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sexta-feira, 15 de março de 2013

A Régua de outros tempos…

A transmissão dos conhecimentos que vamos adquirindo ao longo dos anos de vida – conhecimentos de ordem prática, de que cada um recolhe  lições como  as entende – parece-me, realmente, ser um procedimento conveniente. Em resultado das sensibilidades e do entendimento das coisas por cada um, - talvez, até, por vezes, com entendimentos contraditórios, dos mesmos fenómenos – julgo eu que resulta para  cada um de todos os outros e para todos, simultaneamente, um afunilamento de percepções mais ou menos diferentes, mesmo mais ou menos opostas. Apreciadas e amadurecidas pelas sociedades, tais percepções constituem a verdadeira história e conduzem-nos aos conhecimentos certos, em todas as suas formas, considerando as suas causas e permitindo-nos prever melhor as consequências. Estes conhecimentos, vindos de várias fontes, são os que correspondem às realidades vividas em cada tempo, afastam ficções, são menos inexactos, mais merecedores de confiança.

É dentro desta convicção que me abalanço a  relembrar factos que vivi em tempos passados – há mais de meio século – que, por vezes, me sairão tratados com menos acerto, traído que serei pelo muito tempo já decorrido, nunca se podendo esquecer que eu próprio sofri mudanças de entendimento, acompanhando as evoluções tecnológicas, o efeito das modernidades, as influências dos avanços da nossa sociedade. Na verdade, os meus olhos de hoje não entendem as coisas de hoje com o entendimento que, certamente, teriam tido setenta anos antes. Os mesmos factos, passando sobre eles o tempo, evoluem também, por razões de modernidade e de desenvolvimento, por todas as razões que nos cercam.

Ressalvando possíveis adulterações das realidades que vivi naquele tempo, pelas razões tão apressadamente já referidas – ouso relembrar a situação política e social que se atravessava no nosso País no período de 1941 a 1945, andava eu pelos meus 20 anos de idade, quando, então, estava vivendo na Régua, esperando o meu arranque para a vida de trabalho que estava chegada.

Antes de mais, quero destacar que a Régua era marcada pelos acontecimentos nascidos da guerra civil, que pouco antes cessara em Espanha, e pela guerra mundial que acontecia em pleno, logo de seguida à da Espanha.

A pobreza e a modéstia de vida da nossa gente eram uma evidência: - estava instituído o racionamento dos géneros alimentícios e de muitos outros, o que dificultava a vida, principalmente dos homens das vinhas; a tuberculose (a tísica, como lhe chamavam) matava gente aos milhares; os pequenos proprietários das vinhas confrontavam-se com as poucas senhas de racionamento; os “pés-descalços” de mulheres e crianças  passavam abundantemente pelas ruas da vila e das freguesias; o analfabetismo dominava toda a Região; os empregos eram poucos e mal remunerados; os trabalhadores das vinhas, mourejando desde o romper da manhã até ao findar das tardes, recebiam de salário 9$00 diários, quando calhava encontrarem trabalho; comia-se correntemente sardinha salgada, que se comia pela metade, e que se vendia em barricas, mal cheirosas… A Casa do Douro, cujo edifício acabara de ser construído, dava um ar da sua graça, garantindo trabalho regular a alguma gente da Régua e das terras limítrofes, e que, tal como a actividade dos caminhos-de-ferro, na Régua - importantíssima, pelo movimento que trazia para a vila e pelos empregos que garantia - eram as felizes excepções a tão degradada situação. No Largo da Estação, o movimento era também importante, contrastando com as inactividades regionais.

Se os mais desprotegidos conheciam extremas dificuldades, os mais favorecidos não deixavam de conhecer também algumas dificuldades. Toda a população lutava dificilmente para  garantir algum nível de vida, sendo de destacar a actividade comercial, que continuava o seu relacionamento, embora mais limitado, com toda a Região, de que era o centro.

A Juventude, porém, com poucas escolas capazes de ministrar conhecimentos mais desenvolvidos, estudava em cidades próximas, em Lamego e em Vila Real, desenraizando-se da Régua, a sua terra natal. Grande parte desta juventude, menos favorecida, impossibilitada, ficava pelas aldeias, onde imperavam o analfabetismo e o alcoolismo, com as consequências inerentes.

O desporto – uma actividade própria da juventude – era, na Régua, uma actividade de prática quase impossível. Os terrenos que envolvem a Régua eram caríssimos, fora das veleidades dos jovens da nossa terra. Antes da época em que enquadro estas referências, conheci um espaço, na margem esquerda do rio, a que chamávamos um campo de futebol. Estava situado onde está, hoje, o cais de mercadorias. Quase ao mesmo nível  das águas do rio, que corriam no verão, a mais pequena subida das águas impedia qualquer utilização. Sendo assim, também era impedida qualquer utilização regular, pelo que deixou de ser procurado. A Régua não tinha, sequer, um rudimentar campo de jogos, por isto mesmo a juventude, sem possibilidades de bem utilizar os seus tempos livres, sem bibliotecas, perdia-se pelos cafés, pelos bares onde melhor se bebia, nos bilhares, enfim numa vacuidade censurável.

As actividades comunitárias eram de prática rara e mais raras, ainda, para os jovens. Lembro-me, no entanto, do grupo das “Andorinhas”, que foi criado sob a égide da senhora D. Branca Martinho e em que o meu irmão, Júlio Vilela, foi seu principal dinamizador, animando os palcos com canções brasileiríssimas e com bem cantados fados portugueses, dedilhando a viola, representando e dando dois dedos de conversa com o povo. A iniciativa foi viva durante bastante tempo e bem serviu a população da nossa terra, que aderiu em absoluto aos muitos espectáculos realizados.

Mas, por vezes, aparecem surpresas na monotonia das coisas. Na rua da Ameixoeira, um grupo de rapazes, quase todos trabalhadores nas oficinas do Corgo, resolveram juntar-se, para constituírem um grupo de futebol, que ia dando uns pontapés na bola pelos campos das aldeias dos arredores e num bocadinho de terreno, que viria a ser o “Campo das Figueiras”, bem perto do túnel que está entre o Moledo e o Salgueiral. Este grupo, aperceberam-se disso os seus organizadores, era muito desequilibrado, faltando um mínimo de qualidade em vários postos da equipa.

Paralelamente, também eu, com o meu restrito grupo de amigos, tomámos idêntica iniciativa e constituímos igualmente um grupelho para jogar a bola, grupo que enfermava das mesmas falhas do grupo dos Ferroviários, faltava-lhe gente minimamente habilidosa. Um dia, o Fernando, tipógrafo de profissão, e o Manuel, das oficinas do Corgo, vieram-me pedir que passasse a jogar pela equipa ferroviária, com o que vieram ao encontro de constituirmos um grupo único e de melhor qualidade. Prometi-lhes conseguir também a colaboração de outros jogadores do meu grupelho, como eram o Carvalhais, o António Monteiro, propondo-lhes que, partindo desta unidade, nos esforçássemos por legalizar o novo grupo em constituição, mais lhes prometendo conseguir a colaboração, para o efeito, do meu irmão Júlio, e de vários amigos deste, todos eles homens de alguma notoriedade no nosso meio, o que, de certo modo, poderia dar boas asas ao grupo. Foi assim que, realmente, nasceu o Sport Clube da Régua, que, de imediato, no “campo das Figueiras”, obteve muitas e variadas vitórias, incluindo sobre grupos da cidade do Porto, como o Académico (recheado de jogadores estrangeiros, refugiados de guerra), do Boavista, do Salgueiros e de outros, que, embora de menos categoria, deram um certo nome ao Sport Clube.

Não devo esquecer, contudo, que, para a nossa fama, muito contribui o “Peseta”, glória do Boavista e da Académica de Coimbra, que, como regente agrícola, viera servir para a Casa do Douro. Foi treinador da nossa equipa e deu-nos um mínimo de organização e eficiência, pelo que será um nome a nunca esquecer pelo Sport Clube da Régua.

Parece-me, nesta oportunidade, dever relembrar alguns dos companheiros que, comigo, alinharam no novel S.C. da Régua, onde deram o que mais podiam e sabiam, com dedicação, constituindo um grupo muito igual. Não gostaria de distinguir mais uns do que os outros, mas não posso deixar de referir aqueles que mais directamente me protegiam as redes, os meus “backs”, as minhas defesas: o Carvalhais, meu particular amigo, que já vinha de outras lides, como a da caça, um futebolista que tinha o dom de adivinhar as minhas “saídas” da baliza a destempo, logo me substituindo nelas, o que me facilitava a função; o Jerónimo, a minha melhor defesa, um habilidoso, que desarmava facilmente os adversários, elegante, limpo e leal no jogo, funcionava como um aloquete; e o Colega, poderoso, rápido, com muito bons pés, um excelente atleta. Eu, com eles, constituíamos uma barreira difícil de ultrapassar. Merecem-me estas referências, porque me safaram de muitas dificuldades e em todos os jogos me deixavam bem-disposto e confiante.

Mas uma equipa de futebol não eram quatro, mas sim, naquela altura, 11 elementos: os três médios, de que recordo mais o Santos Melo e o Gervásio, bons jogadores em qualquer parte; e os cinco avançados, de que lembro uma importação vinda de Lamego, o Manelzinho (excelente, um “driblador”), outra, o Toni (vinda do Pinhão, possante e que rematava com muita eficácia) e, ainda, o Canário (pequenino, rápido, um excelente extremo). E alguns outros, menos efectivos na equipa, mas sempre capazes, quando utilizados, e que ajudavam à robustez e pujança da nossa equipa. Estes foram os rapazes que fizeram fama, principalmente no campo das Figueiras, talvez por ser um terreno de pequenas dimensões.

Do campo novo, na curva da estrada, com o nome de José Vasques Osório, já dentro da Régua – que foi uma aquisição excepcional e de uma construção gloriosa – guardo também gratas recordações, mas, nele, vim a jogar  por pouco tempo, que a vida, em breve, me levaria para longe, por pouco  tempo para Chaves (onde, ainda, continuei a jogar futebol pelo “Flávia”) e, mais definitivamente, para a Guiné, onde o Comando Militar não me autorizou, “prudentemente”, a jogar…

Ainda no período de criação do S.C. da Régua, fomos fazer um jogo de apresentação a Vila Real, satisfazendo o desejo de confrontação que tínhamos e para nos avaliarmos em relação à valorosa equipa da capital do distrito. Conseguimos, fora de portas, um empate, o que causou grande alegria, quando do regresso à Régua, a toda a gente que se deslocara em comboio especial a Vila Real e, depois, na vila, onde fomos recebidos com foguetes!... A Régua parecia ter acordado.

Também nos exibimos em Lamego, com menos interesse, por menor valor representativo da representação lamecense, mas em outras deslocações que fizemos, por Trás-os-Montes, pelo Minho e pelo distrito do Porto, continuámos sempre na senda dos bons resultados. Ainda hoje guardo algumas boas recordações das nossas deslocações a Mirandela, Bragança, Chaves, Constantim, Fafe, Amarante, Penafiel, Lamego e outros locais.

Mas seríamos muito injustos se não fizéssemos algumas referências à acção dos vários dirigentes do clube. À cabeça, ponho o meu irmão, o Dr. Júlio Vilela, e faço-o mais uma vez com todo o gosto. Presidente do clube, que foi, foi ele também que estudou e preparou os estatutos, foi ele que dinamizou o aproveitamento do terreno de jogo do novo campo, que, na Régua, foi uma verdadeira novidade. Encontrou o meu irmão companheiros que o ajudaram na sua tarefa, como foram o Azevedo (da padaria), um dirigente que me ofereceu do seu bolso umas botas de futebol, e outros, como o Bonifácio, que, semanalmente, apitava e bem, sem reclamações, os jogos que fazíamos, apesar da sua costela ser, à evidência, reguense. E o Mendes de Carvalho. E outros dois, também padeiros, mas cujo nome já não recordo…

Até eu… que tentei arrancar alguns jovens para a prática do basquete e do atletismo, mas sem êxito. Ainda consegui que se fizesse um festival nas traseiras da Câmara, mas não passei daí, que os jovens não aderiram com qualquer interesse.

Foi assim que, naquela época dos anos 40, vimos implantado na Régua o passatempo do futebol, com um espírito saudável, de amadorismo puro, mas com algum relevo. Hoje, homem velho, sinto alguma vaidade pela minha comparticipação em tal motivação útil e saudável. Creio que o futuro do clube está garantido, já tem algum suporte histórico, por ele passou já muita gente que beneficiou da sua existência. Mas o S.C. da Régua não pode viver de memórias, antes tem de se revitalizar todos os dias. Os resultados do clube não se medem pelos resultados dos jogos, mais se avaliam pelo compostura dos seus sócios e dos seus atletas, pela abrangência das suas actividades, pela extensão cívica de toda a sua acção. “Mens sana in corpore sano” - deverá ser um lema cada vez mais a orientar as gentes do S. C. da Régua, vencendo barreiras e dificuldades sem esmorecimentos.

Viva a Régua!
- Peso da Régua, Março de 2013, Abeilard Vilela
Clique nas imagens para ampliar. Imagens e texto cedidos pelo Dr. José Alfredo AlmeidaEdição de imagem e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Março de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Recortes da net: Era uma vez um COMBOIO HISTÓRICO ? - A Linha do Tua

Do Blog "Memórias... e outras coisas... BRAGANÇA" - Filme documentário de Jorge Pelicano sobre a linha do Tua.

«Pare, escute, olhe» é um filme documentário de Jorge Pelicano sobre a linha do Tua, cuja antestreia ocorreu em Mirandela a que assistimos. Foi vencedor de sete prémios nacionais e está disponível em DVD de 30 minutos, mas tem gravações de duas horas.

O guião pega na causa da linha do TUA, em que se retrata bem alguns políticos troca-tintas. Começa na grande manifestação de 1992 com a supressão do comboio entre Mirandela e Bragança, para desembocar na grande barragem do Tua. Esta poderia ser desdobrada em duas ou três e poupava-se a jóia da engenharia ferroviária portuguesa do século XIX, com um potencial de desenvolvimento imenso que seria posto a render em qualquer país desenvolvido.

Pelo que se tem divulgado Mirandela com este filme seria de inteira justiça que a Assembleia Municipal de Mirandela, registasse para o Jorge Pelicano um «Muito Obrigado».

A mítica linha, em bitola reduzida, e o comboio quase faziam parar o relógio do tempo. Neste momento, era importante registar no terreno a sua memória, pelo que desafiamos os municípios ribeirinhos (Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Murça e Alijó) a traçarem um «trilho pedestre Linha do Tua» intermunicipal (também para BTT).

Sugerimos, ainda, ao Município de Mirandela que faça um núcleo museológico da linha do Tua, com um misto de espólio de material ferroviário, fotografias antigas e com suporte digital. Ao museu poder-se-ia chamar «Memória das Terras de Mirandela».
- Por: Jorge Lage, in jornal.netbila.net
Publicada por Hengerinaques em Terça-feira, Novembro 06, 2012
"Pare, Escute, Olhe" de Jorge Pelicano, vencedor de 7 prémios nacionais, incluindo Melhor Documentário Português no DocLisboa 09, agora numa edição dupla de DVD. Mais de duas horas de extras, onde se inclui imagens antigas da linha ferroviária do Tua, mini-documentários sobre a ferrovia, making of, banda sonora original, fotos, entre outros.
- Disponível para venda na FNAC, El Corte Inglês e em http://coagret.wordpress.com/
  • Alguns post's neste blogue sobre os históricos e tradicionais comboios do Douro em vias de desaparecerem.
Clique na imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Transcrição do Blog "Memórias... e outras coisas... BRAGANÇA". Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.  

terça-feira, 31 de julho de 2012

Recortes sobre o DOURO


Comboio Histórico do Douro regressa em Agosto

(Transcrição) - O Comboio Histórico do Douro regressará já no mês de Agosto embora, segundo a C.P., possa vir a não contar com a máquina a vapor de 1925, como tem sido hábito, mas com locomotiva a diesel, datada de 1967, que conserva, também, todas as suas características originais.

A locomotiva a vapor, de 1925, estará em exposição na estação de Peso da Régua para ser visitada pelos Passageiros do Comboio Histórico do Douro.

Esquecendo o facto de a máquina não ser a de 1927, mantém-se toda a singularidade da viagem e a experiência que ela proporciona pois o passeio continua a ser feito a bordo das cinco históricas carruagens de madeira, desfrutando da beleza da paisagem do Douro vinhateiro, e divertindo-se com a animação que será proporcionada por um grupo de música e cantares tradicionais, ao mesmo tempo que prova a bôla regional, acompanhando-a de um cálice de vinho do Porto Quinta Nova Nossa Srª do Carmo.

As viagens continuam a efectuar-se todos os sábados até 13 de Outubro, entre a Régua e o Tua, também com paragem na vila do Pinhão.

Em Setembro, realizam-se, também, ao domingo de manhã.

Este ano a C.P. criou, pela primeira vez, quatro Packs que incluem a viagem no Comboio Histórico e as viagens de ida e volta de qualquer ponto do país até à Régua em oferta regular nos serviços Alfa Pendular, em classe Turística, Intercidades, em 2ª classe ou InterRegional e Regional.
- Zita Ferreira Braga - Jornal "HardMusica".

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Retalhos - O Douro, num passeio de comboio a vapor

Transcrição: O comboio histórico está de regresso aos carris. Até Outubro é possível visitar a região numa autêntica viagem no tempo.
Uma locomotiva a vapor construída em 1925 e cinco carruagens históricas percorrem desde o passado dia 30 de Junho a distância que vai da estação da Régua à estação do Tua. A conhecida viagem no tempo pelos trilhos do Douro proposta pela CP esteve este ano ameaçada por falta de financiamento, mas os apoios chegaram a tempo para poder reabrir o percurso nos meses mais quentes do ano.
É assim que volta a ser possível percorrer num comboio a vapor a paisagem classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. Todos os sábados, de 30 de Junho a 13 de Outubro, e nos primeiros quatro domingos de Setembro, o Comboio Histórico do Douro fará este trajecto de cerca de 80 minutos (3 horas e meia, se contarmos com a ida e volta mais paragem). Durante a viagem, enquanto a vista repousa entre as calmas águas do Douro e as vinhas, a CP garante animação a bordo, com cantares regionais ao vivo, oferta de bôla regional e um cálice de vinho do Porto. Já no Tua pode-se observar a inversão na linha da máquina a vapor com recurso a uma placa giratória.
O preço do bilhete é de 45€ para os adultos e 25€ para as crianças (5 aos 12 anos, inclusive). Caso queira juntar ao passeio o percurso até à Régua de comboio, de qualquer outro ponto do país, a CP propõe preços especiais. E se quiser ficar a passar a noite num dos hotéis da zona, saiba que os clientes do Comboio Turístico usufruem de condições preferenciais. A informação mais detalhada está no site da CP.
Horários: Sábados - Partida da estação da Régua às 14:48 e chegada à estação de Tua às 16:05; Regresso: saída da estação do Tua às 17:06 e chegada às 18:22. Domingos – Partida da estação da Régua às 09:45 e chegada à estação de Tua às 11:02; Regresso: saída da estação do Tua às 11:58 e chegada às 13:14.

Contactos: 221 052 503/ 511/ 524

Site: CP 
Outras "linhas" ...
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Boas novas - Linha do Douro: CP retoma viagens históricas a 30 de Junho

Por Agência Lusa, publicado em 5 Jun 2012 - 09:25 - (transcrição) - A CP retoma a 30 de junho as viagens de comboio histórico na linha do Douro, depois de, no ano passado, ter ameaçado com o fim do serviço por falta de parceiros para o financiamento do projeto.

Entre junho a outubro, a velha locomotiva a vapor vai percorrer os 46 quilómetros que separam o Peso da Régua do Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro, as vinhas que são Património Mundial da UNESCO e que atrai centenas de turistas a este território.

Fonte da CP disse hoje à Agência Lusa que, em setembro, se realizam também viagens ao domingo de manhã, uma das novidades divulgadas para esta época.

Também pela primeira vez, a CP criou este ano quatro pacotes que incluem a viagem no comboio histórico e as viagens de ida e volta de qualquer ponto do país até à Régua em oferta regular nos serviços Alfa Pendular (em classe Turística), Intercidades (em 2ª classe) ou InterRegional e Regional.

Os preços variam entre os 50 euros para adultos que se desloquem a partir de estações a norte de Coimbra, até aos 80 euros para quem decida efetuar a viagem desde Faro e regresso.

Em todos os percursos, as crianças até aos 12 anos pagam meio bilhete.

No caso de grupos numerosos existe ainda a possibilidade de realização de comboios especiais, mediante condições a acordar com a empresa.

No final da época 2011, a CP ameaçou com o fim do comboio histórico no Douro caso não encontrasse parceiros para ajudar a financiar o serviço. Apesar disso, este ano, resolveu prosseguir com as viagens históricas na Linha do Douro.

Em 2011, os custos superaram os 150.000 euros e a receita registou pouco mais de 90.000 euros.

No ano passado, viajaram no comboio 2.270 pessoas, o que representou uma média de 206 passageiros por viagem (a capacidade total é de 250). Em 2010, viajaram 1.639 clientes, com uma média de 149 por comboio.

A procedência dos clientes nacionais é dominada por Lisboa e pelo Porto e os estrangeiros têm como origens principais Inglaterra, França e Espanha.

O leque de idades situa-se entre os 26 e os 65 anos, com uma distribuição percentual quase equitativa nas várias faixas etárias.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Era uma vez um COMBOIO HISTÓRICO ? - A Linha do Tua

Veio em e-mail:

Os sacrifícios do nosso Douro - Os comboios Históricos e a Linha do Tua

Pelo YouTube, vi umas cuidadas reportagens que referiam a importância passada (mas essencial) que, no desenvolvimento do nosso País, tiveram as linhas ferroviárias, e evidenciavam a da via reduzida do Tua, que davam como exemplo e que destacavam pela imagem, essencialmente. Esta linha era uma grande atração... O seu significado para as populações era enorme, porque permitia a interligação delas e a sua integração no mundo em desenvolvimento. O fecho desta linha, hoje, vai conduzir à saída das populações e à consequente desertificação de partes de Trás os Montes e do Alto Douro. Esta desertificação apresenta-se como inevitável, pois que os povos vão ver agravadas as suas condições de vida, que, aliás, foram sempre difíceis. Eles tenderão a virar as costas a um passado não muito generoso e que não quererão ver ainda mais difícil.

Soube-me bem ver estas reportagens do YouTube e outras ainda, restando-me a esperança de que alguns povos – mais resistentes e teimosos – não terão a coragem de abandonar as terras onde sempre eles mourejaram com os seus pais e avós, com muitos sacrifícios. Com efeito, as imagens reportadas fazem-me ainda acreditar que sempre haverá gente de coração sensível, que vai continuar a lutar pela reposição da sua linha e que o mesmo acontecerá com outras gentes que vão também ser penalizadas pelo fecho de outras linhas nas suas regiões, lutas que irão culminar em grandes reclamações conjuntas, a exigirem o respeito devido pelas populações do interior, do Portugal profundo, e contra aqueles que determinaram as medidas que levam à desertificação e lhes esqueceram os inalienáveis direitos e legítimos interesses. Estas linhas férreas eram bens dos povos, que as estimavam e que delas se serviam, como fator de progresso e de segurança contra o isolamento e o abandono.

Gente de fora, gente não servida por estas linhas, gentes sem solidariedade não cuidaram dos sentimentos e necessidades das populações atingidas. Gestores, que respondem pela conservação das linhas abandonadas: desde há muitas décadas que eles se sucedem nos vários poderes, sem que procurassem investimentos na conservação daquelas linhas, que se foram degradando ano a ano, dia após dia. Já em 1945, caminhando eu, “pedibus calcantibus”, pela linha do Corgo, nas imediações de Chaves, pude constatar, espantado, que havia vários troços da linha sem as cavilhas que seguram os carris e que muitas e muitas travessas da via se encontravam num estado de podridão, que punham em risco a circulação dos comboios… Pouco tempo depois, constatei a mesma situação próximo de Mirandela, na linha do Tua. Cerca de 1980, alguns trabalhadores do sector da carga da Rodoviária Nacional, que trabalhavam na estação do Tua, me referiram a sua perceção de que os gestores não estimulavam o rendimento da linha do Douro, nomeadamente da Régua para a fronteira, e que eles próprios iriam ser transferidos para outros locais, mostrando eles um espírito de revolta inesperado, já naquela altura.
Na verdade, a recessão nas conquistas de Abril cedo se revelara já, mas agora é evidente que mais se acentuou. As linhas reduzidas que afluem à linha do Douro, todas elas constituem notáveis atrações de carácter turístico, e mais ainda se a linha principal fosse aberta até à fronteira. Pôr de lado estas linhas é não deixar que toda a região a norte do rio Douro conheça o desenvolvimento que o turismo lhe pode proporcionar, com a melhoria desejável dos níveis de vida das populações. Poderemos considerar tal orientação um verdadeiro atentado contra as populações mais necessitadas.

Interesses ilegítimos forçam a subordinação do desenvolvimento da ferrovia ao desenvolvimento da rodovia, desenvolvimento este contra natura, pela excessiva poluição que provoca, pelo muito maior despesismo com combustíveis e com outros componentes, pela muita maior desequilíbrio da balança comercial pela importância que atinge a importação de automóveis, que se apresenta como um valor pouco rentável, já que a maioria das viaturas se encontra imobilizada em grande parte da sua vida útil. E isto, não contabilizando o enormíssimo número de vítimas que provoca e o custo elevadíssimo da construção e conservação das autoestradas, muitas delas percorridas por carros em número inconcebivelmente insuficiente, de tudo resultando um tremendo erro administrativo, dificilmente aceitável.

A linha do Tua vai continuar na ordem do dia, nomeadamente porque a construção da barragem que leva ao seu encerramento parece posta superiormente em cheque... Com a ajuda das populações, pode muito bem acontecer que todos nós ainda acabemos por ver o comboiozinho resfolgante percorrer os velhos mas renovados caminhos, ladeando vales, seguindo para norte.

Eu gostaria muito de assistir à festa que se realizaria, principalmente por ver nele um comboio amigo que voltava á sua própria casa. Como seria bonito  ver a alegria esfusiante do povo!
- A. Vilela, Maio 2012

(Ativismo virtual - Movimento Civico Pela Linha do Corgo – MCLC - Pela recuperação do transporte de passageiros e mercadorias, por um projecto de turismo sustentável numa viagem pelas encostas do Douro, com a grandeza do Marão, Alvão, Padrela e a beleza da maior região termal do país!)
Clique nas imagens para ampliar. Imagens originais daqui e daqui. Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Dilapidação do património luso-duriense: Venda de comboio histórico do Douro gera escândalo e boicote na Europa

Tentativa de venda de comboio histórico da CP suscita escândalo e boicote na Europa

In "Noticias do Douro", edição de 17/02/2012 - Federação Europeia de Caminhos-de-Ferro Turísticos apelou a museus para não comprarem comboio de via estreita estacionado na Régua, em nome da defesa do património português. A CP tentou vender junto de museus ferroviários europeus o comboio histórico de via estreita estacionado na Régua, mas a Federação Europeia das Associações de Caminhos-de-Ferro Turísticos (Fedecrail) boicotou essa tentativa, pedindo aos museus que renunciassem à compra, mesmo que estivessem interessados.

"Essa proposta pareceu-nos escandalosa, porque o material em via métrica português é raro e é uma composição que está em bom estado", disse ao PÚBLICO Jacques Daffis, vice-presidente da Fedecrail, que tomou a iniciativa de informar o Museu Nacional Ferroviário português, que desconhecia esta tentativa de venda por parte da CP. "O que é incrível é que a CP tenha proposto a sua venda sem informar previamente o museu português", disse, explicando que a posição da Fedecrail é de que o património deste tipo só deve ser vendido ao estrangeiro "se não houver nenhuma possibilidade de preservação no país de origem e/ou se estiver em perigo". A tentativa de venda partiu da CP Frota, a unidade de negócios que gere o material circulante, através de um email muito informal, datado de 9 de Novembro e enviado para museus ferroviários europeus, no qual até se propunha que fossem estes a avançar com uma proposta de preço.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Era uma vez um COMBOIO HISTÓRICO ? A desprezada LINHA DO CORGO

Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora, dê-lhes alicerces.Henry David Thoreau
Imagem original daqui - Mais sobre a Linha do Corgo neste blogue
Segundo a Wikipédia, "a Linha do Corgo é uma linha de caminho-de-ferro desactivada, que unia as localidades de Chaves e Régua, em Portugal; foi inaugurada em 1 de Abril de 1910, com a chegada do comboio a Vila Real, e concluída a 28 de Agosto de 1921, com a chegada a Chaves.
Clique nas imagens acima para ampliar
Carta Aberta: Hipocrisia do Conselho de Administração da CP
Fui recentemente confrontado, não sem algum choque, pesem embora anos de experiência como utente e como cidadão a respeito do modus operandi da CP, com uma notícia que dava conta da tentativa desta – galantemente gorada – em vender o Comboio Histórico de Via Estreita do Corgo para um qualquer museu no estrangeiro. Jacques Daffis, Vice-presidente da FEDECRAIL (Federação Europeia das Associações de Caminhos-de-Ferro Turísticos), com o qual tive já o prazer de trocar algumas impressões sobre a Linha do Tua, foi responsável por indagar junto do próprio Museu Ferroviário Nacional se este tinha conhecimento da tentativa trapalhona de venda da CP deste material único, os quais, mesmo apesar de terem interposto um pedido de cedência deste material, não haviam sido informados. Segundo o próprio, “Essa proposta pareceu-nos escandalosa, porque o material em via métrica português é raro e é uma composição que está em bom estado“. Ao que se apurou, uma porta-voz da CP terá tentado justificar esta trapalhada da seguinte forma: “Podendo haver interesse por alguma companhia ferroviária na sua colocação ao serviço para fins turísticos, a CP fez uma primeira auscultação do mercado para verificar a existência de eventuais interessados”. E é aqui que eu entro: tem graça, a mim ninguém me perguntou nada. À margem da minha actividade no Movimento Cívico pela Linha do Tua, do qual sou co-fundador, participei na 1ª edição do concurso nacional de empreendedorismo denominado “Realiza o teu Sonho”, da autoria e responsabilidade da associação Acredita Portugal. O projecto que levei a concurso teve o sugestivo nome de “Turismo Ferroviário na Linha do Tua”, e ficou em 3º lugar, entre centenas de projectos admitidos a concurso (vide http://www.acreditaportugal.pt/realiza-o-teu-sonho1/sumario-dos-projectos.php). Após receber o galardão em Julho de 2010, indaguei imediatamente o Conselho de Administração (CA) da CP sobre a sua disponibilidade e amabilidade em me receberem em reunião, para lhes poder ser apresentado o meu projecto, uma vez que tinha como ponto fulcral a cedência ou venda do mesmíssimo material histórico de que estamos a tratar nesta carta. Em correio electrónico de 1 de Outubro desse ano, a secretária do Vogal Dr. Nuno Moreira, do CA da CP, fazia-me chegar a deliberação deste membro da cúpula da arruinada empresa pública: Como é do seu conhecimento a Linha do Tua encontra-se interdita à circulação ferroviária. Nesse contexto, o projecto apresentado de exploração do comboio a vapor de via estreita na referida linha é inviável enquanto se mantiverem as actuais restrições, que, sendo alteradas, permitirão uma reavaliação do projecto. Não contente com esta desculpa esfarrapada, remeti novo pedido de audiência a 3 de Março de 2011, do qual não obtive ainda qualquer resposta. Como noticiou e muito bem o jornalista autor da peça pela qual soube desta ignomínia, só na França, Reino Unido e Alemanha, o turismo ferroviário emprega quase quatro mil pessoas, e rende anualmente 174 milhões de euros, por vezes em vias-férreas recuperadas de décadas de ruína com a ajuda de mão-de-obra voluntária. Convém ainda referir que algumas destas jóias industriais, paisagísticas e humanas, desenrolam-se em traçados de distância inferior a 16 km, que é aquela de que a Linha do Tua dispõe actualmente para circulações ferroviárias, entre o Cachão e Carvalhais, fora os 20 km entre a Brunheda e o Cachão – à espera de uma decisão advinda da barragem do Tua – e os 76 km amputados entre Carvalhais e Bragança em 1992, que incluem por exemplo o cume ferroviário português em Santa Comba de Rossas. Portugal possui 2 serviços turísticos ferroviários apenas, ambos no troço Régua – Pocinho, o mais ameaçado de extermínio na Linha do Douro. Entre os países francófonos da Europa, são 70 as empresas de exploração ferroviária turística, e na Espanha só a FEVE – maior operadora de Via Estreita do país de nuestros hermanos – conta com quase 10 destes serviços, de entre os quais 2 são comboios de luxo com programas de uma semana inteira. No País de Gales, o pequeno/grande projecto e exemplo de empreendedorismo e civismo da Welsh Highland Railway foi responsável por recuperar uma Via Estreita cuja linha há décadas havia desaparecido, graças a apoios comunitários, mas também a mecenas e voluntários de todos os quadrantes sociais; emprega 65 funcionários, gera anualmente 15 milhões de libras esterlinas de receitas para a economia local, e criou 350 postos de trabalho indirectos na região. A sua extensão é de 40 km – da Brunheda a Carvalhais, na Linha do Tua, são 37 km. No País Basco, existe uma automotora Allan em exibição que circulou anos a fio nas Linhas do Tua e do Vouga, para além de uma locomotiva a vapor que faz serviços turísticos, gratificantemente apelidada de “Portuguesa”; na Suíça, o comboio histórico do Vale do Jura circula com outra locomotiva a vapor que cruzou a orografia trasmontana décadas a fio; nos Andes, as “Xepas” – automotoras que serviram nas Linhas do Tua e do Corgo – escalam montanhas de emoções únicas; na África subsaariana, as mais potentes locomotivas diesel de Via Estreita que circularam em Portugal (1.000 cavalos de potência), sendo a Linha do Tua a última via que serviram, rebocam pobres carruagens apinhadas de gente; recentemente, outra locomotiva a vapor de Via Estreita foi desmantelada e levada do Pocinho para a Alemanha para restauro, enquanto as fantásticas carruagens italianas “Napolitanas” apodrecem com displicência no Tua, e o museu ferroviário de Bragança segue com mais de 10 anos de encerramento. Na qualidade de cidadão português trapaceado e negligenciado por um Conselho de Administração que esbanja nesciamente todos os anos o meu dinheiro de impostos, e que prefere ver material histórico ferroviário de Via Estreita exposto em museus estrangeiros, a rebocar comboios turísticos ou de passageiros no estrangeiro, ou a apodrecer e a cair aos pedaços em linhas de resguardo ou escondidos da vista em cocheiras espalhadas pelo país a fora, venho por este meio exigir uma satisfação. De quem, tanto faz, desde que tenha a vergonha e a decência de dar a cara por 30 anos de extermínio e escárnio do nosso património ferroviário de Via Estreita PORTUGUÊS, e explicar como é que é possível que certos gestores e governantes clamem por iniciativas privadas, quando ao mesmo tempo tecem todos os esforços e ardis por castrar todas elas sem um pingo de decência, honra patriótica, ou pura e simples vergonha na cara.
Mirandela, 12 de Janeiro de 2012
Daniel Conde
(MCLC)

Linha do Corgo - Documentário realizado pela BBC no ano de 1962. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Era uma vez um COMBOIO HISTÓRICO ?

Retorno para o Douro é superior ao custo do serviço
CP admite acabar com comboio histórico no Douro, se não encontrar parceiros

28.11.2011 - 16:45 Por Carlos Cipriano - Transcrição do jornal "Público"
A CP está à procura de "entidades públicas ou privadas" que possam ser suas parceiras na exploração do comboio histórico do Douro, para minimizar os prejuízos que tem tido naquele serviço e que a empresa diz não poder mais suportar. "Caso esta solução [parcerias] não seja viável, está efectivamente em causa a sua continuidade", disse ao PÚBLICO fonte oficial da empresa.

No Verão passado o resultado de exploração deste comboio a vapor, que durante a época alta faz viagens entre a Régua e o Pinhão, foi de 60 mil euros negativos. Um resultado bastante melhor do que o de 2010, em que o prejuízo foi de 110 mil euros. A CP diz que tal se deveu a um grande esforço para reduzir custos "sem prejudicar a qualidade e atractividade do produto". Este ano o comboio histórico teve custos de 150 mil euros e receitas de 90 mil euros.

A transportadora pública diz que tem tido como parceiros neste negócio o Hotel Douro Palace, a Cenários do Douro, Vintage House, Aquapura Valey, ACP e Régua Douro, mas que "estas parcerias não representam envolvimento nos custos, mas apenas vantagens comerciais para os clientes". Este ano viajaram no comboio histórico 2270 pessoas, o que representa uma média de 206 passageiros por comboio realizado (a capacidade total de é de 250). Uma taxa de ocupação de 82 por cento que, curiosamente, é superior à da média do serviço regional da empresa.

No ano passado este serviço teve 1639 passageiros, a que corresponde uma média de 149 passageiros por comboio. Isto até significa que a procura tem vindo a aumentar e que os prejuízos têm vindo a diminuir, mas a empresa - que, no âmbito do acordo com a troika, está sujeita a uma forte pressão para reduzir custos devido ao défice das empresas públicas de transportes - diz que fazer serviços turísticos não é a sua vocação. Mas não tem dúvidas acerca do "inquestionável valor histórico e turístico deste produto, em particular para a região do Douro" .

A maioria dos clientes deste comboio são de Lisboa e Porto e, entre os passageiros estrangeiros, destacam-se os ingleses, franceses e espanhóis. Alguns vêm integrados em circuitos turísticos no Douro e outros vêm por conta própria. Um inquérito da CP revela que o leque de idades se situa entre os 26 e os 65 anos, "com uma distribuição percentual quase equitativa nas várias faixas etárias, o que prova a atractibilidade e transversabilidade do produto".

Material à venda
O comboio a vapor do Douro é composto pela locomotiva a vapor 0187, que foi construída na Alemanha em 1923 e enviada para Portugal como indemnização da I Grande Guerra. Alimentada a carvão, esta máquina reboca três carruagens de madeira dos anos 20 do século passado, construídas nas oficinas da Figueira da Foz e que pertenceram à Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta. Uma das razões que encarece o custo deste serviço é a obrigatoriedade de, atrás da composição, seguir uma dresina com pessoal da Refer e bombeiros que verificam se há algum indício de incêndio nas imediações da via férrea. Um cuidado que não existiu durante os mais de cem anos em que na linha do Douro só existia tracção a vapor.

A CP admite também vender o comboio histórico de via estreita que está parqueado na Régua e que chegou a fazer algumas excursões na linha do Corgo até Vila Real. A última realizou-se em 2005 e a empresa está agora a procurar interessados que possam adquirir a composição (composta por uma máquina a diesel e carruagens históricas). O PÚBLICO perguntou à CP de que forma seria este material posto à venda e por que motivo não integraria este o espólio do Museu Nacional Ferroviário, mas a empresa não respondeu a esta questão.

As reacções
Considerando os valores financeiros em causa, absolutamente simbólicos para a realidade da CP, a Estrutura de Missão do Douro considera "criticável" a opção de encerramento do serviço do comboio histórico no Douro. "Esta decisão, a confirmar-se, não acompanha de todo a aposta que se faz hoje no desenvolvimento turístico da região, nem respeita o seu estatuto de Património da Humanidade.

Um destino como o Douro justifica, perfeitamente, um investimento desta diminuta dimensão", disse ao PÚBLICO o responsável por esta estrutura, Ricardo Magalhães. "Trata-se de manter um serviço que é um recurso importante na atractividade turística e no conhecimento do rio e da paisagem classificada. Até no plano económico, esta decisão é incompreensível. Pelo que se conhece, o prejuízo do serviço vem diminuindo drasticamente e o retorno que deixa na região será certamente superior ao seu custo", assinala.
- Transcrição e imagens do Jornal " O Público.pt", com a devida vénia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Era uma vez um COMBOIO HISTÓRICO ?


Douro: CP põe em causa continuidade do Comboio Histórico
14:36 Quarta feira, 19 de outubro de 2011

Peso da Régua, 19 out (Lusa) -- A CP ameaça com o fim do Comboio Histórico no Douro caso não encontre parceiros para ajudar a financiar este serviço que, este ano, custou 150.000 euros, disse hoje à Agência Lusa fonte da empresa.
Durante o verão, a velha locomotiva a vapor percorreu os 46 quilómetros que separam o Peso da Régua do Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro, as vinhas que são Património Mundial da UNESCO e que atrai centenas de turistas a este território.
Ana Portela, diretora de Relações Institucionais e Comunicação da CP, referiu que é a empresa que suporta a totalidade do custo desta operação, incluindo o investimento na preparação do material circulante para cada campanha. A locomotiva a vapor, dadas as suas características, tem que ser objeto de uma intervenção de fundo todos os anos.
Fonte - "Expresso"

Comboio Histórico do Douro pode chegar ao fim

Por: Redacção / IPL  |  19- 10- 2011  15: 22
A CP, Comboios de Portugal, ameaça pôr fim ao Comboio Histórico no Douro caso não encontre parceiros para financiar o serviço que em 2011 custou 150 mil euros, avança a Lusa.

A directora de Relações Institucionais e Comunicação da CP, Ana Portela, indicou que é a empresa que suporta a totalidade do custo da actividade do comboio, incluindo o investimento na preparação do material circulante para cada campanha. A locomotiva a vapor tem de ser objecto de uma intervenção de fundo todos os anos e a sua continuidade está agora em causa. 

«Caso não exista possibilidade de o viabilizar, quer através de parcerias com instituições ligadas ao Turismo do Douro, quer através de entidades privadas, a CP não poderá continuar a suportar os prejuízos que dele decorrem», confessou Ana Portela. 

Durante o Verão, o Comboio Histórico percorreu os 46 quilómetros que separam o Peso da Régua do Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro, as vinhas que são Património Mundial da UNESCO e que atrai centenas de turistas a este território.

De acordo com Ana Portela, o resultado da exploração do comboio é negativo embora tenha apresentado uma significativa melhoria em 2011, cerca de 60 mil euros negativos, em comparação a 2010, 110 mil euros negativos.

Os novos números devem-se a um «enorme esforço que a empresa tem desenvolvido no sentido de procurar reduzir os custos associados, sem prejudicar a qualidade e atractividade do produto», referiu.

«Não é possível, nem racional, do ponto de vista da gestão, num cenário de redução de oferta a nível nacional de serviços de transporte às populações, suportar este nível de prejuízos num produto que não pode ser considerado como essencial à actividade da empresa, que é a de dar resposta às necessidades de mobilidade dos cidadãos, apesar de todo o seu valor patrimonial e histórico», frisou.

Em 2011, viajaram no comboio 2.270 pessoas, o que representa uma média de 206 passageiros por viagem (a capacidade total é de 250). Em 2010, viajaram 1.639 clientes.

O presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves, já lamentou o facto de se estar «a pôr em causa a continuidade» do Comboio Histórico, um serviço que diz que é «diferenciado» e que dá uma «importante capacidade de atractividade e de competitividade» à região.

«Era importante que alguém pudesse ver aqui uma actividade com retorno. O meu desejo é que alguém possa ver aí uma forma de intensificar a actividade que o comboio turístico tinha na região», confessou.
Fonte - TVI

domingo, 28 de agosto de 2011

Roteiro: Uma viagem de comboio às vindimas do Douro!


Transcrição de 'escape.pt' - Esta é a época mágica do Douro: As vindimas trazem gente de todo o país às escarpas para colher as uvas com as quais se vão produzir os vinhos de 2011. Uma atividade árdua mas cada vez mais apreciada por estrangeiros e portugueses que querem participar no ritual de colher as uvas.

Se é o seu caso, conheça um programa especial que une esta época festiva da colheita a uma viagem de comboio por um único belíssimo percurso, entre o Porto e a Régua.

Para celebrar a tradição tão portuguesa e típica desta região do Douro, a CP criou um programa de lazer que dá conhecer, durante um dia, o processo produtivo do vinho, nos fins de semana de 11, 18, 24 de setembro e 1 de Outubro.

Convívio e festa, típicos desta altura do ano em torno da colheita das uvas, além de animação musical, com cantares regionais e iguarias locais enchem o dia.

Conhecer as tradições das vindimas na região do Douro, participar nas lagaradas e recriar este momento emblemático da história da vinha portuguesa é o objetivo do percurso, que começa cedo, no Porto.
O programa começa com uma viagem de comboio pela Linha do Douro, num comboio que parte às 08h45 da estação de Porto Campanhã e permite apreciar as belas paisagens do Douro Vinhateiro, os socalcos cobertos de vinhas e as quintas produtoras.

Chegados à Régua, um serviço rodoviário encarrega-se do transporte até à Quinta de Campanhã, onde aguardam diversas atividades como atuação de rancho folclórico, degustação de cálice de vinho do Porto, visita guiada à adega e área de produção do vinho, almoço regional e ainda atuação do grupo de cantares e danças da região.

Durante a tarde, é possível participar em “lagaradas” – uma tradição em que após a apanha, as uvas, são colocadas nos lagares de granito para serem pisadas enquanto se canta e dança, celebrando desta forma o final de um ano vinícola.

O regresso acontece às 18h17 da estação da Régua, com chegada prevista ao Porto às 20h18.

O Programa Festa das Vindimas custa 49 euros por pessoa (adulto) ou 29 euros (criança) e inclui a viagem de comboio especial, transfer de ida e volta de autocarro entre a estação e a Quinta de Campanhã, cálice de vinho do Porto à chegada à quinta, almoço e animação.

Mais informações e reservas na página da CP.

Texto e imagens do portal "escape.pt". Clique nas imagens acima para ampliar.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Comboio a vapor na linha do Corgo

(Clique na imagem para ampliar - Imagem original na net de 'sinid')

Segundo a Wikipédia, "A Linha do Corgo é uma linha de caminho-de-ferro desactivada, que unia as localidades de Chaves e Régua, em Portugal; foi inaugurada em 1 de Abril de 1910, com a chegada do comboio a Vila Real, e concluída a 28 de Agosto de 1921, com a chegada a Chaves.

A via utilizada é de bitola métrica. Supera um desnível de 370 metros nos 25 quilómetros entre a Régua e Vila Real, serpenteando o vale do Rio Corgo, sendo famosas as histórias passadas no "U" de Carrazedo, onde a linha contorna um vale antes de atingir a estação. Com a reduzida velocidade do comboio, muitos se aventuraram a sair dele, e a apanhá-lo mais à frente, aproveitando para colher uvas ou cerejas pelo caminho. A linha possuía outro "U" na rampa entre Loivos e Oura, actualmente sem tráfego ferroviário, levando o comboio a vencer numa pequena distância um grande desnível, apenas possível neste formato dada a grande restrição de inclinação nas vias-férreas.

Pouco depois da chegada da Linha do Douro à Régua, em 15 de Julho de 1879, planeou-se a construção de um caminho de ferro entre este ponto e as cidades de Vila Real e Chaves, passando pelo vale do Rio Corgo; foram, assim, efectuadas várias tentativas, como a da Companhia do Porto à Póvoa e Famalicão, que esteve quase a ver concedida a garantia de juro, ou os estudos efectuados por Emídio Navarro. Em 12 de Abril de 1897, os empresários Alberto da Cunha Leão e António José Pereira Cabral obtiveram a concessão para a construção e gestão do Caminho de Ferro da Regoa a Chaves; não encontraram, no entanto, apoio financeiro para este projecto, pelo que pediram a rescisão do contrato em 1902.

Esta ligação foi, então, inserida no plano de 15 de Fevereiro de 1900, mas os concursos lançados em 2 de Agosto e 2 de Dezembro de 1902 não tiveram qualquer resultado, pelo que uma lei de 18 de Fevereiro do ano seguinte ordenou que o estado iniciasse imediatamente a construção da linha, entre a Régua e a fronteira; o projecto de 1897 de Alberto da Cunha Leão foi revisto, tendo as obras principiado após a publicação das leis de 24 de Abril e 1 de Julho de 1903, que forneceram os meios necessários para a construção. O troço até Vila Real foi aberto à exploração em 12 de Maio de 1906, tendo a linha chegado às Pedras Salgadas em 15 de Julho de 1907 e a Vidago a 20 de Março de 1910.

Uma portaria de 17 de Abril de 1915, fundada nos pedidos da população de Chaves, e baseada nos pareceres do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, apresentados no dia anterior, ordenou que o troço entre Moure e Chaves fosse construído pela margem direita do Rio Tâmega, mas foi revogada por outra portaria, publicada em 10 de Julho, que determinou que a linha seguisse a margem esquerda; no entanto, e apesar dos trabalhos terem já sido iniciados pelo novo traçado, verificou-se que o traçado primitivo oferecia melhores condições técnicas, seria menos dispendioso, e fornecia uma melhor posição para a futura continuação até à linha entre Medina del Campo e La Coruña, da rede ferroviária espanhola, pelo que a Portaria 1459, de 2 de Agosto de 1918, ordenou o regresso ao projecto original, pela margem direita.

O troço entre Vidago e Tâmega foi inaugurado em 20 de Junho de 1919, e, em 28 de Agosto de 1921, foi aberta à exploração a linha até Chaves.

Esta linha foi arrendada pelo Estado à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 27 de Março de 1927, que a subarrendou à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro por um contrato de 11 de Março do ano seguinte.

Após um avultado investimento na via, o Estado decidiu encerrar o troço Vila Real - Chaves em 1 de Janeiro de 1990.

O troço restante, entre a Régua e Vila Real, foi encerrado pela operadora Rede Ferroviária Nacional a 25 de Março de 2009, por questões de segurança; esta entidade esperava reabrir a linha à circulação em 2011, tendo, em Novembro, iniciado um estudo às populações entre Vila Real e Peso da Régua, que pretendia reconhecer as necessidades das populações, de forma a ajustar o futuro funcionamento da linha. Nesse ano, a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou que iriam ser investidos 23,4 milhões de euros em obras de reparação da linha, prevendo que estariam terminadas antes do final de 2010.

Em finais de 2009, terminaram as primeiras fases desta intervenção, que consistiram na retirada de carris e de travessas e alterações na plataforma de via; em seguida, a Rede Ferroviária Nacional iniciou a criação de vários projectos de geotecnia, de drenagem e de via; esta aparente paragem nos trabalhos provocou alguns receios entre as populações e autarcas locais. Além disso, e como previsto, esta entidade iniciou, em 2010, um programa de inquéritos nos principais pontos de atracção e geração de viagens, nas escolas, e aos utentes dos transportes públicos rodoviário e ferroviário, por forma a reconhecer os padrões de mobilidade das populações abrangidas; esta informação foi, posteriormente, analisada, de forma a preparar soluções de transporte integrado rodoviário e ferroviário.

Em Abril do mesmo ano, a Assembleia Municipal de Vila Real, presidida por Pedro Passos Coelho, aprovou uma moção, exigindo ao governo que se inicie a segunda fase nas obras da Linha. Luís Pedro Pimentel e António Cabeleira, deputados do Partido Social Democrata, entregaram um requerimento na Assembleia da República, por forma a que o governo informe sobre as datas de reinicio e conclusão de obras, e se a Linha estará requalificada e reaberta até Setembro de 2010, como havia sido prometido anteriormente pelo Ministro das Obras Públicas.

Em Julho, a Rede Ferroviária Nacional decidiu suspender, entre outros investimentos, o projecto de reabilitação da Linha do Corgo, de acordo com as directrizes do Plano de Estabilidade e Crescimento, que prevê restrições orçamentais e o combate ao endividamento público.

O Movimento Cívico pela Linha do Corgo, ou simplesmente MCLC, é um grupo de cidadãos que pretende promover e divulgar a Linha do Corgo tanto na região onde esta se insere como fora desta, através da informação sobre as condições da via, sua história e necessidades da população por ela servida.

Acompanhando as várias notícias sobre a Linha do Corgo, e reivindicando e apresentando soluções aos autarcas dos vales do Corgo e do Alto Tâmega, promoveu já uma concentração na estação de Vila Real pela reabertura tanto do troço Régua - Vila Real como do restante troço até Chaves, que contou com a presença de cerca de cem populares da região, servidos pela Linha do Corgo, incluindo ex-ferroviários e ferroviários no activo."