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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Bombeiros… Progressistas

Quanto mais conheço do passado da Associação dos Bombeiros da Régua, mais aprendo sobre a História da Régua. Entre a história de uma secular instituição e a de uma cidade cruzaram-se pessoas e registaram-se acontecimentos marcantes socialmente que, em cada época, teceram a mentalidade da sociedade reguense. Podia dizer-se que pela história da Associação de Bombeiros da Régua se faz parte da História da nossa terra, seja ela política, associativa, económica ou social.

Vejamos elucidativo exemplo que prova como um simples relatório de contas, apresentado pela gerência dos bombeiros aos associados, pode revelar como e em que medida os soldados da paz eram apoiados pela sua autarquia. Recuemos, então, até ao ano de 1903, ao tempo da monarquia, para se entender o que se passou de invulgar para as contas dos bombeiros apresentarem um resultado deficitário, o que muito preocupou os directores e associados mais assíduos, reunidos em assembleia-geral. Quem sabe de assuntos de contabilidade percebe que da comparação entre os números das receitas e os das despesas se retiram conclusões do rigor de uma boa ou errada gestão. Se o resultado final dá saldo positivo, tudo está bem e ninguém vem reclamar.

Se o resultado é negativo, recomenda que se apurem as razões por que se fizeram mais gastos ou então, se foi caso disso, porque falharam os proventos.

No caso que apontamos, o problema esteve do lado das receitas, que diminuíram, ao contrário do que seria esperado. Diz esse relatório – frisa bem - que  “este defficit foi determinado exclusivamente, pelo facto de a câmara municipal se negar a dar o subsidio com que, desde muito, vinham auxiliando a associação”.

Quem governava a câmara municipal, há mais de treze anos, era o partido regenerador, representado então pelo Dr. Júlio Vasques - ilustre Paladino do Douro -, com o partido progressista, do advogado Dr. Manuel da Costa Pinto, muito activo na oposição.

Aquela decisão política não deixou de ser duramente contestada pelos directores da instituição, os quais não entendiam que estivesse orçamentada uma verba de 50.000 réis para o serviço de incêndio e, como aquele relatório menciona, “essa quantia não fosse entregue à Associação, visto não haver aqui outro serviço de incêndios, além do dos voluntários”. Os directores dos bombeiros recorreram dessa decisão camarária, mas a vereação ignorou a pretensão dos bombeiros, sem sequer dar uma razão para suprimir o apoio à sua actividade.

O que terá levado o presidente da câmara, Dr. Júlio Vasques, um experiente político, a retirar o subsídio aos bombeiros voluntários, que prestavam um verdadeiro serviço público à sociedade reguense, não se entendeu - nem hoje se entende - muito bem. Parece que as leis de atribuições municipais, à data, não obrigariam a câmara municipal a financiar o serviço de extinção de incêndios, entregue à responsabilidade de ser assegurado pelos bombeiros voluntários. Se a autarquia reguense, como muitas outras no país, tinha optado por não organizar um serviço municipal de socorro para evitar gastos elevados ao erário público, tinha a obrigação de garantir um apoio mínimo para manter em regular funcionamento a missão humanitária atribuída aos bombeiros voluntários.

Na imprensa local, os contornos deste conflito da câmara municipal com a Associação de Bombeiros assumiam uma rivalidade política partidária. Os regeneradores acusavam os Bombeiros da Régua de estarem na sua maioria filiados no partido progressista. Sendo verdade, não seria motivo para serem prejudicados, mesmo que os líderes principais fossem politicamente progressistas, como Joaquim Souza Pinto, Francisco Lopes da Silva, João Alves Barreto e o benquisto capelão, Padre Manuel Lacerda. O bissemanário O Douro, em diversos números, serviu de porta-voz destes directores que fizeram críticas contundentes ao presidente da câmara:

“ O Sr. Julio Vasques perdeu um excellente ocasião de estar calado – em relação aos bombeiros, já se sabe. Devia ser coherente. Já que os esbulhou do subsidio que tão necessário lhe era para continuarem a exercer, sem dificuldades, a missao honrorrisima que se imposeram, para compra de material indispensável ao seu serviço e para custeio das despesas mais ou menos avultadas que fazem quasi sempre na vila e nas povoações próximas…

(…) O garoto podia dar à sua pedrada aplicação mais justa. Jogasse-a contra os vereadores, que faria nisso uma boa acção, castigando-os da brutalidade que cometteram em eliminar do orçamento camarário a verba com que o municipio vinha subsidiando há muito aquella prestante corporaçao. Politica? O garoto não sabe o que diz. Os bombeiros não fazem politica partidaria. São contra a câmara, porque esta os melindrou sem motivo plausível, deixando de subsidiar a associação. Que importa que a maior parte d`elles estejam filiados no partido progressista, se, quando se tracta de serviço, nunca fazem a distinção entre progressistas e regeneradores, e a todos acodem com a mesma solicitude e boa vontade?”

“Agora que os regeneradores regoenses estão prestes a serem escorraçados do seu último reducto – a câmara municipal - vamos relembrar alguns agravos que elles nos fizeram durante o seu longo e escandaloso mandato.”

(…) Dias depois, a mesma câmara, allegando que na Associação de bombeiros voluntários prevalecem os progressistas, resolveu supprimir do seu orçamento o subsidio com que o município auxiliava, desde muito, aquela benemérita corporação, ficando esta em risco de acabar por falta de recursos.”

Aos nossos olhos, aquelas críticas, mais do que tudo, revelam a discordância duma decisão política – hoje designada de politicamente incorrecta. Os bombeiros não eram opositores políticos dos regeneradores e, como salientaram, estavam contra a câmara municipal por terem sido melindrados sem motivo plausível.

Quer dizer, os bombeiros, como é de ver, estavam contra o Dr. Júlio Vasques, que terá recorrido a uma estratégia política de fazer pressão, no sentido de conquistar correligionários e, dessa forma, aumentar o número de apoiantes do partido regenerador. Não se compreende que um autarca, no seu perfeito juízo, retire sem explicação o financiamento devido à única organização de socorro que tem no seu concelho e, assim, ponha em perigo vidas e bens.

Sabe-se que o Dr. Júlio Vasques nunca foi um cidadão consensual entre os seus contemporâneos, mesmo no grupo dos Paladinos do Douro, onde algumas das suas intervenções não mereceram um aplauso unânime dos seus pares. E, no exercício das funções de presidente de câmara da Régua, a sua gestão foi sempre muito contestada pelos opositores e pela Associação de Bombeiros.

Mas, se esta sua decisão política, sempre polémica e discutida, não serve para lhe diminuir o prestígio e notoriedade que alcançou como um paladino activamente empenhado na defesa do Douro e dos interesses da viticultura, não deixou de ser incompreensível para aqueles bombeiros que, no espírito da sua missão humanitária, só queriam cumprir com dignidade um lema universal: Vida por Vida. 
- José Alfredo Almeida*, Presidente da Direcção da AHBV do Peso da Régua
Peso da Régua, Outubro de 2012



*O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também cronicas que registam neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária e fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2012. Actualizado em 1 de Novembro de 2013. Também publicado no semanário regional "O ARRAIS" edição de 31 de Outubro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Relembrando: A Liga dos Bombeiros Portugueses reúne o seu 41.º Congresso na cidade da Régua

DA RÉGUA PARA PORTUGAL INTEIRO

As instituições diferenciam-se das organizações que o não são pela sua história, pelos valores que alicerçam o seu fazer quotidiano, pelo património de serviço público de que são depositárias e, também, pela intemporalidade que une o passado ao presente e este ao futuro.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) é uma instituição!
Esta Confederação, para ser credora do respeito da comunidade nacional e dos poderes públicos, bastou-lhe ser, apenas, uma instituição representativa de instituições de serviço público.
A LBP ao longo dos seus 81 anos sempre assumiu uma conduta irrepreensível de defesa dos bombeiros portugueses – de todos os bombeiros portugueses! – bem como das entidades onde se integram.
De 28 a 30 de outubro deste ano, a LBP reúne o seu 41.º Congresso na cidade da Régua.
Tendo por inspiração o esplendor do Douro e o espírito de trabalho dos reguenses, os legítimos representantes dos bombeiros portugueses saberão, uma vez mais, rasgar os caminhos do futuro.
Cientes das dificuldades que caracterizam o momento presente, os Bombeiros de Portugal continuarão a estar, como sempre estiveram, ao serviço da defesa da vida e dos bens dos seus concidadãos, com determinação, abnegação e competência.
Esta é a mensagem que o 41.º Congresso da LBP não deixará de transmitir para todos os cantos do nosso Portugal.

Duarte Caldeira
Presidente do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses
“POR UM FUTURO… DE MUDANÇA!”
LISTA CANDIDATA AOS ORGÃO SOCIAIS DA LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
TRIÉNIO 2012/2014
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)



LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
PROGRAMA GERAL - 41.º Congresso na cidade da Régua:


Comunicação e Relações Públicas - Liga dos Bombeiros Portugueses | Tlf + 351 218421380  Fax + 351 218421389  Tlm + 351 963389645 - mara.jeronimo@lbp.pt | www.lbp.pt

Rua Eduardo de Noronha, 7 | 1700-151 Lisboa - Portugal

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Homens que caminham para a história dos bombeiros.

(Clique na imagem para ampliar)

Uma imagem de Setembro de 1980 com três protagonistas do 24ª Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, realizado no Peso da Régua, a caminharem pelas ruas da cidade, à frente do desfile dos estandartes dos Corpos Bombeiros das associações humanitárias do país, que teve uma forte adesão da população, num sinal incondicional de apoio a todos os “soldados da paz” presentes.

São eles, o General Ramalho Eanes, Presidente da República, que presidiu as cerimónias do encerramento do congresso, o Padre Vítor Melícias, que exercia as novas funções de presidente do Conselho Coordenador do Serviço Nacional de Bombeiros e o anfitrião Renato Aguiar, presidente da Câmara Municipal (1976-89), o primeiro autarca reguense eleito após o 25 de Abril de 1974.

Destas três notáveis figuras, recordamos Renato Aguiar que, durante os seus mandatos de autarca, desempenhou na Associação o cargo de Presidente da Assembleia-geral. Natural da freguesia de Barcos, no concelho de Tabuaço, Renato Aguiar era professor do 1º ciclo, mas a sua acção salientou-se no campo do poder político, como Presidente de Câmara do Peso da Régua. Faleceu novo, com muito para dar na vida, num acidente de viação em 1998.

Considerado por muitos um autarca influente e determinante na afirmação a nível nacional deste concelho duriense, fortemente ligado ao turismo e aos negócios vinho e da vinha, foi agraciado com o grau de Comenda da Ordem do Infante, pelo General Ramalho Eanes, em 1979.

No exercício do poder local marcou a história do concelho do Peso da Régua que, no início do regime democrático do país, apresentava índices elevados de carências sociais e de falta de infra-estruturas de vários níveis. A ele se devem a realização das primeiras grandes obras para satisfação das necessidades básicas dos cidadãos reguenses.

Pelo seu espírito solidário e fraterno, o presidente Renato Aguiar nunca deixou de apoiar os bombeiros do Peso da Régua, destacando-se a sua cooperação na construção de 30 fogos de um bairro de habitação social, como se comprova na mensagem que escreveu na revista comemorativa do 100º aniversário da Associação (1980), da qual recordamos estas suas interessantes ideias:

“Desde longa data que as populações se organizaram para se defenderem contra inimigos e males, como fizeram para resolver os seus problemas e satisfazer suas necessidades locais, longe que estavam os poderes constituídos.

E deste modo que por iniciativa municipal surge a primeira organização de Bombeiros (1646) o que prova bem como eles estão ligados ao poder local.

Se o poder local for forte, organizado, constituído e democrático é certo que as populações serão mais facilmente realizado o que mais desejam, sendo que os Bombeiros Voluntários, neste caso, como organizações espontâneas e de serviço comunitário, se podem considerar a extensão humanitária do Município, já prestam serviços nas maior parte dos países àqueles são cometidas.

Têm em Portugal os Bombeiros e em especial os Voluntários, sido um verdadeiro exemplo de organização popular, dando no dia a dia provas de alto valor humanitário, de bravura e altruísmo que nos podem deixar orgulhosos de com eles algum dia ter colaborado.

Não pode qualquer Município alhear-se desta realidade, deve sim ter em mente os valores reais e os serviços prestados pelos Bombeiros, Soldados da Paz, da Amizade, da Fraternidade e clara e firmemente apoiar as suas iniciativas, criando condições para que eles possam desempenhar a sua missão.

Nesta hora e da nossa parte vai para todos os bombeiros a gratidão, mas também a nossa palavra de confiança e alento a todos os que queiram continuar esta obra que só é digna dos grandes Homens

Aos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, com os quais nos identificamos, queremos deixar aqui expresso o nosso profundo reconhecimento e a certeza do nosso incondicional apoio.”

Na história da Associação, o nome do Comendador Renato Aguiar (em 1999 foi-lhe prestada uma singela homenagem ao atribuir-se o seu nome ao veículo desencacerador) tem de estar o seu, como um dos grandes Homens, que muito ajudou a “continuar” a obra dos bombeiros do Peso da Régua.
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Uma instrução dos bombeiros no cais fluvial da Régua - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!

- Link's:

  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • Exposição Virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A Peso da Régua de nossas raízes - Aqui!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses.

(Clique na imagem para ampliar)

Esta grande imagem é de Setembro de 1980 e assinala uma data histórica para os bombeiros de Peso da Régua.

São os momento do desfile motorizado de viaturas dos bombeiros portugueses de todo o país que foi realizado nas principais ruas da cidade, que marcou o encerramento do 24ª Congresso dos Bombeiros Portugueses, das comemorações dos 50º aniversário da Liga dos Bombeiros e do 100º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua.

Foi um acontecimento ímpar para a cidade duriense, reconhecida como a “Capital do Douro” e inesquecível para a história dos bombeiros de Peso da Régua, que festejavam em glória e vitalidade os seus 100 anos de vida ao serviço da população.

Estiveram presentes de representações de bombeiros de todo o país, os principais dirigentes dos bombeiros, como o Padre Vítor Melícias, Eng. João Manuel Palmeirim Ramos, Comandante Manta, o saudoso e nosso amigo Rodrigo Félix, Presidente Direcção da Federação de Vila Real e ainda o Ministro da Administração Interna, Eurico de Melo e o Presidente da República, o General Ramalho Eanes que foram sempre acompanhados pelo carismático prof. Renato Aguiar, Presidente da Câmara Municipal.

Desta imagem, da autoria do fotógrafo reguense Baía Reis, retêm-se a passagem dos carros de pronto-socorro fogo, a demonstrarem muita antiguidade para as suas funções, na sua singela beleza, pela rua da Ferreirinha, com uma presença grande de pessoas a assistirem, o que tornou esta cerimónia não só num verdadeiro êxito de afirmação da capacidade dos “soldados da paz”, como numa festa de cor e alegria.

Este desfile motorizado de Peso da Régua foi atentamente observado pelo jornalista Luís Miguel Baptista, no seu interessante livro “75 Anos a Construir Futuro”, onde com toda a razão afirma o seguinte:

“O desfile apeado e motorizado do Congresso, com a participação de corpos de bombeiros de todo o país, assume a expressão do voluntariado e das potencialidades humanas. Viaturas há muito tempo ao serviço, de características obsoletas, suscitam a necessidade de lançamento de acções para o equipamento, formação e modernização dos bombeiros”.

Hoje sabemos que este 24º Congresso dos Bombeiros Portugueses, realizado em Peso da Régua, marcou uma fase de viragem na vida dos bombeiros portugueses, que passaram a ter uma outra atenção do poder político, reconhecendo-os como os principais agentes da protecção civil, a quem deviam ser dado melhores meios materiais para a realização das suas missões. Isso aconteceu, felizmente, no caso desta Associação que nesse ano de 1980 recebeu um moderno veículo de combates a fogos urbanos, o famoso “Baribi”, um Mercedes que, apresentava como novidade, ter sido carroçado em Itália.
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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Os bombeiros no velho Cais Fluvial

(Clique na imagem para ampliar)

Surpreende, nesta fotografia de meados de 1980, a singular beleza de um agradável espaço de lazer e de evasão da cidade, a zona ribeirinha do rio Douro, nas imediações do cais fluvial, que algum tempo mais tarde viria a ser todo modificado com grandes e excelentes obras arquitectónicas de beneficiação e de ampliação, para permitir a chegada de barcos em cruzeiros turísticos, realizadas pelo ex -Instituto de Navegabilidade do Douro, dirigido pelo saudoso Eng. Mário Fernandes, escolhido como o “teatro das operações” para a realização dos exercícios de instrução do Corpo Activo dos bombeiros voluntários da Régua.

Como nesta fotografia chama a atenção do nosso olhar a perfeição das linhas espectaculares do imponente Chevrolet, modelo Viking 60, um grande carro de fogo que foi baptizado com o nome de “S. Faustino”, mas é mais conhecido por todos como o “Nevoeiro”, assim designado pela razão de a bomba ao lançar a água fazer uma espécie de nuvem.

Adquirido à General Motors de Portugal, Lda, em Novembro de 1960, pela avultada quantia de 397 contos. Era considerado, como então se dizia, “um carro que não encontra hoje similar no país”. De origem americana, esse pronto-socorro, com um motor de 4637 cm³ de 8 cilindros, transporta no seu interior dez bombeiros e está equipado com depósito de água de 1.800 litros, material de incêndios e uma potente bomba Darley.

Este pronto-socorro é um símbolo para todos bombeiros. E, para muitos de nós, o “Nevoeiro” pertence às memórias da nossa infância, a esse imaginário de um tempo feliz, quando o contemplávamos ao vê-lo passar a alta velocidade, com a sirene a tocar e as luzes a assinalar urgência.

Devido à sua invejável antiguidade, a completar os 50 anos de vida, pode dizer que já não está já no activo como carro de socorro de combate aos fogos urbanos, (será que alguém nos pode ajudar na reparação da chapa e uma nova pintura?) mas, caso seja necessário, pode entrar em serviço a qualquer momento, como nos seus bons velhos tempos.

Mas, nos tempos actuais, aos bombeiros voluntários exigem-se melhores conhecimentos técnicos, mais formação, cursos de matérias específicas, exigindo-se para a sua eficaz operacionalidade treinos regulares com exercícios de instrução. Só assim, as estruturas operacionais serão cada vez mais qualificadas, competentes, responsáveis e orientadas por objectivos de qualidade.

Os bombeiros devem ser “voluntários por opção, mas profissionais na acção”. A aposta na formação dos bombeiros é ponto fundamental para a sua valorização como expressa o Eng. Álvaro Ribeiro, Comandante dos Bombeiros Voluntários da Cruz Branca, de Vila Real que, num artigo (ligeiramente adaptado), que aqui reproduzimos com a devida vénia:

“Ao longo dos tempos os Corpos de Bombeiros procuram dar respostas às necessidades das populações. Primeiro, com exclusiva participação no combate aos incêndios urbanos e industriais, socorros a náufragos, depois na área da saúde na vertente de transporte de doentes e na emergência pré-hospitalar e, no inicio da década de 80, como responsáveis directos pelo combates aos fogos florestais.
A mobilização dos efectivos operacionais era feitas pelas badaladas dos sinos das igrejas, posteriormente passou-se aos silvos das sirenes e hoje já se utiliza os meios de SMS e outros.
A velha figura do quarteleiro deu lugar a operadores de central de comunicações e aos motoristas que garantem o serviço de saúde e/ou incêndios.
A tecnologia entra facilmente na área da protecção e socorro. São por isso necessários conhecimentos profundos e treinos para manusear equipamentos, alguns com elevada sofisticação.
A sociedade exige um serviço profissional, independentemente de quem o faz, se é sapador ou voluntário.
Para dar resposta a uma sociedade que vive com a informação a todos os instantes, é preciso dispôs de tempo para a formação, treino regular e participar nas actividades operacionais e de representação.”
Por isso, o trabalho dos bombeiros voluntários é reconhecido pela população portuguesa. Numa sondagem recente, divulgada pelo jornal “Público” (09/02/13), os bombeiros foram eleitos no primeiro lugar como “a classe profissional em que os portugueses mais confiam”, obtendo um lugar acima dos médicos e dos enfermeiros.
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Padre Manuel Lacerda - Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua.

(Clique na imagem para ampliar)

Este retrato de Dezembro de 1956 conta várias histórias. Conta, em primeiro lugar, um momento muito significativo dos Bombeiros do Peso da Régua: a sua devoção ao seu santo padroeiro S. Marçal, cujo imagem se encontra em destaque ao fundo do Quartel Delfim Ferreira.

Ele mostra-se uma procissão vinda da Igreja Matriz, onde se tinha realizado a bênção da imagem deste santo, com a mesma a ser transportada em cima de um dos mais emblemáticos carros da Associação, o Buick, adquirido por volta de 1926.

Destaca-se ainda a guarda de honra composta por garbosos bombeiros, acompanhados pelo reverendo padre Miranda Guedes, no momento em que a procissão seguia pela Rua Dr. Maximiano de Lemos, próximo da chegada à entrada principal do majestoso quartel.

Conta e documenta as memórias e as identidades da cidade que, nos últimos 50 anos, cresceu muito urbanisticamente, gerando a descaracterização na silhueta da sua paisagem envolvente, revelada na fraca qualidade arquitectónica das actuais edificações.

As alterações da “fisionomia” da cidade que, a essa data, ainda espelhava beleza nas antigas casas de habitação, com terraços e quintais floridos e cheios de frescura das árvores que, nos tempos actuais, cederam lugar a grandes e volumosas edificações de habitação colectiva, as quais progressivamente cortaram o contacto visual com a bacia do rio Douro.

Quanto aos bombeiros do Peso da Régua, estes tiveram sempre uma ligação à religião católica. Desde os primeiros anos da fundação da Associação que a vertente espiritual foi fortificada nos “sócios-activos”, ou seja, nos primeiros bombeiros do Corpo Activo, por influência do bom Padre Manuel Lacerda Oliveira Borges que, para além de exercer as funções de director, foi seu capelão durante anos, até à hora da sua morte.

Desde a morte deste insigne sacerdote, o lugar de capelão no Corpo de Bombeiros do Peso da Régua nunca mais esse lugar foi ocupado. E, foi pena…! A sua existência foi logo prevista no art. 3 do primeiro “Regulamento para os sócios activos” juntamente com a de um engenheiro ou arquitecto e a de um farmacêutico.

Recordamos, pois, com saudade a sua pessoa, recorrendo para o efeito às palavras do escritor João de Araújo Correia, que numa crónica publicada no jornal “Vida por Vida”, de Novembro de 1957, sob o título "Recordações de Barro", descreve desta forma magistral, o dia do seu funeral:

“Perdi a ocasião de ver os bombeiros formados quando morreu o Padre Manuel Lacerda. Passou à minha porta o acompanhamento, a caminho do Cruzeiro, mas não o vi. Se passou de manhã, estaria eu ainda na cama ou andaria para o quintal, onde era vivo e morto nas horas forras das primeiras letras - tinha eu sete anos.

Quem me descreveu o enterro foi minha irmã mais velha, imediata de minha mãe na minha iniciação em espectáculos novos. Disse-me como tinha sido, mas só o fixei, de mo dizer muitas vezes, que o Borrajo levava a bandeira e ia a chorar.

O Padre Manuel Lacerda foi, de todos, o mais benquisto dos reguenses. Morreu de repente, enlutando num pronto a Régua toda. Lembro-me do o ver conversar com pai. Que fisionomia! Era uma espécie de coração visto por fora para melhor se adorar. Meu pai, que não era homem de muitas lágrimas, nunca o recordou, pela vida fora, com os olhos absolutamente secos.

Não se pode dizer que o Padre Manuel Lacerda, como padre, tenha sido talhado pelo figurino que os cânones exigem. Mas, como homem, foi um santo homem, um homem alegre, que não podia ver pessoas mal dispostas nem arrenegadas umas com as outras. Onde soubesse que havia desavindos, fazia uma festa, promovia um banquete, fosse lá o que fosse, para os congregar. Deixou, na Régua, essa tradição benigna.

O Padre Manuel Lacerda foi capelão dos bombeiros. Por isso o acompanharam, de bandeira enlutada, no último passeio. O Borrajo, porta-estandarte, ia a chorar…”

Não chorou só por ele o bombeiro Borrajo.

Choramos todos nós, pela alma do nosso bom capelão, o padre Manuel Lacerda, acreditando que lá na imensa eternidade, onde andará a espalhar mensagens celestiais de concórdia, nos espera a sorrir, para um grande e festivo banquete.
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

A ORDEM MILITAR DE CRISTO - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua

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Esta imagem tirada em Junho de 1931, na cidade de Vila Real, no bonito Jardim da Carreira, vale pelo significado do reconhecimento feito à Associação e ao seu Corpo de Bombeiros do Peso da Régua, pelo Presidente da República General Óscar Carmona que, como admirador do patriotismo dos bombeiros portugueses, contribuiu para o afastamento da ideia de militarização do sector, pretendida pelo então poder político.

Apesar da cerimónia ter decorrido na capital do distrito, por razões que se desconhecem, onde o Corpo de Bombeiros teve de se deslocar, para que o Presidente da República condecorasse o estandarte da Associação com a distinção do grau Oficial da Ordem Militar de Cristo, não pode deixar de salientar-se este acontecimento como marcante para a vida e a história da Associação, que estava próxima de festejar meio século de existência.

Esta honrosa distinção prestigiou ainda mais os garbosos bombeiros do corpo activo, seu comando que, no tempo era o Comandante, Camilo Guedes Castelo Branco (1930-1949), que se distinguiu no meio reguense, pelas suas qualidade de brilhante poeta, com vários livros publicados, e como dramaturgo aplaudido pela autoria da famosa opereta “As Andorinhas”.

A Ordem Militar de Cristo é apenas concedida por “destacados serviços” prestados no exercício de funções públicas que mereçam ser “especialmente distinguidos”.

Em 1965, no ano em que o Presidente Américo Tomás visitou os bombeiros do Peso da Régua, o jornal da Associação “Vida por Vida”, num pequeno artigo intitulado “Recordando uma data”, refere-se a este importante acontecimento nos termos seguintes:

“Já lá vão trinta e quatro anos. Foi em Junho de 1931 que a nossa Associação teve um momento alto quando o saudoso Presidente República General Óscar Carmona condecorou, em Vila Real, a nosso estandarte com a Ordem Militar de Cristo.

Nunca esqueceram os nossos bombeiros tão honrosa distinção que só agora pode ser ultrapassada, pois se há trinta e quatro foi preciso deslocar-nos à capital do distrito para termos juntos de nós o mais alto magistrado da nação, neste ano de 1965, foi o Chefe de Estado (Almirante Américo Tomás) que veio ao nosso Quartel e quis encontrar-se junto destes rapazes que tudo merecem, como tão a propósito foi dito a sua Excelência por pessoa amiga e com responsabilidades no nosso concelho.”

Após estas duas datas (1931 e 1965), só em 1980 é que os bombeiros do Peso da Régua voltaram a ter outro “momento alto”, desta feita, com a visita do Presidente da República, General Ramalho Eanes, no seu Quartel Delfim Ferreira, quando iam comemorar o primeiro centenário de vida da Associação.

Desta vez, das mãos do General Ramalho Eanes uma nova geração de “soldados da paz” viram, com muita honra e glória, ser colocado no estandarte, pelos seus feitos do seu trabalho e do seu altruísmo, mais uma grande distinção, o título de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique (Alvará de 6 de Fevereiro de 1984).
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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