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sexta-feira, 1 de maio de 2009

1º de Maio de 1911

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Nesta curiosa foto que, foi tirada à entrada do magnífico Jardim do Peso, no dia 1 de Maio de 1911, aos bombeiros voluntários do Peso da Régua, a qual regista o início de um inédito cortejo, organizado com o objectivo - pensamos nós - de angariar fundos para a aquisição de material de combate aos incêndios.

Esta surpreendente iniciativa terá sido organizada pelo Comandante José Afonso de Oliveira Soares (1893-1927) como forma de chamar a atenção da população para as dificuldades que a instituição estaria a atravessar resultantes, em parte, da grave crise económica que afectava, nesse período de instabilidade política, toda a região duriense, devido, segundo o historiador Gaspar Martins Pereira, à "permanência de uma conjuntura comercial depressiva, com baixas exportações, face às quantidades produzidas e com preços baixos".

Deste insigne Comandante sabemos que exerceu funções de chefe da secretaria na Câmara Municipal. Todavia, era homem mais conhecido e admirado pelos seus talentos - um dotado artista que escrevia, desenhava (em 1925 desenhou o primeiro projecto do Quartel dos Bombeiros que, caso fosse escolhido, em nada perderia para o actual), fotografava e pintava.

Não estaremos longe da verdade, ao admitir que ele terá idealizado e concretizado a concepção figurativa do carro alegórico (conduzido pelo chefe de esquadra José Maria Leite), que pretendia simbolizar, através recriação de casa a ser salva das chamas do fogo, pelos bombeiros em cima de uma escada, umas das suas mais nobres missões mais que lhe são acometidas.

Mas esta bela imagem, reúne outros pormenores significativos a título de subsídios para a história da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. Realce-se, por exemplo, a dedicação e o altruísmo subjacentes à presença dos bombeiros que acompanham o cortejo; o importante apoio da população expresso na assistência; e, ainda, o orgulho em servir uma causa, facto estampado na dignidade do pessoal formado, entre o qual o porta-estandarte, cuja firmeza como transporta o símbolo máximo da associação traduz o mais sério compromisso institucional na protecção das vidas e bens da comunidade ali representada.

O Comandante José Afonso Oliveira Soares, perto dessa data, no seu livro “Apontamentos para a História da Vila de Peso da Régua”, publicado em 1907, no capítulo dedicado às origens da Associação, refere que “o corpo activo da associação era composto de três esquadras e possui mais meios e melhor material, que adquiriu logo que, com o abastecimento de águas da vila foram estabelecidas as bocas de incêndios municipais”.

E, como conhecia as origens da Associação e os seus primeiros anos de vida, confessa em tão notável livro, mais tarde convertido no manual da história da cidade: “ (…) apesar das diligências que alguns dos seus sócios activos têm empregado, ainda não tem o material que de um momento para o outro lhe pode ser necessário”.

Em homenagem ao comandante e para que fiquemos a conhecer melhor a respectiva personalidade, citamos o grande escritor duriense João de Araújo Correia, segundo a crónica intitulada "Configurações", do seu livro "Horas Mortas", na qual faz o retrato do homem e do artista:

“José Afonso Oliveira Soares, faleceu a 21 de Outubro de 1939, com oitenta e sete anos de idade completos, tinha merecido o título de decano dos jornalistas de província. Mas, não foi só jornalista. Foi desenhador, gravador, modelador e pintor. Tinha mãos e espírito suficientes para ir muito longe, no caminho da glória, se não tivesse vivido em sáfaro de escolas, estímulos, entusiasmos…Também lhe empeceu, diga-se a verdade, o feitio dispersivo. Foi diletante. Comprazia-se em volitar, de flor em flor, no campo da cultura. Homem sereno, risonho e comodista, seria incapaz de esforço orientado em sentido único. Foi ainda um notável entre vizinhos comerciais -ele, que foi artista. Barba branca e cachimbo simbolizaram a sua distinção, anos e anos, na vila de Peso da Régua, que sem lhe quis bem, porque o Senhor Soares, à parte os seus talentos, tinha o dom da bonomia inalterável.

Não sei em que jornal antigo publicou o Senhor Soares uma espécie de ensaio que intitulou Configurações. Nele deu conta de diversas figuras desenhadas pelo vento, pelo calor e pela humidade em paredes velhas. Uma dessas figuras que reproduziu no seu estudo era um guerreiro de lança em punho, elmo emplumado e viseira caída.

(…)

Não me lembram outras figuras que acompanhavam o ensaio, a prosa despreocupada do Senhor Soares. Lembra-me o guerreiro – e é quanto basta.”


Depois das palavras de João de Araújo Correia, nada mais há a acrescentar sobre este grande comandante dos Bombeiros do Peso da Régua, exceptuando a referência de que a sua memória se encontra perpetuada através de um busto, erguido no Jardim do Cruzeiro, o qual não só honra o passado dos bombeiros como a história da própria cidade do Peso da Régua.
- Peso da Régua, Maio de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Uma instrução dos bombeiros no cais fluvial da Régua - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!

- Link's:

  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • Exposição Virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A Peso da Régua de nossas raízes - Aqui!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sinais de incêndios na Régua

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As sirenes dos carros de fogo dos bombeiros da Régua que invadiram a Rua João de Lemos, pelas 12. 40 Horas, no dia 21 de Junho de 1995, anunciavam o desaparecimento de um antigo estabelecimento do comércio tradicional, A Inovadora, mais conhecida por Casa Fortunatos, por ser esse o nome dos seus conceituados donos.

Este incêndio teve início no escritório do Grémio dos Vitivinicultores do Douro, instalado no 1.º andar do prédio, depois de saírem todos os funcionários para o almoço. As portas da casa A Inovadora também tinham encerrado. Quando deram o alerta para os bombeiros, o fogo tinha-se propagado rapidamente pelos soalhos de madeira e forros do telhado. Os bombeiros comandados pelo 2º Comandante Manuel Gouveia rapidamente chegaram, descendo a Rua Serpa Pinto, com dois carros de combate carregados de água - o Mercedes Baribbi - que usaram com as agulhetas no ataque ao fogo, enquanto não ligavam as mangueiras de alta e baixa pressão às bocas da rede pública. Os bombeiros recorreram aos aparelhos respiratórios para entrar nas instalações, só que era impossível a circunscrever o fogo mas, algumas horas depois, tinham o fogo dominado. Durante a tarde, o fogo reacendeu-se e o velho prédio de finais do século XIX acabou todo em ruínas.

Os prejuízos pela perda do edifico, do seu recheio e das mercadorias do estabelecimento foram contabilizados como elevados pelos seus proprietários. Comentavam que o valor do seguro não dava para indemnizar todos os danos que foram causados, como consta no relatório de ocorrência, por um curto-circuito nas instalações eléctricas no escritório do Grémio.

Era, assim, o fim da famosa A Inovadora que se encontrava de portas abertas no comércio reguense, desde 1934. O Cimo da Régua, como foi sempre conhecido o centro urbano, perdia uma casa comercial das mais antigas no ramo das fazendas, tecidos, roupas de homem, senhora, crianças e outras miudezas. Perdia-se um estabelecimento apreciado pela clientela, que marcava a diferença pelo seu grande balcão em madeira, os graciosos armários onde se expunham as novidades, os velhos metros de medir os tecidos, o atendimento familiar dos seus caixeiros, a salvação do “ bom dia minha senhora”, à mistura com os desabafos pessoais, a presença das figuras aprumadas e cavalheirescas do velho Sr. Antoninho Fortunato e do sobrinho Manuel David. Eram, os velhos tempos dos comerciantes reguenses que tinham como melhor estratégia de marketing para vender, o sorriso franco na cara.

A Casa dos Fortunatos – A Inovadora que nunca se impusera como nome comercial conhecido - fechava para sempre as portas à sua clientela. A rua ficava mais triste e sombria. O comércio local continuava a empobrecer. E, as restantes antigas casas comerciais da rua - como a do Hipólito, dos Pombinhos, da Fortuna, do Borrajo e a mercearia do Zé Pinto e, outras já desaparecidas, como a Formosura Reguense, do Valente Velho - que tinham feito da Régua uma terra de prósperos negócios, sentiam as primeiras dificuldades com o aparecimento de uma nova concorrência comercial. Os anos em que se distribuía mais beneficio e a produção do vinho se vendia a bons preços escasseavam. Com menos rendimentos, as pessoas não gastavam tanto dinheiro no comércio local, o que se reflectia nas vendas, ao apresentarem piores lucros. As oportunidades dos comerciantes fazerem grandes fortunas já não eram como no antigamente. Por isso, nos nossos dias, o negócio dos Fortunatos teria mais dificuldades de resistir ao comércio que se passou a fazer na Régua. A clientela mudou os seus hábitos de compras. Surgiram, como ia acontecendo noutros lugares, as grandes superfícies comerciais, como o Pingo Doce, o Lidl, o Intermarché, o Dia e inúmeras lojas de chineses, para quem o rosto das pessoas nada importa ou significa.

As marcas deste incêndio são visíveis na cidade, passados que são 14 anos da tragédia. O edifício mantém-se em ruínas para tristeza dos que passam nesta rua. As velhas paredes de xisto resistem ao passar dos anos. Na padieira da porta principal, o anúncio da casa permanece intacto, talvez que à espera que um milagre a faça ressurgir das cinzas.

Este incêndio fez-nos reviver as memórias dos tempos que os bombeiros da Régua eram chamados para os incêndios pelas diferentes badaladas do sino da Igreja do Cruzeiro. Como o assunto é desconhecido, recordamos a crónica de Joaquim Pires (pseudónimo do escritor reguense Dr. João de Araújo Correia), publicada no “O Arrais”, em 6 de Março de 1980, que nos fala de uma curiosa lista de “Sinais dos Incêndios”, usada para dar a saber aos bombeiros onde havia o fogo:

“Estou a ver, no quarto de meu pai, dentro de um caixilho, uma espécie de registo intitulado Sinais de Incêndio. Mas em ortografia antiga… Os sinais rezam como Signaes.

Pela ortografia se poderá avaliar a idade do registo. Idade antiga, embora posterior a Gregos e Romanos…

Pendia o registo com a sua moldura, sobre a mesinha de cabeceira de meu pai. Era uma espécie de semideus lareiro. De noite ou de dia, se o sino do Cruzeiro tocasse a fogo, aqui na Régua, o benemérito registo indicava a meu pai o sítio em que lavraria ponta de incêndio capaz de destruir a Régua.

No tempo de meu pai, havia mais medo a fogos do que hoje. Se havia confiança nos bombeiros, haveria menos confiança no material que então usavam. Hoje, tanto se confia na bomba como no bombeiro. O munícipe sossega.

Também havia, no tempo de meu pai, maior curiosidade ou possibilidade de saber onde era o fogo. Hoje, não o diz a ninguém a lúgubre sereia. O morador desiste de ser curioso ou sai à rua a perguntar: onde é o incêndio?

Graças à pagela, pendurada no quarto de meu pai, sabia ele a qualquer hora, diurna ou nocturna, se havia fogo e em que bairro andaria ele ateado.

Como de facto. A tabela rezava assim:

  • 4 badaladas – Souto, Boa Morte, Calvário, Quebra Costas, Rua das Árvores, Estrada Nova, Eiró, S. Pedro, S. João, Eirinha.
  • 5 badaladas – Fontainhas, Cruz das Almas, Rua do Passo, Carreira, Fundo de Vila, Azenha, Ferrans (?), Rua de S. José, Vila Franca.
  • 6 badaladas – Rua Serpa Pinto, Bordalo, Americano.
  • 7 badaladas – Ameixieira, Senhor dos Aflitos, Rua Custódio José Vieira, Cais de Baixo, Passeio Alegre, Rua João de Lemos, Rua Nova.
  • 8 badaladas – Rua dos Camilos à Ponte, Rua da Alegria, Rua 1.º de Dezembro, Guindais, Midão.
  • 9 badaladas – Fora de Vila.
  • Para parar - 5 badaladas.

Copiei a lista de exemplar velhinho e esbotenado. Copiei-a, acertando-lhe a ortografia pelo cânone actual. Mas, tão velho é o espécime, que duvido do topónimo Ferrans – tanto ou quanto safado. Se alguém me quiser tirar dúvidas. É curiosa a lista de badaladas. Fala-nos de ruas velhas, ruas que mudaram de nome ou o perderam – como a do Passo. Fala-nos da Régua de nossos pais que se pode considerar antiga”.

Esse tempo da Régua antiga, dos nossos bisavôs, que o escritor nos evoca já passou. Comove-nos ao falar de algumas ruas velhas e, faz-nos acreditar, que não se pode compreender o presente sem se conhecer o nosso passado. Os bombeiros da Régua modernizaram os seus alarmes de aviso para os incêndios. Os fogos exigem mais perícia e rápida prontidão. Como sinal de incêndio ainda usam o som estridente da sirene instalada no seu Quartel Delfim Ferreira. Mas, muitas vezes, recorrem ao aviso por meio de mensagens escritas difundidas pelo telemóvel que possui cada bombeiro. A cidade deixou de saber, assim, quando há um fogo. Se não fossem ainda os fumos e as chamas mais activas, as pessoas desconheciam onde fogo deixa os seus rastos de tragédia.

O último grande incêndio na Régua deu-se num outro velho prédio da cidade, situado no Largo do Cruzeiro, numa noite de Dezembro de 2008. Houve pessoas que só souberam dele pela manhã quando se sentia no ar um forte cheiro a queimado e sobravam as paredes em derrocada. Foi doloroso olhar aquele cenário de destruição que tinha atingido, no seu rés-do-chão, um requintado salão de chá da cidade, a Flor do Adro, um inesquecível espaço de bem-estar e de convívio social, muito frequentado pelas últimas gerações de reguenses.

Não resisto em relembrar as memórias de alguém que, como nós, frequentou esse lugar ao revelar com emoção um sentimento geral: “sempre que lá passarmos, vamos recordar aquele muro cheio de gente, de copo na mão, de sorriso nos lábios, onde se falava de tudo. Podem fazer parecido, igual... jamais. Que dias e noites ali passamos. Dias felizes e noites fantásticas. Nunca esquecerei esses momentos. Nunca repetirei essas alegrias e vivências. Agora, façam o que quiserem daquelas cinzas. Está lá a história de muita gente. E gente boa”.

A casa A Inovadora e o salão de chá A Flor do Adro já não existem. Os bombeiros não conseguiram salva-las da morte nas chamas do fogo. Mas pouco importam que não existam. Aqueles lugares fizeram as nossas vivências citadinas mais felizes. Ficam para sempre vivas enquanto existirem nas memórias das pessoas que escolheram a beleza da cidade da Régua para viverem.

Mas, os sinais de incêndio deixam-nos uma lição: a cidade precisa de ter o seu centro urbano tratado e urgentemente reabilitado. - Peso da Régua, Agosto de 2009, José Alfredo Almeida.

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  • Recordações da visita do Presidente da Républica General Ramalho Eanes - Aqui!
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  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui!
  • 1º. de Maio de 1911 - Aqui!
  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
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  • Os bombeiros no velho Cais Fluvial - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
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  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
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quarta-feira, 11 de março de 2009

Um grande momento na vida do Comandante Carlos dos Santos (1959-1990).

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Esta imagem é um verdadeiro ícone para os bombeiros da Régua e, especialmente, para a vida do Comandante Carlos Cardoso dos Santos (1959-1990). Um grande momento na sua intensa e dedicada vida de bombeiro, inesquecível para ele o viveu intensamente como um feito que marcaria a história da Associação Humanitária, no ano em que festejava o seu primeiro centenário de vida.

Ele foi um dos protagonistas que mais desejou a realização deste grande evento nacional, que aconteceu no Peso da Régua, nos dias 10 a 14 de Setembro de 1980: o 24º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses.

Aqui vê-se, na Rua dos Camilos, emoldurada de uma enorme assistência de pessoas a assistirem, o Comandante Carlos Cardoso dos Santos, dentro do magnífico jipe Willy`s - que ele fora buscar aos bombeiros de Sanfins do Douro por troca com outro carro - a abrir o desfile motorizado dos corpos de bombeiros portugueses, em representação das 436 associações do país, que constituiu um dos pontos altos deste histórico Congresso.

Para conhecermos um pouco mais da vida e da obra deste grande comandante no Corpo de Bombeiros da Régua (e na Santa Casa Misericórdia) podemos ler uma pequena biografia intitulada de homenagem, escrito pelo actual presidente da direcção da Associação, Dr. José Alfredo Almeida, – que co-apresentou a seu pedido esse seu livro - publicado na internet, no sítio http://bvpesodaregua.com.sapo.pt/), de onde destacamos este pequeno excerto:

“Não permitiu o destino que eu tivesse a honra de ser director nos anos em que Carlos Cardoso dos Santos foi o Comandante dos bombeiros da Régua. Se eu tivesse tido essa sorte, sei que aprenderia com ele mais, do pouco que sei, sobre este mundo perfeito dos bombeiros. Porém, o destino gosta de nos pregar as suas partidas.

E, no meu caso pessoal, essa partida foi ter convivido, alguns anos, com um seu grande amigo, um homem que também dedicou muito da sua vida aos bombeiros do distrito de Vila Real, o senhor Rodrigo Félix, um grande director da Federação dos Bombeiros do distrito de Vila Real e dos Bombeiros Voluntários da Cruz Verde que, certamente aonde estiver, lá no outro mundo, estará a sorrir de satisfação por ter contribuído para o reconhecimento público da vida de Carlos Cardoso dos Santos.

Foi o Sr. Rodrigo Félix que, em princípios de Janeiro de 1999, me convenceu sem muitas explicações, para que a Direcção da Associação, por mim presidida, fizesse uma proposta à Liga dos Bombeiros Portugueses, de atribuição do “Crachá de Ouro” ao Comandante Carlos Cardoso dos Santos, então já no Quadro de Honra, como reconhecimento pelos seus dedicados 31 anos de comando do Corpo Bombeiros da Régua. A proposta, que mereceu o seu indiscutível apoio como Presidente da direcção Federação, seguiu o seu caminho e, como todos sabem, foi aprovada por unanimidade.

Assim, em jeito de tributo, gostava de evocar o que esse amigo escreveu sobre o Comandante Carlos Cardoso dos Santos:

“A Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua enviou a esta Federação uma proposta aprovada em sua reunião de 17 de Maio do ano em curso, de condecoração, com o «Crachá de Ouro» da Liga dos Bombeiros Portugueses do Comandante no Quadro Honorário do seu Corpo de Bombeiros, Senhor Carlos Cardoso dos Santos. Pode, assim verificar-se que o Senhor Carlos Cardoso dos Santos prestou serviço activo durante cerca de 31 anos e já se encontra no Quadro Honorário há 9 – 40 anos de serviço.

Pode, ainda, verificar-se a acção desenvolvida na sua Associação e no Comando do seu Corpo de Bombeiros, de tal forma brilhante, que mereceu o reconhecimento da Câmara Municipal do Peso da Régua que lhe atribuiu a Medalha de Prata do Município.

Com efeito, de uma educação esmerada, dialogante, de excelente trato, cumprindo as missões com uma entrega total, o Senhor Comandante Carlos Cardoso dos Santos foi sempre um exemplo como homem e como Bombeiro.

Durante três décadas tudo deu de si em prol do Bem Comum com verdadeiro espírito de voluntariado, muito contribuindo com o seu exemplo, para o bom-nome e prestígio da sua Associação e Corpo de Bombeiros.

A nível do Distrito, foi sempre respeitado e tido como um dos melhores Comandantes de Bombeiros, entre os vinte e sete Corpos existentes.

Penso, sinceramente, que nestas palavras que acabei de citar o meu amigo Rodrigo, disse tudo que o autor do seu livro, o Manuel Igreja, não disse nas 31 páginas, nesta parte do Comandante.

Ainda bem, que deixou algumas coisas da sua vida por contar, pormenores que, mesmo em traços largos, encheriam muitas mais páginas. Para mim, foi uma oportunidade, de poder revelar pela, primeira vez, palavras verdadeiras e sinceras em seu reconhecimento, que serão ouvidas aqui, e neste momento da sua vida, pelo Comandante Carlos Cardoso dos Santos com muita emoção. Mas, que são-lhe devidas”.

Devemos ainda recordar que Carlos Cardoso dos Santos tomou posse como comandante do Corpo de Bombeiros da Régua, em 3 de Outubro de 1959. Era um jovem, tinha apenas 37 anos. A direcção da Associação que o escolheu para comandante era constituída por Dr. Júlio Vilela, o seu presidente, José Pinto da Silva, Noel de Magalhães, Alfredo Baptista, Augusto Mendes de Carvalho e Teófilo Clemente.

O Comandante Carlos Cardoso dos Santos ia ocupar o lugar deixado, por limite de idade, pelo um outro grande homem e comandante, Lourenço Pinto de Almeida Medeiros (1949-1959), um “senhor delicado” que tinha dedicado a sua vida ao serviço dos bombeiros da Régua.

Carlos Cardoso dos Santos permaneceu no comando do Corpo de Bombeiros da Régua até 1990, cumprindo 31 anos de serviço dedicados à causa do voluntariado nos bombeiros, prestigiando o nome da sua Associação. E, durante vários anos, exerceu cargos sociais na direcção da Federação dos Bombeiros do distrito de Vila Real e representou, como conselheiro nacional, os seus bombeiros nos órgãos da Liga dos Bombeiros Portugueses. O seu nome era conhecido, respeitado e muito admirado pelos seus pares, como um dinâmico, inteligente e experimentado comandante.

No ano de 1999, no decorrer das comemorações do 119º aniversário da Associação, o Comandante Carlos Cardoso dos Santos, integrado no Quadro de Honra, foi reconhecido e homenageado pela direcção da Associação, com a atribuição do Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses, entregue no Salão Nobre do Quartel Delfim Ferreira, pelo Governador Civil de Vila Real, Dr. Artur Vaz.

Esta sua fotografia…

é a de um homem bom que viveu uma vida cheia e feliz (1922-2007), apenas em serviço exclusivo do nosso Bem.

Esta fotografia…

é a de um grande comandante dos bombeiros da Régua, que fez e marcou a história do seu tempo. Deixou-nos para recordar muito momentos dias de glória e de honra ao serviço dos bombeiros, ainda presentes na memória de todos que com ele caminharam durante três décadas, como é o caso da organização exemplar do 24º Congresso – o conhecido e histórico Congresso da Régua -, para um dia se recordar aos mais novos.

Carlos Cardoso dos Santos foi um homem de enorme generosidade. É impossível esquecê-lo pelo que fez nos bombeiros da Régua. Diria melhor: pelo que fez a todos os reguenses.

O seu último adeus aconteceu em 28 de Outubro de 2007. Voltou ao seu Quartel - onde o seu corpo esteve em câmara ardente - e aos seus bombeiros, que o levaram num caixão aos seus ombros, de lágrimas nos olhos, até à sua última morada, no cemitério do Peso.

Temos a certeza que Deus o escolheu para o ter na sua infinita paz. Pelos seus valores como homem e como um valente bombeiro…da Régua! - Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida. (Texto revisado e ampliado em 25 de Setembro de 2009)

sábado, 5 de março de 2011

A visita dos bombeiros mirandellenses à villa da Regoa

O Comandante Afonso Soares (1892-1927), no seu livro “Apontamentos para a História da Vila do Peso da Régua”, editado em 1907, no capítulo dedicado à história dos bombeiros, assinalou uma visita dos bombeiros voluntários de Mirandela à então vila da Régua.

Essa visita aconteceu no dia 20 de Setembro de 1903 e coincidiu com a realização de outro acontecimento de grande significado para os bombeiros da Régua, a bênção do primeiro Estandarte que, nesse dia, foi benzido na Real Capela do Senhor Jesus do Cruzeiro (hoje Capela Senhor do Cruzeiro).

O primeiro estandarte dos bombeiro da Régua, de seda azul e branca, bordado a matiz e ouro, foi oferecido por “uma comissão de senhoras da melhor sociedade regoense” que era “composta das ex.rnas snr.as D. María Adelaide Costa Pinto, D. Isaura Lopes da Veiga, D. Margarida Clotilde de Bernardes Pereira, D. Clotilde da Costa Pinto, D. Maria Margarida Pereira e D. Virginia Augusta Pereira”.

Os bombeiros da Régua tiveram esse estandarte graças à generosidade daquelas senhoras que custearam as despesas. Segundo consta, o emblema foi desenhado pelo grande artista que era Afonso Soares.

Os dois acontecimentos tiveram honra de notícia no jornal “O Douro”, de 23 de Setembro de 1903, que Afonso Soares transcreveu quase na íntegra no seu livro. Ao que parece, o autor da noticia foi Afonso Soares, ele que brilhou como jornalista na imprensa local a escrever e a dirigir os jornais do fim do século XIX e os inícios do século XX.

Quem ler a noticia, rica em detalhes e pormenores,  fica a saber quase tudo o que se passou nesse dia, desde que o comboio da linha do Douro, vindo do Tua, parou na estação da Régua e os bombeiros de Mirandela foram recebidos com foguetes e o hino nacional tocado por uma banda de música.

Era um dia de Verão, mas chovia mansamente. As ruas da vila estavam embandeiradas e viam-se muitas pessoas para assistir à festa. O quartel, então situado no edifício do Largo da Chafarica (hoje Largo dos Aviadores) bem como as salas do andar nobre, estavam com “uma ornamentação muito vistosa, constante de ferramentas do serviço de incêndios, bandeiras, flores e festões de verdura”. A chuva que caía frequentemente não deixou que se efectuasse o exercício que os bombeiros da Régua tencionavam fazer em honra dos excursionistas.

Durante o percurso “os hospedes foram aclamados constantemente e cobertos de flores que, das janelas, adornadas de colgaduras, lhes deitavam as damas da nossa terra”. O ambiente era de festa, grande colorido e animação popular. Os bombeiros eram já  uma força viva da sociedade reguense e as suas manifestações não eram indiferentes à população que os apoiava e  deles se orgulhava: “Era encantador o aspecto das ruas, com as bandeiras drapejando ao vento, as casas embellezadas de colgaduras de seda, de todas as côres, nuvens de pé­talas e ramos cahindo sem cessar, e milhares de pessoas apinhadas nas janellas e nos passeios, acenando, com lenços e soltando vivas”.

O cortejo dirigiu-se para a Real Capela do Senhor Jesus do Cruzeiro. Aí efectuou-se a cerimónia da bênção da bandeira oferecida aos bombeiros pelas distintas senhoras reguenses. Seguiu-se a celebração de uma missa, acompanhada no coro pela tuna artística de Mirandela, que interpretou temas deliciosos do seu selecto reportório.

Por volta da 1 hora da tarde, reorganizou-se o cortejo que se dirigiu para a sede da associação. Orgulhosos, rua acima, os bombeiros da Régua levaram já hasteado o seu primeiro estandarte. No quartel, a comitiva foi recebida na sua sala nobre e os representantes das duas associações apresentaram cumprimentos mútuos e fizeram-se alguns discursos a assinalar os históricos acontecimentos.

Em nome dos bombeiros de Mirandela, usou da palavra o Sr. Silva, distinto advogado, para agradecera recepção magni­fica feita aos excursionistas e enaltecendo as bellezas na­turaes da nossa terra e os sentimentos dos habitantes della. Fallou com muita eloquencia, revelando uma vasta jntelligencia e um caracter muito nobre. Foi applaudido com muito enthusiasmo”.

Pelos bombeiros da Régua, foi Camilo Guedes Castelo Branco - chefe da segunda esquadra  e   vice-presidente da Assembleia- geral da Associação – que falou parar dar  “as boas-vindas aos nossos estimaveis visitantes e agradeceu a sua honrosa visita e os inolvidaveis testemunhos de apreço que a corporação de que faz parte e as demais pessoas que a acompanharam, em Abril de 1902, tiveram em Mirandella, pondo em relevo o quanto todos os excursionistas d'então vie­ram penhorados com as innumeras gentilezas que lá lhes prestaram”.
No eloquente discurso não esqueceu as damas reguenses beneméritas presentes, a quem respeitosamente manifestou a sua gratidão: “Aproveitando a occasião de estar no uso da palavra e de se acharem presentes a commissão offertante da bandeira e muitas outras senhoras d`esta villa, agradeceu-lhes, commovidamente, em nome dos seus camaradas, a alta e ínestimavel distincção que com tal offerta lhes foi conferida, e accrescentando que os bombeiros regoenses haviam de saber honrar sempre essa bandeira, em que viam concretisada a realisação de quaesquer ambições ou sonhos de gloria, que porventura ti­vessem tido”.

No fim da cerimónia, um gesto de simpatia não ficou despercebido a ninguém: “a Sra. D. Marta Benigna, uma respeitabilissima e amavel senhora da melhor sociedade mirandellense, offereceu aos bombeiros regoenses um rico e formoso ramalhete de flores artificiaes, com  uma dedicatoria muito honrosa”.

De imediato seguiu-se um “copo de água” oferecido pelos bombeiros da Régua, ser­vido numa sala contigua ao salão do tribunal – ao tempo, ficava no rés-do-chão do Edifício da Câmara Municipal - cedida amavelmente pelo juiz de di­reito,  Dr. Manuel Alves da Silva. Estiveram presentes as damas, os bombeiros e outros excursionistas, além dos re­presentantes das corporações e da imprensa local, mas o “logar de honra foi dado ao digno commandante dos bombeiros mirandellenses, o snr. Armindo de Castro, cavalheiro que gosa toda a estima e respeitos, pelas suas invulgares qualidades de intelligencia e carácter”.

Antes de acabar o animado repasto, houve tempo para os agradecimentos. Nas suas instalações, o senhor juiz de direito “brindou ás nossas conterraneas, cuja belleza e virtudes elogiou em sinceras palavras de justiça, alludindo, com muito brilho e felicidade, á bandeira, a cuja benção assistira, e definindo o muito que ella ficará sendo e valendo para a corporação a quem foi offerecida”. De imediato, o comandante dos bombeiros de Mirandela, o “Sr. Armindo de Castro, em termos vibrantes de sinceridade, saudou os bombeiros regoenses, a quem, bem como a todo o povo da Regoa, agradeceu a festa de que elle e os seus companheiros estavam sendo alvo”.

Entusiasmado com esta última saudação um elemento da corporação da Régua saudou e brindou os visitantes: “o sr. Gabriel de Gouvêa, phamaceutico da associação dos bombeiros regoenses, fallou brilhantemente, brindando a todos os excursionistas e, nomeadamente, ao snr. Ar­mindo de Castro”.

A festa de confraternização terminava ao meio da tarde. Na gare da estação, o comboio das quatro e meia já esperava pelos bombeiros de Mirandela, de volta à estação do Tua, para seguirem viagem até à sua terra.

Na hora da partida, a “despedida foi grandiosa e commovente” e era “indescri­ptivel o enthusiasmo dos cumprimentos e saudações que então se  trocaram”.

Nesta inesquecível visita, os bombeiros da Régua receberam os seus camaradas de Mirandela com muita amizade e um grande espírito de fraternidade. Mais que uma simples visita que marcou as vidas de homens e mulheres foi momento histórico em que duas associações, já cheias de passado, conseguiram ser pioneiras, dentro do mesmo espaço geográfico, a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, de um gratificante intercâmbio de relações humanas e profissionais.

Ao ser evocado pelas novas gerações, este encontro não pode ser observado apenas como um exercício de revivalismo, mas como uma lição para que se faça aquilo que deve ter ficado nas mentes dos nossos antecessores, a geminação das suas associações. Mais do que nunca, os bombeiros precisam de criar laços de amizade e fraternidade, de estabelecer protocolos de cooperação em áreas da protecção e do socorro e de aproximarem os saberes e as experiências de cada corporação.
Da nossa parte, como actuais dirigentes dos bombeiros da Régua, estamos convencidos que estes bons exemplos não devem ficar apenas lembrados nas páginas da história. Por serem genuínos deve-lhes ser dada uma continuidade no presente, numa atitude solidária entre os bombeiros voluntários da Régua e os de Mirandela.


A história desta inesquecível visita dos bombeiros de Mirandela pode repetir-se. Desde que haja uma vontade capaz de inovar uma tradição que proporcione mais compromissos entre as duas associações e, talvez, mais visitas dos bombeiros mirandelenses à cidade da Régua.
- Colaboração de J. A. Almeida* para "Escritos do Douro" em Março de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.
A visita dos bombeiros mirandellenses à villa da Regoa
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 24 de Fevereiro de 2011
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A visita dos bombeiros mirandellenses à villa da Regoa

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Os bombeiros de escritório

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Estão presentes, nesta foto de 17 de Maio de 1964, tirada na vila de Resende, três vultos da história dos bombeiros do Peso da Régua: o Comandante Carlos Cardoso dos Santos, Alfredo Luís Baptista, Noel de Magalhães e Teófilo Clemente, acompanhado do seu jovem filho José Manuel Clemente, que estavam a convite da associação humanitária local para assistirem a uma cerimónia de homenagem aos bombeiros.

Como não podia deixar de ser, do ilustre bombeiro de farda, o Comandante Carlos Cardoso dos Santos já aqui deixamos vários apontamentos da sua vida e dos seus 31 anos de serviço nos bombeiros da Régua.

Quanto aos bombeiros sem farda já se distinguiu Noel de Magalhães. Mas, apenas por falta de oportunidade, nada se disse dos directores Alfredo Luís Teixeira Baptista e Teófilo Clemente.

O primeiro destacou-se nas direcções presididas pelo Dr. Júlio Vilela e o Dr. Camilo de Araújo Correia, sendo o principal responsável pelo acabamento das obras do quartel, cuja construção é de 1931, pela aquisição de novos carros para os incêndios e pelo aparecimento do jornal da associação “Vida por Vida” (publicou-se ente 1956-1974), o qual chegou a dirigir.

Quanto ao segundo foi um grande chefe de material. O melhor que a associação teve nesse sector fundamental para a actividade operacional dos bombeiros. Mas foi um dos grandes beneméritos que teve a associação. Se o velho Buick ainda hoje circula, isso se deve aos cuidados e à generosidade do Senhor Teófilo Clemente. Foi ele que o mandou reparar e lhe deu um motor novo, que fui retirar de um carro da sua firma de transportes. O seu filho José Manuel Clemente, que o acompanhava na sua juventude, é actualmente o sócio mais antigo da associação, sem nunca ter sido director, herdou do seu pai o gosto de ajudar os bombeiros.

Estes dois homens fazem parte de história dos bombeiros da Régua. Os seus nomes são exemplos a apontar como ensinamento de cidadania. Como membros directivos da associação, o empenhamento e dedicação cívica de Alfredo Luís Teixeira Baptista e de Teófilo Clemente teve um reconhecimento, quando a Liga dos Bombeiros Portugueses os distinguiu com a Medalha de Ouro de duas estrela

Desde facto, o jornal “Vida por Vida”, em Novembro de 1964, com o título “Duas Condecorações: uma honra para a nossa Associação”, deu conta do significado destas distinções para estes ilustres cidadãos reguenses nestes termos: “Se certo que estes dois elementos não esconderam o regozijo por tão honrosa distinção, a verdade é que a mesma reveste de elevado sentido para a própria Associação, pois que se o seu nome não fosse um nome que se impõe ao respeito e admiração de todos em geral, certamente que não conquistavam estas duas distinções para dois elementos que há mais de 10 anos têm prestado o seu concurso para uma maior valorização dos bombeiros.”

Estas duas medalhas para estes dois cidadãos são a prova que os bombeiros sem farda têm a sua importância. A eles cabe-lhes o papel de defender os seus interesses do colectivo e zelar pelas melhores condições do cumprimento das missões de socorro de todos aqueles que vestem a farda de bombeiro.

Nos primeiros estatutos da associação, datados de 1880, os associados constituíam-se em quatro classes: honorários, contribuintes, activos e auxiliares. Os activos eram os bombeiros voluntários. Os sócios auxiliares eram os que prestavam auxilio à companhia de incêndios. Os sócios honorários eram aqueles que pela sua posição social ou pelos serviços prestados lhe foi conferida essa honra. Os restantes associados pertenciam à classe aos sócios contribuintes, ou seja, todos aqueles que não vestem farda. Teve a sorte esta associação de nessa classe se inscrever a famosa viticultura do Douro, a bondosa D. Antónia Adelaide Ferreira, a nossa ilustre Ferreirinha.

Como associados, os bombeiros sem farda são todos aqueles que exercem cargos sociais nos órgãos da instituição: na Assembleia-geral, no Conselho Fiscal e na Direcção. Enfim, são outro tipo de voluntários que se preocupam mais com as contas da casa, a sua gestão corrente e o seu funcionamento no dia a dia. Eles são responsáveis por toda a dinamização institucional, por vezes, com muitos obstáculos, por vezes com polémicas, outras vezes com brilhantismo, mas estes directores constituem um pilar do associativismo.

Em 1980, na revista comemorativa do 100º aniversário da Associação, o Dr. Camilo de Araújo Correia, na crónica “Uma volta cá por dentro”, contou-nos com o seu sentido de ironia, o papel de um “bombeiro de escritório”, que ele próprio desempenhou com brilhantismo, na qualidade de Presidente de Direcção, desta enternecedora maneira:

“Relacionam-se com os nossos bombeiros as memórias dos meus primeiros raciocínios.

Estivesse onde estivesse, a brincar, a comer ou a dormir, logo acorria ao ruído marcial da sua passagem.

Toda a gente me dizia que os bombeiros, mal tocavam a fogo os sinos do Peso e do Cruzeiro, acorriam, sem demora, à casa que estivesse a arder. Mas…como podiam correr, assim, em duas fileiras e com aquele passo? O que mais me intrigava era a limpeza das fardas. É que eu, com duas voltas no quintal, sem apagar fogo nenhum, ficava logo com o bibe a merecer umas surras da minha mãe.

Receio bem que o meu desejo de ser bombeiro não tenha sido tão puro como o de todas as crianças do mundo. Lembro-me perfeitamente de quando me apeteceu ser bombeiro. Foi logo a seguir a um grande ataque de inveja. È melhor contar tudo inteirinho…

É certo que neste mundo é que elas se pagam…Deus, na sua infinita ironia, acabou por me fazer bombeiro, cerca de trinta depois do meu ataque de inveja. Vim a ser Presidente da Direcção por entusiasmo e crédito de um punhado de amigos. Não pensaram na minha desesperada falta de tempo…Tive de abandonar com o dedo imperioso da profissão espetada nas costas.

Tudo acabaria muito bem, se ficasse por aqui. Mas é que eu viria a ter, anos depois, a sobrinha mais travessa que Deus ao mundo deitou!...

Um dia, num chá de certa cerimónia e sem vir a propósito, saiu-se com esta:

- O meu tio já foi bombeiro, mas teve de sair porque não apagava nada!

Os risinhos das senhoras, mal disfarçados, atravessaram-me como alfinetes….

De cada vez que me pregava esta partida, tentava fazer-lhe compreender que o meu papel de Director não era ir aos incêndios, nem apagar fosse o que fosse, por mais que as coisas ardessem à minha volta. Em vão procurei convencê-la de que os bombeiros também têm escritório com secretárias cheias de papéis…

De cara fechada e olhos trocistas dizia sempre:

-Sim…sim…

Paguei bem paga a inveja que me fez o capacete e a machadinha daquele bombeiro de palmo e meio aos ombros de um homenzarrão, numa tarde de calor e de tourada.”

O Dr. Camilo de Araújo Correia foi um dos melhores bombeiros de escritório. Por pouco tempo é certo, como ele o confessa, pelos muitos afazeres de médico anestesista. Mas exerceu essa função com grande paixão de bem servir. Como Presidente da Direcção conheceu e conviveu de perto com muitos bombeiros. Ao lado deles sorriu e deu muitas gargalhadas pelas divertidas peripécias de alguns, como as presenciou na vida do bombeiro Justino, que andará com ele pelos caminhos da Eternidade a inspirar-lhe mais deliciosas histórias, que nos cativem com seu sentido de ironia e de humor fino.
Como no seu tempo……ainda hoje os bombeiros da Régua têm escritório com secretárias cheias de papéis. E, têm umas sobrinhas ainda mais travessas para nos fazerem sorrir da vida. Felizmente que é assim…
- Peso da Régua, Junho de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • Bombeiros Semi-Deuses - Aqui!
  • As "madrinhas" dos Bombeiros - Aqui!
  • A benção da Bandeira - Aqui!
  • Comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros: Fidalgo e Cavaleiro dos Bombeiros da Régua - Aqui!
  • A força do voluntariado nos Bombeiros - Aqui!
  • A visita do Presidente da Républica Américo Tomás - Aqui!
  • Uma formatura dos Bombeiros de 1965 - Aqui!
  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui!
  • 1º. de Maio de 1911 - Aqui!
  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Os bombeiros no velho Cais Fluvial - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!

Link's:

  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • Exposição virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A Peso da Régua de nossas raízes - Aqui!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O desfile na Figueira da Foz

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Era tempo de verão, com a praia da Claridade cheia de veraneantes, num período áureo da mais bela e cosmopolita praia do país, quando na tarde de 30 de Julho de 1961, os bombeiros voluntário da Régua, desfilavam ao som de bombos e clarins - à frente com a velha ambulância Ford V8 e o carro de incêndio Chevrolet - pelas principais e movimentadas ruas da Figueira da Foz.

Este desfile acontecia no fim de uma longa viagem, que tinha começado ao amanhecer na Régua, preparada como uma romagem de gratidão para apresentarem aos bombeiros figueirenses o sincero reconhecimento pela atribuição do título de sócia - honorária à associação humanitária duriense. Com esta honrosa distinção enaltecia-se não só a sua brilhante história como o trabalho e o mérito de uma equipa de dirigentes notáveis e de um jovem comandante cheio de aspirações. A notícia do jornal “Vida por Vida” dizia que os bombeiros da Régua partiram rumo à Figueira da Foz para “agradecerem a honrosa distinção e patentearem o quanto a Régua se sentia cativada pela deferência”.

Ao olhar para as fotografias do desfile, que se revelam pela primeira vez, as recordações desse tempo vêem à memória como se estivéssemos a assistir um filme antigo em que, os nossos garbosos e briosos bombeiros, vão ganhando uma nova vida, encantando-nos com os seus momentos de humanidade. Foram assim os anos de comando de Carlos Cardoso dos Santos. Esta viagem, que ele sonhou, não foi um simples passeio. Seguia na caravana uma representação que ia divulgar o nome da Régua como berço do vinho do Porto. A viagem serviu para os bombeiros levarem na sua bagagem a beleza natural da Régua e da região demarcada do Douro, à altura um destino turístico completamente desconhecido no país, a fama do nosso vinho fino, único no Mundo, e as potencialidades do Alto-Douro Vinhateiro, que foi em 2001 consagrado como património da humanidade, considerado “no mapa da pequenez que nos coube, a única evidência incomensurável capaz de assombrar o mundo”.

Deve dizer-se ainda que Carlos Cardoso foi o principal responsável pelo forte dinamismo do Corpo de Bombeiros e pelas relações de amizade e de intercâmbio de saberes e experiências, que se estabeleceram com outras importantes congéneres do país. Depois, como um homem bom, procurou fazer sempre a amizade e fraternidade entre os homens que vivem do bem comum e da solidariedade humana.

Sem saudosismos do passado, gostávamos de voltar a fazer outra viagem à famosa praia da Claridade, com os meus ideais de Carlos Cardoso dos Santos, seguindo os novos itinerários geográficos, para renovar os laços de amizade dos homens ligados ao vinho e à vinha com os das gentes do mar da Figueira da Foz. Uma das melhores coisas da vida é podermos manter estas velhas amizades. As que resistiram à erosão do tempo e nos ajudaram a vencer os momentos de dificuldades.

Para recordarmos melhor este acontecimento, transcrevemos parte da notícia “Romagem de Gratidão”, inserida no jornal “Vida por Vida”, de Julho de 1961, em que nos são contados mais pormenores da vigem, desfile e recepção aos bombeiros da Régua:

“Quis a Corporação dos Bombeiros Voluntários da Figueira, num gesto de penhorante camaradagem, conferir à nossa Associação o grau de sócia honorária. Não se pode um gesto destes, no meio de homens que vivem o ambiente do bem comum e da solidariedade e de solidariedade humana.
Mas, os bombeiros Voluntários da Régua é que não podiam ficar indiferentes a tão cativante atitude.

E assim é que, demonstrando a sua gratidão pela honra recebida, se deslocaram à Praia da Claridade, no passado dia 30 de Julho, para em pessoa, agradecerem a honrosa distinção e patentearem o quanto a Régua se sentia cativada pela deferência.

Por Viseu, Aveiro, Praia de Mira, fomos rodando até à grande praia de Portugal – até à hospitaleira terra da foz do Mondego.

Apesar da distância a considerar para um só dia, a caravana compôs-se de dois carros, dois veículos da corporação e vários carros particulares.

Antes da cidade, a caravana parou. Num gesto amigo, a Corporação Figueirense aguardava os visitantes. Eram 16 horas. O tempo urgia, e após os cumprimentos, retomou-se a marcha, agora comandada pelos bombeiros figueirenses.

À entrada da cidade, organizou-se o desfile, comandado pelo Comandante Carlos Cardoso dos Santos, da Régua. Marcialmente, em bom aprumo, ao som clangoroso dos bombos e dos clarins, as duas Corporações desfilaram, seguidos pelas viaturas, até à “domus” dos briosos soldados da paz da linda Figueira da Foz.

Seguidamente, o Senhor Presidente da Direcção dos bombeiros voluntários da Figueira da Foz, leu um interessante discurso em que fez o elogio do voluntariado e se referiu amistosamente aos bombeiros da Régua.

No impedimento do Dr. Júlio Vilela, Presidente da Direcção, agradeceu o Sr. Dr. António Veludo que, num improviso, disse palavras de esplêndido sentimento humano e de aproximação.

Os oradores foram amplamente ovacionados, e o comandante Carlos Santos deu ordem de sentido e destroçar.

Destroçar…Houvesse apetite para “destroçar”! É que, imediatamente, os camaradas figueirenses, com distinção para o seu ilustre comandante, iniciaram a tarefa de conduzir os componentes da caravana reguense, sem excepção, ao salão de festas do grande quartel figueirense. E, ali, em monumentais mesas, encontrava-se servido um riquíssimo copo de água.

Bem hajam - honra vos seja feita camaradas da Figueira da Foz! Ali, no copo de água, usou da palavra o nosso amigo velho Comandante Capa Penedas (do CB de Ermesinde), que sabendo da deslocação, teve a amabilidade de se antecipar à nossa chegada, Em toda a parte, o nosso grande amigo compareceu. Agradecemos.
Honra, pois e glória à velha e simpática corporação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz! A Régua, na primeira oportunidade, espera-vos!”


Não sei se essa primeira oportunidade chegou a acontecer. Não tenho conhecimento nem uma informação segura, mas caso ainda não tenho ocorrido, os bombeiros da Régua tem todo o gosto de receber os seus camaradas da Figueira da Foz na sua cidade, no seu quartel Delfim Ferreira, para saborearem um cálice de Porto, o nosso “vinho fino”, os outros vinhos do Douro, como os tintos Cabeça de Burro e o Tellus da adega cooperativa, navegarem nas águas do rio e se deslumbrarem, em Galafura, com a paisagem que se avista do miradouro de S. Leonardo, como se fosse o capitão de um barco gigantesco de pedra que ali tivesse encalhado para a eternidade.

Como em 1961, repetimos à moderna e activa corporação humanitária dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz: a Régua espera-vos, sempre…!
- Peso da Régua, Setembro de 2009, José Alfredo Almeida.

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

A ORDEM MILITAR DE CRISTO - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua

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Esta imagem tirada em Junho de 1931, na cidade de Vila Real, no bonito Jardim da Carreira, vale pelo significado do reconhecimento feito à Associação e ao seu Corpo de Bombeiros do Peso da Régua, pelo Presidente da República General Óscar Carmona que, como admirador do patriotismo dos bombeiros portugueses, contribuiu para o afastamento da ideia de militarização do sector, pretendida pelo então poder político.

Apesar da cerimónia ter decorrido na capital do distrito, por razões que se desconhecem, onde o Corpo de Bombeiros teve de se deslocar, para que o Presidente da República condecorasse o estandarte da Associação com a distinção do grau Oficial da Ordem Militar de Cristo, não pode deixar de salientar-se este acontecimento como marcante para a vida e a história da Associação, que estava próxima de festejar meio século de existência.

Esta honrosa distinção prestigiou ainda mais os garbosos bombeiros do corpo activo, seu comando que, no tempo era o Comandante, Camilo Guedes Castelo Branco (1930-1949), que se distinguiu no meio reguense, pelas suas qualidade de brilhante poeta, com vários livros publicados, e como dramaturgo aplaudido pela autoria da famosa opereta “As Andorinhas”.

A Ordem Militar de Cristo é apenas concedida por “destacados serviços” prestados no exercício de funções públicas que mereçam ser “especialmente distinguidos”.

Em 1965, no ano em que o Presidente Américo Tomás visitou os bombeiros do Peso da Régua, o jornal da Associação “Vida por Vida”, num pequeno artigo intitulado “Recordando uma data”, refere-se a este importante acontecimento nos termos seguintes:

“Já lá vão trinta e quatro anos. Foi em Junho de 1931 que a nossa Associação teve um momento alto quando o saudoso Presidente República General Óscar Carmona condecorou, em Vila Real, a nosso estandarte com a Ordem Militar de Cristo.

Nunca esqueceram os nossos bombeiros tão honrosa distinção que só agora pode ser ultrapassada, pois se há trinta e quatro foi preciso deslocar-nos à capital do distrito para termos juntos de nós o mais alto magistrado da nação, neste ano de 1965, foi o Chefe de Estado (Almirante Américo Tomás) que veio ao nosso Quartel e quis encontrar-se junto destes rapazes que tudo merecem, como tão a propósito foi dito a sua Excelência por pessoa amiga e com responsabilidades no nosso concelho.”

Após estas duas datas (1931 e 1965), só em 1980 é que os bombeiros do Peso da Régua voltaram a ter outro “momento alto”, desta feita, com a visita do Presidente da República, General Ramalho Eanes, no seu Quartel Delfim Ferreira, quando iam comemorar o primeiro centenário de vida da Associação.

Desta vez, das mãos do General Ramalho Eanes uma nova geração de “soldados da paz” viram, com muita honra e glória, ser colocado no estandarte, pelos seus feitos do seu trabalho e do seu altruísmo, mais uma grande distinção, o título de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique (Alvará de 6 de Fevereiro de 1984).
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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