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quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Visita de Sua Majestade El-Rei D. Carlos


Acontecimento importante na história dos bombeiros da Régua, foi a visita que fez o El-Rei D. Carlos, no dia 11 de Junho de 1895, ao seu quartel, então situado no Largo da Chafarica - hoje o Largo dos Aviadores - onde visitou as instalações da Real Associação – título concedido em 1892 pelo seu pai, o Rei D. Luís -, cumprimentou bombeiros e directores e   assinou o livro de honra  e  pode ainda escrever  uma  breve  mensagem de enaltecimento:

“Folgo imenso saber, na minha infelizmente tão curta visita à Régua, de ter a ocasião de visitar a sede de tão útil e benemérita Associação. Faço votos para que prospere como merece”.

Na verdade, em 1895, o Rei D. Carlos (1863-1908) fez uma visita à Régua que foi considerada um triunfo. Definiu-a assim o historiador Rui Ramos numa recente biografia que escreveu sobre o Rei. Se entendemos o sentido, os efeitos positivos dessa viagem para o Rei foram marcantes a nível político.

A visita de D. Carlos à sede da “útil e benemérita Associação” fez parte do seu programa oficial da viagem à Régua. A preferência pela associação dos bombeiros evidencia a influência que tinham na sociedade reguense, uma das primeiras a ser constituídas no país. Como um acto de voluntariado genuíno e generosidade dos cidadãos eram movimentos cívicos que se preocupavam em responder aos problemas de protecção e socorro e a algumas necessidades recreativas e culturais. Além do mais, esta visita também mostrava o respeito e a atenção que o Rei D. Carlos sempre manifestou a estas associações humanitárias, algumas das quais ele concedeu o título honorífico de “Real” e era sócio-honorário.
Antes de visitar a sede dos bombeiros, El-Rei tinha sido recebido nos Paços do Concelho. Em cerimónia pública, o presidente da câmara leu uma mensagem aprovada na reunião da vereação. Que pretensões sociais e preocupações das populações lhe foram transmitidas não sabemos. Admite-se que os problemas dos lavradores do Douro tenham sido o tema principal. Se essa mensagem se perdeu deve-se ao descuido dos homens que a deveriam ter arquivado “no copiador da correspondência, para que conste pelos tempos fora”. Como o copiador desapareceu, a mensagem não consta no nosso tempo. Perdeu-se um documento de valor que ajudaria a compreender uma época, as dificuldades de uma região e dos seus vitivinicultores.

Na Régua, El-Rei D. Carlos aguardou a chegada da Rainha D. Amélia, vinda de S. Pedro do Sul. A recepção de Sua Majestade a Rainha foi extraordinariamente foi “delirante, pena foi que esta Augusta Senhora não pudesse vir aos Paços do Concelho, aonde era esperada com ansiedade, mas motivos imperiosos e justificativos que apresentou ao presidente da edilidade obstaram, porém, à sua vinda.

O Rei D. Carlos “perante o descontentamento dos vinhateiros fez um pequeno discurso que lhe valeu bastantes aplausos”. Consta que o Rei, sendo lavrador no sul do país, tinha dificuldades em perceber os problemas dos lavradores do Douro, que atravessavam mais uma crise económica: os baixos preços dos vinhos e a concorrência dos vinhos do sul. Contudo, o Rei empolgou-se no seu discurso ao comprometer-se com uma resolução, mas como a decisão cabia ao governo do regenerador Hintze Ribeiro, deixou os colaboradores alarmados, já que se o governo “não o fizer el-rei ficaria numa péssima situação”. Esta visita acabou com um jantar servido “em sua honra, de Sua Majestade a Rainha e Sacratíssimos Príncipes”, nas Caldas do Moledo, a convite da D. Antónia Adelaide Ferreira – a Ferreirinha -  no seu Palacete.
Quando uma associação de bombeiros recebe a vista de um Chefe de Estado é sempre um acontecimento histórico de importante significado político e social. Sendo interpretado como sinal de reconhecimento do poder politico pelos valores do associativo e do voluntariado na área da protecção civil é, ao mesmo tempo, um estímulo à prática dos valores de cidadania e de promoção de uma sociedade participativa e solidária.

Os bombeiros da Régua não receberam a visita do General Óscar Carmona. Este Chefe de Estado veio a Vila Real, no dia 1 de Junho de 1931, para no Jardim da Carreira, colocar no seu estandarte a comenda da Ordem Militar de Cristo. Quem, depois do rei D. Carlos, os visitou no seu quartel foi Almirante Américo Tomás, em 22 de Maio de 1965, numa recepção apoteótica, depois de receber as honras visitou as instalações e assinou o livro de honra e depois, no regime democrático, o General Ramalho Eanes.

O General Eanes fez uma primeira visita no dia 14 de Julho de 1977. Como documenta a imagem fotográfica, foi recebido à porta do Quartel Delfim Ferreira, por uma guarda de honra, comandada pelo Chefe Armindo de Almeida e alguns bombeiros conhecidos -  Joaquim Sequeira de Teles, José Rodrigues Pinto,   António Pinto Monteiro, António Tavares e   António Pinto Teixeira Barros. Deixou assinalada a sua presença ao assinar o seu nome no livro de honra. A segunda visita do General Eanes aconteceu no dia 10 de Setembro de 1980. Recebido por uma guarda de honra à porta do quartel, onde se encontrava à frente o Comandante Cardoso, era convidado da Liga dos Bombeiros Portugueses para presidir as cerimónias de abertura do 24º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses.

Os bombeiros da Régua aguardam a próxima visita do actual Chefe de Estado, o Prof. Cavaco Silva, que será convidado para estar presente nas cerimónias do 41º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses. Organizado pela Associação, que conta com mais de 130 anos de história, este evento será mais um contributo dos bombeiros da Régua para afirmação dos valores humanistas do voluntariado de homens e mulheres que cumprem uma missão sob um lema universal: Vida por Vida.
- Colaboração de J. A. Almeida - Régua para "Escritos do Douro" em Abril 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.


A Visita de Sua Majestade El-Rei D. Carlos 
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 31 de Março de 2011
(Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
A Visita de Sua Majestade El-Rei D. Carlos

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Memórias do 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses

(Clique na imagem para ampliar) 

Uma curiosa fotografia de um grande momento na história dos bombeiros da Régua, em que os fotógrafos, ao centro com Noel de Magalhães, a procurarem registar o acontecimento: a apresentação da guarda de honra, pelo Comandante Cardoso, ao Presidente da Republica General, Ramalho Eanes que, no dia 14 de Setembro de 1980, presidiu à cerimónia da sessão solene do 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, realizado no Peso da Régua.

A organização deste Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses que, se realiza para discutir os problemas e os anseios no associativismo e no voluntariado e eleger os seus directores para os órgãos, é já uma das páginas mais brilhantes da história da Associação.  

Pela primeira vez, uma a primeira Associação do distrito de Vila Real assumia a responsabilidade de organizar uma reunião magna dos bombeiros portugueses. Era uma decisão acertada da Direcção da AHBV do Peso da Régua, presidida pelo Dr. Aires Querubim – nesse ano nomeado Governador Civil do Distrito de Vila Real -  e do Comandante Cardoso que contou com o apoio inexcedível de Rodrigo Félix, um dirigente que valorizava o passado glorioso dos bombeiros, que se encontrava como presidente da Direcção da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real.

Em 1980, com a realização do Congresso, a Associação e os bombeiros da Régua ganharam notoriedade e reconhecimento no país. Cumprindo e respeitando o espírito dos fundadores, afirmava-se neste momento como pioneira, activa e orgulhosa do seu passado e um futuro cheio de ambição, no ano que comemorava o seu primeiro centenário.

Os bombeiros portugueses fizeram uma festa na cidade da Régua que ganhou colorido, um movimento anormal e mais animação turística, num tempo em que escasseavam os hotéis, os residenciais e até os restaurantes para receber tantas pessoas. Conhecendo bem algumas das dificuldades da logística, o Prof. Renato Aguiar, presidente da câmara, apoiou e acarinhou com todos os meios possíveis a iniciativa para que o maior número de participantes ficasse pela cidade. Na falta de alojamento, o Regimento de Infantaria do Porto emprestou colchões pneumáticos e cobertores para algumas dormidas.

Os trabalhos do Congresso decorreram no Cine -Teatro Avenida, nas imediações do Quartel Delfim Ferreira. As cerimónias religiosas da Missa Solene, celebrada em conjunto pelo Padre Vítor Melícias e pelo pároco da Régua, Luís Marçal, aconteceram no Largo Comendador Delfim Ferreira, em frente do Palácio da Justiça e do Hospital D. Luís. O Coral de Nossa Senhora do Socorro, superiormente dirigido pelo maestro José Armindo, esteve presente para animar com os seus cânticos. Estiveram representados quase todos os corpos de bombeiros nacionais, com os seus homens do comando nas filas da frente, como era o caso do Comandante Armando Cardoso Soares, da AHBV do Dafundo.
A população acompanhou e assistiu com entusiasmo e interesse às manifestações públicas dos bombeiros. As ruas da então vila da Régua encheram-se de pessoas para verem e aplaudirem quer os desfile apeado quer o motorizado.

O Congresso abriu com a presença do Presidente da República, General Ramalho Eanes. Os pormenores mais significativos da visita presidencial foram destacados na revista comemorativa, na crónica “Recordando a visita do Presidente da República General Ramalho Eanes”, assinada pelo saudoso jornalista Jaime Ferraz, director do “Noticias do Douro”, que disse o seguinte:

 “Quando o Congresso dos Bombeiros realizados nesta vila, de 10 a 14 de Setembro, tivemos a honra da presença do Primeiro Magistrado da Nação, General Ramalho Eanes que, além de presidir à sessão solene que todos devem estar recordados se realizou no Cine -Teatro Avenida no dia 14-9-80 bem como as outras solenidades, assistiu ao cortejo das corporações, numa tribuna, para o efeito erigida junto ao edifício da Casa dos Douro.

O Presidente da República, além da respectiva comitiva, fez-se acompanhar da sua esposa e sua presença no referido congresso foi umas das principais notas que se podem recordar e enaltecer.

Os bombeiros voluntários da Régua fizeram a respectiva guarda de honra com todo o seu corpo activo formado junto do Quartel, tendo depois o Presidente da República passado revista à Corporação, e felicitado o respectivo Comandante Carlos Cardoso dos Santos, pela forma como soube apresentar-se e que constituiu um dos pontos fulcrais da visita presidencial”.

Para a história, o acontecimento ficará ainda assinalado pelo aniversário dos 50 anos da Liga dos Bombeiros Portugueses. O Presidente da República, General Ramalho Eanes, compreendendo o significado histórico, reconheceu na Régua os valiosos serviços públicos da Liga, ao condecorar o seu estandarte com o Grau de Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo.

No Congresso da Régua que elegeu o Comandante Manuel de Almeida Manta para Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses – as principais conclusões diziam respeito à questão da protecção social dos bombeiros. Este assunto mereceu reflexão e veio a ser aprovada uma deliberação que determinava para “no mais curto espaço de tempo possível, se elabore, discuta e faça aprovar um Estatuto Social do Bombeiro Voluntário como garante dos direitos e deveres de verdadeiros Soldados da Paz”. 

Acontece que esse objectivo só veio a ser alcançado alguns anos mais tarde. Em primeiro lugar, com a criação de um Fundo de Socorro Social destinado ao auxilio imediato dos familiares dos bombeiros acidentados em serviço e à promoção de outras acções sociais, consagrado com a publicação da Portaria nº 237/87, de 28 de Março. E, logo de seguida, foi conseguido o pretendido Estatuto Social do Bombeiro, estatuído pela aprovação da Lei nº 21/87, de 20 de Junho.
Os bombeiros portugueses, na década dos anos 80, conheceram profundas e importantes mudanças na sua organização institucional. Depois do Congresso de Aveiro, começam a reconhecidas várias reivindicações aí exigidas como fundamentais para a melhoria do sector dos s bombeiros. O poder politico dava sinais positivos ao estabelecer as bases administrativas do sector dos bombeiros com a criação do “Serviço Nacional de Bombeiros” (Lei nº10/98, de 10 de Março, o DL nº 212/80, de 9 de Junho e o DL nº418/80, de 29 de Setembro), para a presidência do qual era nomeado, o Padre Vítor Melícias.

Algumas dessas transformações ainda foram discutidas nos debates do Congresso da Régua, que pode dizer-se que fez história ao marcar a viragem de um novo tempo na afirmação dos bombeiros portugueses. Essa circunstância deve ter contribuído para motivar a comparência de uma grande afluência de delegados de todo o país – bombeiros e directores - no Cine -Teatro Avenida, para participarem nos trabalhos e intervirem nos assuntos mais preocupantes.

Não admira que, decorridos 30 anos, este 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, realizado pela AHBV do Peso da Régua, que encerrou com a presença do Senhor Ministro da Administração Interna, Dr. Eurico de Melo, esteja vivo na memória de muitos dos seus protagonistas, que acreditavam num futuro melhor para os bombeiros de Portugal.

Mas, esta fotografia tem outro valor histórico para os bombeiros da Régua. Ela capta ainda o Sr. Noel de Magalhães, a fotografar o momento histórico, um distinto director dos bombeiros da Régua, bisneto do 1º Comandante Manuel Maria de Magalhães, nascido em S. João da Pesqueira, em 12 de Outubro de 1921 que, pelo seu trabalho à causa do voluntariado, ao longo de várias décadas, foi reconhecido com o Crachá de Ouro, atribuído pela da Liga dos Bombeiros Portugueses, sob posposta da actual Direcção. Noel de Magalhães deixa o seu nome ligado aos bombeiros da Régua e a mais “obras de bem-fazer” como a Santa Casa da Misericórdia. O seu nome fica ligado à arte. Como fotografo amador de grande qualidade ele lega-nos algumas das melhores imagens do nosso Douro, num estilo cheio de “pureza e beleza da genuidade humana…sobretudo quando acontece o mistério da fé duriense, ou a transformação do suor em vinho, entre sorrisos dos rapazes e das mulheres, colhendo a novidade, que misturada com a alegria escorreu pelas pernas dos homens, em cada lagarada”.
Conta 88 anos e tem uma vida normal. Tivemos a sorte de o conhecer e o prazer de partilhar a sua amizade e aprender com os seus conselhos. As suas memórias ajudam-nos a reconstituir uma importante parte do passado dos bombeiros da Régua.
- Peso da Régua, Julho de 2009, José Alfredo Almeida. Atualizado em Outubro de 2010.
















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- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:
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  • A visita do Presidente da Républica Américo Tomás - Aqui! 
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  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui! 
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  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui! 
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  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui! 
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui! 
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  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui! 
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui! 
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  •  Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui! 
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!
Link's:  
  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui! 
  • Exposição virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!