pela Imprensa do Douro (1977).
Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de texto e imagens feita pelo Dr. José Alfredo Almeida (Jasa). Publicado também no jornal semanário regional "Arrais" em 9 de Agosto de 2012. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012. Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

SOCORRO!

João de Araújo Correia


É indispensável e até urgente que os nossos Bombeiros adquiram uma ambulância nova! A que aí têm é ainda um bom carro, foge que voa pela estrada fora e trepa ao cimo dos nossos montes como um gato, mas é inóspita para doentes e pessoas que os acompanhem. Não tem defesa contra o frio e o calor externos. Em viagens longas, consoante a estação, é frigorífico ou crematório. Pode matar o doente primeiro que lhe acuda a solicitude hospitalar. É carro útil para viagens curtas e utilíssimo para vencer árduas subidas à maior parte dos povos do concelho e dos concelhos vizinhos. Para estiradas viagens, para ir ao Porto, Coimbra ou Lisboa, não serve. Tanto mais, que é um lobo a devorar gasolina. Pode-se dizer que não há carburante capaz de o saciar. Para essas viagens, fora de vila e termo, é um vampiro. Suga, até o último tostão, o cofre dos Bombeiros. É um perdulário…Não pode competir, em despesa, com ambulâncias de menor sustento. Vila Real e Lamego, nesse capítulo, batem o nosso velho e ainda bonito e ligeiro carro.


Tornou-se angustiosa a necessidade de se adquirir nova auto-maca. A velha ficará para serviço rápido, subir a Poiares ou a Sedielos num rufo, suprir ou auxiliar o veículo novo em caso de necessidade. Para levar um doente à Misericórdia do Porto, aos hospitais de Coimbra ou Lisboa, pôr-se-á a caminho ordinariamente uma ambulância capaz de o agasalhar e proteger com a maior carinho e o menor dispêndio.


De todos os fogos, o que lavra no corpo ferido ou doente é o mais credor de imediato socorro. Não há casa que valha uma vida humana. Levar a uma enfermaria o semelhante é acudir-lhe com o coração. Levá-lo de modo que não faleça à míngua de cuidados é acudir-lhe com o coração guiado pelo espírito. É acto que transcende da simples caridade. È uma obrigação própria da nossa inteligência esclarecida. Deixar morrer é matarmo-nos. O bem comum mais precioso é o homem. Como quem diz: somos nós todos. No caso de auxiliarmos os Bombeiros, na compra da auto-maca, o que lhe dermos será economia nossa que vamos pôr a juros. Imaginemos, à nossa vontade, que somos beneméritos. O que seremos, em boa análise, é egoístas. O óbolo que sair do nosso bolso é um seguro de vida. Reverterá, quando mal nos precatarmos, a nosso próprio favor. Ninguém dirá, vendo passar a auto-maca: de ti, estou eu livre.
 - Fevereiro de 1958

Nota: Esta magnifica crónica do médico e escritor reguense, inicialmente publicada no extinto jornal “Vida por Vida”, faz parte do livro Pátria Pequena, editado pela Imprensa do Douro (1977).
Clique na imagem acima para ampliar. Sugestão de texto e imagem feita pelo Dr. José Alfredo Almeida (Jasa). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012. Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Estrelas de Papel

Clique  na imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Retalhos da net - Tertúlia João de Araújo Correia


SEGUNDA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2012

Apresentação do n.º 2 da revista “GEIA”
Dia 20 de Junho, quarta-feira, pelas 21h00
na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro, em Vila Real
A revista “GEIA” é o órgão oficial da Tertúlia João de Araújo Correia, sediada na Régua e criada há mais de dez anos com o intuito de preservar a memória do escritor e de divulgar a sua vasta bibliografia.
Da importância do autor de “Sem Método” fala o editorial do presente número: «A obra do autor reguense reflecte, com mestria, realismo, emoção, sobriedade e pitoresco de linguagem, a realidade geográfica e humana da sua região natal e faz eco das suas preocupações sociais, ecologistas, urbanísticas, etnográficas e paisagísticas. Além de outros pontos de interesse, tem ela o condão de nos fazer recuar aos tempos do rio de “mau navegar” e aos usos e costumes de uma ruralidade fértil, de geios, de cestos vindimos, de rogas e lagaradas, da festa da vinha.»

A apresentação, a cargo de Helena Gil e de Hercília Agarez, terá lugar no dia 20 do corrente, quarta-feira, pelas 21h00, na livraria Traga-Mundos em Vila Real.
Venha reavivar a memória deste ilustre escritor e intelectual duriense. Contamos com a sua presença...
Tertúlia João de Araújo Correia
Morada:R. Dr. José Sousa
5050-275 Peso da Régua

terça-feira, 17 de abril de 2012

Uma Galera

João de Araújo Correia

Numa das minhas peregrinações, dei comigo no mais gracioso hotel que o leitor possa imaginar em terra portuguesa.

Casa sobre o alto, pintada de branco, pintada de branco, à margem de um rio doce, logo me atraiu como se me dissesse: entra, descansa, hospeda-te aqui, senta-te à minha mesa, deita-te nos meus lençóis, que serás bem servido. Não conhecerás o luxo bafiento, mas conhecerás a simplicidade, o asseio, o bom gosto…

E assim foi. Meti-me naquele abrigo, que me agasalhou como prometera e eu necessitava. Ali ficaria, até hoje, se a vida me não obrigasse a regressar ao meu trabalho.

Mas, se quero descansar, basta-me recordar o hotelzinho. Monto a cavalo na recordação e ali me sinto outra vez, acarinhado como pessoa de família pela senhora que dirige a hospedaria. Custa-me dizer hoteleira…

Mal que ali cheguei, prendi a minha burra a uma argola. Quero com isto dizer que meti debaixo de um telheiro o meu carrinho, que foi meu companheiro durante muitos anos. Nunca me deixou ficar mal numa subida e adaptava-se a todos os caminhos.

Se fosse preciso, ganhava asas num pronto para saltar por cima de um obstáculo deparado numa azinhaga. Carro assim não torno eu a adquirir.

Metia-me dentro dele para percorrer os arredores do hotelzinho. Foi assim que visitei vilas e aldeias adormecidas entre pinheirais e um grande mosteiro, desabitado e morto. Esperava, à beira de um abismo, o dia de Juízo. Tenebroso mosteiro, só a minha imaginação o povoou de frades.

De uma das vezes que atravessei uma risonha vila, apeei-me da burra, como quem diz do carro, para espreitar uma casinha baixa, de portas abertas para um grande largo. Era um quartel de bombeiros… Mas, tão antigo, em seu material, que era um museu de bombas e capacetes, machados e agulhetas, tudo disposto para acudir a incêndio ateado aí cem anos antes.

Estive, vai-não-vai, para pegar nele e traze-lo para a Régua, oferecê-lo aos bombeiros da minha terra, que tinham quartel novo, no trinque, e não tinham guardado, do quartel velho, grandes recordações. Podiam, em edifício à parte, manter aquele museu como saudade do século passado. Podiam oferecê-lo à memória de quem fundou, há cerca de um século, a primeira associação de bombeiros da Régua.

Que resta desse tempo? Uma galera, que andou de jó para já até um dia. Consta-me que foi parar, emprestada que não dada, a um quartel do Porto.

Hoje, que os nossos bombeiros ampliaram o quartel, devem chamá-la a si como relíquia dos seus velhos tempos. Já lhes não falta espaço onde a meter e exibir.

Os bombeiros da Régua, que tanto cabedal fazem da sineta de Canelas, que só a Canelas pertence, devem recolher, quanto antes, a galera que só a eles deve pertencer. Venha para a Régua, quanto antes, a galera que levou a muito incêndio, em tempos idos, os bombeiros da Régua. Tanto mais, que é uma linda galera, muito bem conservada… Parece que acabou de sair de mãos de artista.

Nota: O escritor redigiu esta crónica no jornal “O Arrais”, edição de 22-6-78, com o pseudónimo de Joaquim Pires. Tem o interesse histórico de o autor ter incentivado a criação de um MUSEU, o que veio a ser fundado em 1980, como o seu nome, por ocasião do primeiro centenário da Associação. Chama atenção ainda para a perda de um primeiro carro de transporte de bombeiros que terá sido oferecido. Tanto quanto sabemos, essa velha galera, de nome “Pátria”, está guardada no quartel dos Bombeiros de Provezende.
Clique nas imagens para ampliar. Este texto está também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 19 de Abril de 2012. Texto e sugestão de J. A. Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Abril de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.