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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros: FIDALGO E CAVALEIRO DOS BOMBEIROS DA RÉGUA

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Datada de 13 de Fevereiro de 1955, esta imagem documenta um momento feliz na vida do comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros (1949-1959): o dia em que foi agraciado pelo governo com a comenda de cavaleiro da Ordem da Benemerência.

A cerimónia de entrega desta grande condecoração a tão insigne personalidade – que galardoa o mérito civil em geral, manifestado no exercício de funções públicas e por actos de natureza beneficente – realizou-se no salão nobre da Câmara Municipal do Peso da Régua, numa sessão solene, sob a presidência de Manuel Alves Soares, presidente da edilidade, e que foi assinalada pela presença de bombeiros, directores e muito dos seus melhores amigos.

Com alegria estampada no seu rosto, a imagem regista o instante seguinte a esse acto, o regresso ao quartel do Comandante, já com o colar ao peito, acompanhado pelos directores da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua (AHBVPR), dr. Júlio Vilela, -distinto advogado e saudoso presidente da instituição - Noel de Magalhães e Teófilo Clemente, para além de outras personalidades locais que muito estimavam o homenageado.

Esta célebre consagração ao comandante completa uma parte da história da Associação que faz do seu passado uma ponte indispensável para entender o presente e melhor projectar o seu futuro, seguindo os princípios dos fundadores que se resumem num objectivo constante para todos: torná-la cada vez maior e mais eficiente nas missões de socorro.

O exemplo deste notável comandante revela a nobreza do seu carácter, o qual legou o melhor do seu esforço, da sua abnegação e sacrifício ao Corpo de Bombeiros da Régua, durante 63 anos da sua vida. Dizendo melhor: dedicou toda a sua vida aos bombeiros da Régua, onde por sua vontade desejava morrer, ao lado dos seus homens, num humilde quarto do quartel.

No seu livro “Pátria Pequena”, o escritor João de Araújo Correia na crónica intitulada “Delicadeza”, de Dezembro de 1959, esboça-lhe este invulgar retrato:

“Faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem delicado. Melhor dizendo, faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem que exerceu, durante mais de oitenta anos, a delicada arte de ser delicado.

Parece que o exercício dessa função espiritual o conservou moço até ao limiar da cova. Tinha oitenta anos como se tivesse apenas cinquenta, mas, direitos e elegantes como guias de salgueiro.

Toda a gente sabe ou advinha que o nosso morto é o Lourenço de Almeida Pinto Medeiros, o Lourenchinho, como lhe chamávamos todos, consoante o uso no Norte. O inho, entre nós, não é mau signo de equívoca personalidade, é tributo que se paga em moeda de afectivo respeito, a um homem que o mereça.

O Lourenchinho, reguense nato, inteligência circunscrita a ideias intramuros, coração transbordante de paixões locais, Bombeiros e Festas do Socorro, foi excepção na Régua devido à sua ingénita delicadeza.
Por esse motivo, além de outros, faz imensa falta a este burgo comercial, tão atarefado, que não considerou que cortesia é sinal de civilização.

Terra que não saiba cumprimentar, que não perdoe pequenas fraquezas a naturais e estranhos, que não dissolva mesquinhos ressentimentos, não vença a iníqua antipatia que lhe inspiram os melhores filhos, é terra de esboço colonial de provável povoação.

É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourenchinho. Ele e poucos mais, que felizmente por aí ficaram, uns ricamente vestidos, outros pobremente vestidos, provam que a Régua não é árida de cortesia como a pintam os seus hóspedes mais sensíveis.

O Lourenchinho, foi fidalgo de natureza, que é maneira menos falível de ser fidalgo”
.

O escritor duriense, como mais ninguém o fez, deixou-nos este elogio de uma personalidade forte e singular, que se notabilizou pelos seus valores éticos e morais.

A sua entrega e dedicação em prol dos outros durante a sua existência são comoventes. Não admira que este homem, a quem haviam chamado de fidalgo de natureza, tenha sido consagrado como um cavaleiro da benemerência. Esse reconhecimento, só por si, faz que o seu exemplo de vida constitua uma excepcional referência para todos os bombeiros.

Seguindo de perto aquelas palavras escritas em sua homenagem devemos acrescentar: o comandante Lourenchinho não só honra a história dos bombeiros da Régua como, acima de tudo, permanece vivo na memória colectiva das sucessivas gerações.

Como recorda o ilustre escritor ainda nessa sua crónica: “É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourenchinho”. E, a melhor maneira de mostrar orgulho por ele, quando vão passar cinquenta anos depois da sua morte, seria de atribuir o nome do “Senhor Lourenchinho, o Senhor Comandante dos Bombeiros da Régua” – como era conhecido no seu tempo – a uma nova rua da cidade.
Honrando o comandante, homenageamos o cidadão, filho da terra, delicado e generoso que, em mais de meio século da sua vida, se dedicou a servir a Régua, como “fidalgo” e “cavaleiro” dos bombeiros.
- Peso da Régua, Maio de 2009, José Alfredo Almeida.
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  • A força do voluntariado nos Bombeiros - Aqui!
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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Memórias do 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses

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Uma curiosa fotografia de um grande momento na história dos bombeiros da Régua, em que os fotógrafos, ao centro com Noel de Magalhães, a procurarem registar o acontecimento: a apresentação da guarda de honra, pelo Comandante Cardoso, ao Presidente da Republica General, Ramalho Eanes que, no dia 14 de Setembro de 1980, presidiu à cerimónia da sessão solene do 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, realizado no Peso da Régua.

A organização deste Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses que, se realiza para discutir os problemas e os anseios no associativismo e no voluntariado e eleger os seus directores para os órgãos, é já uma das páginas mais brilhantes da história da Associação.  

Pela primeira vez, uma a primeira Associação do distrito de Vila Real assumia a responsabilidade de organizar uma reunião magna dos bombeiros portugueses. Era uma decisão acertada da Direcção da AHBV do Peso da Régua, presidida pelo Dr. Aires Querubim – nesse ano nomeado Governador Civil do Distrito de Vila Real -  e do Comandante Cardoso que contou com o apoio inexcedível de Rodrigo Félix, um dirigente que valorizava o passado glorioso dos bombeiros, que se encontrava como presidente da Direcção da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real.

Em 1980, com a realização do Congresso, a Associação e os bombeiros da Régua ganharam notoriedade e reconhecimento no país. Cumprindo e respeitando o espírito dos fundadores, afirmava-se neste momento como pioneira, activa e orgulhosa do seu passado e um futuro cheio de ambição, no ano que comemorava o seu primeiro centenário.

Os bombeiros portugueses fizeram uma festa na cidade da Régua que ganhou colorido, um movimento anormal e mais animação turística, num tempo em que escasseavam os hotéis, os residenciais e até os restaurantes para receber tantas pessoas. Conhecendo bem algumas das dificuldades da logística, o Prof. Renato Aguiar, presidente da câmara, apoiou e acarinhou com todos os meios possíveis a iniciativa para que o maior número de participantes ficasse pela cidade. Na falta de alojamento, o Regimento de Infantaria do Porto emprestou colchões pneumáticos e cobertores para algumas dormidas.

Os trabalhos do Congresso decorreram no Cine -Teatro Avenida, nas imediações do Quartel Delfim Ferreira. As cerimónias religiosas da Missa Solene, celebrada em conjunto pelo Padre Vítor Melícias e pelo pároco da Régua, Luís Marçal, aconteceram no Largo Comendador Delfim Ferreira, em frente do Palácio da Justiça e do Hospital D. Luís. O Coral de Nossa Senhora do Socorro, superiormente dirigido pelo maestro José Armindo, esteve presente para animar com os seus cânticos. Estiveram representados quase todos os corpos de bombeiros nacionais, com os seus homens do comando nas filas da frente, como era o caso do Comandante Armando Cardoso Soares, da AHBV do Dafundo.
A população acompanhou e assistiu com entusiasmo e interesse às manifestações públicas dos bombeiros. As ruas da então vila da Régua encheram-se de pessoas para verem e aplaudirem quer os desfile apeado quer o motorizado.

O Congresso abriu com a presença do Presidente da República, General Ramalho Eanes. Os pormenores mais significativos da visita presidencial foram destacados na revista comemorativa, na crónica “Recordando a visita do Presidente da República General Ramalho Eanes”, assinada pelo saudoso jornalista Jaime Ferraz, director do “Noticias do Douro”, que disse o seguinte:

 “Quando o Congresso dos Bombeiros realizados nesta vila, de 10 a 14 de Setembro, tivemos a honra da presença do Primeiro Magistrado da Nação, General Ramalho Eanes que, além de presidir à sessão solene que todos devem estar recordados se realizou no Cine -Teatro Avenida no dia 14-9-80 bem como as outras solenidades, assistiu ao cortejo das corporações, numa tribuna, para o efeito erigida junto ao edifício da Casa dos Douro.

O Presidente da República, além da respectiva comitiva, fez-se acompanhar da sua esposa e sua presença no referido congresso foi umas das principais notas que se podem recordar e enaltecer.

Os bombeiros voluntários da Régua fizeram a respectiva guarda de honra com todo o seu corpo activo formado junto do Quartel, tendo depois o Presidente da República passado revista à Corporação, e felicitado o respectivo Comandante Carlos Cardoso dos Santos, pela forma como soube apresentar-se e que constituiu um dos pontos fulcrais da visita presidencial”.

Para a história, o acontecimento ficará ainda assinalado pelo aniversário dos 50 anos da Liga dos Bombeiros Portugueses. O Presidente da República, General Ramalho Eanes, compreendendo o significado histórico, reconheceu na Régua os valiosos serviços públicos da Liga, ao condecorar o seu estandarte com o Grau de Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo.

No Congresso da Régua que elegeu o Comandante Manuel de Almeida Manta para Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses – as principais conclusões diziam respeito à questão da protecção social dos bombeiros. Este assunto mereceu reflexão e veio a ser aprovada uma deliberação que determinava para “no mais curto espaço de tempo possível, se elabore, discuta e faça aprovar um Estatuto Social do Bombeiro Voluntário como garante dos direitos e deveres de verdadeiros Soldados da Paz”. 

Acontece que esse objectivo só veio a ser alcançado alguns anos mais tarde. Em primeiro lugar, com a criação de um Fundo de Socorro Social destinado ao auxilio imediato dos familiares dos bombeiros acidentados em serviço e à promoção de outras acções sociais, consagrado com a publicação da Portaria nº 237/87, de 28 de Março. E, logo de seguida, foi conseguido o pretendido Estatuto Social do Bombeiro, estatuído pela aprovação da Lei nº 21/87, de 20 de Junho.
Os bombeiros portugueses, na década dos anos 80, conheceram profundas e importantes mudanças na sua organização institucional. Depois do Congresso de Aveiro, começam a reconhecidas várias reivindicações aí exigidas como fundamentais para a melhoria do sector dos s bombeiros. O poder politico dava sinais positivos ao estabelecer as bases administrativas do sector dos bombeiros com a criação do “Serviço Nacional de Bombeiros” (Lei nº10/98, de 10 de Março, o DL nº 212/80, de 9 de Junho e o DL nº418/80, de 29 de Setembro), para a presidência do qual era nomeado, o Padre Vítor Melícias.

Algumas dessas transformações ainda foram discutidas nos debates do Congresso da Régua, que pode dizer-se que fez história ao marcar a viragem de um novo tempo na afirmação dos bombeiros portugueses. Essa circunstância deve ter contribuído para motivar a comparência de uma grande afluência de delegados de todo o país – bombeiros e directores - no Cine -Teatro Avenida, para participarem nos trabalhos e intervirem nos assuntos mais preocupantes.

Não admira que, decorridos 30 anos, este 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, realizado pela AHBV do Peso da Régua, que encerrou com a presença do Senhor Ministro da Administração Interna, Dr. Eurico de Melo, esteja vivo na memória de muitos dos seus protagonistas, que acreditavam num futuro melhor para os bombeiros de Portugal.

Mas, esta fotografia tem outro valor histórico para os bombeiros da Régua. Ela capta ainda o Sr. Noel de Magalhães, a fotografar o momento histórico, um distinto director dos bombeiros da Régua, bisneto do 1º Comandante Manuel Maria de Magalhães, nascido em S. João da Pesqueira, em 12 de Outubro de 1921 que, pelo seu trabalho à causa do voluntariado, ao longo de várias décadas, foi reconhecido com o Crachá de Ouro, atribuído pela da Liga dos Bombeiros Portugueses, sob posposta da actual Direcção. Noel de Magalhães deixa o seu nome ligado aos bombeiros da Régua e a mais “obras de bem-fazer” como a Santa Casa da Misericórdia. O seu nome fica ligado à arte. Como fotografo amador de grande qualidade ele lega-nos algumas das melhores imagens do nosso Douro, num estilo cheio de “pureza e beleza da genuidade humana…sobretudo quando acontece o mistério da fé duriense, ou a transformação do suor em vinho, entre sorrisos dos rapazes e das mulheres, colhendo a novidade, que misturada com a alegria escorreu pelas pernas dos homens, em cada lagarada”.
Conta 88 anos e tem uma vida normal. Tivemos a sorte de o conhecer e o prazer de partilhar a sua amizade e aprender com os seus conselhos. As suas memórias ajudam-nos a reconstituir uma importante parte do passado dos bombeiros da Régua.
- Peso da Régua, Julho de 2009, José Alfredo Almeida. Atualizado em Outubro de 2010.
















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terça-feira, 5 de maio de 2009

O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua

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Este antigo retrato documenta o combate dos bombeiros ao grande incêndio, no último andar do edifico dos Paços do Concelho do Peso da Régua, no dia 5 de Abril de 1937.

Ele permite ver os pormenores do trabalho dos bombeiros no combate à extinção do incêndio que, teve como consequência para além, dos elevados prejuízos materiais, resultantes da destruição total do andar superior do imóvel, de bens móveis e muita documentação antiga, a perda de três vidas humana, todos funcionários a trabalharem em serviços dessa instituição.

Assistimos ao desenrolar da operação no telhado do prédio, sob uma nuvem de fumo, com os bombeiros a lançarem água aos destroços da cobertura das águas furtadas, onde as chamas teriam deflagrado e rapidamente se haviam propagado a outras partes deste magnífico edifício público, até hoje a servir de “paços do concelho”, adquirido pela vereação liderada pelo Dr. Joaquim Claudino de Morais, em 1876.

Destaca-se no sinistro, o foco do incêndio circunscrito ao último andar e a acção dos corajosos bombeiros do Peso da Régua, que utilizaram duas linhas de mangueiras, ligadas já as bocas da rede pública, desforradeiras para retirar as telhas, uma manga de salvamento de pessoas e, para o escalonamento, uma “escada portuense” (quatro lances que se encaixam até uma altura de 12 metros).

A salvaguarda das vidas das vítimas num incêndio urbano constitui a primeira prioridade num plano estratégico de intervenção de qualquer Corpo de Bombeiros. Este do edifício dos Paços do Concelho, devido à violência da explosão, com que se iniciou, não lhes permitiu o sucesso de evitarem perdas humanas.

Mas, o plano de acção montado pelos patrões Álvaro Rodrigues da Silva e António Guedes Castelo Branco (receberam um louvor que consta da histórica Ordem de Serviço nº 20, de 10 de Abril de 1937, assinada pelos 1ª e 2º Comandantes), que comandavam os bombeiros no salvamento e ataque ao fogo, prova os conhecimentos dos manuais de instrução e, sobretudo, a sua grande experiência, ao iniciarem logo que chegaram ao local, os trabalhos pela extinção do incêndio.

Esta imagem regista o traçado antigo da rua Serpa Pinto, onde se situa o edifício dos Paços do Concelho e, mesmo à sua frente, o desaparecido Jardim Alexandre Herculano. Foram as suas condições amplas e a vizinhança com a rua do Quartel que permitiram o acesso fácil e rápido aos equipamentos dos bombeiros (daí que não tenham levado os carro de pronto-socorro), as suas primeiras intervenções e as manobras de salvamento, pela fachada principal do edifício público atingido.

Este incêndio teve destaque na primeira página do semanário “Noticias do Douro”, edição do dia 8 de Abril de 1937, que com o título “O incêndio dos Paços do Concelho da Régua”, dava a notícia, desta forma circunstanciada:

“Na segunda -feira, perto das 15 horas, a Régua foi alarmada com a notícia de que, devido a uma explosão, estava a arder o último andar dos Paços do Concelho.
O perigo iminente que corriam as pessoas que, surpreendidas pelo sinistro da parte superior daquele edifício, havia já saltado para o telhado, provocava gritos aflitivos da multidão que rapidamente se juntava nas imediações da Câmara Municipal (…)

Esses gritos ainda alarmavam mais as pessoas em perigo, e impediam que em baixo lhe dessem indicações (…) para se defenderem das chamas que iam tomando conta da cobertura do edifício.

A explosão deu-se num compartimento onde estavam os empregados municipais José Artur de Seixas, Ângelo Correia, Manuel Loureiro e Manuel Gonçalves, mais conhecido por “Manuel Ceguinho”.

Este último, que parece ter sido o causador involuntário da explosão, foi, depois de dominado o incêndio, encontrado completamente carbonizado.
O primeiro e o Manuel Loureiro foram arremessados pela escadas (…) extensas queimaduras considerado muito grave o estado do segundo deles.

Quanto ao picheleiro Ângelo Correia, por pouco não resvalou para a beira do telhado, valendo-lhe Octávio da Silva (…) e que, encontrando-o ao procurarem fugir, evitaram a sua queda para o lado da Alameda (…) O seu estado é muito grave, havendo poucas esperanças de que se salve, devido à extensão de pele que perdeu.

Uma senhora (…) foi salva por um indivíduo que trepou por uma esquina do edifício da câmara, utilizando os ornatos de cantaria para se agarrar, e que abriu uma fenda no telhado do corpo mais baixo desse edifício, por onde a fez descer até uma dependência da Secretaria Municipal.

O Sr. Administrador do Concelho e outras pessoas que estavam perto dele, entre elas o menor José Félix, que ficou bastante ferido, tiveram de descer por um pontalete dos fios telefónicos.

Entretanto chegaram os bombeiros da Régua que montaram o ataque ao incêndio.
Uma meia hora depois chegavam também uma viatura dos bombeiros de Lamego a atacar o incêndio e mais tarde uma outra, ficando os bombeiros da Régua a atacar o incêndio principalmente pela frente e os de Lamego pelo lado da Alameda.

Uns e outros portaram galhardamente. Dentre os bombeiros da Régua distinguiram-se Claudino Clemente e João Bonifácio Júnior.

Vieram também bombeiros de Vila Real, acompanhados de excelente material, mas quando chegaram já o incêndio estava dominado.”


A imagem deste fogo faz do tempo uma linha de continuidade da vida e marca um acontecimento histórico: no meio da tragédia humana, os murmúrios da cidade, a demarcar-se nos contornos telúricos das vinhas erguidas em incontáveis socalcos, da “paisagem cultural evolutiva e viva”, prolongam-se nas margens do Salgueiral, embelezadas pelas serenas aguas da bacia do rio Douro.
- Peso da Régua, Maio de 2009, José Alfredo Almeida.

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terça-feira, 7 de julho de 2009

As vidas que não se esquecem nos bombeiros

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Esta fotografia tira um grande instante do tempo, ao fixar a vida no dia 13 de Maio de 1970, em que D. Sylvia Gomes Ferreira assinava o Livro de Honra da Associação Humanitária dos Bombeiros do Peso da Régua, depois de receber as honras de uma homenagem em memória do seu marido, o grande benemérito Comendador Delfim Ferreira. A representar os órgãos sociais dos bombeiros encontrava-se ao seu lado, o Eng. Diamantino Moreira da Silva que, sem ninguém esperar, faleceu com 72 anos de idade, no passado dia 23 de Junho, na cidade de Leça da Palmeira.

Com a notícia da sua morte inesperada para muitos de nós, esta imagem ganhou uma nova actualidade de dor e luto: a perda de um homem que marcou no seu tempo a vida dos bombeiros e, em especial, a vida de muitos reguenses, alguns dos quais ficaram eternamente seus amigos.

Em respeito pela sua memória é tempo de aqui e agora de o evocar num sincero elogio de gratidão. O Eng. Diamantino Moreira da Silva foi uma personalidade distinta e invulgar. Como homem de singular qualidades morais tinha uma maneira de ser reservada e discreta. Soube ganhar a sua notoriedade pelo seu trabalho empenhado, minucioso e rigoroso que realizou como chefe do Departamento Técnico de Obras da Câmara Municipal. A sua pessoa não foi indiferente a ninguém, mas suscitou respeito, elogios e admiração quer dos políticos com quem trabalhou quer do cidadão anónimo que dele precisou. Era inteligente, dinâmico, de bom trato, afável, apaixonado pelas emoções do futebol e muito determinado nas convicções. Como técnico foi ouvido atentamente pela sua grande experiência e reputada competência nas áreas do urbanismo. Exerceu nos bastidores a sua influência nas questões que considerava importantes para o desenvolvimento urbano da cidade e do concelho. Ao culminar a sua carreira profissional (1963-1999) é reconhecido pelos autarcas de então com a Medalha de Ouro da cidade, que recebeu orgulhosamente.

Resta dizer que uma parte da sua vida dedicou-a com elevado dever cívico a servir a causa dos bombeiros da Régua. Desempenhou, durante algumas décadas, cargos sociais em vários elencos directivos. A sua missão de cidadania activa, com preocupações sociais, é uma faceta da sua vida pouco conhecida para muitos que o conheceram. Mas ela não foi a esquecida por quem ele fez o bem. Da parte dos bombeiros da Régua é merecedora de um justo reconhecimento, os quais se sentem honrados e prestigiados por tudo que ele fez. Para eles, o Eng. Diamantino Moreira da Silva é um dos ilustres cidadãos que contribuíram e ajudaram a engrandecer a história da associação.

Esta fotografia regista ainda um grande momento na história dos bombeiros da Régua: a homenagem a um ilustre cidadão, ao Comendador Delfim Ferreira, conhecido como um empresário da indústria têxtil no Vale do Ave e proprietário da grande quinta do Douro, a Quinta dos Frades, situada em Armamar, mas essencialmente reconhecido como um grande benemérito da Régua e, em especial, da Santa Casa da Misericórdia e dos bombeiros, que sempre ajudou com avultadas quantias na realização de obras ou compras de carros de fogo ou ambulâncias.

Cumprindo uma dívida de gratidão, a Câmara Municipal do Peso da Régua, presidida pelo Dr. Rui Machado patrocinou e apoio esta iniciativa ao inaugurar no então Largo Dr. Oliveira Salazar, um busto a perpetuar o homenageado, enquanto que no edifício dos bombeiros era descerrada uma placa a designa-lo com o nome de “Quartel Delfim Ferreira”.

Da singela homenagem efectuada pela direcção da associação, comando e corpo activo, a este notável cidadão benemérito, o jornal da associação “Vida por Vida”, na sua edição de Maio de 1970, contava o seguinte:

“Os corações dos reguenses sentiram o quanto de justa foi a homenagem prestada a esse grande benfeitor que foi Delfim Ferreira. Não foi uma festa qualquer, daquelas que se festejam anualmente com mais ou menos exuberância (…). Foi antes um testemunho público de reconhecimento bem merecido para aquele que em vida tanto ajudou a diminuir as dificuldades constantes com que a todo o momento se debatem a Santa Casa da Misericórdia e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (…)

A homenagem prestada a Delfim ferreira não foi mais do que um acto de gratidão que há muito se vinha impondo. Mas o tempo passa e com ele vem normalmente, o amadurecimento das coisas ou dívidas que contraímos, salvo se houvesse ingratidão por parte de quem está à frente dos destino das instituições que receberam tão valiosas dávidas, o que, de maneira alguma, seria de admitir, como aliás ficou provado.

Foi uma homenagem modesta por expressa vontade de sua Exma viúva D. Sylvia Gomes Ferreira que era acompanhada pelo seu Exmo filho Dr. Alexandre Ferreira, mui digno e ilustre continuador da obra de seu querido e saudoso pai.

Finalmente e para fechar o programa da sua curta visita à Régua, dignou-se aquela ilustre senhora, acompanhada de toda a comitiva visitar a sede dos Bombeiros Voluntários, onde descerrou uma placa alusiva à deliberação de tornar patrono do nosso quartel esse grande homem que foi Delfim Ferreira.

Antes do descerramento da placa “Quartel Delfim Ferreira”, o Sr. Joaquim Lopes da Silva Júnior, vice-presidente da direcção, usou da palavra para afirmar que nesta Casa será lembrado perpetuamente este grande benemérito, acrescentando que a direcção decidiu atribuir o seu prestigioso nome, inscrito a oiro numa lápide comemorativa, ao seu quartel”.

São mais duas vidas que não se esquecem nos bombeiros da Régua. Dois homens especiais que fizeram o melhor pela sociedade em que viveram. Não esquecem as suas dávidas generosas e muito menos os seus gestos nobres de um enorme carácter solidário e fraterno. Cada um deles ajudou como pode e cada um deles, à sua maneira, deu o seu melhor de si. A sua imensa generosidade contribuiu para tornar felizes outros homens, que estão na vida apenas para ajudar quando deles precisamos.

Eles não morreram no coração dos bombeiros da Régua. Enquanto forem lembrados com saudade permanecem vivos nas nossas vidas, e nas de quem alguma vez foi “soldado da paz”.

Louvamos o exemplo destes dois homens que o tempo já juntou nos caminhos da eternidade.Que Deus os guarde em suas mãos…em paz.
- Peso da Régua, Julho de 2009, José Alfredo Almeida.

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

A ORDEM MILITAR DE CRISTO - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua

(Clique na imagem para ampliar)

Esta imagem tirada em Junho de 1931, na cidade de Vila Real, no bonito Jardim da Carreira, vale pelo significado do reconhecimento feito à Associação e ao seu Corpo de Bombeiros do Peso da Régua, pelo Presidente da República General Óscar Carmona que, como admirador do patriotismo dos bombeiros portugueses, contribuiu para o afastamento da ideia de militarização do sector, pretendida pelo então poder político.

Apesar da cerimónia ter decorrido na capital do distrito, por razões que se desconhecem, onde o Corpo de Bombeiros teve de se deslocar, para que o Presidente da República condecorasse o estandarte da Associação com a distinção do grau Oficial da Ordem Militar de Cristo, não pode deixar de salientar-se este acontecimento como marcante para a vida e a história da Associação, que estava próxima de festejar meio século de existência.

Esta honrosa distinção prestigiou ainda mais os garbosos bombeiros do corpo activo, seu comando que, no tempo era o Comandante, Camilo Guedes Castelo Branco (1930-1949), que se distinguiu no meio reguense, pelas suas qualidade de brilhante poeta, com vários livros publicados, e como dramaturgo aplaudido pela autoria da famosa opereta “As Andorinhas”.

A Ordem Militar de Cristo é apenas concedida por “destacados serviços” prestados no exercício de funções públicas que mereçam ser “especialmente distinguidos”.

Em 1965, no ano em que o Presidente Américo Tomás visitou os bombeiros do Peso da Régua, o jornal da Associação “Vida por Vida”, num pequeno artigo intitulado “Recordando uma data”, refere-se a este importante acontecimento nos termos seguintes:

“Já lá vão trinta e quatro anos. Foi em Junho de 1931 que a nossa Associação teve um momento alto quando o saudoso Presidente República General Óscar Carmona condecorou, em Vila Real, a nosso estandarte com a Ordem Militar de Cristo.

Nunca esqueceram os nossos bombeiros tão honrosa distinção que só agora pode ser ultrapassada, pois se há trinta e quatro foi preciso deslocar-nos à capital do distrito para termos juntos de nós o mais alto magistrado da nação, neste ano de 1965, foi o Chefe de Estado (Almirante Américo Tomás) que veio ao nosso Quartel e quis encontrar-se junto destes rapazes que tudo merecem, como tão a propósito foi dito a sua Excelência por pessoa amiga e com responsabilidades no nosso concelho.”

Após estas duas datas (1931 e 1965), só em 1980 é que os bombeiros do Peso da Régua voltaram a ter outro “momento alto”, desta feita, com a visita do Presidente da República, General Ramalho Eanes, no seu Quartel Delfim Ferreira, quando iam comemorar o primeiro centenário de vida da Associação.

Desta vez, das mãos do General Ramalho Eanes uma nova geração de “soldados da paz” viram, com muita honra e glória, ser colocado no estandarte, pelos seus feitos do seu trabalho e do seu altruísmo, mais uma grande distinção, o título de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique (Alvará de 6 de Fevereiro de 1984).
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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segunda-feira, 30 de março de 2009

Manuel Maria de Magalhães - O Primeiro Comandante dos Bombeiros de Peso da Régua.

(Clique na imagem para ampliar.)

Manuel Maria de Magalhães, filho de Aires Maria de Magalhães e de Virgínia do Carmo Pereira, nasceu em 21 de Março de 1845, na freguesia de Santa Maria, em Bragança. Faleceu, com apenas 47 anos de idade, no dia 10 de Outubro de 1892, pelas 19.30 horas, em sua casa, na Rua Serpa Pinto, no Peso da Régua, achando-se o seu corpo sepultado, em jazigo de família, no cemitério municipal.

Exerceu as funções de escrivão de direito, no Tribunal da Comarca do Peso da Régua. Mas destacou-se, no meio reguense, por organizar um grupo de cidadãos que pretendiam constituir no concelho uma Companhia de Bombeiros, com o objectivo de ser dada melhor utilização à bomba de incêndios adquirida pela Câmara Municipal, em 1873.

Manuel Maria Magalhães deu resposta aos anseios da edilidade reguense que, preocupada com a frequência e a dimensão dos incêndios nos armazéns de vinhos, ambicionava colocar ao serviço da população um corpo de bombeiros voluntários, preparados e organizados – à semelhança do que estava a acontecer por todo o país - tendo assumindo a liderança de uma “Comissão Instaladora”, para preparar a constituição de uma associação humanitária.

Essa comissão, formada por mais vinte e cinco distintas e famosas pessoas, discutiu aprovou na Assembleia-geral, realizada em 25 de Junho de 1880, os primeiros estatutos (com 44 artigos e em anexo o regulamento interno para os sócios activos) que haviam de reger a instituída Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua - é a 13º a ser constituída em Portugal - e confirmados por Alvará de 12 de Agosto de 1880, assinado pelo Dr. José Ayres Lopes, Governador Civil de Vila Real.

Manuel Maria Magalhães tornou-se, com o apoio incondicional dos sócios fundadores, o primeiro comandante dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Por sua iniciativa, a senhora D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida por Ferreirinha (1811-1896), uma das personalidades mais marcantes da história do Douro, foi a primeira a assinar o livro destinado à inscrição sócios contribuintes da Associação, grande honra para os bombeiros que receberam também a ajuda desta grande e distinta benemérita, nascida no Peso da Régua.

Manuel Maria de Magalhães, como Comandante da Companhia de Bombeiros - assim se dizia ao tempo - iniciou essas funções no dia 28 de Novembro 1880, que foi a data por si escolhida para realizar na casa da extinta Associação Comercial, sita na então Rua da Boa Vista, os festejos da inauguração da Associação, cessando-as no dia 10 de Outubro de 1892 (e não em 1904 como vinha a constar), isto é, no dia do seu falecimento.

Para o substituir no comando do Corpo de Bombeiros, os sócios activos elegeram na Assembleia-geral o sócio activo e fundador Gaspar Henriques da Silva Monteiro que, por desinteligência com os restantes sócios fundadores, veio a renunciar ao esse cargo, pedido que a Direcção da Associação aprovou, pelas razões invocadas, na sessão extraordinária, realizada no dia 24 de Novembro de 1892.

Após novas eleições para a escolha do comandante, foi escolhido desta vez, José Afonso de Oliveira Soares (1863-1939), que havia sido aceite alguns anos antes, como sócio activo, iniciando funções de comando nos bombeiros, no dia 3 de Fevereiro de 1893.

Da breve pesquisa não conseguimos recolher mais dados biográficos de Manuel Maria de Magalhães, mesmo tendo em atenção os contributos do seu bisneto, o nosso amigo Noel de Magalhães, Crachá de Ouro da LBP, que foi durante muitos anos director da Associação.

Mas, encontramos no Livro de Actas de 1880, a da Sessão Extraordinária de 10 de Outubro de 1892, efectuada no dia do falecimento de Manuel Maria de Magalhães.

Nessa noite, a Direcção reunida, com o seu presidente José Joaquim Pereira dos Santos Soares e os restantes directores, Padre Manuel Lacerda Oliveira Borges, Camilo Guedes Castelo Branco, Francisco Ferreira Ribeiro e o 2º Comandante Joaquim de Sousa Pinto, fez uma exposição da sua reconhecida grandeza e dos seus feitos, manifestou um sentido de profundo pesar pela sua perda para todos eles e, em especial, para a Associação, que ajudara a fundar e, em último, aprovou alguns actos de carácter público, para assinalar com dignidade a sua cerimónia fúnebre.

Reflectindo essa extraordinária acta o genuíno pensamento dos homens que o acompanharam nos primeiros passos de vida da Associação e que com ele conviveram as primeiras alegrias e as muitas incompreensões no erguer desta grande obra, a permanecer no tempo como uma grande instituição de utilidade pública ao serviço da população, e ainda os sentimentos de camaradagem dos seus amigos, não resistimos em transcrevê-la na íntegra:

“Aos dez dias do mês de Outubro de mil oitocentos e noventa e dois, reunida na sala de sessões toda a direcção, substituindo o primeiro comandante o segundo, foi dito pelo presidente que se atrevera a fazer reunião a esta hora, 10 da noite, visto a urgência do caso a tratar. Acabava de lhe ser comunicado o falecimento do mais representante (seja dito sem ofensa para ninguém) sócio desta Associação o primeiro Comandante Manuel Maria de Magalhães. Com esta perda sofreu esta Associação a perda do sócio, à qual devia a sua vida, pois que ninguém desconhecia que fora ao prestigio de Magalhães que esta Associação se fundara e, não só isso, vingara vencer dificuldades, mercê da sua vontade e dos seus esforços. Cada um dos sócios perdera um amigo, e esta colectividade um chefe que fora um modelo de louvar. Sem expressão com que pudesse dizer muito que a sua alma sentia, propunha que fosse dado conhecimento a todas as associações do país do falecimento do nosso colega; que fosse lançado em acta um voto de profundo sentimento pela perda sofrida; que se fechasse a Associação por um prazo de oito dias, em sinal de luto que fosse deposta uma coroa no (….) do falecido, em nome desta Associação; que fossem feitas as despesas do enterramento do mesmo, atentas as circunstâncias em que a família ficava, sendo desnecessário expô-las por serem do conhecimento de todos; e por último que fosse representado por esta Associação a todas as Associações congéneres do país, a fim de ser pedido o lugar de escrivão de direito que exercera o finado nesta comarca para o seu filho Alfredo de Magalhães, prestando assim uma última homenagem ao homem que deixe vinculado o seu a uma das instituições mais significativas desta vila. Não punha à discussão esta proposta: parecia-lhe que nem discussão tinha. Foi aprovada por unanimidade. O 2º Comandante (Joaquim Silva Pinto) pediu para que ficasse consignado nesta acta o seu profundo pesar e o da colectividade que comandava. O presidente ficou encarregado de fazer a representação a S. Majestade telegraficamente. Não havendo mais a tratar foi encerrada a sessão.”

Verifica-se que no âmbito do determinado pela mencionada deliberação da Direcção, foram pagas pelas contas da Associação as despesas do enterro do Comandante Manuel Maria de Magalhães.

Esse gasto constituiu uma despesa extraordinária, no valor de 75: 250 réis, como se pode ver documentada no rigoroso “Relatório de Contas”, devidamente apresentado aos sócios da Associação, no dia 21 de Dezembro de 1892, pela Direcção presidida por Camilo Guedes Castelo Branco, que fez expressar um sentido "voto de profundíssimo sentimento pelo seu óbito”.

Até à presente data, foram realizadas pela Associação duas singelas homenagens em memória de Manuel Maria de Magalhães.

A primeira, aconteceu em 1905 na celebração do 25º aniversário da Associação, com a colocação de uma lápide no seu jazigo, assinalando uma “saudosa lembrança” do Corpo de Bombeiros desse tempo.

A outra foi efectuada, em 2006, por ocasião das comemorações do 126º aniversário da Associação, ao “baptizar-se” com o seu nome, um moderno veículo de combate aos fogos urbanos, adquirido nesse ano.

Mas, já em 2005 a Direcção da Associação, entendendo que ele continua a ser o principal rosto e o mais importante dos seus fundadores, a quem se deve toda a grandeza da instituição, elegeu uma fotografia sua, a única que se conhece, para ilustrar a capa do livro da história: “AHVB de Peso da Régua-125 anos da sua História”. Evocam-se nessas páginas, os momentos mais significativos do passado da Associação que, sem margem para dúvidas, deve as suas origens ao esforço abnegado e altruísta do seu primeiro Comandante Manuel Maria de Magalhães.
Esta sensibilidade foi logo patenteada após a sua morte pelos demais sócios fundadores, ao confirmarem “que fora ao prestígio de Magalhães que esta Associação se fundara e, não só isso, vingara vencer dificuldades, mercê da sua vontade e dos seus esforços”.
-Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida.

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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Os bombeiros no velho Cais Fluvial

(Clique na imagem para ampliar)

Surpreende, nesta fotografia de meados de 1980, a singular beleza de um agradável espaço de lazer e de evasão da cidade, a zona ribeirinha do rio Douro, nas imediações do cais fluvial, que algum tempo mais tarde viria a ser todo modificado com grandes e excelentes obras arquitectónicas de beneficiação e de ampliação, para permitir a chegada de barcos em cruzeiros turísticos, realizadas pelo ex -Instituto de Navegabilidade do Douro, dirigido pelo saudoso Eng. Mário Fernandes, escolhido como o “teatro das operações” para a realização dos exercícios de instrução do Corpo Activo dos bombeiros voluntários da Régua.

Como nesta fotografia chama a atenção do nosso olhar a perfeição das linhas espectaculares do imponente Chevrolet, modelo Viking 60, um grande carro de fogo que foi baptizado com o nome de “S. Faustino”, mas é mais conhecido por todos como o “Nevoeiro”, assim designado pela razão de a bomba ao lançar a água fazer uma espécie de nuvem.

Adquirido à General Motors de Portugal, Lda, em Novembro de 1960, pela avultada quantia de 397 contos. Era considerado, como então se dizia, “um carro que não encontra hoje similar no país”. De origem americana, esse pronto-socorro, com um motor de 4637 cm³ de 8 cilindros, transporta no seu interior dez bombeiros e está equipado com depósito de água de 1.800 litros, material de incêndios e uma potente bomba Darley.

Este pronto-socorro é um símbolo para todos bombeiros. E, para muitos de nós, o “Nevoeiro” pertence às memórias da nossa infância, a esse imaginário de um tempo feliz, quando o contemplávamos ao vê-lo passar a alta velocidade, com a sirene a tocar e as luzes a assinalar urgência.

Devido à sua invejável antiguidade, a completar os 50 anos de vida, pode dizer que já não está já no activo como carro de socorro de combate aos fogos urbanos, (será que alguém nos pode ajudar na reparação da chapa e uma nova pintura?) mas, caso seja necessário, pode entrar em serviço a qualquer momento, como nos seus bons velhos tempos.

Mas, nos tempos actuais, aos bombeiros voluntários exigem-se melhores conhecimentos técnicos, mais formação, cursos de matérias específicas, exigindo-se para a sua eficaz operacionalidade treinos regulares com exercícios de instrução. Só assim, as estruturas operacionais serão cada vez mais qualificadas, competentes, responsáveis e orientadas por objectivos de qualidade.

Os bombeiros devem ser “voluntários por opção, mas profissionais na acção”. A aposta na formação dos bombeiros é ponto fundamental para a sua valorização como expressa o Eng. Álvaro Ribeiro, Comandante dos Bombeiros Voluntários da Cruz Branca, de Vila Real que, num artigo (ligeiramente adaptado), que aqui reproduzimos com a devida vénia:

“Ao longo dos tempos os Corpos de Bombeiros procuram dar respostas às necessidades das populações. Primeiro, com exclusiva participação no combate aos incêndios urbanos e industriais, socorros a náufragos, depois na área da saúde na vertente de transporte de doentes e na emergência pré-hospitalar e, no inicio da década de 80, como responsáveis directos pelo combates aos fogos florestais.
A mobilização dos efectivos operacionais era feitas pelas badaladas dos sinos das igrejas, posteriormente passou-se aos silvos das sirenes e hoje já se utiliza os meios de SMS e outros.
A velha figura do quarteleiro deu lugar a operadores de central de comunicações e aos motoristas que garantem o serviço de saúde e/ou incêndios.
A tecnologia entra facilmente na área da protecção e socorro. São por isso necessários conhecimentos profundos e treinos para manusear equipamentos, alguns com elevada sofisticação.
A sociedade exige um serviço profissional, independentemente de quem o faz, se é sapador ou voluntário.
Para dar resposta a uma sociedade que vive com a informação a todos os instantes, é preciso dispôs de tempo para a formação, treino regular e participar nas actividades operacionais e de representação.”
Por isso, o trabalho dos bombeiros voluntários é reconhecido pela população portuguesa. Numa sondagem recente, divulgada pelo jornal “Público” (09/02/13), os bombeiros foram eleitos no primeiro lugar como “a classe profissional em que os portugueses mais confiam”, obtendo um lugar acima dos médicos e dos enfermeiros.
- Peso da Régua, Abril de 2009, José Alfredo Almeida.

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sábado, 9 de maio de 2009

Uma formatura dos Bombeiros de 1965

(Clique na imagem para ampliar)

:: Em homenagem ao prof. Eurico Patrício.
Esta imagem é de 1965, o ano em que o Presidente da República Américo Tomás esteve de visita ao Quartel dos bombeiros de Peso da Régua.

Nela vê-se o ambiente de festa, o passeio encontra-se devidamente engalanado com uma passadeira de flores e, numa janela do Quartel, foi pendurado um retrato do Presidente do Governo, o Prof. António de Oliveira Salazar.

Mas, o destaque maior é para o Corpo de Bombeiros desse tempo sob o comando de Carlos Cardoso dos Santos, realçando os nomes dos bombeiros que, durante muitos anos, foram os únicos agentes de protecção civil do nosso concelho.

De uma importante geração de bombeiros voluntários, podemos ver homens nossos conhecidos, como António Martins, José Resende Dias, António Monteiro, Manuel Pinto, estes felizmente vivos, e ainda, José Matos, Francisco Ferreira, José Pinto, José Morais, José Macedo, José dos Santos, Bernardo Ferreira, José Morais e o Chefe José Clemente.

Este é mais um exemplo de grandes homens generosos que gostamos de lembrar, prestando-lhes um devido reconhecimento pelo trabalho que prestaram como bombeiros voluntários, ao mesmo tempo mostrando-os aos mais jovens como referência para lhe seguirem os seus passos.

Como forma de realçar a importância do ser bombeiro transcrevemos parte de uma crónica da autoria de um grande benemérito da Associação, o professor Eurico Patrício, intitulada “UM MEU ALUNO”, publicada em 6 de Maio de 1968, no jornal “Vida por Vida”:

“ Frequenta a 3ª classe o miúdo. Não é um aluno brilhante, excepcional, mas não é todavia um mau aluno.
No quartel dos nossos bombeiros soou há dia, forte como sempre, e a chamar os nossos briosos Soldados da Paz à sua humanitária missão, a atroadora sirene.
Como que pressentindo que algo de anormal se iria passar com o pequeno, observei-o dissimuladamente. A reacção habitual manifestou-se, mas desta vez mais forte, mais excitante e mais intimativa.
Eu, que quase adivinhava o que se passava no íntimo do Joaquim, é este o seu nome, para me certificar de que não me enganava, perguntei-lhe se estava doente, se sentia mal, se queria ir até lá fora. Que não, que estava bem, dizia-me ele. Dizia-o de boca, que a expressão e o corpo traíam-no sem ele o poder evitar.
Os outros miravam-no atentos e pairava no ar uma expectativa que os mantinha presos ao seu companheiro. Propus-me aproveitar o momento, que tão oportuno se deparava, e interroguei novamente o Joaquim:

- Que tens rapaz, pareces tão aflito?
- Nada sr. Professor, mas…é que eu gostava muito de ser bombeiro.

Que grande lição de amor ao próximo nos deu nesse dia o pequenito!
E eu, cuja missão é guiar crianças para no futuro serem homens (....) senti que a escola pode e deve (….) indicar-lhes o espinhoso, mas tão nobre caminho que os eleva acima de todos os egoísmos: o caminho que conduz as fileiras dos Bombeiros”.

O nosso obrigado ao amigo prof. Eurico Patrício, neste momento a viver um momento de grande dor, por mais esta sua grande lição de amor e generosidade aos seus amigos Bombeiros, brilhantemente contada no exemplo desse seu velho aluno, cujo exemplo nós gostaríamos que se repetisse mais vezes.
- Peso da Régua, Maio de 2009, José Alfredo Almeida.

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