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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Retalhos da net - ROGAS DO DOURO

Transcrição - Opinião | 17-10-2012
ROGAS DO DOURO Por Jorge Almeida
Vinham de longe de terras altas e serranas. Vinham de longe em busca de esperança e sustento. Vinham com a alegria na alma, mas também com a dureza nos rostos de trabalho sofrido. As rogas do Douro da minha meninice.

O rogador marcava o passo e o ritmo daquele encontro, daquele trabalho anual, daquele teatro de vida sem guião, daquele contrato com o sagrado. O tocador de concertina alegrava a malta, fazia bailar a mocidade, aligeirava o peso dos cestos de verga cheios até ao cimo.

Ainda as moçoilas mal cantarolavam as primeiras modinhas serranas ao ritmo das tesouradas, já os homens preparavam as suas trouxas para acartar as preciosas uvas por caminhos e veredas, por longas distâncias, até ao armazém. Filas de 15-20 homens com o tocador à cabeça e o rogador na retaguarda, palmilhavam muito até ao lagar, as vezes que fossem necessárias, para que a lagarada se realizasse nesse mesmo dia.

Homens e mulheres devotados a um trabalho ritualizado, como se fosse uma compulsão, como se fosse um destino, como se fosse um chamamento divino. A Rosa, a Toninha, a sra. Amélia, bem como o sr. Rui e o Faustino nunca falhavam. Vinham todos os anos e prometiam fidelidade para os próximos. Com o sr. António Borgas, o rogador, vieram sempre. E incentivam o sr. Zé do Rancho a juntar-se ao grupo, esse grande tocador de concertina. Com ele, era uma alegria. Todo o dia a cantarolar.

À noite, a voz de comando tudo dominava. Esquerdo, direito, um, dois, esquerdo, direito, um, dois, como um disco riscado e prolongado, até ao esmagamento total das uvas e o ondular do mosto, sinal do lagar estar completamente cortado. Era então dada a voz da liberdade e, mais uma vez ao som da melodiosa concertina, homens e mulheres davam largas à sua alegria, dançavam e confraternizavam com mais um pé de dança, desta vez bem imerso no divino mosto.

E, mais tarde…. corpos cansados, entorpecidos e quase sonâmbulos, precipitavam-se para os cardenhos, onde do real se fazia fantasia, onde os sonhos se encarregavam de renovar a esperança de corpos martirizados, e onde o imaginário projetava um outro dia, com menos sofrimento e menos exploração.

Dias de sol a sol, calendários sem domingos e feriados, céus sem borrasca ou tempestade. O palco das vindimas do Douro de há algumas décadas.

E hoje… tudo mudou. Os tempos são outros.

As estradas que passaram a serpentear toda e qualquer vinha, as máquinas de vinificação que, na maior parte das situações, dispensam a pisa humana, a rapidez das comunicações, a nova sistematização do terreno, e mesmo, os novos sistemas de embardamento. A técnica fez evoluir a apanha, o transporte e a vinificação. Tudo mais fácil, mais cómodo e digamos, mesmo, mais rentável. Empregadores e empregados têm hoje a tarefa mais facilitada.

Mas… hoje é tudo mais frio e diferente. As rogas foram substituídas por empreiteiros agrícolas. A presença do pessoal circunscreve-se a 8 horas de trabalho. Não há animação, as refeições são curtas e frugais, a relação com o proprietário é ligeira ou inexistente. Tudo se resume a uma máquina de trabalho produtiva e quase impessoal. Quase não há nomes, muito menos famílias e outras referências.

E ao fim da tarde, comprimidos em carros, carrinhas e carretas, eles aí vão, apressados e desconsolados, tristes e sorumbáticos, com ganas de estrada, ansiosos por chegar a suas terras, e porventura ressonar com mais uma novela da TV.

Clique nas imagens para ampliar. Imagem acima retirada e editada da net via http://dourovintagefotos.fotosblogue.com/25/. Texto/recorte do jornal "Notícias de Vila Real", edição de 17/10/2012.  Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PESO DA RÉGUA - XV Feira do Livro do Douro

PROGRAMA

22 SETEMBRO, sábado
18h00
 Abertura oficial da XV Feira do Livro do Douro
Atuação da Banda às Riscas
21h30
 Concerto pela Orquestra Metropolitana de Lisboa

23 SETEMBRO, domingo
10h00
 Abertura da Feira do Livro
21h30 Espetáculo pela Universidade Sénior do Peso da Régua
24 SETEMBRO, segunda-feira
10h00
 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
14h00 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
21h00 Apresentação do livro A Fúria do Venezuelano de Gorgi Batista
21h30
 Concerto pela Academia de Música do Peso da Régua

25 SETEMBRO, terça-feira
10h00
 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
14h00 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
21h00 Apresentação da Revista Geya, pela Tertúlia João de Araújo Correia, por Hercília Agarez
21h30
 Apresentação do livro Não nos Roubarão a Esperança, da autoria de Júlio Magalhães

26 SETEMBRO, quarta-feira
10h00
 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
14h00 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
21h00 Apresentação do livro A Lua está ali, da autoria de Amparo Rainha
21h30
 Teatro infantil Volta ao Mundo em 10 Instrumentos

27 SETEMBRO, quinta-feira
10h00
 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
14h00 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
21h00 Espetáculo Gigantes Pela Própria Natureza21h30 Conferência: O Homem e os Livros, pelo Prof. Doutor António Barros Cardoso

28 SETEMBRO, sexta-feira
10h00
 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
14h00 Visita à Feira de alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
21h30 Apresentação do livro Cartas da Maya - O Dilema, da autoria de Maya
22h00
 Teatro 5 encalhadas e 1 casamento, pelo grupo Tear Douro

29 SETEMBRO, sábado
10h00
 Abertura da Feira do Livro
18h30 Apresentação do livro Fármaco, da autoria de António José Borges, por Fernando Pinto Amaral (*)
21h30 Apresentação do livro Os Anjos Não Têm Asas, da autoria de Ruy de Carvalho
22h00
 Espetáculo musical com Las Çarandas24h00 Encerramento da XV Feira do Livro do Douro

LER... Um Mundo de Descobertas
  • (*) FÁRMACO - António José Borges - Para Platão, a linguagem é um pharmakon, um remédio, um veneno, um cosmético. Fármaco surge como remédio do imaginário, veneno plurissignificativo do sentimento e cosmético do sentido telúrico e da memória. Tempo e acção determinam a leitura crítica das três secções que compõem o livro: «O selvagem peso do gesto», «Pharmakon» e «Sombra». Todas entroncam no Fármaco que age sobre o sonho e os sentidos da memória. António José Borges nasceu no Peso da Régua. Vive em Lisboa, onde é professor e investigador. Colabora em diversas revistas de literatura e cultura. Publicou os livros Timor – As Rugas da beleza (crónicas), em 2006; de olhos lavados / ho matan moos (poesia – edição bilingue e ilustrada), em 2009; José Saramago – da Cegueira à Lucidez (ensaio), em 2010.
Fonte - Biblioteca Municipal de Peso da Régua e internet. Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2012. Atualizado em Outubro de 2012. Permitidos copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue somente com a citação da origem/autores/créditos. 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Peso da Régua - “Entre Margens” é cultura no Douro

Ponte Pedonal - 21 de Setembro  a 21 de Outubro 2012
«O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta».Miguel Torga in" Diário XII" | S. Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977.
Entre Margens é um projecto de intervenção artística nos centros históricos de cidades da Região do Douro. Durante 3 Verões sucessivos (2011/13), estão programadas dezenas de exposições de fotografia no espaço público complementados por espectáculos de artes performativas(cine-concertos, música, teatro, dança e multidisciplinares) e debates/colóquios.
Tem como objectivo principal a promoção de novas leituras sobre a criação artística contemporânea e a dinamização e utilização do espaço público a partir dos conceitos inscritos na Agenda XXI: desenvolvimento local sustentável, cooperação cultural e preservação ambiental.
Entre Margens desafia fotógrafos e artistas à produção de novas leituras sobre a região.
Através dos seus olhares, simultaneamente autorais e contemporâneos, é proposta a descoberta de um universo marcado pelo rio, pelo vinho, pela paisagem e, essencialmente, pelas suas gentes.
Entre Margens tem como promotor a Fundação Museu do Douro, autoria e produção da Procur.arte Associação Cultural, tem como parceiros oito municípios da região duriense (Amarante, Lamego, Mirandela, Peso da Régua, Porto, Santa Marta de Penaguião, Vila Nova de Gaia e Vila Real), e é um projecto apoiado no âmbito do QREN ON.2 - Grandes Eventos Culturais.
Entre Margens foi apresentado na Fête de L’Europe em Bordeaux em Maio de 2012.

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Helena Freitas
Gabinete de Apoio à Direção
FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO
Museu do Douro - Prémio Museu Europeu do Ano 2011 | Menção Especial do EMYA
Rua Marquês de Pombal | 5050-282 Peso da Régua | Portugal | www.museudodouro.pt |pt-br.facebook.com/museudodouro 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Viagem ao Douro por Joaquim Lopes - Exposição

CONVITE
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Teatro Ribeiro Conceição - Largo de Camões, 5100-211 - Lamego
= De 4 a 30 de Setembro de 2012 =
Tel: +351 254 600 070; Telem: +351 962 116 119
Natália Fauvrelle - Coordenadora dos Serviços de Museologia
Museu do Douro - Rua Marquês de Pombal, s/n - 5050 - 282 Peso da Régua
Telefone: +351.254.310.190 (geral); +351.254.310.195 (directo); Fax: +351.254.310.199GSM: +351 919.851.959

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Biblioteca de Maximiano Lemos


João de Araújo Correia

A biblioteca de Maximiano Lemos, inaugurada em 1960, ao comemorar-se o primeiro centenário do seu ilustre patrono, vai ser enriquecida, no próximo Novembro, com uma valiosa colecção de livros oferecidos pela benemérita Fundação Calouste Gulbenkian. Diremos, para ser precisos, que vai funcionar, dentro da Biblioteca de Maximiano Lemos uma das bibliotecas fixas de Fundação Gulbenkian.

Queremos crer que as duas bibliotecas não briguem uma com a outra, antes se auxiliem e completem. A de Maximiano Lemos é livraria pobre e livraria velha, herdeira da primitiva estante dos Bombeiros e acrescida de alguma oferta particular. Mas, sempre conterá, como velha, embora pobre, alguma espécie rara, útil a estudiosos ou bibliófilos. A da Fundação, constituída por livros em barba e todos em folha, será útil ao comum dos leitores. Será própria para os desbravar e lhes estimular o gosto de leitura.

Uns e outros livros deverão acautelar-se de inúteis desvios. Não falta quem se aproprie de livro alheio só para o ter ou deixar perder, nanja para o ler e se instruir com ele. É como se cultivasse a arte de tirar por tirar.

Ninguém deve esquecer, aqui na Régua, o que aconteceu à antiga biblioteca municipal, fundada pelo Dr. Claudino de Morais no século passado. Quando, em 1935, houve incêndio nos Paços de Concelho, já os livros tinham desaparecido. Oxalá não suceda o mesmo aos livros da Biblioteca de Maximiano Lemos, agora enriquecida com a inestimável oferta da Fundação Gulbenkian.
Se há livros que podem emprestar-se para leitura domiciliária, outros há que não devem sair para longe da vista do bibliotecário. São livros raros, insubstituíveis.

Em todos as bibliotecas, há regulamento que protege os livros. Não falte na Biblioteca de Maximiano Lemos. É indispensável que não falte e que se cumpra. Só assim haverá quem ofereça à Biblioteca livros preciosos, colecções de jornais e até manuscritos.

Na Régua, é tradição que falhem todas as iniciativas. Falharam as touradas, as exposições fotográficas, o teatro de amadores, o orfeão, a parada agrícola, os desportos fluviais e até o carnaval inventado pelo Chico Pulga. Tudo falhou, menos a Associação dos Bombeiros Voluntários, fundada em 1880 e de ano para ano, mais florescente.
Da vitalidade da Associação dos Bombeiros fiamos a conservação e o progresso da Biblioteca de Maximiano Lemos. Mas, é indispensável que a Associação seja acompanhada, neste particular, pelos reguenses dados à leitura. Espera-se que espontaneamente se organize o Grupo dos Amigos da Biblioteca de Maximiano Lemos.
- Outubro de 1963
Nota: Esta crónica, inicialmente publicada no extinto jornal “Vida por Vida”,  faz parte do livro Pátria Pequena, editado pela Imprensa do Douro (1977).
Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de texto e imagens feita pelo Dr. José Alfredo Almeida (Jasa). Publicado também no jornal semanário regional "Arrais" em 9 de Agosto de 2012. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012. Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

6ª Bienal Internacional de Gravura | DOURO 2012 [10 AGO-30 SET]

CONVITE
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Helena Freitas
Gabinete de Apoio à Direção
FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO
Museu do Douro - Prémio Museu Europeu do Ano 2011 | Menção Especial do EMYA
Telefone: + 351 254 310 190 [Geral] + 351 254 310 198 [Directo] | Fax: + 351 254 310 199 
Rua Marquês de Pombal | 5050-282 Peso da Régua | Portugal  
07-08-2012 17:13 | Norte
Bienal de Gravura do Douro arranca sexta-feira com 650 obras de 325 artistas
A Bienal Internacional de Gravura do Douro arranca na sexta-feira e contabiliza este ano 12 exposições, distribuídas por Bragança, Alijó ou Régua, e 650 obras da autoria de 325 artistas, anunciou a organização.
Organizada pelo Núcleo de Gravura de Alijó, a bienal conta com o apoio da Câmara de Alijó e prolonga-se até 30 de setembro.
Em exposição estarão obras de artistas de 63 países, com destaque para David de Almeida, Rafael Trelles, Fernando Santiago, Daniel Hompesch ou Silvestre Pestana.
O diretor e curador da Bienal de Gravura, Nuno Canelas, destacou como novidade desta 6.ª edição a presença da iniciativa no espaço virtual, nomeadamente no Second Life, onde o evento estará representado e pretende expandir a sua ação.
A componente digital e virtual é aliás, um dos objetivos futuros deste evento.
"É uma forma de projetar a arte sem que esta tenha que se subjugar às leis do mercado físico da arte", afirmou Nuno Canelas.
Para o presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo, esta Bienal é já "uma referência artística que ultrapassa as barreiras do Douro" e a "maior manifestação cultural e artística da região".
Este ano juntou-se o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança., aos já habituais locais como Vila Real (Teatro Municipal), Régua (Museu do Douro), Foz Côa (Museu do Côa), Favaios (Museu do Pão e do Vinho), Quinta do Portal (Sabrosa) e Alijó (biblioteca, auditório, piscinas municipais e espaço urbano).
Artur Cascarejo considerou que o evento é hoje um "lufar de ar fresco do que se faz na região e no país".
Depois do tributo a Paula Rego na Bienal de 2007 e a Antoni Tàpies (recentemente falecido), o Museu do Douro, na Régua, acolhe agora a exposição -"Homenagem a David de Almeida", com cerca de 30 peças deste mestre da arte contemporânea.
Ao longo das últimas edições, a Bienal de Gravura do Douro tem permitido acumular um vasto património artístico de gravura, que poderá no futuro, segundo Artur Cascarejo, culminar com a construção de um Museu de Gravura Contemporânea.
"Queremos que a cultura seja uma alavanca do ponto de vista social e económico para a região e queremos que o Douro seja também um destino turístico cultural", afirmou o autarca.
- Fonte "PORTO Canal"

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A Ferreirinha 'voltou' 132 anos depois ao Quartel dos Bombeiros da Régua

No dia 30 de Junho do corrente, os Bombeiros da Régua receberam  no seu Quartel, agora situado na Avenida Dr. Antão de Carvalho, passados 132 anos, a "visita" da personagem histórica do Douro, D. Antónia Adelaide Ferreira, através da peça "A Ferreirinha - uma mulher fora do seu tempo", brilhantemente representada pelo grupo de Teatro da Universidade Sénior do Peso da Régua.

A peça é uma homenagem a grande empreendedora vitícola e sua solidariedade e generosidade que a levou a ajudar famílias carenciadas, instituições de solidariedade, misericórdias, hospitais e a fundação dos  Bombeiros da Régua, onde se inscreveu como a primeira sócia contribuinte.

Para além de retratar com muita fidelidade e rigor a peça recriou, pela primeira vez, o momento histórico em que o jovem 1º Comandante Manuel Maria de Magalhães - muito bem interpretado pelo jovem Heitor Gama, neto de um antigo dirigente associativo, que vestiu uma bela farda de gala da época - a convidou para associada e ela, que bem conhecia o novo lema "Vida por Vida", de fazer o bem ao próximo sem esperar recompensa, aceitou assinando o respectivo livro de inscrição - que ainda existe e se guarda religiosamente no Museu - e se obrigou a pagar uma jóia e uma quota mensal de valor considerável - e, como se disse na peça a brincar, a dar algo mais qualquer coisas para outras extravagâncias - para adquirem o primeiro material, fardamento e comprar  mais livros para a sua biblioteca, ainda pequena e que cabia então numa pequena estante de madeira.

O Salão Nobre do Quartel dos Bombeiros - onde outrora já se representou muito e bom teatro amador - teve a presença de muitas pessoas - mais de uma centena - que aplaudiram a "classe" da Senhora  Ferreirinha - representada por uma actriz de talento, a Prof. Olga Maria Alves - e os demais actores, todo eles amadores, e que assim encerravam o ano lectivo como alunos da Universidade Sénior, desta vez em apoteose, graças à dedicação e empenho da encenadora Professora (e autora) Maria José Garcia.

Saíram prestigiados também os Bombeiros da Régua que, mais uma vez, mostraram a sua ligação à sociedade reguense e evidenciaram a sua matriz originária de promover a cultura, lema que cumprem desde a sua fundação, em 28 de Novembro de 1880, pois como dizia no passado o escritor João de Araújo Correia: "A Régua, se não vegeta, é porque vai vivendo no ânimo dos seus Bombeiros".
Por José Alfredo Almeida*




"A Ferreirinha - uma mulher fora do seu tempo"
(grupo de Teatro da Universidade Sénior do Peso da Régua - algumas imagens)
*O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também cronicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária e fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012. Texto também publicado na edição do semanário regional "Noticias do Douro" de 6 de Julho de 2012. 2 imagens de Fernando Peneiras e as demais retiradas da net livre via FaceBOOK - Universidade Sénior do Peso da Régua. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

domingo, 24 de junho de 2012

Teatro nos Bombeiros da Régua: "FERREIRINHA" - uma mulher fora do seu tempo

CONVITE
Homenagem a D. Antónia Adelaide Ferreira - “A Ferreirinha”, 1ª. Sócia Contribuinte dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua.

Encenação da Peça de Teatro: “Ferreirinha – Uma Mulher Fora do Seu Tempo”, pelo Grupo de Teatro da Universidade Sénior de Rotary - Peso da Régua.

Local: Quartel dos Bombeiros (Salão Nobre), dia: 30 de Junho de 2012, 21H30.


Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Lembro-me que no Quartel havia muitos livros…

1. O norte-americano Ray Bradbury escreveu Fahrenheit 451, um romance de ficção científica que foi publicado pela primeira vez em 1953. O francês François Truffaut realizou um filme a partir desse livro, de 1966, que por cá se chamou Grau de Destruição.

É a história de um futuro em que todos os livros são proibidos. O seu personagem principal é um “bombeiro”, o que nesta história significa “queimador de livros”. Isso basta para explicar qual era o seu trabalho. O número 451 refere-se à temperatura (em graus Fahrenheit) à qual o papel se incendeia (cerca de 233 grau centígrados).

Ray Bradbury declarou que a sua intenção original ao escrever Fahrenheit 451 era mostrar o seu grande amor por livros e bibliotecas.

Uso esta introdução porque estas coisas – bombeiros, livros, filmes, bibliotecas – também se misturam na minha memória dos tempos passados.

2. (Re) Começo a pedir perdão, mas a verdade é que, quando penso em Bombeiros, não são os do Peso da Régua que me veem logo à memória.

De Bombeiros, lembro-me sempre dos de Sanfins do Douro, das suas ambulâncias e das suas sirenes, eternamente saindo na noite quente do arraial para apagar o incêndio que os foguetes ateavam, atravessando penosamente a multidão. Para minha grande consternação, que nunca entendi porque não colocavam logo os veículos todos na estrada da encosta que ardia todos os anos na Romaria de Nª Senhora da Piedade. Deve haver uma razão técnica que me escapa. Ou, então, era uma coreografia que fazia parte do programa da Festa, sei lá! (Lembro-me também, por motivos que não são para aqui chamados, da sua Fanfarra e das suas majoretes, uma em especial).


Dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua recordo, isso sim, o Quartel, não só porque lhe passo em frente todas as semanas (e neste domingo até parei para tirar umas fotos!) mas porque era naquele edifício, num dos pisos superiores, que ficava a Biblioteca Gulbenkian que eu frequentei a partir de meados da década de 1970.

Compondo um quarteirão cultural de boa memória e que muitas cidades hoje invejariam, ficava, mesmo ao lado, o Cine-Teatro Avenida, onde vi alguns filmes que não podem aqui ser mencionados e outros de que não me lembro.

Hoje é um decrépito edifício, cujo estado de conservação nos envergonha a todos, contrastando de forma chocante com o remodelado e animado Quartel dos Bombeiros. (Quando for reabilitado e voltar a exibir filmes passa a chamar-se Cineteatro Avenida, como manda o Acordo Ortográfico!)

3. Bom, mas deixemos o cinema e voltemos aos livros e à Biblioteca. A Biblioteca Fixa da Fundação Calouste Gulbenkian era para mim o que a Fundação propriamente dita era para o país: o verdadeiro centro da vida cultural.

Em minha casa sempre existiram livros, muitos livros, estantes cheias deles. Mas na Biblioteca havia muitos mais e havia também aquele silêncio especial, que fazia com que a escolha dos livros a ler fosse mais refletida, assim como uma coisa de maior responsabilidade, não havendo lugar para ligeirezas nem arrependimentos: escolheu, vai ter de ler!

Dessas minhas escolhas há muitos livros e escritores que recordo, outros que nem por isso. Lembro-me, por exemplo, de duas “empreitadas”. (Isto é, leitura continuada e intensiva da obra de um escritor, hábito que ainda mantenho).

A primeira com Jack London (O Apelo da Selva, O Lobo do Mar, O Filho do Lobo, …), um escritor que hoje olho com muito respeito se bem que, confesso, sem ânimo para reler.

A segunda com Cecil Scott Forester e a sua série do Capitão Horatio Hornblower, essa saga marítima de que Winston Churchill disse “Hornblower é formidável!”. Esta frase vinha na contracapa dos livros e fixei-a, até hoje...

Lembro de ter adorado Três Homens num Bote, de Jerome K. Jerome e de ter odiado As Minas de Salomão, de Henry Rider Haggard, na tradução mal feita por Eça de Queirós (que aliás usurpou a obra e lhe chamou - ou alguém em seu nome – sua).

E lembro-me de ter muita pena porque na Biblioteca (praticamente) não existia banda desenhada, já então a minha perdição.

A Biblioteca Gulbenkian da Régua instalou-se no Quartel dos Bombeiros em 1960 e um dia, sem que eu desse conta, encerrou! Em seu lugar há hoje, na nossa cidade, uma Biblioteca Municipal, num edifício muito bonito. É toda moderna, cheia de livros, discos, filmes, tecnologia e pessoal profissional. E muita banda desenhada!

(Aliás, há uma Rede de Bibliotecas (http://rbpr.cm-pesoregua.pt/), que agrupa os centros de documentação de diversas instituições, incluindo a Biblioteca Municipal, o que me parece uma excelente ideia).

4. Podia forçar um bocadinho a nota sentimental e dizer que quando, todos os domingos, passo na Avenida do Doutor Antão de Carvalho, em frente ao Quartel dos Bombeiros, me recordo das longas e boas horas passadas na companhia dos livros que ali me emprestaram.

Mas, em nome da verdade, tenho que confessar publicamente que não é de nostalgia, mas de remorsos puros e duros o sentimento que me assalta. Porquê?

Porque nunca devolvi alguns livros à Biblioteca.

Tenho provas.

Não poderão ser mais de três livros, mas é como se fossem mil. Eles lá andam, nas estantes, no meio de muitos outros, ostentando, para minha vergonha íntima, a fita adesiva colorida na lombada que os identifica sem qualquer dúvida.

Acalmo a minha consciência com piedosas histórias que repito para mim mesmo sempre que me lembro destes livros. Que fui, um dia, devolvê-los, e a Biblioteca tinha fechado, sem deixar a nova morada.

Que, despeitado por fecharem a Biblioteca, decidi vingar-me causando um prejuízo irreparável ao pobre Sr. Calouste Gulbenkian, surripiando-lhe três livros.

Os livros estão seguros. Comigo, os livros estão sempre seguros, desde que mereçam respeito. Mas se alguém, legitimamente, os reclamar, devolvo-os.

Com juros e com alívio.
- Matosinhos, 4 de junho de 2012, Artur Costa

Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Texto também publicado no blogue do autor - Artur Costa - O Linguado e na edição do semanário regional "O Arrais" de 14 de Junho de 2012. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Homenagem póstuma a um coreto desprezado



MATARAM A TUNA
Nos Domingos antigos do bibe e pião 
saía a Tuna do Zé Jacinto
tangendo violas e bandolins
tocando a marcha Almadanim.


Abriam janelas meninas sorrindo
parava o comércio pelas portas
e os campaniços de vir à vila
tolhendo os passos escutando em grupo.
Moços da rua tinham pé leve.
o burro da nora da Quinta Nova
espetava orelhas apreensivo
Manuel da Água punha gravata!
Tudo mexia como acordado
ao som da marcha Almadanim
cantando a marcha Almadanim.


Quem não sabia aquilo de cor?
A gente cantava assobiava aquilo de cor...
(só a Marianita se enganava 
ai só a Marianita se enganava
e eu matava-me a ensinar...)
que eu sabia de cor
inteirinha de cor
e para mim domingo não era domingo
era a marcha Almadanim!


Entanto as senhoras não gostavam
faziam troça dizendo coisas
e os senhores também não gostavam
faziam má cara para a Tuna:
- que era indecente aquela marcha
parecia até coisa de doidos:
não era música era raiva
aquela marcha Almadanim.


Mas Zé Jacinto não desistia.
Vinha domingo e a Tuna na rua
enchendo a rua enchendo as casas.
Voavam fitas coloridas
raspavam notas violentas
rasgava a Tuna o quebranto da vila
tangendo nas violas e bandolins
a heróica marcha Almadanim!


Meus companheiros antigos do bibe e pião
agora empregados no comércio
desenrolando fazenda medindo chita
agora sentados
dobrados nas secretarias do comércio.
cabeças pendidas jovens-velhinhos
escrevendo no Deve e Haver somando somando
na vila quieta
sem vida
sem nada
mais que o sossego das falas brandas...
- onde estão os domingos amarelos verdes azuis encarnados
vibrantes tangidos bandolins fitas violas gritos
da heróica marcha Almadanim?!


Ó meus amigos desgraçados
se a vida é curta e a morte infinita
despertemos e vamos
eia!
vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico
como era a Tuna do Zé Jacinto
tocando a marcha Almadanim!
- In Manuel da Fonseca* (Wikipédia)

Sobre os coretos
Lugares de referência da aldeia ou da cidade, situados no adro da igreja, no jardim público no centro da praça principal, os coretos foram um espaço notável de descentralização e democratização cultural, não só em Portugal como na Europa. Os ideais de igualdade da revolução francesa fizeram eco e a cultura saiu de casa, dos teatros e dos meios intelectuais para vir para a rua, para o meio do povo. Ali, onde o analfabetismo reinava, ouviam-se as bandas filarmónicas, cultivando-se, assim, o gosto pela música e mais tarde pelo teatro. 
Foram, mais tarde, palcos de manifestações políticas e sociais e alguns foram testemunhos de mais de um século de história da cultura portuguesa, assistiram à queda da monarquia e à instalação da república, à primeira e à 2ª guerras mundiais, à passagem da ditadura salazarista a novos dias de liberdade.
Testemunharam também estórias com rosto, relatos de sofrimento, de luta, mas também de esperança, de liberdade e amor. Viram crescer e (alguns) envelheceram sem morrer.
- IT / Coretos - Lugar de Memórias



*MANUEL da FONSECA (1911-1993) 
Um dos principais autores do Neo – Realismo português. Em Lisboa se radicara desde a época dos estudos secundários, depois dos quais frequentou, por algum tempo, a Escola de Belas – Artes.
Destacou-se como poeta, contista e romancista. Publicou Rosa dos Ventos ( poesia, 1940), Planície ( poesia, 1941, na colecção Novo Cancioneiro, de Coimbra), Aldeia Nova (contos, 1942), Cerro – Maior (romance, 1943), O Fogo e as Cinzas (contos, 1951), Seara de Vento (romance, 1958), Poemas Completos (1958), Um Anjo no Trapézio (contos,1968), Templo de Solidão (contos, 1973), além de um volume de crónicas ( Crónicas Algarvias, 1986) e de uma Antologia de Fialho d´Almeida (1984). Reelaborou alguns de seus textos mais de uma vez, dando-lhes forma definitiva para a Obra Completa.
Exceptuando-se os dois últimos livros e contos, de ambiência lisboeta, trata-se de uma obra profundamente marcada pelo espaço físico e humano do Alentejo (…)
Em íntima relação com sua produção literária, Manuel da Fonseca desenvolveu uma intensa militância social, política e cultural, tendo chegado a ser preso em 1965, por ter integrado o júri que premiou Luanda, de José Luandino Vieira (…)
- In: Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua portuguesa – 1995

Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de poesia de JASA.  Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.