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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ainda o 41.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.


CONGRESSO MEMORÁVEL
De 28 a 30 de Outubro, a cidade do Peso da Régua assumiu o papel de capital dos Bombeiros de Portugal ao receber, de forma nobre e acolhedora, o 41.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Cerca de 700 congressistas, representando 75% das entidades detentoras de corpos de bombeiros no nosso País – voluntários, mistos, municipais e privativos –, bem como 19 das 20 federações de bombeiros, transformaram este congresso numa indesmentível demonstração do vigor e representatividade da confederação. Pode mesmo dizer-se que nenhuma outra entidade no nosso país, com excepção dos partidos políticos, tem este poder de mobilização e de participação numa assembleia magna.

Mas este congresso não foi apenas memorável por esta razão. Ele foi um momento histórico para os Bombeiros Portugueses e para as suas estruturas, por outras razões.

Em primeiro lugar, porque a circunstância de ter havido duas listas candidatas aos órgãos sociais originou dois meses de debate intenso, por todo o país, tendo como alvo o futuro dos bombeiros na sociedade portuguesa.

O conteúdo das propostas e a forma como foram apresentadas, o estilo e personalidade dos cabeças de lista, as estratégias de campanha utilizadas, os apoios conquistados, tudo isto foram argumentos que pesaram ao longo do período que antecedeu o congresso. Quer isto dizer que, no meu ponto de vista, a maioria dos congressistas definiram as suas posições relativamente às opções de voto muito antes de entrarem na sala do congresso.

A segunda razão por que este congresso entra de forma indelével para a história foi a elevação que caracterizou os trabalhos, no único dia reservado ao debate. Houve intervenções duras, umas tantas com alguma agressividade, mas todas com o respeito que a assembleia magna de uma organização como a LBP exige e merece.

Finalmente, de destacar o extraordinário desfile de encerramento, organizado de forma inovadora, permitindo demonstrar o quanto os Bombeiros Portugueses evoluíram, sob todos os pontos de vista, assumindo uma grande postura de profissionalismo no exercício da sua missão, mesmo quando o fazem na condição de voluntários. Por esta razão é justo sublinhar o empenho, dedicação e competência de todos os elementos de comando envolvidos na organização do desfile, bem como o garbo e a dignidade dos homens e mulheres bombeiros do distrito de Vila Real, que deram expressão e cor a esta manifestação exaltante da força dos Bombeiros de Portugal.

Sim, este foi um congresso memorável, em especial pelo espírito de equipa que norteou todos aqueles que, conjuntamente com o Conselho Executivo da LBP, se empenharam na sua organização: Federação de Bombeiros de Vila Real, Associação Humanitária de Bombeiros do Peso da Régua e Câmara Municipal do Peso da Régua.

Feito o balanço para aprendizagem de futuros congressos, naturalmente que há aspectos negativos a registar, sobretudo quanto à postura lateral de alguns. Esses foram os verdadeiros derrotados deste congresso e a história deles não falará.

Este é o tempo de trazermos o Congresso da Régua para dentro de cada uma das nossas estruturas, de abrirmos o debate no seu seio e de reinventarmos novos objectivos, novos modelos de organização e novos métodos de intervenção.

Este é o tempo de nos interrogarmos sobre se o caminho que estamos a seguir em cada uma das nossas organizações é o que concentra mais esforços e recursos no que é essencial.

Não nos iludamos. Aceitemos ou não, o quadro em que as entidades detentoras de corpos de bombeiros irão desempenhar a sua missão, ao longo dos próximos 5 anos, vai ser muito diferente do vivido nos últimos 15 anos, porque será mais restritivo e complexo.

A hora não é de novas conquistas, mas sim de defesa das posições que conquistamos, com uma única excepção: tem de ser possível recuperar a identidade dos Bombeiros, perdida no âmbito da criação da ANPC, nomeadamente através da institucionalização de um modelo de tutela consentâneo com a importância e dimensão destes no Sistema de Protecção e Socorro.
- Duarte Caldeira, Presidente do CE da Liga dos Bombeiros Portugueses

Nota: Este artigo foi publicado no Jornal Bombeiros de Portugal, edição de Novembro de 2011
CONGRESSO MEMORÁVEL
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 1 de Dezembro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
Bombeiros reuniram-se na Régua
Novos dirigentes eleitos em momento difícil.
Peso da Régua recebeu no final de Outubro, pela segunda vez, a reunião máxima dos bombeiros promovida pela sua confederação, a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Ficou também, mais uma vez, demonstrada a capacidade de organização e de bem receber dos transmontanos, dos bombeiros e dos autarcas.

A reunião decorreu num clima de alguma natural tensão já que, contrariando o ocorrido nos últimos mandatos, se tratou de um congresso electivo na presença de duas listas encabeçadas, respectivamente, pelo comandante Jaime Marta Soares, e por Joaquim Rebelo Marinho.

A delicadeza desse momento, porventura, terá obstado a que o congresso tivesse também podido discutir com maior profundidade alguns temas, que estão na ordem do dia dos bombeiros e que, salvo melhor opinião, poderão por em causa a própria sustentabilidade de muitas associações de bombeiros a brevíssimo prazo. Falo concretamente do transporte programado de doentes, uma das principais, senão a principal, fonte de receitas de muitas associações de bombeiros.

Mas se o debate sobre o tema não terá merecido o impacto desejado, certo é que, pelo menos, serviu para o lembrar aos membros do Governo presentes bem como às entidades que, directa ou indirectamente, a ele estão ligadas.

Ao introduzir, no final de 2010, novas regras restritivas ao acesso ao transporte assegurado pelos bombeiros, o Ministério da Saúde, não só passou a coarctar, desde então, o direito dos doentes a esse serviço, como também está pôs em causa, em muitos casos, o único meio de transporte de que eles dispõem para aceder aos cuidados de saúde. Vejam-se zonas recônditas do nosso interior onde, contrastando com a bela paisagem, o reverso da medalha está nas dificuldades sentidas, nuns casos, na inexistência e, noutros, no custo dos meios de transporte.

Será bom lembrar que nem sempre existiu este serviço de transporte programado executado pelos bombeiros. Foi o próprio Estado que, na década de 70 do século passado, não tendo capacidade para o fazer, os foi desafiar para isso. Mais tarde, não obstante o serviço estar a ser executado em pleno pelos bombeiros, o Estado entendeu abri-lo também a entidades privadas, a empresas que então se constituíram para o efeito.
Essa coabitação nem sempre foi pacífica por razões muitas vezes locais ou, também, por manifesta indefinição do próprio Estado na gestão daquele serviço.

Certo é que, chegados ao final de 2010, os bombeiros se começaram a ver a braços com uma quebra dos pedidos de transporte feitos pelos vários serviços de saúde. Quebra de pedidos e de correspondentes receitas de que, até agora, nunca recuperaram. Como consequência disso, foram já dispensados vários elementos das associações que asseguravam o transporte de doentes. E, porventura, esse processo vai acentuar-se com mais dispensas, calculadas neste momento, a nível nacional, em cerca de 300.

Tudo isto se passa, em boa verdade, a arrepio dos dirigentes dos bombeiros, de forma unilateral, encapotada por regras burocráticas, não obstante os responsáveis governamentais, os anteriores e os novos, se terem prodigalizado muitas vezes em declarações na defesa dos doentes e dos seus direitos.

Não obstante, no memorando celebrado com a “troika”, sempre a “troika”, se referir a necessidade de diminuir drasticamente o transporte de doentes, quando confrontados pelos dirigentes da LBP, os responsáveis governamentais afirmaram sempre que tal não dizia respeito ao bombeiros dado que estes já haviam sofrido anteriormente com isso. No seu entender, a redução exigida pela “troika” dizia apenas respeito ao transporte particular. Contudo, a realidade tem confirmado exactamente o contrário.

A entrada em funcionamento de um novo sistema, informatizado, de gestão de transporte de doentes ligado directamente entre os bombeiros e os serviços de saúde, vem, na prática, confirmá-lo. Não que, em tese, o tal sistema não possa vir a ser uma boa ferramenta mas, de momento, apenas está servir para materializar sem apelo uma lógica economicista, que reduz, não só o número de serviços, como também o tipo de serviços, incluindo o chamado longo curso e, por maioria, na redução ainda maior das receitas.

Escrevo estas linhas em vésperas de uma reunião entre a LBP e o actual ministro da Saúde. Alguns acalentarão expectativas sobre os resultados desse encontro, mas outros nem tanto.

A lógica da crise e da austeridade, no domínio a que aqui me refiro, tem permitido grassar uma postura cega de cortes, sem critério que se assuma ou reconheça, ditados por metas traçadas aos gestores e responsáveis dos serviços de saúde como se de fábricas de salsichas ou enchidos se estivesse a falar. Ao contrário, falamos de pessoas, da sua qualidade de vida e até da longevidade de muitas delas, que a ciência tem garantido mas que, pelos vistos, os seus concidadãos lhes querem negar.
Os bombeiros continuarão na primeira linha da defesa das comunidades de onde nasceram. Estas, nesse sentido, também terão que pugnar por eles. O seu desaparecimento seria catastrófico, mas o mero enfraquecimento da sua capacidade também não deixa de constituir um dano grave. É o transporte dos doentes que pode estar em causa mas, no final, poderá ser também o socorro. Pensemos bem nisso.
- Rui Sousa Dias Rama da Silva, Director do Conselho Executivo da L.B.P. e jornalista do jornal Bombeiros de Portugal
Bombeiros reuniram-se na Régua
Novos dirigentes eleitos em momento difícil
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 24 de Novembro de 2011
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Cartaz divulgador da programação de aniversário da Associação Humanitária dos BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA, a acontecer em 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 2011 próximos.
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Clique  nas imagens acima para ampliar. Colaboração de textos e imagens do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2011. Actualização em Dezembro de 2013.

Ser bombeiro

Com apenas doze anos, entrei para sócio dos nossos Bombeiros, então instalados na Rua dos Camilos, com o intuito de frequentar a sala de jogos. Convivendo diariamente com os bombeiros, desde o quarteleiro Zé Pinto ao Comandante Lourencinho (como era conhecido), passando pelos irmãos Castelo Branco, todos fizeram nascer em mim a veia voluntária que ainda hoje possuo. Éramos uma família e eu sentia-me em casa.

O patrão Álvaro e o Manuel Carteiro eram os meus companheiros na ida ao futebol, algum tempo ainda no Campo das Figueiras e depois já no Artur Vasques.

Situando-me na época, recordo o incêndio da Rua de Medreiros e da Casa Viúva Lopes, onde faleceu o João dos Óculos, como era conhecido.

Vivia-se a luta pela conclusão do novo quartel, na Avenida Sebastião Ramires, projeto do mestre pedreiro Anastácio, que chegou a vender bens pessoais para concluir a sua obra que ainda hoje perpetua a sua arte e também a sua memória.

Acompanhei e participei nesta campanha para a construção do novo quartel que foi feita ao longo de uma década. Realizavam-se cortejos, peditórios, festas e até bailes que chegaram a rivalizar com “O Carolina” de Vila Real. Os reguenses entregavam-se entusiasticamente aos cortejos alegóricos, de destacar os Irmãos Clemente e o mítico Figueiredo, que, montado no seu alazão, atraía e entusiasmava grandemente a população e os seus visitantes.

Foi a partir daqui que os nossos bombeiros ganharam fama, sendo considerada uma das melhores corporações do país. O mérito deve-se ao Comandante Cardoso e à presidência de Júlio Vilela, que integrava na sua direção pessoas de grande valor como o Baptista, também fundador do Jornal Vida por Vida, entre outros.

Mais tarde, em 1974, o então presidente da Câmara Municipal e também Presidente da Assembleia dos Bombeiros, Manuel Gouveia, convidou-me, segundo ele mesmo, por indicação do Manuel Montezinho, então secretário da Direção. É claro que aceitei de imediato e até lhe lhe sussurrei que desejava fazer mais do que o exercício do cargo de diretor impunha. Garantiu-me o seu total apoio e o convite foi oficializado em janeiro de 1974, com a tomada de posse no dia catorze desse mesmo mês.

O desejo de aumentar o quartel dos bombeiros era uma prioridade. Para tal, impunha-se a aquisição de uma casa vizinha, pertencente à EDP. Dada a minha boa relação com alguns responsáveis desta empresa, especialmente com o chefe das expropriações, Manuel Monteiro, consegui a aquisição da propriedade gratuitamente. Em simultâneo, o meu amigo Caveiro, topógrafo da ITEL, fez o respetivo levantamento, também graciosamente.

Em abril de 1974, surgiu a Revolução dos Cravos e com esta o saneamento do Presidente da Câmara, que veio a ser substiuído pelo Dr. Cândido Bonifácio. Foi no mandato deste amigo que numa reunião de todas as Câmaras do distrito de Vila Real, presidida pelo Dr. Montalvão Machado, tive a oportunidade de apresentar a pretensão do alargamento do quartel dos Bombeiros. O Gabinete de Estudos de Vila Real comprometeu-se a fazer o projeto, através do seu diretor, Engenheiro Arménio.

Também presente, na reunião, estava o Engenheiro Valente, que garantiu desde logo dar provimento não só a este projeto de urbanização, mas igualmente a outros dois por mim apresentados: as obras do parque desportivo do Clube de Caça e Pesca e a construção das piscinas termais das Caldas do Moledo. Todas estas obras foram financeiramente contempladas.

Todo o desenvolvimento da obra do quartel foi da responsabilidade do Manuel Dias Montezinho, então secretário da Direção dos Bombeiros, devidamente apoiado pelo fiscal, Engenheiro Né.

Em janeiro de 1977, tomei posse como vereador da Câmara Municipal. Assim, tive a oportunidade de contatar com uma equipa de técnicos do Fundo de Fomento de Habitação que na altura se deslocaram à Régua para dar seguimento à construção do Bairro Verde. É a este organismo do Fundo de Fomento de Habitação, com sede em Lisboa, que eu me dirijo, alguns dias depois, para concorrer à construção de um bairro social para habitação dos nossos bombeiros. Inteirado da viabilidade, foi-me recomendado dirigir-me à sua Delegação do Norte, no Porto, onde tudo acabou por ser tratado.

No dia um de agosto de 1980, por despacho do Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, é autorizada a comparticipação de trinta mil contos aos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua, destinada à construção de trinta fogos. O auto de construção é assinado em outubro do mesmo ano, pela firma José Ermida Lopes e Irmão e pelo secretário dos bombeiros da Régua, Manuel Montezinho. Esta obra, que arrancou em janeiro de 1981, paralisou ao fim de dez meses, o que obrigou a Direção dos Bombeiros a tomar posse administrativa da mesma para proceder a novo concurso. É a firma Eusébio e Filhos que assume a construção do bairro, então já adjudicada por quarenta e cinco mil contos. Salinte-se a disponibilidade do Engenheiro Né, não só enquanto fiscal da obra, mas também pela colaboração em diversos casos e situações problemáticas que esta construção implicou. Esta só viria a ficar pronta em 1984, ano em que fui afastado da Direção, e entregue aos seus legítimos utentes apenas cinco anos depois...

Lamento não ter podido completar tudo aquilo a que me propus. Congratulo-me, no entanto, por, para além das obras citadas, ter podido ainda, durante o meu mandato, participar na criação da Fanfarra, mérito do amigo António Dias; na criação do museu, mérito de Pedro Macedo, e na reativação da Biblioteca, entre outras atividades que ficaram pelo caminho...

Enquanto Presidente da Direção, quero aqui deixar o meu agradecimento a todos os colegas que em muito contribuíram para todo o trabalho executado.

Como sócio, quero continuar a manter a minha grande amizade aos nossos bombeiros.
- António Bernardo Pereira, antigo Presidente da Direcção


PROBLEMA RESOLVIDO EM CASA
Desde criança que sou admirador e amigo dos Bombeiros Voluntários. O meu tio mais velho, Eduardo Menezes, irmão de minha mãe, era bombeiro e foi, durante alguns anos, comandante dos bombeiros de Alpiarça.

Uma vez por ano, na véspera do 5 de Outubro, vinha jantar a casa de meus pais, onde ficava para no dia seguinte comemorar com os seus correligionários a implantação da República. Quando conheci o nosso Comandante Carlos Cardoso, alto e aprumado, lembrava-me muitas vezes do meu tio.

Ao ser sondado para concorrer às eleições como candidato a presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários aceitei imediatamente com alegria, ainda que sentido a responsabilidade do esforço que tal tarefa, a concretizar-se, me exigiria. Se é verdade que tinha trinta e poucos anos, pensava também que já era pai de quatro filhas e advogado com uma intensa atividade.

Fui eleito e comecei logo a trabalhar com dedicação e empenho. Queria ser digno da memória do meu saudoso tio Eduardo e dos meus ilustres predecessores doutor Júlio Vilela, Vieira de Castro, Camilo Araújo Correia, Abel Almeida e tantos outros.

A Direção a que tive a honra de presidir, teve logo a coragem de acabar com uma escondida salinha de jogo que funcionava na sede da nossa associação.

Foi uma realidade com a qual não contava até ao dia em que uma senhora me falou do vício do seu marido, que eu estimava, com verdadeira amizade, e acrescentava que não percebia como é que uma pessoa, “como o senhor doutor”, referindo-se a mim, podia permitir uma mesa de jogo nos Bombeiros. Não queria acreditar no que ouvia mas depois de informado, convenci-me que era verdade. Na reunião seguinte, coloquei o problema e todos os dirigentes acordaram a por termo a tal prática. Uma Associação tão respeitável e respeitada como a nossa não podia viver com receitas desta espécie.

Tivemos sócios que não concordaram com a nossa decisão, invocando que tais proventos faziam falta aos Bombeiros mas defendemos que a Associação não podia também permitir uma casa de prostituição para os arranjar. O dinheiro dos “amigos”, que se entretinham a gastá-lo no jogo, fazia mais falta nas suas casas para as necessidades dos filhos e das esposas. Assim se acabou com o jogo ilícito na sede dos Bombeiros.

A partir daí, a nossa Associação tornou-se mais forte e realizou algumas obras que, até então, pareciam um sonho longínquo: a ampliação do quartel dos Bombeiros e sede da Associação e o bairro dos Bombeiros. Com esta posição da Direção a nossa Associação tornou-se mais humanitária e mais próxima de todos os reguenses.

Vila Real, 16 de Novembro de 2012
- Aires Querubim de Meneses Soares
Clique  nas imagens para ampliar. Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Actualizado em Dezembro de 2013. Texto e imagens originais cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Também publicado no semanário regional "O ARRAIS", edição de 21 de Novembro de 2012. 

Escrito do Douro

Estava-se quase nos finais de 2011...

Muitos dias já tinham sido passados naquilo que se chamará “campanha”… Dentro das nossas possibilidades profissionais (sim, que somos voluntários), havíamos ido a vários locais, cidades lindas com gente boa, não fossem todos Bombeiros Voluntários...

As ideias da candidatura estavam passadas, propagadas, aparentemente sufragadas pelo apoio que nos iam demonstrando. Mas haveria eleições, haveria votação, haveria disputa que se queria saudável...Éramos todos membros da mesma família...

Numa sexta-feira, lá parti da minha Serra da Estrela, rumo ao Douro e a Peso da Régua. Tinha conseguido alojamento ali mesmo na cidade, sabia que muitos outros já não o tinham conseguido, fiquei contente e expectante. Como iria ser?

Lá cheguei a tempo de me hospedar, de ir procurar um sítio onde comer... Já estava rendido ao bonito da paisagem...Trocara as colinas de intrigantes penedos da minha Estrela por colinas verdejantes de vinhas do Douro, gostava...

Pois bem, comer... Logo encontrei outros viajantes de "paz fardados" e logo se estabeleceu a sã camaradagem de partilhar mesa, gostos e sabores.Era boa a culinária do Douro, era bom o vinho do Douro...

Mesmo assim, diziam uns, cuidado, aquele é dos outros... Que interessa, somos todos do mesmo, retorquia eu.

E éramos, no meu sentimento, no meu querer...bem vi essa união na cerimónia de abertura do congresso, tantos que não couberam na sala, mas tantos que cá fora falavam de tudo menos de eleições... Depois, a sessão na Casa do Douro, todos unidos em torno da apresentação do livro do Zé Alfredo Almeida, que até estava com a outra lista, mas nunca deixava de ser um amigo, um de nós... Como é linda aquela sala, maravilha da opulência de terras ricas, congregadora de sentimentos... Depois, o congresso...
Ali sim, já as estratégias da luta salutar mas viva, forte, pela divulgação das posições de cada um, dos objectivos dos grupos... Palavras mais consensuais, palavras mais acesas, críticas momentâneas, desnortes desnecessários, alturas de nos sentirmos em campo de batalha não desejado... Assertivismo nas palavras de uns, desnorte na de outros, adrenalina à flor da pele, frenesim de notas apontadas nos nossos cadernos porque era importante registar, reler, meditar num ápice e...actuar... Aquele pavilhão era uma arena, degladiavam-se, ouviam-se os tribunos que procuravam mostrar razões, justificar opções, angariar votos...

No fundo, foi enriquecedor...

Depois vinham os "tempos livres "...

As reuniões nocturnas, as revisões opinativas do que se tinha passado, do que se iria passar. Tudo à volta da boa comida duriense, da boa pinga que solta as línguas...

Até que chegou a votação, a expressão da vontade da maioria. Fomos escolhidos. Confesso que teve sabor agradável e doce, respira-se fundo e descontrai-se, começa-se a sentir a responsabilidade do acto.

Sentimo-nos pequenos perante a grandiosidade do desfile de muitas centenas de mulheres e homens bombeiros, mas não parámos de olhar para o Douro, para a paisagem e sentimos que a vida tem sentido, as grandes causas têm sentido e que o Peso da Régua e o Douro fizeram história, e nós estivemos nela.

Poderia ser noutro sítio, mas... não seria a mesma coisa!
- Gil Barreiros, Vice-Presidente do Conselho Executivo da LBP

Reportagem do 41º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, dia 28 de Outubro de 2011 no Peso da Régua
Clique nas imagens para ampliar. Texto e imagens cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2012. Actualizado em Dezembro de 2013.Também publicado no semanário regional "O ARRAIS" edição de 26 de Setembro de 2012. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PARABÉNS BOMBEIROS DO PESO DA RÉGUA. 133 ANOS DE ALTRUÍSMO!

A palavra "altruísmo" foi cunhada em 1831 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a dedicarem-se aos outros. (fonte Wikipédia)
Os aniversários são sempre motivo de regozijo; a sua celebração significa que é mais um ano que passa na vida quer das pessoas, quer das instituições. Neste caso, a AHBVPR celebra o seu 133º aniversário, o que faz dela a mais antiga do Distrito e uma das mais antigas do País, motivo de orgulho para todos nós.

Para mim, escrever sobre os Bombeiros portugueses não é tarefa fácil, já que, ao longo da minha carreira profissional, várias vezes tive que fazer reportagens onde os bombeiros foram intervenientes, reportagens essas que em alguns casos me marcaram para sempre. Nunca esquecerei aquele mês de Setembro de 1985, pois coube-me a mim fazer a reportagem para a RTP da grande tragédia que ocorreu em Armamar e da qual resultou a morte de 14 soldados da paz. Foram momentos de grande consternação em que, à medida que avançava, ia encontrando (e obrigado a filmar por dever profissional enquanto as lágrimas me corriam pela face) os corpos carbonizados daqueles homens que deram a sua vida em serviço do próximo.

No dia 15 de Setembro, apenas 8 dias após este triste acontecimento, deu-se o grande incêndio da Serra do Marão que devastou 3.000 hectares de pinheiro bravo, deixando a serrania calcinada e despida de toda a sua vegetação. Foi nesse incêndio que um bombeiro da AHBVPR salvou o veículo automóvel em que me desloquei para a reportagem. O fogo desenvolvia-se em várias frentes e, na ânsia da melhor imagem, eu concentrava-me na sua evolução na zona dos viveiros de trutas, onde punha em risco todo o estaleiro nos quais se guardavam grandes quantidades de combustíveis que poderiam explodir a qualquer momento. Toda a minha atenção se focava neste aspecto enquanto, em cima, o fogo se aproximava do local em que deixara o automóvel, também junto às viaturas dos Bombeiros do Peso da Régua. Nesse interim, o fogo atravessava a estrada nesse local, e o quarteleiro Gouveia, conforme ia retirando os carros da corporação, fê-lo também ao meu, pondo assim a salvo todas as viaturas.

Aproveitando este aniversário, quero prestar a minha homenagem a todos os bombeiros portugueses, que são um exemplo para o Mundo, por vezes pagando com a própria vida esse serviço que prestam à Comunidade, fazendo-o decerto com gosto, mas também sob um perigo constante.
- João Rodrigues, Novembro de 2013
CONVITE E PROGRAMA
28 de Novembro e 1 de Dezembro de 2013
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Distinções e reconhecimentos marcam o 133º Aniversário da Associação dos Bombeiros da Régua 

Durante as cerimónias festivas de mais um aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros da Régua, a ser celebrado no próximo dia 1 de Dezembro, a sua Direcção presidida pelo Dr. José Alfredo Almeida e o Comandante António Fonseca vão entregar vários Crachás de ouro e Medalhas de Serviços - Grau Ouro para reconhecer o mérito, a generosidade, o trabalho e o prestigio de antigos bombeiros, dirigentes, sócios, instituições locais, beneméritos e ao presidente dos Bombeiros dos Pinhão, muito justamente pelos seus 35 anos de serviço a uma causa pública, os quais também mereceram um reconhecimento unânime por parte Liga dos Bombeiros e, muito em especial, do Comandante Jaime Marta Soares que já anunciou mais uma vez a sua presença no Peso da Régua. Assim vão ser distinguidos as seguinte empresas comerciais e personalidades:

Crachá de Ouro
Guilhermino Pereira de Almeida - Bombeiro do Quadro de Honra
Vinhos Symington, SA - Benemérito
Júlio Alfredo Mota – Presidente do Conselho Fiscal
Arquitecto Francisco Oliveira Ferreira (a título póstumo) - Benemérito
D. Antónia Adelaide Ferreira (a título póstumo) - Benemérita
Alfredo Luís Baptista (a título póstumo) – Antigo Director
Delfim Ferreira (a título póstumo) - Benemérito
José Ribeiro Alves Teixeira - Presidente da Direcção da AHBV do Pinhão

Medalhas de Serviços Distintos - Grau Ouro
Fanfarra dos Bombeiros do Peso da Régua
Ilídio Monteiro Mendes - Vice-Presidente da Direcção
Manuel Pinto Montezinho - Antigo Director
Santa Casa da Misericórdia do Preso da Régua
Imobiliária Irmãos Alves - Benemérita
António Ferreira Westerman - Sócio
133º Aniversário dos Bombeiros do Peso da Régua 
No dia 28 do corrente mês de novembro (dia em que o Jornal chega aos seus leitores) ocorre mais um dia de anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, sendo o centésimo trigésimo terceiro aniversário, ou seja, ficam cumpridos 133 anos de vida duma Associação em prol dos outros, com um fim supremo de auxiliar o próximo, para o bem geral da humanidade, dos residentes na terra ou na região, pois vários foram os atos filantrópicos na entreajuda com outras Associações congéneres limítrofes.

Decorria o ano de 1880, quando, por intermédio de uma Comissão Instaladora (integrada por 26 elementos, reguenses distintos e altruístas) se formou, oficialmente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Pretendia esse grupo de homens, de forma associativa, garantir uma postura organizativa, que pretendia fazer nada mais, nada menos, do que combater os incêndios urbanos. Sendo a então vila da Régua uma localidade com vários armazéns de vinhos, e como todas as coberturas eram em madeira e armazenavam aguardente vínica (altamente inflamável), para a produção do Vinho Generoso, urgia que se ponderasse a criação de um corpo de bombeiros, a fim de colmatar ou minorar 

Nos longínquos anos de 1873 a Câmara tinha feito a aquisição de uma bomba, a fim de minorar os perigos dum incêndio, contudo, não deu cumprimento cabal ao desejo de criar um corpo de homens que soubesse manobrar o respetivo material e assim foram andando, até que, após um interregno de 7 anos, o referido grupo tentou equacionar um problema que a Câmara, por obrigação legislativa, deveria ter cumprido, mas que não consumou.

Assim se deu a criação de um corpo de Bombeiros Voluntários na Régua, estruturado e com preparação para a eventualidade de um incêndio. Organizados, tiveram ao comando do “rabelo” Manuel Maria de Magalhães, que, assumindo as funções de 1º Comandante, dinamizou o corpo de bombeiros, que estava ao seu encargo.

Acontece que a dificuldade sentida nestes anos antecedentes para a criação da Associação dos Bombeiros foi acompanhando a vida da Associação, essencialmente a nível das instalações.

No tocante à situação do Quartel a dificuldade foi sempre bastante, já que não arranjavam um espaço digno para as funções que se pretendiam, se considerarmos a componente económica, pois o dinheiro era sempre pouco e a colaboração da Autarquia nem sempre se verificava.

Foram vários os locais onde se instalaram os Bombeiros. A última instalação foi no “cimo da Régua”, na Rua dos Camilos, mas, como local exíguo, não permitia as condições essenciais para o exercício pretendido. Desta forma, os seus corpos diretivos procuraram solucionar o caso e por 1930 conseguiram uma parcela de terreno (cedida pela Câmara), onde está o “nosso” bonito edifício dos Bombeiros. Terão sido das primeiras corporações a ter um edifício de raiz para aquartelamento.

Muito embora seja um edifício de uma arquitetura magnífica, não foi fácil a sua construção, pois a mesma arrastou-se por uns quase 30 anos. Vicissitudes constantes de uma qualquer organizção que vive de quotas e de beneméritos.

Não obstante todas as amarguras que os antepassados da Organização vivenciaram, podemos afirmar que as mesmas cimentaram a obra que se vê e que é o júbilo dos reguenses ou moradores da cidade. Foram atos valorosos, pequenos nadas na vida, consolidados no tempo, que levaram a que a Associação Humanitária dos Bombeiros esteja em festa, alicerçada num humanismo, num altruísmo, num voluntariado e numa doação sem limites (que eu saiba há, pelo menos, a perda de uma vida, na defesa de uma causa).

Está de parabéns todo o Corpo de Bombeiros (pela continuidade dum projeto) e a Direção (pelo consolidar do mesmo) e que todos possam usufruir da plenitude da vida durante muitos e longos anos. 
Notícias do Douro - por Adérito Rodrigues, Prof. 

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2013.  Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

VIDA POR VIDA: não há maior prova de amor

Quando alguém me diz "aquele é bombeiro", o primeiro julgamento que faço é este: "se é bombeiro, é boa pessoa ".

Na verdade, as primeiras palavras que ocorrem ao espírito ao pensar nos bombeiros são "vida por vida", devido naturalmente ao facto de ser um slogan comum entre as corporações de bombeiros, que se dedicam a salvar o próximo, arriscando a própria vida, se necessário for, em favor de outrem.

O bombeiro encontra-se no quadro da minha memória num lugar de destaque, porque realiza um serviço de alto risco no apoio à comunidade em situação de acidente ou de incêndio.

Recordo alguns vizinhos meus que eram bombeiros e que, quando tocava a sirene, corriam pela rua fora para o quartel, para irem acudir aos que estavam envolvidos em chamas, a lutar para se salvarem a si, aos seus familiares e aos seus bens do fogo devorador que em pouco tempo pode reduzir tudo a cinzas.

Recordo-me do tempo em que era criança e vivia na travessa da Rua da Alegria, lá no fundo, junto à Avenida Marginal João Franco. Presto homenagem aqui ao Quim Laranja e ao Zé Pinto, que Deus tenha em Sua Santa Morada por todos os bons serviços e sacrifícios que fizeram ao longo da sua longa carreira de Bombeiros Voluntários da Régua. Muitas vezes os vi a correr pelo nosso quelho abaixo e logo tinham de enfrentar a íngreme subida da Rua da Alegria, conhecida também por Rua General Alves Pedrosa. Quando depois vivia na Rua dos Camilos, que tem o nome do meu pai, talvez o único com esse nome, eu via um número maior de bombeiros de todas as idades a deixar os empregos e a correr, rua fora, para o quartel, respondendo à chamada da sirene.

Quando o Dr. José Alfredo Almeida um dia destes fez questão de, pessoalmente, me mostrar o Museu dos Bombeiros, fiquei surpreendido ao encontrar um quadro onde estava assinalado o número de badaladas necessárias, do sino da capela do Cruzeiro, para dar a conhecer à Régua a rua onde estava a acontecer o incêndio, pois foi o sino a primeira sirene usada pelos bombeiros voluntários da nossa terra. Claro que me surpreendi, embora não estivesse longe da minha memória o costume de falar do toque de sinos a rebate, a apelar à ajuda do povo na luta contra um incêndio, ou para outro acontecimento relevante. É um costume que ainda está nas nossas memórias, pelo menos nas aldeias por onde passei como pároco entre os anos 80 e 2003: Sedielos, Vinhós, Vila Marim e Cidadelhe.

No dito museu, encontrei também a fotografia do padrinho do meu pai, que foi um dos comandantes desta nobre associação, Camilo Guedes Castelo Branco, e por aqui percebi porque o meu pai era Camilo. No verão de 2011, por ocasião de um batizado dum descendente, pude retribuir àquele comandante o gesto que teve para com o meu pai, pois quando me apercebi estava na qualidade de sacerdote a abrir as portas da Igreja a uma criança, filho do Sr. José Luís Castelo Branco, com quinta em Remostias, em cuja capela foi realizado o ato litúrgico, o que foi para mim motivo de grande alegria.

O slogan "vida por vida" recorda-me aquele bombeiro João Figueiredo, o João dos Óculos, que deu a sua vida, aqui na Régua, no ano em que eu tinha apenas dois anos de idade, em 1953, no incêndio do edifício da Casa Viúva Lopes. Recorda-me todos os oito bombeiros que este ano de 2013 deram a vida pelos seus semelhantes. Recorda-me todos os que no mundo inteiro já deram a vida pela mesma causa.

"Vida por vida" lembra-me ainda o maior de todos os bombeiros que deu a vida por todos nós, homens, e para nossa salvação, Jesus Cristo, homem e Deus verdadeiro, modelo de todos os bombeiros, que, sendo Deus, se fez homem e desceu do Céu para dar a vida por toda a humanidade condenada a perder-se eternamente no fogo do inferno, onde há choro e ranger de dentes.

Esta instituição recorda-me o meu querido avô paterno, que me levava muitas vezes na sua camioneta de aluguer para muitas terras. Um dia em que eu estava em cima dela na avenida João Franco, vi ao longe o pronto-socorro a tocar a sirene e baixei-me para diminuir a sensação aflitiva que me causava.

Ao pensar nos bombeiros penso também no meu pai, que é o sócio número 1956, desde 1994, e saúdo todos os sócios desta associação e peço a Deus o eterno descanso para todos os que já partiram deste mundo e fizeram parte desta bendita obra que em boa hora nasceu na nossa cidade. Que Deus a todos recompense segundo a Sua promessa: “tudo o que fizerdes a um dos mais pequeninos dos meus irmãos foi a mim que o fizestes”.

"Vida por vida" recorda-me todos os que deram a vida por esta associação, empregando-a nos serviços que prestaram, no tempo que concederam, nos bens que partilharam, nas bençãos que fizeram descer sobre esta benemérita e centenária instituição. Uma vez aqui, não posso deixar de lembrar todos os sacerdotes que a abençoaram em nome de Deus. Recordo com particular afeto o Reverendo Dr. Avelino Branco, que tive a alegria de ver numa das fotos do arquivo desta casa, e que foi Pároco desta freguesia de S.Faustino do Peso da Régua no tempo em que fui para o Seminário de Vila Real e a quem dei o último abraço em Fátima, no pavilhão do Seminário da Consolata, pouco tempo antes de ele ir para o Céu.

"Vida por vida" recorda-me a referência que Jesus faz no Evangelho quando diz que não há maior prova de amor do que dar a vida por um amigo. Ele, quando ainda éramos pecadores e seus inimigos, deu a vida por nós, por isso tem autoridade para nos dizer: amai os vossos inimigos, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus e que faz chover sobre justos e injustos.

Finalmente, a minha homenagem vai para um dos maiores, o comandante Carlos Cardoso, que o Senhor levou para si há relativamente pouco tempo. Conheci-o um pouco mais de perto, visitei muitas vezes a sua casa e a sua família, laços de amizade e fé ligavam as nossas famílias, deixou-me um valoroso testemunho de fé. Ele foi um dos católicos mais empenhados desta nossa comunidade, pois estava bem alicerçado em Jesus Cristo. Uma vez convertido num curso de cristandade, nunca mais abandonou a Jesus; pelo contrário, Jesus era toda a sua razão de ser, de viver e sofrer, aceitou cristãmente o sofrimento e adormeceu tranquilamente, confiando e esperando em Cristo e na Sua promessa de vida eterna feliz para todos os que crêem Nele.

Bem hajam todos os que deram, dão e hão de dar a vida nas pequenas e grandes coisas desta benemérita e centenária instituição, que Deus vos sirva em Sua Glória como vós servistes e amastes os vossos irmãos.
- Padre Zeferino de Almeida Barros. Em 17 de Setembro de 2013, Memória de São Roberto Belarmino, Bispo e doutor da Igreja. (Actualizado em Novembro de 2013)

Clique  na imagem para ampliar. Texto e imagm cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2013. Actualizado em Novembro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

Congresso da Régua

Guardo, na memória mais viva, um registo impressivo da minha passagem pelo Congresso da LBP, o 41º, que teve lugar na cidade da Régua, de 28 a 30 de Outubro de 2011.

Foi um Congresso com uma excelente organização e um ainda melhor acolhimento por parte dos Bombeiros Voluntários  da Régua, que, com simplicidade e mestria, souberam receber e reconhecer os Congressistas.

Três dias, antecedidos de tantos outros, todos indistintamente entusiasmantes e não menos marcantes.

Durante 6 meses, preparei afincadamente o Congresso e parti para ele com motivação, ambição e realismo q.b.

O realismo de antecipar uma disputa difícil, também pelo rol de personalidades que desfilaram, dias a fio, na passadeira dos apoios e adesões, expondo razões, algumas, escondendo motivações, outras tantas, marcando posições, todas elas.

A ambição de representar os Bombeiros de Portugal, liderando a Confederação, com um Programa conhecido, abrangente e explícito.

A motivação de um saber e conhecer, com capacidades para, com entrega e a tempo inteiro, responder ao desafio a que me propunha.

Recorri às novas tecnologias e delas fiz uso insistente e recorrente para divulgar, com propriedade e actualidade, um conjunto vasto de textos, contendo a minha opinião sobre temas prementes, e permanentes, da vida dos nossos Bombeiros.

Deste modo, julguei estar mais próximo e procurei chegar mais longe.

Conscientemente, privilegiei o circuito comunicacional, sabendo que, com isso, me comprometia e também me expunha.

Do Congresso, dos seus 3 dias, reclamo uma quase ausência de projectos e ideias, um enfoque nos protagonistas e em alguns figurantes e um rebuscado e intrigante jogo de bastidores.

Todos excessivos.

Tendo feito uma prévia e profunda reflexão sobre o sector dos Bombeiros e a sua integração activa no Sistema Nacional de Protecção Civil, com apuramentos necessários e urgentes, apresentei ideias e propus-me ao debate do papel e das responsabilidades do Estado, do modelo organizativo para os Bombeiros, do modelo de financiamento para as AHBVs/CBs, das responsabilidades na área da saúde (do transporte de doentes ao pré-hospitalar) e da formação.

Não alimentei ataques pessoais nem me revi em atentados de carácter.

Foram dias intensos, muito intensos e vibrantes.

Um Congresso eleitoral com mais que uma lista concorrente é sempre um espaço emocional e um momento vivo e singular, enquanto expressão de divergências e de visões plurais.

No Congresso, a par de uma “foleira” fulanização, ficou evidente a existência de duas abordagens opostas, de duas visões bem distintas, resultado também de dois percursos bem diferentes que alguns, confortados no desconhecimento, quiseram apoucar.

E essa oposição vale, hoje, como herança, que enriquece o presente e condiciona o futuro.

O futuro faz-se do imprevisto, da incerteza, do risco, mas também do que para ele carrearmos em propósitos, compromissos e cumprimento de palavra dada.

Apesar de não ter ganho o Congresso, como era minha expectativa, não saí zangado, nem ácido e muito menos azedo.

Apenas triste.

Porque não vi traduzido em votos e em confiança o investimento, físico e intelectual, que fiz ao longo dos tempos para que os Bombeiros abraçassem a missão de sempre, com outra ousadia e ambição.

Bati-me para que os Bombeiros ganhassem um lugar central no sistema, reflectindo nesse lugar o seu peso e importância operacionais como garante do funcionamento regular e pronto da Protecção e Socorro.

Com o Congresso da Régua ganharam os Bombeiros.

Houve confronto e pluralidade de ideias e, com dignidade, provou-se que é possível construir a unidade nos fins, impulsionando a diversidade estratégica.

Aos Bombeiros da Régua, o meu muito obrigado por me (nos) terem acolhido tão bem!

Aos Bombeiros de Portugal, o meu agradecimento por me terem proporcionado dos dias mais ricos da minha vida dedicada a esta estranha causa, que, por ser também estranha, mais se entranha!
- Rebelo Marinho, Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu. (Actualizado em Novembro de 2013)
Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de texto e imagens de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Actualizado em Novembro de 2013. Texto também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 21 de Junho de 2012. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

Retalhos da net: Cartas de Ver - Regresso à RÉGUA

Sobre a cidade de PESO DA RÉGUA e o Quartel dos Bombeiros:
REGRESSO À RÉGUA

Publiquei aqui em 20 de Maio último uma carta intitulada O Peso de Regra, na qual me referia à capela da Misericórdia de Peso da Régua como uma das mais bonitas igrejas existentes em Portugal e acrescentava que não se sabia praticamente nada sobre o edifício. Graças a José Alfredo Almeida um amigo da sua terra, fiquei a conhecer outra bela obra na Régua, o Quartel dos Bombeiros Voluntários construído em duas fases entre 1929 e 1955 com o projecto do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira (1884- 1957), o autor também creio eu, do palacete dos Barretos, hoje Biblioteca Municipal da Régua.

A Régua conta com vários edifícios de qualidade registados pelo Serviço de Inventário do Património Arquitectónico (não o Quartel dos Bombeiros infelizmente): a Câmara, a Igreja Paroquial, a capela da Misericórdia, a capela do cemitério, o atual Centro de Saúde, a sede local da Caixa, os Correios, o Tribunal, a estação de CF, as pontes metálica e rodoviária sobre o Douro. O Museu do Douro constituído por edifícios antigos recuperados e uma adição muito moderna, também ajuda a que a Régua seja que uma terra que vale a pena visitar.

O arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira é conhecido sobretudo por quatro edifícios, embora tenha projetado dezenas deles no Porto, em Gaia, nas regiões Norte e Centro. Esses edifícios são a Câmara de Gaia, o café A Brasileira, no Porto, o Hotel Astória, de longe o melhor edifício da margem direita do Mondego em Coimbra, e a chamada Clínica Heliântica de Francelos ou Valadares que franqueou a entrada do arquitecto nos higiénicos registos da arquitetura modernista porque não tem telhados (os modernistas benzem-se de horror cada vez que vêem um telhado num edifício recente), sendo constituído essencialmente por largo terraços sobre pilares, necessários aos tratamentos por exposição ao sol em que se acreditava muito na época.

São característicos na arquitectura da segunda metade do século XIX e dos primeiros anos do século XX o género de vãos, molduras e remates de pedra com que  Oliveira Ferreira compunha e ornamentava as suas obras, diferentes daqueles que se utilizavam em séculos anteriores mas de idêntico ao carácter: janelas duplas ou semicirculares (como as do Quartel dos Bombeiros que admitem uma luz belíssima no interior), arcos abatidos, mísulas agudas ou alongadas, pináculos.

Neste quadro, não tenho a certeza de que a capela da Misericórdia da Régua tenha sido projectada por Oliveira Ferreira. Parece-me mais suave e mais colorida (graças aos azulejos e vitrais) um pouco à maneira de outro grande arquiteto da época, Marques da Silva (1869-1947). Quem sabe? A arquitetura da Régua merece uma investigação séria.
Paulo Varela Gomes. Publicado em Julho de 2012 e actualizado em Novembro de 2013.
Clique  na imagem para ampliar e ler. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012. Actualizado em Novembro de 2013. Transcrição de publicação do "O Público.pt". Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.  
In CEARQ - PAULO VARELA GOMES - pgomes@darq.uc.pt - Licenciado em história pela Universidade Clássica de Lisboa (1978), mestre em história da arte pela Universidade Nova de Lisboa (1988), doutorado em história da arquitectura pela Universidade de Coimbra (1999). Docente do DARQ desde 1991, professor convidado do Dep. Autónomo de Arquitectura da Universidade do Minho desde 2001, docente convidado de outras universidades portuguesas e estrangeiras. A principal área de investigação e publicação tem sido a história da arquitectura e da cultura arquitectónica portuguesa dos séculos XVII e XVIII.