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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

RECONHECIMENTO - Uma nova ambulância para os valorosos Bombeiros da Régua!

Peso da Régua - Bombeiros da Régua receberam uma nova ambulância oferta da Symington Family Estates: Com a presença de Paul Symington, mais seis administradores e alguns trabalhadores da Symington, onde também estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua, Eng. Nuno Gonçalves, Dr. Duarte Caldeira, em representação da Liga dos Bombeiros Portugueses e os Presidentes da Direções dos Bombeiros do Pinhão e de Palmela, esta a representada pelo popular desportista Octávio Machado, a cerimónia da bênção da nova ambulância dos Bombeiros da Régua realizou-se, no passado dia 31 de agosto, no Quartel Delfim Ferreira, que foi doada generosamente pela grande produtora de vinhos na Região Demarcada do Douro, a conhecida firma Symington que, mais uma vez, promoveu uma relevante ação social para o interesse e bem-estar das populações onde estão inseridas as suas quintas.

A bênção desta ambulância foi realizada pelo Padre Luís Marçal que, depois de umas breves palavras alusivas ao momento, durante a celebração religiosa pediu aos presentes um minuto de silêncio em homenagem pela morte trágica de cinco jovens bombeiros falecidos nos combates aos fogos florestais deste verão.

Depois os presentes e convidados foram recebidos no bonito Salão Nobre do Quartel, que tem o nome do benemérito reguense António José Rodrigues, pela direção da Associação, representada pelo seu presidente Dr. José Alfredo Almeida, que anunciou a presença de uma figura importante que, apesar de estar atrasada, vinha assistir à cerimónia e realçar o seu exemplo de humanismo no seu tempo com dos Symingtom no presente. E ficaram surpreendidos ao verem entrar a sócia-contribuinte nº1 da associação, a lendária figura histórica D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha da Régua, brilhantemente interpretada pela atriz amadora Olga Alves, numa direção da Dr. Maria José Garcia, que ali representavam a Universidade Sénior do Peso da Régua, sendo no final ambas muito aplaudidas por mais uma inesquecível atuação e colaboração cheia de bom gosto, de rigor histórico e de grande cultura.

Intervieram também neste sessão de gratidão à família Symingtom, presente no Douro, desde o ano 1882, isto é, há mais de cinco gerações, o Presidente da Assembleia Geral da Associação, Dr. José Alberto Marques que, num discurso de grande conteúdo e saber, salientou o ato de benemerência do homenageado, afirmando o seu singular exemplo no momento difícil em que vivemos, sendo depois seguido de umas breves palavras do Dr. Duarte Caldeiras e do Presidente da Câmara do Peso da Régua, ambos a reconhecem o gesto e dádiva de grande valor para o trabalho e a missão dos bombeiros da Régua.

Antes de receber um bonito capacete de bombeiro, com uma inscrição gravada numa placa como o agradecimento dos bombeiros da Régua, das mãos de pequeno soldado da paz, Paul Symington usou da palavra para dizer que estava satisfeito da sua empresa não quer ter apenas lucros na sua atividade, mas poder ajudar os bombeiros e a importância da sua empresa poder participar no desenvolvimento das pessoas e das instituições sociais que trabalham para o bem coletivo da região do Douro.

A sessão acabou com uma magnífica palestra proferida pelo Dr. Duarte Caldeira sobre os atuais desafios das associações de bombeiros, que pelo seu brilhantismo e conhecimento desta matéria, muito agradou a todos os presentes.

Foi mais uma cerimónia que não deixará de enriquecer o longo historial dos Bombeiros da Régua, que desde 1880, se afirmaram na comunidade reguense com uma vontade de servir e, como a Symington, têm as raízes bem assentes no chão duriense e trabalham com um lema Vida por Vida, a pensar no bem-estar das pessoas e com olhos postos no futuro, como referiu o seu discurso o presidente de direção, Dr. José Alfredo Almeida.
Também neste blogue:
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2013. Imagens e texto cedidos pelo Dr. J. A. Almeida para este blogue. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sábado, 3 de setembro de 2011

As primeiras bombeiras


As primeiras bombeiras que integraram o Corpo de Bombeiros da Régua foram a Isabel Correia, a Patrícia Morais, a Sandra Dias e a Guilhermina Silva.

Estávamos já em 1994. Era o Comandante Fernando de Almeida que começava este novo ciclo iniciado, há algum tempo, inícios dos anos 80, em outras corporações, onde surgiram as primeiras bombeiras.

Aquelas quatro jovens mulheres tornaram-se bombeiras por sua vontade própria. Se bem que, de alguma maneira, ajudou muito o exemplo dos seus pais, antigos bombeiros e elementos da sua fanfarra, que lhes ensinaram os ideais do voluntariado.

Estavam desde crianças habituadas ao imaginário dos bombeiros. Em casa viam as fardas, os capacetes e os machados dos pais que usavam para os fogos e, outras vezes, para desfilarem nas cerimónias festivas. Era costume também serem convidadas no Natal para visitarem o quartel e receberem uma prenda oferecida pela direcção da Associação. Esse privilégio dava motivo para, outras vezes, brincarem nos carros de fogo e nas ambulâncias, a fingir que eram já bombeiros. Aprenderam a conhecer os toques da sirene quando tocava a fogo. Aprenderam a dar importância à coragem, abnegação e sacrifícios dos seus pais sempre que eram chamados para ajudar pessoas em perigo ou em risco de perderem seus haveres. Os bombeiros, em qualquer missão de socorro, têm o dever de salvar a vida do seu semelhante mesmo que a sua posa correr perigo. O seu lema universal está sempre: Vida por Vida. Com esse ideal aprendido, essas jovens sonharam que podiam ser iguais aos seus pais. Acreditaram que se podiam tornar em realidade e seriam, como os pais, bombeiras…! 

As primeiras bombeiras foram audaciosas. A ousadia mudou a vida e a rotina num quartel que estava construído para receber apenas os homens. Eram assim desde 1880, os seus fundadores nunca pensaram que, um dia, as mulheres pudessem vestir como uma farda para combater os fogos. Durante muitos anos, um quartel de bombeiros não era um lugar indicado para as mulheres. Por isso, não havia sequer os espaços destinados para as mulheres exercerem as missões de socorro. Quando foram admitidas as primeiras bombeiras, fizeram obras n o quartel Delfim Ferreira para  dar as  condições  as mulheres de  fazerem, sem reservas nem limites, todas as actividades operacionais  de uma missão de socorro.   

Este foi o primeiro passo para primeiras bombeiras se integrarem sem dificuldades no Corpo de Bombeiros que passaram a fazer as mesmas missões de socorro que os homens. Ao toque da sirene, as bombeiras saíam nos carros de fogo e nas ambulâncias, prestavam assistência nos transportes de doentes e, com a mesma coragem, combatiam tanto nos fogos urbanos como nos florestais.

Era o inicio do novo ciclo numa das mais antigas corporações do país que, sem ser pioneira a incorporar as mulheres no Corpo de Bombeiros, aceitou a mudança com naturalidade e soube contornar a resistência dos valores tradicionais de uma sociedade de um meio rural que limitava papel da mulher apenas ser mãe e dona de casa.  
A participação das mulheres nos corpos de bombeiros estava regulamentada desde 1946 pelo Regulamento Geral dos Corpos de Bombeiros, a que corresponde o Decreto n.º 35857, de 11 de Setembro, que consagrou a possibilidade de dentro de certos limites, ou seja, restringia às actividades de apoio à missão operacionais. Esta legislação revogada em 1951, pelo Decreto n.º 38439, de 27 de Setembro, permitia que mulher pudesse fazer um certo tipo de voluntariado nos corpos de bombeiros. Rezava assim, o artº 6 desse diploma legal:  "Os indivíduos do sexo feminino poderão fazer parte dos corpos de bombeiros nos serviços de enfermagem, condução de viaturas, cantinas, secretaria e outros semelhantes".
  
Mas, mesmo assim, só a partir  dos anos 60 é que a presença feminina em muitos corpos de bombeiros do país se tornou frequente, já que começaram a ser constituídos os chamados Corpos Auxiliares Femininos, onde as mulheres que exerciam missões específicas, mas nunca operacionais, dentro do quadro activo do Corpo de Bombeiros.

Daí que o pensamento dominante nessa época era o de que as mulheres deveriam ser afastadas da actividade principal dos corpos de bombeiros. Essa opinião está bem expressa num artigo de opinião de um dirigente associativo, publicada no boletim ”Vida por Vida”, órgão informativo da Associação, em Novembro de 1970, do qual se transcreve esta parte elucidativa:

"Não há dúvida alguma que dar uma farda de bombeiro a uma mulher, colocar-lhe na cabeça um capacete, na cintura um machado e arriba-la a um pronto socorro para ir juntamente com verdadeiros bombeiros a um incêndio – é trata-se de um exagero da nossa lavra. Deixemos essas excentricidades aos estrangeiros, para muitos dos quais a graça feminina parece não estar a merecer grandes atenções… Mas entre nós – pelo amor de Deus! – defendamos o que ainda resta de virtude nos usos e costumes da nossa boa gente. Nós não estamos ainda preparados para tais exotismos. Não fardemos a mulher de bombeiro. Pode dar, sim senhores, um bonito efeito decorativo; mas não brinquemos como coisas sérias.”

Aquelas ideias, hoje completamente ultrapassadas e sem nenhum  sentido,  traduzem os valores subjacentes de uma sociedade machista e reflecte o papel estereotipado reservado à mulher na sociedade portuguesa. Mas, com o 25 de Abril de 1974 o regime democrático estabeleceu na nova Constituição da República Portuguesa o princípio da igualdade entre o homem e a mulher. Desde logo, essa lei fundamental permite que as mulheres tenham acesso com mais facilidade a profissões reservadas aos homens, como era o caso na protecção civil, nas forças de segurança e nos bombeiros voluntários. 

Nos corpos de bombeiros surgiram também significativas mudanças. A mais importante é que as mulheres podem ingressar nos seus serviços operacionais. Assim, na década de 80, inicia-se um processo de reestruturação do serviço de incêndios e as mulheres têm acesso à carreira de bombeiro, passando estas a figurar como elemento do quadro activo e, já nos anos 90, depois de obtida experiência nas categorias de chefia, dá-se a ascensão das mulheres ao quadro de comando dos bombeiros, isto é, no lugar de Comandante.

Actualmente, segundo a Liga dos Bombeiros Portugueses, há cerca de 10 mil bombeiras em actividade. No Corpo de Bombeiros da Régua, a participação das mulheres, desde então, não aumentou de forma significativa: são apenas seis bombeiras que integram o seu quadro activo.
Depois daquelas primeiras heroínas, as actuais bombeiras que fazem parte do quadro activo do Corpo de Bombeiros da Régua fazem a diferença e, sem qualquer dúvida, para o melhor…!
- José Alfredo Almeida*, Agosto de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.
As primeiras bombeiras 
Jornal "O Arrais", quinta feira, 25 de Agosto de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

Colaboração de texto e imagens do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2011.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Retalhos da net - OS ENCANTOS DO DOURO

Há cerca de 2 anos comecei a deslocar-me com regularidade à cidade da Régua, para desenvolver as acções inerentes à organização do Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, realizado nesta cidade em Outubro de 2011. Nestas deslocações tive oportunidade de descobrir os encantos desta cidade e do Douro.

Para esta descoberta contribuiu o meu amigo José Alfredo Almeida, na ocasião Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua e da Federação de Bombeiros de Vila Real. Na verdade devo-lhe a ele os vários roteiros que fiz por essas terras de sonho, onde a harmonia do rio Douro com as encostas verdejantes que o ladeiam nos fascina os olhos e ilumina a alma.

Com frequência recebo fotos da Régua, tiradas pelo José Alfredo com a câmara do seu Telemóvel, em várias horas do dia e em situações climatéricas diferenciadas.

São fotos, como a que insiro neste texto, que revelam um talento muito particular para a arte da fotografia, uma vez que, com um suporte limitado, o José Alfredo consegue documentar a privilegiada beleza de uma região, que a UNESCO reconheceu como perola universal, ao classifica-la como Património da Humanidade.

Sinto necessidade de programar umas férias nestes lugares, que me conquistaram de forma singular. Sinto necessidade de me deter em contemplação sobre as imagens que as fotos do José Alfredo me revelam. Sinto necessidade de reviver a emoção que esta região fantástica do nosso país me provoca, pela mensagem de vida que ela representa. Quero lá voltar!
- Postado por Duarte Caldeira às 09:00 - 18/04/2013 em 'Repórter Caldeira'.
Clique na imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Abril de 2013. Transcrição do blogue "Repórter Caldeira". Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Falar sobre os Bombeiros da Régua


Jaime Luis V. F. Gabão

Falar sobre os Bombeiros da Régua não é difícil para as gentes da Régua. Ao longo da vida e do tempo acompanham-nos em um quotidiano repleto de episódios reveladores de abnegação, doação ao semelhante, generosidade desinteressada, modelos de coragem, sacrifício e por aí adiante. Difícil é para quem como eu, nado e criado até aos 9 anos de idade na sempre estimada Peso da Régua e posteriormente emigrou por força do destino e das circunstâncias para lugares distantes que juntam África, Europa e América do Sul, detalhar o caminho grandioso e beneficente para com o povo vareiro, traçado por essa Instituição já centenária em período no qual, sem abandonar espiritualmente as raízes, só vivenciei fatos da Régua por notícias, por cartas e testemunho de meu saudoso Pai, Jaime Ferraz Rodrigues Gabão quando vivo, também por estadias curtas no berço pátrio para colmatar saudades ou ainda por relatos de Amigos.

No entanto, apesar dessa ‘ausência’, dois acontecimentos marcam nitidamente a minha memoria. Um é o ‘grito’ angustiado da sirene instalada no característico ‘quartel antigo’ dos bombeiros, que ecoava tristemente por toda a Régua na minha meninice feliz, chamando os soldados da paz, ‘grito’ quase desesperado, representativo do acontecer de algum drama em algum lugar, como tantos que o Amigo Dr. José Alfredo Almeida vem descrevendo no Escritos do Douro e vou absorvendo-editando aqui pelos trópicos como se na Régua estivesse fisicamente, fruindo deste ‘milagre’ da comunicação e da informação que é a internet e que tanto nos aproxima. De tal forma ficava apavorado e trémulo em minha ingénua meninice, que buscava aconchego nos braços de minha Querida Mãe Nair ao ouvir essa sirene aflitiva, assim ela me contava... E o segundo, refere o dramático e tantas vezes evocado incêndio da Casa Viúva Lopes, já assim descrito por mim: “Na dramática noite do dia 8 de Agosto de 1953 eu estava lá, em frente à estação da Régua, junto ao muro que dá para o rio Douro, a assistir ao dantesco espetáculo. Com seis anos de idade na época, acompanhava meu Pai Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Nunca saiu de minha memória a beleza assustadora e dramática das chamas envolvendo o edifício enorme da Casa Viúva Lopes. Foi experiência que marca minhas lembranças com nitidez impressionante até aos dias de hoje!”. Dessa data e desse espetáculo belo, dantesco e triste emoldurado pelas sombras de uma noite de verão há 58 anos passados, resultou a morte do Bombeiro João Gomes Figueiredo, também conhecido por João dos Óculos e que o  mestre da escrita do Douro, João de Araújo Correia, homenageou em “HISTÓRIA DE UM SONETO” que pode ser lido aqui (Escritos do Douro).

Em outras paragens, os Bombeiros são-no por profissão. Auferem salário e a isso se dedicam inteiramente. Na Régua não, contava-me meu Pai, ainda em Porto Amélia-Moçambique, enquanto redigia as suas ‘Cartas de Longe’ para o ‘Notícias do Douro’ publicadas nos anos 60/70 ou à mesa de nossa casa africana, em refeições com sabor a Douro e Trás-os-Montes, elaboradas pela mão atinada de minha Querida Mãe e compartilhadas por reguenses como meu estimado Irmão Júlio Gabão, o Guedes tipógrafo, o marinheiro de fragata Zagalo, o Major Leite Pereira, ou mais destacados nas letras como o alferes Manuel Coutinho Nogueira Borges, o tenente médico Dr. Camilo de Araújo Correia (filho de João de Araújo Correia, escritores já falecidos). Todos eles, pela guerra colonial de então ou em busca de uma vida melhor, iam parar em terras de Cabo Delgado e em nossa sala de visitas sempre hospitaleira e de portas franqueadas, amenizando saudades em longas conversas dulcificadas e entremeadas por saborosos cálices de Porto e acepipes culinários, nas tardes domingueiras ensolaradas ou anoiteceres quentes de cacimbo africanas.
Pois e como dizia acima, na Régua os bombeiros são-no por amadorismo e doação desinteressada. Uns trabalham no campo, outros são empregados de balcão, outros sapateiros, comerciantes e assim para diante. E, sem proveito material adicional, nas horas vagas ou, quando avocados pela tal sirene, são Bombeiros da Régua e de todos que precisam de socorro e ajuda. Como ininterruptamente aconteceu afinal, quando no antigo e hoje abandonado cinema sentíamos a segurança tranquila da sua presença física durante as projeções, quando as velhas bancadas de madeira do campo de futebol do Peso, nos anos 50, desmoronaram (e eu junto) repletas de adeptos do SC da Régua, quando de plantão para qualquer eventual acidente em corridas de motos realizadas na beira-rio (organizadas também pelo SC da Régua de que meu Pai era diretor), quando o autocarro com estudantes se despenhou da ponte, quando as ainda existentes casas construídas à moda antiga em esqueleto de madeira se incendeiam, quando os pinhais e montes são desgastados pelo fogo do estio, quando alguém submerge no rio Douro ou quando o mesmo rio Douro, corre farto lá de Espanha e estende com indiferença fria suas águas, transformando em leito as ruas e caminhos da Régua, quando algum automóvel se acidenta nas encostas do Marão, quando alguma pessoa adoece e precisa de uma ambulância que o leve à saúde num hospital do Porto ou mais distante até, quando acompanham à última morada pessoa querida, quando e ainda hoje (assim lemos na internet) acodem um barco de turismo avariado, repleto de viajantes admiradores das belezas do recanto fluvial duriense...,  tudo e sempre num comportamento de grandeza e generosidade, sem diferenças sociais, que sobrevém ao longo de nossas vidas desde que, em “1842, a Câmara Municipal do Peso da Régua resolveu enviar um representante à Câmara dos Deputados a solicitar a concessão de uma bomba, para que na vila se pudesse acudir aos incêndios que por cá deflagrassem” e, mais tarde, quando em “28 de Novembro de 1880, nascia a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua ou Real Associação Humanitária, comandada por Manuel Maria de Magalhães”...

E tivesse eu a sabedoria atilada e conhecimento de meu querido, saudoso Pai e de Amigos que pela Régua e arredores pelejam e escrevem, permaneceria horas a fio ‘falando’ sobre os Bombeiros da Régua, contando a ode de seres anônimos, de parentes, de heróis em feitos exemplares, já fenecidos como seres físicos, mas não esquecidos como entes imortais participantes da minha vida, de muitas vidas, da História da Régua e de um dos seus maiores patrimônios, num hoje ininterrupto, estruturado e continuado na pujança de jovens Bombeiros sempre Voluntários.
Portanto, repetirei e para terminar este meu ‘desabafo’ provocado pelo Amigo José Alfredo Almeida, que é para eles e por tudo que representam minha inabalável admiração!
30 de Julho de 2011
Texto e edição de Jaime Luis Gabão. Colaboração de imagens do Dr. José Alfredo Almeida para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
Falar sobre os Bombeiros da Régua
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 11 de Agosto de 2011
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

RECORDAÇÕES MARCANTES: Coisas dos nossos bombeiros

Abeilard Vilela

É-me sempre difícil dizer "não" a qualquer pedido que me  seja feito por bem. É o caso presente, quando, como agora, o Dr. José Alfredo Almeida, esclarecido presidente dos nossos Bombeiros Voluntários, me solicita que escreva mais duas palavras sobre estes, com factos que guarde na minha memória.

Na realidade, aconteceu que a minha vivência na Régua, a minha terra, se registou apenas durante a  época em que fui um rapazote, já que, aos 24 anos de idade, zarpei para a Guiné, onde me mantive até meados de 1976.

Quer isto dizer que, realmente, não tenho muito conhecimento de factos ligados aos Bombeiros, ou melhor, vivi todo o prestígio que os bombeiros tinham naquele tempo, quando, então, mais me interessavam  os futebóis, com a fundação esforçada do Sport Clube, a construção do campo, as vitórias e as derrotas  (que doíam muito...).

Mas lembro-me de uma constante, que acontecia sempre, qual era o sobressalto de toda a população reguense, quando a sirene (antes, eram os sinos das igrejas...) atiravam para os ares uivantes apelos, clamando pela ajuda dos bombeiros e dos populares.

A cada reguense mais batia o coração, nessas alturas. E muita gente acorria aos locais dos acidentes, assim dando o seu apoio, nem sempre da forma mais recomendável, como terá acontecido numa certa noite de verão, quando um violento incêndio lavrou na margem esquerda do nosso rio, bem em frente da Estação da CP, num prédio de um abastado proprietário de Lamego. Muitos populares, atravessando a velha ponte de ferro sobre o rio, acorreram ao local, onde com toda a brevidade logo chegaram os nossos bombeiros.

Tenho bem presente na memória o esforço destes, que rapidamente estenderam centenas de metros de mangueiras, procurando fazer chegar a água do rio ao prédio que o incêndio devorava… O calor intenso que fazia naquela noite associou-se ao calor do fogo: os tonéis, que existiam nos baixos do prédio, carregados de  vinho fino com a dilatação dos gazes, estoiraram, e o vinho, em catadupa, passou a correr pela valeta da estrada, parecendo um riozinho.
As  gentes aí, perderam o tino: homens e mulheres (e até a miudagem!...) mergulharam as bocas no vinho que corria. Muitos populares passaram a ver o fogo como uma dádiva justa, mais do que uma infelicidade. E, lamentavelmente, alguns bombeiros juntaram-se aos populares, e,  talvez porque sendo jovens, não souberam resistir à pressão dos espectadores.

É certo, também, que entre  os presentes corriam versões que davam má nota aos méritos do proprietário, talvez as queixas habituais dos pobres contra os ricos...  Seja como for, destes anormais comportamentos resultou um oportuno inquérito, que, na altura teve o seu eco. Assim, mais uma vez se comprovando que  "sobre o melhor pano cai a nódoa"...

Outro acidente que recordo, foi o incêndio que destruiu as instalações da nossa Câmara Municipal e que teve dimensões espectaculares, apesar dos esforços denodados dos nossos bombeiros, que o combateram corajosamente.  Foi um incêndio que me emocionou profundamente e que muito me ajudou a dedicar a maior estima pelos nossos bombeiros.

De muitos, guardo ainda uma longínqua recordação, vendo vários em atitudes prestimosas de serviço, atitudes que eram para mim um exemplo cívico inestimável. Sendo eu, então, já menos menino, olhava  para os nossos bombeiros com todo o respeito, admirando-os, porquanto eles, sem esperanças em retribuições e vantagens, ajudavam, os outros, pelo simples amor ao próximo.

Lembro, ainda hoje, algumas figuras que todos estimavam: o Teófilo, o Claudino, o quarteleiro Zé Pinto, todos "paus para toda a colher", todos solidários nos esforços que faziam. E  lembro outras figuras prestigiosas e respeitáveis, vindas de todos os meios sociais.

Na altura, eu tinha outras preocupações, era muito novo, mas já me sentia uma reserva daqueles que estavam ao serviço dos seus semelhantes e a quem olhava com toda a atenção e estima. Tantos anos decorridos, mantenho viva a minha admiração. Mas as coisas correm na vida com a sequência que cada momento oferece. E põem-se com toda a naturalidade e inevitabilidade.

Afinal, a vida é assim mesmo, não é verdade?

Nota: O nosso bem haja a Abeilard Vilela! Agradeço-lhe comovidamente não só como Presidente da Direcção da Associação mas também como um reguense interessado pelas causas sociais. Nos seus 90 anos de vida, acredite que nos deixa o registo de memórias de momentos únicos e de mais três figuras inesquecíveis da Régua, como são os Clementes (o Teófilo e o Chefe Claudino) e o quarteleiro Zé Pinto, infelizmente já falecidos, do exemplo de cidadania activa e o muito que marcaram na história dos Bombeiros da Régua. – J. Alfredo Almeida, Peso da Régua, Julho de 2011. 
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RECORDAÇÕES MARCANTES: Coisas dos nossos bombeiros
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 21 de Julho de 2011
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Colaboração do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O velho Teatro dos Bombeiros da Régua - O Milagre do Cruzeiro


À memoria de António Rafael de Magalhães


Quando havia a tradição do teatro amador alguns dos principais espectáculos fizeram-se no Teatro dos Bombeiros da Régua.

O Teatro dos Bombeiros pouco tinha como sala de espectáculos. Por assim dizer, não era mais que uma improvisada sala do rés-do-chão do quartel, hoje baptizado com o nome do benemérito Delfim Ferreira, situado na Avenida Antão de Carvalho que, por volta de 1950, não passava ainda de uma modesta construção em estado muito inacabado.
As pessoas na Régua sempre tiveram uma devoção pelo teatro. Os antigos apreciavam-no num salão que ficava na Rua 1º. de Dezembro, mas umas das maiores cheias do rio Douro destruiu-o e acabou com o culto das artes cénicas e, durante muito anos, a Régua não teve  mais nenhuma sala. Depois, surgiu o Salão Recreativo, ao cimo da antiga Rua das Vareiras, que depois de muitos sucessos, foi abandonada e esquecida lentamente como sala digna e respeitável de espectáculos culturais. Quem sabe, diz que aí se fizeram exibições notáveis de peças de teatro e representaram actores com nome consagrado a nível nacional.

Hoje as coisas não são assim. A cidade não tem sequer uma casa para a reapresentação teatral. Os actores profissionais deixaram de aparecer nos palcos da Régua. Os actores amadores perderam o gosto pela figuração. O teatro deixou de fazer parte da vida cultural da cidade. Restam para estudo, as memórias desse antigo teatro. Algumas encontram-se historiadas nas crónicas de João de Araújo Correia, publicadas nos seus livros e, algumas, pelos antigos jornais.

Mas, há mais memórias do teatro amador que se fez na Régua para serem contadas. Por exemplo, está por narrar o sucesso que fizeram as sucessivas representações da peça “O Milagre do Cruzeiro”, opereta de quatro actos e um quadro, com letra e música da autoria de António Rafael de Magalhães.
A sua primeira representação desta opereta aconteceu no dia 18 de Outubro de 1950, no palco do Teatro dos Bombeiros da Régua. Embora fosse anunciada para ser levada à cena uma semana antes dessa data, na verdade não chegou a acontecer por ter adoecido um dos actores. Na sua primeira representação, a opereta obteve um extraordinário êxito, o que obrigou a fazerem sete representações consecutivas e, a última, teve lugar no palco do Cine-Teatro Avenida. Chegou também a ser representada no Teatro do Casino Afifense, em Tabuaço no Teatro Luís de Freitas e em Favaios no Teatro António Augusto Assunção, sempre com as casas cheias de espectadores e aplausos merecidos para quem a escreveu e a representou.

A opereta foi escrita para satisfazer um pedido de um grupo de jovens que tocavam na “Orquestra Reguense” dirigida pelo professor José Armindo Ribeiro. Pretendiam representar uma peça de teatro inédita, para com o dinheiro das receitas do espectáculo comprarem novos instrumentos musicais. O autor aceitou o pedido e, em contrapartida, exigiu que uma parte daquelas receitas deveria ser em benefício de uma instituição humanitária carenciada, os Bombeiros Voluntários.
O tema do enredo dessa opereta é simples de contar. Para quem não o conhece faz-se o seu resumo para compreender o motivou tanto sucesso. Segundo o seu autor, baseava-se na vida da aldeia. Como figura dominante da acção está uma menina órfã, a bondosa Joaninha, recolhida e amparada por uma virtuosa madrinha, a Senhora Morgada, que sendo sensível à miséria e dor alheias, recebe a estima de toda a gente da aldeia, muito especialmente dos pobres que visitita com frequência para lhes levar o seu óbulo acompanhado de lenitivas palavras. A paixão que nasce num encontro com o mestre-escola Fernando, vai prendê-los nas teias do mais puro amor. Outra personagem, o Álvaro, filho do fidalgo dos Cabris, moço alentado da aldeia, lembrou-se de dirigir olhares pecaminosos e palavras intencionais à Joaninha, numa das visitas de devoção ao Alto do Cruzeiro que o maldoso e antipático João Ferreiro aproveitou para os seus turvos intentos, disparando um tiro de morte sobre Álvaro, de forma a que a justiça terrena culpasse com causador do homicídio, o apaixonado de Joaninha. A partir desse momento, esta tragédia despedaça o coração de Joaninha que sofre de luto, dor e desolação. Dirige-se ao Alto do Cruzeiro a implorar protecção do Senhor que sempre a tem ouvido…mas em vez de suplicar exige de Deus, impõe em seu favor. Já resignada aceita o sofrimento e confessa-se pecadora e pede ao Senhor a sua morte. Ao cair inanimada aparecem lá do céu os Anjos que levantam o seu corpo débil e trazem-lhe um clarão de esperança que dissipa o negrume de tamanha infelicidade. O crime é desvendado, e renasce um amor eterno.
Foi este o milagre…!!!

É um retrato de uma época e de um país rural que valorizava os valores de Deus, Pátria e Família, vulgarizados como os pilares de uma sociedade em tornou do qual se movia o regime político do Governo de Salazar.
No livrinho de apresentação, o autor da opereta apresentava-a com um juízo mais modesto e de recorte poético. Expressava que se inspirou num cenário de uma paisagem primaveril campestre de uma aldeia rural, assim descrita: “já com prados verdejantes e enfeitados de boninas, malmequeres, e papoilas. As searas prometendo bom ano de pão! Sentia-se a frescura que a viração espalhava o aroma agreste das relvas e o perfume das flores...; aqui um regato de água cantante; além um rebanho dilacerando as ervas tenras e frescas; acolá, no cimo do monte dominando a brancura duma capelinha realçada por um sol rutilante e creador! De vez em quando uma brisa ténue fazia murmurar a folhagem do arvoredo e aves, chilreando, davam largas ao seu contentamento! Mas era preciso começar e por isso curvei-me para esta mansão florida.(…). O resto, aquilo que não podia abarcar com as mãos, trouxe-o nos olhos e ouvidos”.
A história dessa peça encantou a sociedade reguense dos anos 50. Outros tempos…! Quem a conheceu e a viu representar compreende que hoje ela não se adapta as realidades sociais e às vivências humanas do nosso tempo. Já não há quem se emocione com uma história assente nos valores morais e na beleza idílica das aldeias e muito menos são os que acreditam na fé religiosa como recompensa pelos castigos terrenos e na celestina descida dos Anjos para desfazer as injustiças humanas.
Vivemos em outros tempos e outros valores. Apesar de tudo, “O Milagre do Cruzeiro” era o melhor do teatro de amadores que parecer falta ao quotidiano de uma cidade que desperta para o turismo e aos reguenses que querem fugir ao tédio e a rotinas da vida. A opereta agradou mais tanto pela simplicidade da sua história como pela interpretação dos actores amadores, alguns dos quais encarnam perfeitamente a sua personagem, entre eles o Fernando Vasques de Carvalho, Maria Esmeralda de Almeida, Alzira de Sousa, José Ferreira Gado, Maria Amélia Pinto Reinaldo Miranda, António Teixeira e António Braz Magalhães e o Fernando Braz Magalhães. As músicas originais sobressaíram e entraram com facilidade no ouvido, não fossem executadas pela famosa - mas também já extinta - Orquestra Reguense. A “Marcha da Régua”, uma das muitas músicas que se cantava na opereta, veio a tornar-se o hino da cidade, tocado em festas e em representações oficiais. Os cenários vistosos e coloridos, trabalhados pelo brio de um técnico profissional, do Teatro Sá da Bandeira, do Porto, o credenciado Gaspar Leorne, ajudaram no sucesso e fizeram cativar o público.
O velho Teatro dos Bombeiros da Régua desapareceu e, no seu lugar, não há nada que o recorde. O teatro amador acabou por desaparecer e não há pessoas com vontade de o voltar a representar. Assim, o ditaram as novas modas culturais da sociedade reguense. Com poucas condições, nesse tempo, o quartel foi o único espaço cultural que, na pequena vila da Régua, aproximava as pessoas e lhes permitia os serões e convívios mais divertidos e animados.
Desde então, a Régua muito mudou. Se a missão principal dos bombeiros da Régua permanece igual há mais de um século, o seu quartel uma verdadeira obra-prima da arquitectura, que agrada ao olhar mais atento pela beleza de granito da sua imponente fachada principal, deixou de ser o lugar privilegiado para se fazer teatro amador. Perdeu-se a benigna tradição de naquele num palco improvisado se verem actuar os grandes actores amadores da nossa terra.

- José Alfredo Almeida*, Setembro de 2011.
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O velho Teatro dos Bombeiros da Régua
O Milagre do Cruzeiro
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 20 de Outubro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

Clique nas imagens acima para ampliar. Colaboração de texto e imagens do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2011. As fotos acima foram cedidas por Fernando Magalhães, filho do autor desta peça teatral.

  • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária e fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.

terça-feira, 20 de março de 2012

José Afonso de Oliveira Soares

José Afonso de Oliveira Soares, natural do Peso da Régua, é reconhecido enquanto artista e decano dos jornalistas de província, por João de Araújo Correia. Dirige a sua vida à causa social enquanto bombeiro, vindo a comandar a corporação entre 1893 e 1927.
O Senhor Soares, como era conhecido na terra, à qual se dedicou toda a vida, assistiu às épocas conturbadas da viragem do século XIX para o século XX, mantendo-se alheio à política. Desenvolve a sua actividade profissional, além do voluntariado nos bombeiros, no campo das artes plásticas, da literatura e do jornalismo[i].
Nos bombeiros, Afonso Soares, não faz parte do grupo de sócios fundadores, embora apoie a causa desde início, inscrevendo-se como sócio contribuinte. Em 1885, procura fundar uma biblioteca no quartel, revelando, desde logo, um grande interesse pela literatura. Sabemos, no entanto, segundo José Almeida, que essa biblioteca não “mais seria que uma estante com livros raros”[ii]. Eleito comandante da corporação em 1893, sendo o segundo da história desta associação, ocupa o cargo até 1927, ano em que abandona no comando, pois os estatutos não lhe permitiam continuar devido à idade.
Afonso Soares não se destaca no panorama artístico nacional. Embora João de Araújo Correia o designe como “desenhador, gravador, modelador e pintor”, admite, por outro lado, que Afonso Soares não evolui, em primeiro lugar, devido ao seu “feitio dispersivo” e, também, por causa do meio onde se encontrava, longe de “escolas, de estímulos e entusiasmos”[iii]. Mesmo assim, Afonso Soares mantém o seu dinamismo enquanto pintor, efectuando diversos retratos, que tratamos neste trabalho, além de outras obras, algumas delas descritas por João de Araújo Correia no conto Configurações[iv].
Dedicando-se, paralelamente, à escrita, destaca-se como jornalista na imprensa regional, chegando a ser director do Jornal da Régua (1930). Realiza uma monografia, História da Vila e Conselho de peso da Régua (1936), editado pela Câmara Municipal do Peso da Régua. A referida obra acaba por ser publicada numa segunda edição em 1979, o que demonstra a sua importância para a divulgação da cidade e para estudos locais e regionais, mantendo-se ainda actual. Esta monografia, realizada no início do século XX é a única obra de referência deste género acerca do Peso da Régua[v].
A obra plástica que se conhece consiste sobretudo em retrato desenhado, publicado na monografia que realizou e na imprensa, o retrato a óleo sobre tela, pertencentes à colecção de retratos da SCMPR. Como referimos anteriormente, Afonso Soares demonstra uma capacidade diversificada em vários géneros – desde a literatura às artes plásticas, revelando-se um artista de carácter regional, autodidacta, mantendo-se informado cerca das evoluções técnicas da época, nomeadamente da fotografia. Vai socorrer-se deste processo técnico, como faziam os demais pintores, para executar os retratos que conhecemos. Com formação em desenho técnico[vi], o seu traço revela-se com uma qualidade superior em relação à técnica de óleo sobre tela, que não dominava.
A execução técnica das obras revela a ausência de formação académica em pintura, no entanto, a execução do desenho parece-nos muito bem elaborada. A falta de formação na área da pintura leva-o a cometer alguns erros na modelação cromática quer nos fundos, quer nas carnações, retratando figuras hieráticas e inexpressivas. Sentimos que o autor se preocupa, essencialmente, com a semelhança das feições do retrato com o retratado, decorando a execução do retrato psicológico das personagens.
A prática da pintura permite-lhe aperfeiçoar a técnica de óleo sobre tela, a ponto de ser reconhecido enquanto, pintor e de ter legitimidade para fundar na Régua uma escola/ ateliê, onde ensina gratuitamente[vii]. Deduzimos que este reconhecimento público se reflecte na quantidade de obras que Afonso Soares realiza para a SCMPR, o que nos permite supor que nos inícios do século XX, este se torna o “ pintor oficial” da instituição.
Em comparação com os outros pintores expostos na sala das sessões do hospital, as obras executadas por Afonso Soares, um autodidacta, são plasticamente inferiores. No entanto, cumpriram, na perfeição, o objectivo da SCMPR, o de prolongar no tempo a memória de quem contribuiu para a Misericórdia, funcionando como exemplo e incentivo a novos benfeitores, como já referimos no capítulo anterior.
- João Tomé Duarte* - CITEM 

[i] TÓRO – O concelho do Peso da Régua.
[ii] ALMEIDA, José Alfredo – Recordar o Comandante Afonso Soares.
[iii] CORREIA, João de Araújo – Horas Mortas. Régua: Imprensa do Douro, 1968,p.23.
[iv] Ibidem,pp.23-26.
[v] Bandeira de Tóro (1946) e José Braga – Amaral (2007), realizam estudos monográficos acerca de Peso
 da Régua, no entanto, não conseguem ir além do estudo de Afonso Soares, excepto nos assuntos das
 épocas contemporâneas aos referidos autores.
[vi] Supomos ser esta a formação inicial de Afonso Soares pois José Alfredo Almeida refere que o início da
 sua actividade profissional é nas obras da Linha do Douro entre Marco de Canaveses e Peso da Régua
 como “técnico e desenhador”. Cf. ALMEIDA – Recordar o Comandante Afonso Soares.
[vii] Ibidem.

* Este texto dedicado a José Afonso de Oliveira Soares, antigo Comandante dos Bombeiros da Régua, recordado como pintor, faz parte do relatório de estágio curricular  e profissional no Museu do Douro  de João Tomé Duarte, com o título “Retratos dos benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua no Museu do Douro : estudo da coleção” (edição de Autor, Porto, 2011). Agradecemos ao autor a autorização para a sua publicação.

    A fotografia, cedida pelo Senhor Abeilard Vilela para o Arquivo dos Bombeiros da Régua, testemunha o lançamento da primeira pedra para o Monumento Sacadura Cabral, realizado em Agosto de 1925. Podemos ver ao centro, Júlio Vilela a discursar, atrás deste os bombeiros da Régua com o estandarte da sua corporação e à esquerda o Comandante Afonso Soares acompanhado de Camilo Guedes Castelo Branco.

Clique nas imagens para ampliar. Este texto está também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 22 de Março de 2012. Texto e sugestão de J. A. Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Março  de  2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Uma homenagem aos bravos “Soldados da Paz” do Peso da Régua

Que mais será preciso dizer?
Por: Rodrigo Félix Nogueira de Carvalho*

Quando a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua celebra o seu PRIMEIRO CENTENÁRIO, que mais será preciso dizer do que o que já tem sido dito por tantas e tão ilustres personagens, melhor conhecedoras do seu historial, onde avultam gigantescos esforços e abnegadas acções que lhe permitiram vencer e chegar, de fronte erguida e com a satisfação do dever cumprido, ainda que por sinuosos e difíceis caminhos, até estes nossos dias, tão conturbados e tão dominados pelo materialismo?

Que mais será preciso dizer da consciência cívica revelada, em tão elevado grau, pelas sucessivas gerações que serviram o seu CORPO DE BOMBEIROS, onde souberam ser sublimes no ataque ao fogo e intemeratas perante o perigo, ao mesmo tempo que discretas na sua bravura, estóicas na sua temeridade, modestas no seu altruísmo e humildes na recepção de honrarias?

Sim. Que mais será preciso dizer dos que, no exímio cumprimento do dever que a si próprios voluntariamente impuseram, vieram a perecer em defesa dos que algum dia viram as suas vidas e bens em risco de se perderem, inscrevendo os seus nomes, a ouro, entre os dos heróis do VOLUNTARIADO e legando a sua glória como nobre exemplo a apontar aos vindouros, com justo orgulho?

Não sei.

Não sei, nem, conhecedor das minhas limitações, certamente o saberia dizer se, acaso, tanto fosse ainda necessário.

Assim, nesta hora de júbilo e felicidade, muito singelamente, desejo apenas prestar a minha homenagem aos bravos “Soldados da Paz” da encantadora e hospitaleira vila do Peso da Régua, agora a servir de sala de visitas do distrito, no XXIV Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, não só pelo que ao longo de todo o caminho percorrido souberam realizar, mas também pela certeza que me acompanha de que irão prosseguir na rota do progresso e da causa humanitária a que se votaram e já tanto prestigiaram.
E a esta minha modesta e singela homenagem eu quero juntar uma outra, vibrante e grandiosa, dos BOMBEIROS DO DISTRITO, entre os quais dos Voluntários de Vila Real e Cruz Verde, que, porque irmanados pelo mesmo sublime ideal, se afirmam presentes e felicitam os seus companheiros neste limiar de um novo século ao serviço da Humanidade.

Parabéns, pois, e honra aos VOLUNTARIOS DO PESO DA RÉGUA para honra e glória dos BOMBEIROS DE PORTUGAL.
* Antigo Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real e da Presidente da Direcção da AHBV de Vila Real e Cruz Verde.

Notas:
  1. Em memória do Sr. Rodrigo Félix deve dizer-se que começou como dirigente da AHBV de Vila Real e Cruz e Verde, sendo eleito Secretário da Direcção em 23/3/1957, onde se manteve até ser eleito Presidente da Direcção; em 20 de Janeiro de 1975 é eleito Presidente da Direcção, onde se manteve até 19 de Janeiro de 1996; em 20 de Janeiro de 1996 é eleito Presidente da Assembleia-geral, mantendo-se nessa função até ao seu falecimento em 15/2/2005; fez ainda parte do Conselho Geral da Associação por inerência do cargo de Presidente da Assembleia-geral; foi um dos fundadores da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real, criada em 15/9/1978, sendo eleito seu primeiro Presidente de Direcção, onde esteve durante vários mandatos; foi Membro da Assembleia de Delegados da Liga dos Bombeiros Portugueses; fez parte dos Órgãos Sociais eleitos da Liga dos Bombeiros Portugueses e foi Conselheiro Regional da Inspecção Regional dos Bombeiros do Norte.
  2. Este seu magnífico texto encontra-se publicado na revista comemorativa do 100º Aniversário da AHBV do Peso da Régua, publicada em 1980. As fotografias registam algumas das cerimónias dos bombeiros da Régua – a festa despedida do Comandante Cardoso, a tomada de posse do Comandante Fernando Almeida e a imposição de uma medalha de mérito num bombeiro – que tiveram lugar no Quartel Delfim Ferreira, onde o Sr. Rodrigues Félix interveio na sua qualidade de Presidente da Direcção da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real.
 - Colaboração de José Alfredo Almeida*, Peso da Régua, Agosto de 2010.
  • *José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua de onde é natural e de figuras marcantes do Douro.
Jornal "O Arrais", Sexta-Feira, 24 de Dezembro de 2010
Uma homenagem aos bravos “Soldados da Paz” do Peso da Régua - Que mais será preciso dizer?
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Uma homenagem aos bravos “Soldados da Paz” do Peso da Régua

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os meus bombeiros

                                                                                                                            José Alfredo Almeida
      
Lembro-me de ler uns versos de Camilo Guedes Castelo Branco em que evoca a missão heróica dos bombeiros. Li-os escritos sobre uma fotografia a preto e branco onde está retratada a figura de um bombeiro sem que se veja o rosto, fardado a rigor, a sair de uma casa em chamas, com uma criança ao seu colo. São estes os versos: “E eis que em meio trágico do braseiro/surge a figura altiva do bombeiro/ Trazendo ao colo o pequeno ser”.

Não sei precisar a data em que os escreveu e chegaram a ser publicados. Apenas posso dizer que foram declamados, no verão de 1950, numa brilhantíssima récita de artistas amadores e da Orquestra Reguense, dirigida pelo professor José Armindo, em benefício da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Régua.

Quando aconteceu essa récita, Camilo Guedes Castelo Branco já não era vivo, falecera em 25 de Agosto de 1949, com 81 anos, mas o seu filho Jaime Guedes era, nesse tempo, o presidente da direcção da associação.

O poeta Camilo Guedes Castelo Branco não fez parte do grupo dos fundadores da Companhia dos Bombeiros Voluntários da Régua, como então se dizia, mas foi pioneiro ao alistar-se aos 17 anos como bombeiro. Conheceu os principais fundadores da Companhia, aprendeu os ensinamentos do combate aos fogos com os três primeiros comandantes e teve formação com o inesquecível Comandante dos Bombeiros do Porto, Guilherme Gomes Fernandes.

Na Régua do seu tempo, o poeta ficou mais conhecido como comandante dos bombeiros e pelo seu exemplo de dever cívico, mas é injusto não o recordar pelas outras facetas da sua vida, onde se revelou um cidadão empenhado política, social e culturalmente. Deve ser lembrado como um defensor moderado do ideário político republicano no concelho da Régua, onde exerceu as funções de administrador. Este discreto ajudante de notário foi ainda jornalista na imprensa local e dirigiu jornais importantes que se publicaram na Régua, como o jornal O Cinco de Outubro. Publicou apenas um livro, o Fraternais Dolores (1923), e deixou muita poesia dispersa nos jornais. Por editar ficou o livro Arias Sertejanas, mas isso não impediu que Camilo Guedes Castelo Branco fosse reconhecido como poeta “lírico de altíssimo talento”, como disse João de Araújo Correia, que incluiu na sua Lira familiar uma das poesias do nosso comandante. Os seus dotes literários brilharam também como autor de peças de teatro, destacando-se a opereta As Andorinhas, que foi musicada pelo maestro Almeida Saldanha e popularizada dentro e fora da Régua nos palcos do teatro amador.

Mas vamos ao que interessa, que são aqueles versos dedicados a um bombeiro sem nome e sem rosto. Quem concebeu a ideia de associar os versos do poeta a uma fotografia de um bombeiro com uma criança ao colo, teve como intenção construir uma imagem apelativa ao sentimento, evidenciando o sentido muitas vezes dramático da missão de um bombeiro, que nunca procura A SUA HONRA NEM A SUA GLÓRIA na hora de salvar uma vida em perigo.

Pela qualidade literária, pela vibração afectiva e pelo sopro de humanidade que dela se desprende, gostava de lembrar e partilhar a poesia “O Bombeiro”, donde foram retirados aqueles versos:  

“No silêncio da noite, de repente,
Ergue-se a voz estrídula dos sinos
      num longo baladar
E à distância brilhou, sinistramente,
Um clarão, que tingiu a luz do luar
    de laivos purpurinos.
“Fogo! Fogo!”-alguém diz com aflição.
E logo a pobre gente do lugar,
toda cheia de espanto e de canseira,
Pôs-se a correr, gritando, em direcção
    da medonha fogueira.

O incêndio crepitava 
e, batido do vento, devorava
Uma pequena casa arruinada.
E, perto, uma mulher d`olhar aflito
erguia as mãos ao céu calmo e infinito
a chorar e a gemer desesperada.
Ali, em meio da fogueira, tinha
essa mulher um filho, a criancinha 
mais bonita da velha povoação,
e o fogo, em seu horrível avançar, 
iria dentro em breve transformar 
o seu pequeno corpo num carvão.

Metia dó a pobre mãe! Mas como
Salvar-lhe o louro e cândido filhinho,
    se a labareda e o fumo,
num espantoso e horrível torvelinho,
ameaçam devorar rapidamente
quem se abeirar dessa fornalha ingente?

Podes chorar, mulher! ninguém te acode.
Chora, que és mãe; mas vê que ninguém pode
esse anjinho das chamas libertar.
Olha: em meio da tétrica fogueira
anda a morte, feroz e traiçoeira,
    a acenar, a acenar…

Mas nisto, junto ao prédio incendiado
surge um homem soberbo de valor.
A multidão ansiosa solta um brado
    de espanto e terror.

Ele caminha sempre com a firmeza
e a intrepidez estóica dos heróis;
escala a casa em chamas com presteza,
escala a casa em chamas…e depois…
    depois desaparece.
E a pobre mãe aflita cai de bruços
A murmurar baixinho, ente soluços,
    Uma prece…

Na multidão, silêncio. Só se ouvia
um secreto rumor, que parecia
o palpitar de muitos corações…

Senhor! És pai e cheio de bondade!
estende lá do azul da imensidade
O teu olhar repleto de perdões!

E eis que em meio trágico do braseiro
surge a figura altiva do bombeiro
Trazendo ao colo o pequeno ser.
Passou…desceu…e dentro em pouco, ansioso,
depositava o fardo precioso
no regaço da pálida mulher.”

O poeta sabe do que fala; como velho bombeiro que foi, retirado do corpo activo, parece recordar uma história real de um fogo, um que ele próprio combateu com o seu espírito abnegado e corajoso ou um dos muitos em que comandou. São esses heróis sem tempo, sem rosto e sem nome que, para protegerem as nossas vidas e bens, sacrificam, se for preciso, a sua própria vida. O comandante Camilo Guedes Castelo Branco ensinou o seu lema aos seus bombeiros: “Para se salvar uma criatura de uma morte certa, todos temos a obrigação de sacrificar seja o que for, mesmo que sejamos nós próprios”. 

Os bombeiros são heróis anónimos. Como está visível na poesia, a medalha mais importante é o bem que fazem; são a sua coragem e o seu altruísmo que nos devolvem nos maus momentos a esperança, a alegria e o sorriso de eternamente gratos pela sua existência.
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As minhas recordações da infância estão povoadas com os primeiros bombeiros que vi a combater um fogo que ameaçou destruir uma velha casa nas Caldas do Moledo, lugar onde nasci e dei os meus primeiros passos. Se não fossem esses corajosos bombeiros, as chamas teriam reduzido a cinzas a vida de uma família pobre e os seus míseros haveres. Nunca soube o nome dos bombeiros que apagaram esse fogo, mas eles ficaram-me retidos nas malhas da memória como heróis.
Mal sabia eu que, muitos anos depois deste fogo, as voltas do destino me pregavam uma partida e faziam-me ser um bombeiro, sem farda nem capacete, pois que fui convidado para assumir a Direcção da Associação, isto é, tomar conta das contas, dos papéis, das mil e uma burocracias que não os podem ocupar para estarem sempre prontos a responder ao toque da sirene. 
Tive fortes razões para recusar o convite, mas o apelo das minhas memórias de um fogo fizeram com que aceitasse, com honra, um cargo directivo para o qual não sabia se estava preparado, nem se teria competência para estar ao lado de homens que eu admirava e eram os meus heróis. O certo é que tive de aprender com os bombeiros no activo, e, no meio de muitas tormentas, deixei-me ficar na companhia deles. Quando olho para o calendário do tempo, vejo que já passaram cerca de quinze anos a dirigir os nossos bombeiros. Não são muitos os anos a que me dedico com zelo à instituição se os comparar com a sua longevidade já mais que centenária. Confesso que me limitei a dar um pequeno e humilde contributo para a tornar melhor, como fizeram todos os meus antepassados. Aprendi com os bombeiros lições de sacrifício e solidariedade e actos de muita humanidade.

Por isso, muitas vezes me recordo daqueles versos de Camilo Guedes Castelo Branco impressos numa fotografia eterna que me não deixa esquecer os meus bombeiros, heróis sem nome nem rosto que continuam a apagar o fogo da minha memória, lá nas ruínas do velho Moledo, cumprindo o espírito da sua missão: VIDA POR VIDA.
- Versão modificada e actualizada em Outubro de 2013.
Nota do autor*: Este título fico a dever por inteiro ao Dr. Camilo de Araújo Correia que, em primeira mão, deu origem a uma sua deliciosa crónica, para nos contar histórias dos tempos em que foi Presidente da Direcção da Associação dos Bombeiros da Régua.
    • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também cronicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária e fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.
    OS MEUS BOMBEIROS
    Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 15 de Dezembro de 2011
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    Clique  nas imagens para ampliar. Colaboração de texto e imagens do Dr. José Alfredo Almeida e edição de Jaime Luis Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2011. Versão modificada e actualizada em Outubro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.