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Datada de 13 de Fevereiro de 1955, esta imagem documenta um momento feliz na vida do comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros (1949-1959): o dia em que foi agraciado pelo governo com a comenda de cavaleiro da Ordem da Benemerência.
A cerimónia de entrega desta grande condecoração a tão insigne personalidade – que galardoa o mérito civil em geral, manifestado no exercício de funções públicas e por actos de natureza beneficente – realizou-se no salão nobre da Câmara Municipal do Peso da Régua, numa sessão solene, sob a presidência de Manuel Alves Soares, presidente da edilidade, e que foi assinalada pela presença de bombeiros, directores e muito dos seus melhores amigos.
Com alegria estampada no seu rosto, a imagem regista o instante seguinte a esse acto, o regresso ao quartel do Comandante, já com o colar ao peito, acompanhado pelos directores da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua (AHBVPR), dr. Júlio Vilela, -distinto advogado e saudoso presidente da instituição - Noel de Magalhães e Teófilo Clemente, para além de outras personalidades locais que muito estimavam o homenageado.
Esta célebre consagração ao comandante completa uma parte da história da Associação que faz do seu passado uma ponte indispensável para entender o presente e melhor projectar o seu futuro, seguindo os princípios dos fundadores que se resumem num objectivo constante para todos: torná-la cada vez maior e mais eficiente nas missões de socorro.
O exemplo deste notável comandante revela a nobreza do seu carácter, o qual legou o melhor do seu esforço, da sua abnegação e sacrifício ao Corpo de Bombeiros da Régua, durante 63 anos da sua vida. Dizendo melhor: dedicou toda a sua vida aos bombeiros da Régua, onde por sua vontade desejava morrer, ao lado dos seus homens, num humilde quarto do quartel.
No seu livro “Pátria Pequena”, o escritor João de Araújo Correia na crónica intitulada “Delicadeza”, de Dezembro de 1959, esboça-lhe este invulgar retrato:
“Faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem delicado. Melhor dizendo, faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem que exerceu, durante mais de oitenta anos, a delicada arte de ser delicado.
Parece que o exercício dessa função espiritual o conservou moço até ao limiar da cova. Tinha oitenta anos como se tivesse apenas cinquenta, mas, direitos e elegantes como guias de salgueiro.
Toda a gente sabe ou advinha que o nosso morto é o Lourenço de Almeida Pinto Medeiros, o Lourenchinho, como lhe chamávamos todos, consoante o uso no Norte. O inho, entre nós, não é mau signo de equívoca personalidade, é tributo que se paga em moeda de afectivo respeito, a um homem que o mereça.
O Lourenchinho, reguense nato, inteligência circunscrita a ideias intramuros, coração transbordante de paixões locais, Bombeiros e Festas do Socorro, foi excepção na Régua devido à sua ingénita delicadeza.
Por esse motivo, além de outros, faz imensa falta a este burgo comercial, tão atarefado, que não considerou que cortesia é sinal de civilização.
Terra que não saiba cumprimentar, que não perdoe pequenas fraquezas a naturais e estranhos, que não dissolva mesquinhos ressentimentos, não vença a iníqua antipatia que lhe inspiram os melhores filhos, é terra de esboço colonial de provável povoação.
É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourenchinho. Ele e poucos mais, que felizmente por aí ficaram, uns ricamente vestidos, outros pobremente vestidos, provam que a Régua não é árida de cortesia como a pintam os seus hóspedes mais sensíveis.
O Lourenchinho, foi fidalgo de natureza, que é maneira menos falível de ser fidalgo”.
O escritor duriense, como mais ninguém o fez, deixou-nos este elogio de uma personalidade forte e singular, que se notabilizou pelos seus valores éticos e morais.
A sua entrega e dedicação em prol dos outros durante a sua existência são comoventes. Não admira que este homem, a quem haviam chamado de fidalgo de natureza, tenha sido consagrado como um cavaleiro da benemerência. Esse reconhecimento, só por si, faz que o seu exemplo de vida constitua uma excepcional referência para todos os bombeiros.
Seguindo de perto aquelas palavras escritas em sua homenagem devemos acrescentar: o comandante Lourenchinho não só honra a história dos bombeiros da Régua como, acima de tudo, permanece vivo na memória colectiva das sucessivas gerações.
Como recorda o ilustre escritor ainda nessa sua crónica: “É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourenchinho”. E, a melhor maneira de mostrar orgulho por ele, quando vão passar cinquenta anos depois da sua morte, seria de atribuir o nome do “Senhor Lourenchinho, o Senhor Comandante dos Bombeiros da Régua” – como era conhecido no seu tempo – a uma nova rua da cidade.
Honrando o comandante, homenageamos o cidadão, filho da terra, delicado e generoso que, em mais de meio século da sua vida, se dedicou a servir a Régua, como “fidalgo” e “cavaleiro” dos bombeiros.
A cerimónia de entrega desta grande condecoração a tão insigne personalidade – que galardoa o mérito civil em geral, manifestado no exercício de funções públicas e por actos de natureza beneficente – realizou-se no salão nobre da Câmara Municipal do Peso da Régua, numa sessão solene, sob a presidência de Manuel Alves Soares, presidente da edilidade, e que foi assinalada pela presença de bombeiros, directores e muito dos seus melhores amigos.
Com alegria estampada no seu rosto, a imagem regista o instante seguinte a esse acto, o regresso ao quartel do Comandante, já com o colar ao peito, acompanhado pelos directores da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua (AHBVPR), dr. Júlio Vilela, -distinto advogado e saudoso presidente da instituição - Noel de Magalhães e Teófilo Clemente, para além de outras personalidades locais que muito estimavam o homenageado.
Esta célebre consagração ao comandante completa uma parte da história da Associação que faz do seu passado uma ponte indispensável para entender o presente e melhor projectar o seu futuro, seguindo os princípios dos fundadores que se resumem num objectivo constante para todos: torná-la cada vez maior e mais eficiente nas missões de socorro.
O exemplo deste notável comandante revela a nobreza do seu carácter, o qual legou o melhor do seu esforço, da sua abnegação e sacrifício ao Corpo de Bombeiros da Régua, durante 63 anos da sua vida. Dizendo melhor: dedicou toda a sua vida aos bombeiros da Régua, onde por sua vontade desejava morrer, ao lado dos seus homens, num humilde quarto do quartel.
No seu livro “Pátria Pequena”, o escritor João de Araújo Correia na crónica intitulada “Delicadeza”, de Dezembro de 1959, esboça-lhe este invulgar retrato:
“Faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem delicado. Melhor dizendo, faleceu a 12 do corrente, nos subúrbios desta vila, um homem que exerceu, durante mais de oitenta anos, a delicada arte de ser delicado.
Parece que o exercício dessa função espiritual o conservou moço até ao limiar da cova. Tinha oitenta anos como se tivesse apenas cinquenta, mas, direitos e elegantes como guias de salgueiro.
Toda a gente sabe ou advinha que o nosso morto é o Lourenço de Almeida Pinto Medeiros, o Lourenchinho, como lhe chamávamos todos, consoante o uso no Norte. O inho, entre nós, não é mau signo de equívoca personalidade, é tributo que se paga em moeda de afectivo respeito, a um homem que o mereça.
O Lourenchinho, reguense nato, inteligência circunscrita a ideias intramuros, coração transbordante de paixões locais, Bombeiros e Festas do Socorro, foi excepção na Régua devido à sua ingénita delicadeza.
Por esse motivo, além de outros, faz imensa falta a este burgo comercial, tão atarefado, que não considerou que cortesia é sinal de civilização.
Terra que não saiba cumprimentar, que não perdoe pequenas fraquezas a naturais e estranhos, que não dissolva mesquinhos ressentimentos, não vença a iníqua antipatia que lhe inspiram os melhores filhos, é terra de esboço colonial de provável povoação.
É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourenchinho. Ele e poucos mais, que felizmente por aí ficaram, uns ricamente vestidos, outros pobremente vestidos, provam que a Régua não é árida de cortesia como a pintam os seus hóspedes mais sensíveis.
O Lourenchinho, foi fidalgo de natureza, que é maneira menos falível de ser fidalgo”.
O escritor duriense, como mais ninguém o fez, deixou-nos este elogio de uma personalidade forte e singular, que se notabilizou pelos seus valores éticos e morais.
A sua entrega e dedicação em prol dos outros durante a sua existência são comoventes. Não admira que este homem, a quem haviam chamado de fidalgo de natureza, tenha sido consagrado como um cavaleiro da benemerência. Esse reconhecimento, só por si, faz que o seu exemplo de vida constitua uma excepcional referência para todos os bombeiros.
Seguindo de perto aquelas palavras escritas em sua homenagem devemos acrescentar: o comandante Lourenchinho não só honra a história dos bombeiros da Régua como, acima de tudo, permanece vivo na memória colectiva das sucessivas gerações.
Como recorda o ilustre escritor ainda nessa sua crónica: “É tempo de a Régua se orgulhar de cidadãos polidos como o Lourenchinho”. E, a melhor maneira de mostrar orgulho por ele, quando vão passar cinquenta anos depois da sua morte, seria de atribuir o nome do “Senhor Lourenchinho, o Senhor Comandante dos Bombeiros da Régua” – como era conhecido no seu tempo – a uma nova rua da cidade.
Honrando o comandante, homenageamos o cidadão, filho da terra, delicado e generoso que, em mais de meio século da sua vida, se dedicou a servir a Régua, como “fidalgo” e “cavaleiro” dos bombeiros.
- Peso da Régua, Maio de 2009, José Alfredo Almeida.
- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:
- A visita do Presidente da Républica Américo Tomás - Aqui!
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