A apresentar mensagens correspondentes à consulta Bombeiros Voluntários do peso da Régua ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta Bombeiros Voluntários do peso da Régua ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

28 de Novembro

A  AHBVPR celebra hoje o seu 134º aniversário, o que faz dela a mais antiga do Distrito e uma das mais antigas do País, motivo de orgulho para todos nós.
De 23 de Abril de 2010:
(Clique na imagem para ampliar)

Dedicado ao Bombeiro Auxiliar Zé Penajóia.
28 de Novembro… é o dia do aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua e mais um dia de festa para a cidade.

O programa, ao longo dos anos, é quase sempre o mesmo, é por norma inalterável, apenas muda circunstancialmente quando há inaugurações de benfeitorias no património e a bênção de novos carros de fogo e de ambulâncias. Acima de tudo, nesse dia, a população espera nas ruas da cidade, o desfile do corpo de bombeiros, com os sons e colorido da fanfarra a abrir, faça sol, frio ou chuva. Mas, começa-se sempre com a alvorada de fogo de morteiros. Depois, com os directores dos corpos sociais presentes, erguem-se no mastro as três bandeiras: a da associação, a do município e a de Portugal. De seguida, caminha-se para os cemitérios de Godim e do Peso, para em sinal de respeito se deixar uma flor nas sepulturas de bombeiros e directores falecidos. Assiste-se à celebração da Missa Solene na Igreja Matriz com muita fé e grande devoção divinal. Perto do meio-dia, recebem-se na entrada do quartel as principais autoridades municipais e nacionais, os representantes das colectividades locais, os amigos e velhos beneméritos. No Salão Nobre, quase sempre cheio de convidados, o ritual persiste nos agradecimentos e nas cortesias e ouvem-se bons discursos a exaltar o voluntariado e os generosos bombeiros de todos os tempos. Não se esquece o mérito e dedicação dos mais assíduos que são reconhecidos com medalhas de louvor. Finalmente, a festa prolonga-se no tradicional almoço de confraternização entre bombeiros, directores, associados, benfeitores e muitos amigos convidados.

Em cada aniversário, a cidade aproxima-se mais dos seus bombeiros. É isto mesmo que recorda o Dr. Manuel Augusto Escaleira, como antigo director do jornal “O Arrais”, no interessante texto “Vida por Vida”, em que expressa da melhor firma o significado de um aniversário dos Bombeiros da Régua, o festejado 103º. da Associação:

“Não é preciso ser angélico para verificar que, no mundo em que vivemos, campeia o ódio, o egoísmo e a inveja. Poderíamos também notar que os homens esquecidos da sua dignidade, são frequentemente um… para o seu semelhante.

Por isso, é reconfortante ver os exemplos de doação ao serviço, por parte de um punhado de almas generosas que tudo dão, sem nada esperar em troca.

(…)

Dentre eles destacam-se os Bombeiros Voluntários.

O seu trabalho merece o reconhecimento de rodas as pessoas de carácter e o seu realce nos meios da comunicação social.

Talvez, não seja a pessoa mais indicada para o fazer, mas sinto por estes homens desprendidos, abnegados e corajosos um respeito extraordinário.

Imagino-os numa festa familiar, num convívio de amigos ou durante o sono repousante. Toca a sirene… Eis que correm, como para ganhar um prémio, em direcção ao Quartel. Aí, num ápice, equipam-se e partem.

Vão sem uma palavra de revolta ou um gesto de enfado, para se entregarem totalmente ao trabalho, não pensando na fadiga, nem olhando a perigos.

Quantas vezes não foi a sua chegada pronta que impediu a destruição total dos bens ou a perda de vidas humanas!...

E, quando regressam, cansados, sinto-lhes no rosto sereno, a alegria do dever cumprido. Por tudo isto estes Homens merecem o nosso apreço, compreensão e estima.

Não admira, portanto o entusiasmo que anualmente se gera à volta do Aniversário dos Bombeiros Voluntários da Régua. Os nossos bombeiros completaram o seu 103º Aniversário.

Foi um dia de festa, mais uma festa íntima, como é próprio da família unida. A vila e o concelho do Peso da Régua estão com os seus bombeiros, porque os bombeiros estão com os reguenses.”

Costumam os bombeiros aproveitar o aniversário da associação para tirar fotografias das cerimónias mais brilhantes e de fazerem o seu retrato pessoal do seu agrado, numa posse de desvanecimento individual, para o guardarem em casa numa moldura, a avivar as memórias do seu passado. Foi o que fez o bombeiro José de Matos de Carvalho – o Zé Penajóia, como os seus amigos o tratam - fardado a rigor, junto ao Mercedes Baribbi, o carro de fogo que sempre gostou de conduzir, ao deixar-se fotografar num dia festivo, que será da década de 1980.

O Zé Penajóia foi um dos últimos bombeiros do quadro de especialistas e auxiliares. Essa classificação, como estava definida no velho regulamento dos corpos de bombeiros, foi legalmente extinta. Alguém que desconhece a riqueza do voluntariado entendeu que não eram necessários. Assim, deixou de ser permitido que muitas pessoas não possam dar a sua ajuda como especialistas de uma actividade. Até há bem pouco tempo, por exemplo quem era médico ou enfermeiro prestava no seio dos bombeiros os cuidados de enfermagem e de saúde e quem era motorista profissional conduzia as ambulâncias e os veículos de fogo. O quadro de bombeiros especialista e auxiliares não devia ter acabado, faz falta às corporações, pelo que tem de ser recuperado. O exemplo do Zé Penajóia prova como, através do voluntariado, certas pessoas podem ser úteis. No seu caso, ele alistou-se por volta de 1976 e serviu nos bombeiros até Março de 2010. Desde então, passou a integrar o chamado Quadro de Honra da Associação, o lugar para os bombeiros mais antigos e que deixaram a prática da actividade.

Durante 34 anos, o Zé Penajóia foi bombeiro auxiliar motorista. Sempre que os fogos apertavam era chamado para conduzir os veículos pesados. Muitas vezes, o Comandante Cardoso pediu a sua colaboração. Mas, conduziu também as ambulâncias de transporte de doentes quando não havia profissionais disponíveis para tanto serviço. Chegou a ir a Espanha, a Valhadolid, para trazer de volta um doente que aí se encontrava hospitalizado. Era a primeira vez que uma ambulância dos bombeiros da Régua tinha de passar as fronteiras do país. Não havia bombeiros que quisessem fazer esse serviço. Ele não hesitou em aceitar a missão. A viagem correu-lhe bem, sem nenhum percalço pelo caminho. Alguns anos depois, voltava a fazer nova viagem a Espanha, para transportar de ambulância um cidadão internado numa clínica.

Este é um dos muitos serviços que cumpriu com dedicação, zelo e sacrifício. A Direcção e o Comando da Associação distinguiram e louvaram-no com a atribuição de algumas medalhas: Cobre (1985), Prata (1991), Ouro (1994, 2000 e 2007), pelo tempo de bons e assíduos serviços e de dedicação e efectivos serviços prestados à causa do bombeiros portugueses.

Quem conhece o Zé Penajóia sabe que é um homem de certezas. A paixão pelos bombeiros transmitiu-a ao seu filho Marco Paulo, sapador no Batalhão do Porto e as suas duas netas, à Liliana e à Margarida, uma estagiária e a outra infante, na corporação da Régua. Tem 70 anos, mas possui uma indomável genica, que não lhe faz aparentar tanta idade. É um dos mais velhos e mais conhecidos chaufferes de táxi com o que ganha a vida. Tem uma casa de pasto, a Adega Penajóia, no Largo do Tanque Redondo, no Salgueiral, apreciada por servir bom vinho do Douro e refeições económicas confeccionadas com os sabores antigos. Nesse seu “santuário” gosta de evocar memórias de pessoas que não se esquecem, de velhos bombeiros e Comandantes que lhe marcaram o resto da sua vida.

Este homem não é indiferente ao presente, tem-lo visível numa fotografia que mostra o Corpo de Bombeiros da Régua, exposta ao olhar do público na sua adega. Não há ninguém que não se sinta seduzido pelos valores humanos que ali permanecem imutáveis. É mais um sinal da sua admiração pelos bombeiros. Embora haja quem desconheça, o Zé Penajóia encontra-se presente no meio desses anónimos bombeiros simples e humildes, que com o seu exemplo de coragem, abnegação, altruísmo e amor ao próximo, podem não figurar com o seu nome nas páginas da história, mas são os únicos verdadeiros heróis da nossa vida.
- Peso da Régua, Abril de 2010, J. A. Almeida.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Viagem Inesquecível a Chaves

Esta viagem de comboio, na linha do Corgo, foi há mais de 85 anos…!

Poderia ter sido mais uma, igual a muitas outras, que se fizeram nessa magnifica linha de caminho-de-ferro, mas esta deve ter sido bem diferente. Se bem que não se conheçam os motivos que terão levado os bombeiros da Régua, acompanhados de uma grande comitiva, de irem a Chaves, essa viagem não ficou esquecida no tempo.

Alguém se lembrou de registar os pormenores mais significativos dessa “Excursão à vila de Chaves, promovida pelos bombeiros voluntários da Régua, no dia 19 de Julho de 1925”. Com a intenção de informar a posteridade, ainda escreveu aquela única mensagem numa folha, onde arquivou as melhores cinco fotografias, inesquecíveis tanto para eles como para nós, agora.

Não sabemos com que finalidade os bombeiros da Régua promoveram esta excursão a Chaves. Agradecemos que alguém nos ajude, se para tanto dispuser de elementos capazes. Terá sido uma vigem de lazer? Uma viagem de cortesia à associação flaviense congénere? Quem eram as pessoas que os receberam na estação? Que foram festejar? Um aniversário dos bombeiros de Chaves? Uma inauguração de novo quartel ou de outro melhoramento? Parece haver um segundo estandarte para além do dos Bombeiros da Régua, mas será dos Bombeiros de Chaves? A locomotiva (uma Ensechel E 224) parece estar decorada com elementos alusivos aos bombeiros. Se assim é, poderemos imaginar que tenha sido uma viagem especial, com programa fora do normal.

Uma certeza, talvez mesmo a única: os bombeiros da Régua foram recebidos com toda a pompa e entusiasmo pela população de Chaves. Com o respeito que se impunha, de estandarte bem erguido, os nossos bombeiros desfilaram garbosamente pelas ruas principais, exibindo à frente homens bem conhecidos, como Lourenço Medeiros, mais tarde comandante, e o destemido patrão Álvaro Rodrigues da Silva.
Há viagens de comboio que valem a pena.

Uma delas, se ainda fosse possível, seria a da Linha do Corgo. Quem a fez no tempo dos comboios a vapor, dos velhos “Texas”, como eram carinhosamente conhecidos, teve a última oportunidade de apreciar o percurso de uma das mais bonitas linhas de caminho-de-ferro do nosso país. O traçado entre Vila Real e Chaves encerrou em 1990, o troço entre Régua e Vila Real encontra-se encerrado, por tempo indefinido, desde 2009, para obras de melhoramento.

Os que adquiriram bilhete na estação da Régua para a viagem de 19 de Julho de 1925 fizeram, com certeza, uma viagem inesquecível.

Primeiro, um percurso panorâmico, ao longo de 25 km, da Régua a Vila Real, que serpenteia por entre vinhedos e nos permite a contemplação das águas do Corgo, a correr lá ao fundo do escarpado vale, depois a atracção dos cumes do Marão a encimar as penedias agrestes na linha do horizonte. Depois de Vila Real, onde normalmente a locomotiva se reabastecia de água e carvão, a paisagem completamente diferente da veiga e planalto de Vila Pouca de Aguiar, avistando-se, ao longe, as límpidas águas do Tâmega.

Sem atraso no horário, este comboio especial fez as paragens habituais nos apeadeiros e estações mais importantes. Conhecedor experiente da arquitectura sinuosa da linha, o maquinista aportou “à tabela” à estação de Vidago. Em obediência às instruções do chefe da estação, parou o comboio em linha de estacionamento, como procurasse um tempo perdido, marcado pelo fascínio de uma nova época.

Antes, o comboio tinha feito uma breve pausa no apeadeiro de Zimão. Alguém mais crente no divino recordou a bondade do padre Manuel do Couto, admirado pelo povo da sua humilde terra natal de Telões.

Este missionário distinguia-se pelo atendimento em confissão de quantos a ele recorriam, pelo amor à escrita, pela paixão pelo bem e, muitas vezes, passavam pela sua pessoa maravilhosos e inexplicáveis milagres. Ouviam-se contar relatos dos seus milagres, no meio dos ruídos da composição em andamento, só possíveis num homem, como ele, a caminho da santidade: "O Padre Manuel ia muito prós lados de Chaves pregar. Ia quase sempre numa mula. Mas um dia, não sei porque razão (talvez a mula estivesse doente), resolveu apanhar o comboio na estação de Zimão. Como não tinha dinheiro para o bilhete ( andava sempre sem dinheiro, apesar da família ser rica), o revisor obrigou-o a sair, já ele estava sentado, dentro do comboio. O Padre Manuel, como era obediente, saiu logo para fora. Mas, mal pôs os pés no chão, a máquina deixou de trabalhar. As pessoas que estavam na estação e dentro das carruagens ficaram pasmadas e meio assustadas. Foi então que o Padre Manuel disse ao revisor: Ou me deixais entrar, ou o comboio não sairá da Estação. O revisor olhou para o chefe da estação e para o maquinista. Estavam sem pinta de sangue. O chefe da estação não esperou nem mais um segundo e deu ordem para o Padre Manuel entrar no comboio. O que se segue é que, mal ele pôs os pés na escada do vagão, o comboio começou logo a andar" (texto retirado do http://paradadocorgo.blogs.sapo.pt/).
Na estação de Vidago, a locomotiva parava para um descanso e o maquinista procedia a afinações. Como havia tempo de sobra, os bombeiros, na companhia de ilustres elementos da comitiva, que seguiam nas carruagens de 2ª classe, aproveitaram a frescura do dia para folgarem. Nas redondezas encontraram uma casa de pasto que lhes serviu um delicioso bacalhau frito e um vinho branco à maneira. Saíram acompanhados do fotógrafo de serviço, que não se esqueceu de fotografar a locomotiva, festivamente adornada com ramos de árvores e duas bandeiras, a ganhar fôlego para o resto da viagem. Como estava sol, desceram a alameda ladeada de plátanos até à entrada do majestoso Palace Hotel, único na beleza da sua fachada principal, deslumbravam-se com o parque de vegetação abundante. Ao lado, ficava a estância termal, apreciada pelos poderes curativos das suas águas, bem frequentada de aquistas metódicos nos tratamentos diários e movimentada de turistas do entardecer, perdidos na sombra e na frescura dos arvoredos.

O ambiente romântico do lugar inspirou a veia poética dos mais sensíveis, donde nasceram quadras de amor dedicados às namoradas. Desconheço se esses versos chegaram às mãos e ao coração das amadas, mas muitos anos mais tarde, alguém se encarregou de lhes desvendar a intimidade para todos nós, dando-se ao cuidado de os publicar nos jornais, hoje esquecidos.
O saudoso jornal dos bombeiros, “Vida por Vida”, foi o periódico escolhido por Horácio Moura Lopes, reguense por adopção, poeta sem livros editados, autor de escritos dispersos pelos jornais da época, para nos dar a conhecer o seu poema “A Luz Que Me Roubaste”:

“Não cesso de dizer a toda a gente
Que o fogo dos teus olhos me cegou:
Onde não me julgares, eu lá estou,
Ceguinho, com o meu bordão à frente.

Há preces em minha alma que pecou
Ao ver-te graciosa, docemente…
Em ti, o “não” fugiu e o “sim” não mente,
Entre nós a amizade já findou.

Não me escrevas, te peço, mais missivas
Para um cego as propostas são altivas.
Hoje, já não te devo interessar.
Mas, se por mim passares, tem cuidado…

A tua voz em timbre modulado
Pode bem minha luz recuperar!”

Como passageiro acidental desta viagem de comboio, fico maravilhado a reler os dois últimos versos, que revelam a pureza dos afectos do poeta à mulher. Emocionam-me como se eu pudesse sentir a sua dor antiga. O amor, sempre o amor, com as suas desilusões e as suas mágoas, tornam as pessoas mais frágeis.

Descubro, por mero acaso, que os versos do poeta Horácio Moura Lopes eram destinados a uma mulher de quem se apaixonou por toda a vida, até ao último dia. Deveria dizer melhor, a paixão mantêm-se na eternidade. Essa mulher acabou por ser muito importante na infância do autor destas linhas. Foi sua primeira professora. A Dona Esmeralda, como eu a conheci sempre, era uma educadora exigente, culta e rigorosa, que ensinou, numa velha escola primária, as primeiras letras e os caminhos da vida, começando por um lugar muito pequenino, como são as Caldas do Moledo.

Não podiam ficar mais tempo parados na estação de Vidago. Como a vida nunca pára, a viagem deste comboio tinha de continuar até ao destino, até à vila de Chaves, onde ia terminar em festa e em alegria. A distância a percorrer era ainda longa. Na marcha lenta do comboio, seriam precisas mais de duas horas de viagem e de conversas para o desembarque dos bombeiros e dos passageiros que os acompanhavam. Na gare da estação, mesmo antes de o fotógrafo fazer as imagens que iam ficar para a História, uma grande multidão de pessoas felizes havia de aguardar os forasteiros reguenses. Iriam viver um momento único, uma recepção de primeira, uma festa de esfuziante alegria, organizada para homenagear os heróicos bombeiros da Régua.
“Senhores passageiros, o comboio vai partir……” anuncia, em voz rouca e dolente, o chefe da estação de Vidago, aprumado num coçado fato cinzento, de apito e a bandeira de serviço na mão. Sente-se já o calor de um verão que se anuncia quente, a descer pelas montanhas verdejantes. A velha locomotiva dá o último silvo, deixando à sua volta uma negra nuvem de fumo e para trás a magia poética de um lugar eterno, onde havemos de regressar.

Com o comboio em movimento, aproveitemos esta vigem na linha do Corgo até ao fim, pela memória daqueles que tiveram o prazer de a fazer. Não tardará nada que este comboio chegue à estação Chaves. A partir desse momento, não deixem de continuar a sonhar porque a vida não será mais a mesma.

Afinal, nos nossos dias, não se pode repetir uma viagem de comboio na linha Corgo, como a que os bombeiros da Régua fizeram em 1925. Limitamo-nos a viajar nessas filigranas de carvão, pela linhas imaginárias da nostalgia, com a paragem nas estações e apeadeiros de memórias fugazes, percorrendo os lugares e as paisagens que, desde as nossas origens, fazem parte dos mapas da nossa geografia sentimental.
- Peso da Régua, Março de 2010, J A Almeida.
(Clique nas imagens acima para ampliar)
:: ::
Também pode ler aqui "Viagem Inesquecível a Chaves"
(Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
VIAGEM INESQUECÍVEL A CHAVES

domingo, 27 de abril de 2014

Jorge Manuel Monteiro de Almeida, 20-9-1954 / 26-4-2014

  • BIOGRAFIA de Jorge Manuel Monteiro de Almeida:
Nasceu em 20/9/1954 e faleceu em 26/04/2014
Profissão - Médico
Cargos que desempenhou:
- Deputado na X Legislatura
- Conselheiro no Conselho Regional da Casa do Douro
- Chefe de Serviço de Medicina Geral e Familiar na Sub-Região de Saúde de Vila Real
- Conselheiro no Conselho Interprofissional do IVDP
- Presidente da Assembleia Municipal de Peso da Régua
- Vereador da Câmara Municipal de Peso da Régua

HÁ FOGO
*Jorge Almeida
Há fogo, há fogo, gritava a garotada da minha rua. A sirene era inconfundível, a frequência de sons agudos e graves não enganava. Em correria deixávamos o jogo da bola ou da carica para acorrer ao quartel.

Já lá estavam os mais afoitos e os mais próximos. É no Corgo, é no Corgo, dizia uma voz esganiçada. E os bombeiros não faltavam à chamada. Conforme estavam, em casa, no trabalho ou no lazer, assim vinham aqueles nossos heróis. De automóvel, de bicicleta, de motorizada, a pé. O Manuel, o Silva, o Figueiredo, o João e tantos, tantos outros. E o Chefe Claudino, e mais tarde o Comandante Cardoso… que organização, que autoridade.
Era um gosto ver sair o carro de nevoeiro a toda a velocidade a caminho do salvamento de pessoas e bens. Havia algo de forte, de solidário, de altruísta, de comunitário que a pequenada absorvia.

Os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua representaram sempre, ao mais alto nível, os mais nobres valores da ajuda ao próximo, interpretando individual e colectivamente o lema de “dar de si antes de pensar em si“.

Mas tem sido também uma associação virada para a formação humana em todas as suas vertentes, e para a cultura.
Quando muito jovem, fui um dos utilizadores assíduos da biblioteca. As obras de aventuras Enyd Blyton ou de Emílio Salgari, mas também os clássicos da literatura portuguesa como os de Eça de Queirós e Camilo de Castelo Branco, abriram muitos caminhos para o conhecimento aos jovens da minha geração, numa altura em que a informação disponível rareava, as bibliotecas públicas no interior eram uma miragem, e em que o poder político tinha outras preocupações, bem longe da cultura do povo.

Recordo com muita saudade o testemunho que me foi transmitido por meu tio José Arnaldo Monteiro, o seu referencial à literatura e à cultura em geral, e o carinho que sempre manifestou pela associação. José Arnaldo Monteiro foi um grande resistente à ditadura. Foi dos primeiros reguenses a envolver-se no movimento democrático e a perfilar-se na defesa de causas sociais. Em sua memória, e concretizando um desejo de família, será em breve entregue aos nossos bombeiros o fundamental da sua biblioteca particular.

Saúdo por isso a orientação da direcção presidida pelo dr. José Alfredo que tem feito da vertente cultural uma das suas grandes preocupações.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, para além de ser a menina dos olhos da comunidade reguense, atingiu grande prestígio a nível regional e nacional. Honra a memória de todos que a serviram, desenvolve uma profícua atividade no presente, e prepara-se para um grandioso futuro. Instalações, equipamentos e pessoas, sobretudo pessoas, a têm feito crescer, modernizar e consolidar. Mas será sempre com a memória e a cultura que este ideário reguense se perpetuará.

Vivam os Bombeiros.
*Jorge Almeida - Médico. Foi Vereador, Presidente da Assembleia Municipal da Câmara Municipal do Peso da Régua e Deputado na Assembleia da República. Actualmente exerce as  funções de Vogal do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Trás-os- Montes e Alto Douro.

Clique nas imagens para ampliar. Actualização em homenagem ao Dr. Jorfe de Almeida em 27 de Abril de 2014. Texto para o blogue "Escritos do Douro" em Abril de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

UM LIVRO ESPECIAL

Ao Dr. Bernardino Zagalo

Das homenagens e louvores aos bombeiros da Régua dedicadas pelo seu espírito de abnegação, brio e heroísmo há uma, muito especial que, pela sua raridade, autoria e forma invulgar como foi divulgada, não pode ficar esquecida nas páginas da história da associação nem na memória colectiva.

Não é um diploma nem sequer uma medalha de ouro concedida por alguma entidade pública a reconhecer o mérito, a dedicação pública, a generosidade, o comportamento exemplar, a coragem e abnegação e os serviços distintos pelo que, nas suas arriscadas missões de socorro, fizeram os bombeiros.

Ao longo da sua existência, os bombeiros da Régua foram enaltecidos com importantes distinções e títulos honoríficos. Sem querer valorizar nenhum há um especial muito um que brilha mais alto e destaca-se nas glórias dos bombeiros da velha guarda, a Ordem Militar de Cristo, colocada no estandarte da Associação pelas mãos do Presidente da República, General Óscar Carmona.

Mas, os bombeiros da Régua têm uma homenagem que, se não valeu mais que a distinção das ditas comendas, ajudou a levar à imortalidade dos bombeiros que combateram o grande incêndio, em 26 de Junho de 1911, na cidade de Lamego.

Poucos sabem que o autor do notável louvor, foi o Dr. Bernardino Zagalo, advogado e escritor de novelas de índole regionalista e de uma peça de teatro intitulado O Heitorzinho, popularizado em apresentações no palco de teatro de amadores ao consagrar o exemplo de um homem justo e bom, natural da freguesia de Loureiro, que o povo tem  devoção e reconhece, ainda hoje, como um santo milagreiro.

O Dr. Bernardino Zagalo, lamecense pelo nascimento, foi um verdadeiro reguense pelo coração. Apaixonado pela terra adoptiva, onde teve a sua residência, dedicou-se às actividades do foro judicial. Cidadão inteligente e activo, trabalhou para o bem comum como dinamizador das Festas do Socorro e como criador e impulsionar da Parada Agrícola, uma espécie de primeira e moderna feira agrícola para promoção dos vinhos do Douro e outros dos produtos agrícolas da região duriense.

Nesse tempo, a Associação dos Bombeiros da Régua já era uma instituição muito prestigiada, que não se ocupava só em combates dos fogos, mas tinha nobres objectivos, pois auxiliava e promovia iniciativas sociais e culturais da sociedade civil. A normalidade era a vida associativa próxima dos associados e das pessoas que apoiavam os bombeiros. O Dr. Bernardino Zagalo, como vizinho do primeiro quartel dos bombeiros, situado então no Largo dos Aviadores, conhecia-lhes os exemplos de altruísmo, abnegação e heroísmo. Não é de estranhar que mantivesse com aqueles homens de paz e fraternidade, velhos combatentes de fogos, uma respeitável relação de amizade e apoiada uma elevada admiração.
(Clique na imagem para ampliar)
Já que se recordou um dos grandes incêndios de Lamego, temos presente uma pequena nota histórica da “assombrosa catástrofe” que, no dia 26 de Junho de 1911, pelas 21.00 horas, reduziu a um esqueleto de ruínas e cinzas uma grande parte das casas da movimentada Rua de Almacave. Rezam as notícias que nem a Igreja da Misericórdia foi poupada à violência das chamas, que a destruiu completamente, o que tornou impossível a sua reconstrução.

Para ajudar a apagar este incêndio foram chamados os bombeiros da Régua, comandados por José Afonso de Oliveira Soares. Combateram-no ao lado dos bombeiros de Lamego, mas a sua acção foi determinante pela sua coragem e heroísmo, o que evitou que o fogo alastrasse às ruas envolventes e causasse mais pânico e prejuízos.

Natural de Lamego, o Dr. Bernardino Zagalo terá registado algumas das brutais imagens que correram desse incêndio e tenha ouvido falar da destemida e corajosa acção dos bombeiros da Régua nesse fogo. Apesar de ser lamecense, não se sentiu diminuído em testemunhar aquela sua missão e o “tamanho do seu heroísmo se glorificou para todo o sempre”. 
Os Desherdados,  que fez questão em dedicar a um amigo, o Conde de Saborosa e também aos Bombeiros Voluntários da Régua e cujas vendas destinou que revertessem para os cofres da associação, confirmou a gratidão a esses bombeiros com este elogio: 

Este livro não se expõe á venda. É uma homenagem, embora obscurissima, a um amigo extremoso e aos Bombeiros Voluntários da Regoa.

Os Desherdados destinam-se a sêrem distribuidos ás pessoas de coração que desejem contribuir com o seu obulo caridoso para o cofre da benemérita Associação dos Bombeiros Voluntarios da Regoa, ficando as despesas de publicação a meu cargo.

Como lamecense amantíssimo da minha terra, venho assim testemunhar a minha gratidão á briosa e esforçada colectividade que teem prestado primorosamente serviços humanitários de alto relevo e superiores a encarecimentos banaes, e que com tamanho heroísmo se glorificou para todo o sempre no pavoroso incêndio que abrazou e reduziu a cinzas, em 26 de Junho de 1911, vinte e um prédios urbanos, salvando das labaredas temerosas o bairro mais importante da cidade de Lamego e o histórico povoado do Castello (….)”.

Dizia o Dr. Zagalo que era uma homenagem obscuríssima. Ora, de obscura é que não tem mesmo nada. Ao imprimi-la nas primeiras páginas de uma sua obra literária, imortalizou os bombeiros da Régua como admiráveis  valores do altruísmo. A literatura raramente os glorifica como personagens principais, mas sabe todos sabemos que na vida real, eles são verdadeiros heróis.

Esta homenagem de um escritor, ainda que desconhecido para a maioria das pessoas, à missão dos bombeiros foi uma excepção que envaidece a quem foi dedicada, neste caso, os bombeiros da Régua. 
Quando um escritor dedica um livro ao exemplo de coragem dos bombeiros, esta atitude vale muito mais que medalhas e títulos honoríficos. O livro, depois de chegar aos leitores, será sempre uma obra imortal. É isto que está a acontecer com Os Desherdados, uma obra que foi escrita há mais de 100 anos, mas de que existem antigas edições à espera uma consulta, mais atenta e demorada, em estantes particulares e públicas.

A mensagem do livro tem um significado importante que, em certa medida, permite entender os riscos de missão dos bombeiros. Se ela revela os genuínos ideais de um ilustre cidadão que adoptou a Régua, não deixa de espelhar o reconhecimento de uma sociedade que sabia respeitar a atitude cívica dos cidadãos mais solidários e generosos. Aqueles homens que deixaram provas de heroísmo ao serviço de uma missão de socorro em Lamego.

A história dos Bombeiros da Régua escreve-se com a abnegação, solidariedade e coragem daqueles homens que juraram cumprir o lema “Vida por Vida”. O dever de cada bombeiro é ajudar os seus semelhantes quando as vidas e bens estão em perigo. Eles não socorrem para serem reconhecidos como heróis. Aquilo que o Dr. Bernardino Zagalo escreveu no seu livro sobre os Bombeiros da Régua é mais uma homenagem ao seu esforçado e valente trabalho perante a destruição devoradora dos fogos. É um louvor, também de alguém que lhes está grato!

Certos livros voltam quando pensávamos que estavam esquecidos, como este do Dr. Bernardino Zagalo. E ainda bem, assim as novas gerações podem saber que os bombeiros da Régua alcançaram um digno reconhecimento pelos seus talentos de humanidade e de heroísmo e, por ser mais nobre que a atribuição de qualquer medalha de ouro, atingiram o estatuto da Imortalidade.

A partir de agora, os bombeiros da Régua sabem que, na sua longa história, há um livro especial, intitulado Os Deserdados que, publicado há cem anos, os evoca pela sua brilhante competência e também pela coragem e abnegação no combate a um dos maiores incêndio ocorridos em Lamego, prestigiando assim o bom nome da benemérita associação reguense.
- José Alfredo Almeida*, Régua, Julho de 2011. Actualizado em 8 de Abril de 2014. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.
  • Um outro post - O Nosso Dr Zagalo
Um Livro Especial
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 21 de Julho de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

Edição de Jaime Luis Gabão para Escritos do Douro 2011 em 19 de Julho de 2011. Actualização em 8 de Abril de 2014.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A CHEIA DO RIO DOURO DE 1962

Uma bela imagem da grande cheia do rio Douro de 1962 nas principais ruas da cidade de Peso da Régua.

Nela se nota a grandeza e a intensidade desta cheia ao verem-se dois barcos a “navegar” no conhecido “Passeio Alto”, ao fim da rua Custódio José Vieira (também conhecida por Rua das Vareiras) e as águas do rio a inundarem o princípio da Rua da Ferreirinha, com alguns bombeiros da Régua por perto, onde ao centro de destaca um dos nossos grandes quarteleiros, o conhecido e saudoso Zé Pinto, a ajudarem em trabalhos de retirada bens e pessoas das suas casas.

Na nossa cidade, são consideradas cheias grandes as que inundam a Avenida João Franco (que esta à cota a 58 m), implicando uma subida do nível do rio em 13 metros de altura (caudal a 6 000 m3/s).

Na Régua, essa cheia do rio de 1962, a segunda maior do séculoXX, (a maior cheia é de 1909 com um caudal de 16.700 m3/s) atingiu um caudal de 15.700 m3/s (cota 67,7 m), o equivalente a 23 metros de altura para além do nível médio do leito normal.

Da grande aflição, com “horas de angústia” e “horas de terror”, vividas pelos reguenses nessa cheia do rio, temos um emocionante e doloroso relato feito nas páginas do jornal “Vida Por Vida”.

“Ainda não seriam 19 horas do primeiro dia do ano de 1962, quando os nossos bombeiros começaram a ser solicitados para prestarem o seu auxílio a diversas famílias que na nossa zona ribeirinha estavam a ser molestadas pela subida do rio Douro.

Desde essa hora, nunca mais os nossos bombeiros tiveram um minuto de descanso e o auge da tragédia veio a verificar-se perto da noite, pois cada vez mais era superior o número de pedidos, que os nossos briosos Soldados da Paz eram impotentes para poderem atender. Duas vezes e com angústia se ouviu o toque da sirene para alertar toda a população e os trabalhos iam sempre decorrendo debaixo de um temporal e da um preocupação constante.

Os telefonemas sucediam-se para diversos locais a pedir informações sobre os aumentos verificados no caudal do nosso rio e todas as notícias eram o mais assustadoras que se podiam imaginar.

Cônscio da gravidade da situação, eis que o Comando da Corporação delibera pedir a colaboração das Corporações vizinhas (…) surgiram já no meio da manhã do dia 2 de Janeiro e o seu trabalho também não poderá ser esquecido. Vila Real, Lamego e Armamar, nos diversos locais onde trabalharam, deixaram a certeza de que estavam connosco e só havia um fim: salvar as vidas e haveres de tantos reguenses que se encontravam em perigo.

Tão cedo não se apagará da memória de todos nós tão grave tragédia que, felizmente, não teve a registar qualquer perda de vidas. (…) há a realçar a valentia dos infatigáveis bombeiros que, já na noite desse segundo dia, com risco das suas próprias vidas, salvaram diversos homens numa casa na Rua da Alegria, um casal de velhinhos no Salgueiral, e de morte certa, duas famílias no Juncal de Baixo, pois que estas, após terem sido retiradas, viam as suas pobres casas serem arrasadas pela fúria crescente do rio douro”.
Estes são os maus momentos das páginas do nosso rio Douro, que ciclicamente se repetem, mas que de volta às suas margens, que crescem por belos e imponentes socalcos de vinhas, se torna num dos elementos mais belos do espaço cénico da cidade de Peso da Régua.
- Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida.*
*O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras actividades (onde se inclui fotografia), escrevendo crónicas que registam neste blogue, no seu blogue "Pátria Pequena" e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, textos de escritores e poetas do Douro, além de fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.

Outros textos sobre os "Bombeiros Voluntários do Peso da Régua" e sua História:
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Janeiro de 2014. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Actualização em Janeiro de 2-14. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Padre Manuel Lacerda

Os Bombeiros da Régua tiveram uma forte ligação à religião católica logo desde os primeiros anos da sua existência. Os bombeiros pioneiros beneficiaram da ajuda espiritual do Padre Manuel Lacerda de Oliveira Borges. Ele foi, ao que consta, o primeiro capelão dos nossos Bombeiros.

O Padre Manuel Lacerda foi também um pedagogo e, nos tempos da monarquia e primeiros anos da república, na escola particular que fundou, ensinou as primeiras letras a crianças. Enquanto viveu, os reguenses admiraram-no e não deixaram de o chorar quando Deus o chamou na flor da vida, com pouco mais de 35 anos. Sendo um homem de belas feições, o seu coração perdeu-se de amores e paixões que nunca escondeu de ninguém. De uma relação amorosa que assumiu, foi pai de uma criança que ajudou a crescer. Esse seu filho, de nome José Lacerda, imitando as pisadas do seu pai, chegou a vestir a farda de bombeiro.

Depois da morte do sacerdote, os Bombeiros da Régua não tiveram mais ninguém que quisesse ser capelão, muito embora o saudoso Padre Carminé, figura conhecida no passado séc. XIX por ser um dotado director de orquestra, tenha andado a espalhar a fé pelo velho quartel da Chafarica. Se se terá ocupado de rezar missas por altura do aniversário da corporação ou, quando muito, pela morte de algum bombeiro, não se sabe, mas algum bem deve ter feito àqueles primeiros e generosos bombeiros.

Com a morte do Padre Lacerda, mais nenhum sacerdote encontrou vocação espiritual para pastorear as almas dos bombeiros reguenses. Mesmo que tivessem inclinação para usar, em vez da batina preta, uma farda, um capacete e uma machada para entrar com os bombeiros no inferno das chamas do fogo, por certo deve ter-lhes faltado a coragem. Ao levar a fé, o padre pode salvar alguém do pecado e até dos maus caminhos do viver em comunidade, mas nunca se pode comparar com  a missão dos nossos bombeiros que está no limite do verdadeiro altruísmo e generosidade e numa fronteira ténue entre a  vida e a morte, quando são chamados pelo toque do sino ou da sirene para salvar bens e vidas em perigo.

Nem no Quartel dos Bombeiros da Régua, nem no seu pequeno Museu há memórias vivas da passagem do Padre Manuel Lacerda. Como também não existe nenhuma lembranças da boa alma que ele foi como construtor de laços de concórdia e de fraternidade entre os concidadãos do seu tempo.Nas rotinas do dia-a-dia da Associação,que se mantém viva e activa permanentemente desde o ano de 1880, ninguém se deu ao cuidado de arquivar uma fotografia para que ali fossem, pelo menos,perpetuadas as sombras de sua presença e do seu carácter humano exemplar.

Mas, o Padre Manuel Lacerda, embora tenha sido sepultado numa campa rasa do cemitério de Canelas, não ficou esquecido como bom pastor na poeira do tempo e na memória do seu povo.E, muito sinceramente, até esperávamos que um dia ele fosse homenageado pelo bem que fez à sua terra e aos seus bombeiros...

E, por isso, quando sobre ele fizemos uma pequena nota a dar conhecimento da sua existência e da sua importância  na sociedade reguense, não sabíamos se lhe íamos encontrar os  rastos do caminho que, muito cedo,  o levaram daqui até aos confins do outro mundo. Enganámos-nos e, quase a terminar o ano de 2013, os seus descendentes ainda vivos e de boa saúde vieram ao nosso encontro. Uma sua neta, filha do José Lacerda, ao ler na internet uma nossa evocação do distinto capelão dos bombeiros, telefonou-nos, comovida pelo nosso gesto, indicando-nos os dados pessoais que dele nos faltavam. Ao mesmo tempo, acrescentava outros que nos alimentavam uma esperança de traçar o esboço de uma ligeira biografia e revelar uma pequena parte do curto percurso terreno deste sacerdote. Essa neta deu-nos a preciosa informação de que a outra irmã guardava do distinto padre uma fotografia muito antiga, que teria sido tirada ainda muito jovem. Dirigimo-nos ao marido da irmã, comerciante de roupas com uma pequena loja  na Rua dos Camilos que, depois de uma  simples conversa, nos trouxe a fotografia do sacerdote emoldurada num bonito quadro de madeira para fazer nos estúdios da Foto-Baía uma reprodução digital dessa imagem. Não demorou muito tempo que o retrato do capelão seguisse para o Quartel dos Bombeiros da Régua, para ficar exposto na galeria de figuras memoráveis.

Muitos anos depois, bem se pode dizer com um sorriso que o ditoso capelão estava de regresso à companhia dos homens do seu e nosso tempo, para se juntar àqueles que mais se sacrificaram por constituir na Régua um corpo de bombeiros voluntários, como é o caso dos Cdtes Manuel Maria de Magalhães, Afonso Soares, Joaquim de Sousa Pinto, dos bombeiros José Ruço e Riço, alguns dos tantos que, lá no infinito, andarão mortificados com algum incêndio que deixaram cá na terra por apagar.

Com o retrato do Padre Manuel Lacerda, a actual geração de bombeiros pode conhecer, finalmente, os traços e a fisionomia do seu primeiro capelão e, sobretudo, avaliar com mais atenção o seu exemplo de humanidade.Foi graças a esta inesperada e preciosa colaboração que o nosso sacerdote, lá do outro mundo, regressou ao nosso mundo, desta vez pelos caminhos do mundo virtual!

Quem tinha recordado o Padre Manuel Lacerda, num tom respeitoso e de elogio póstumo, quase como se o estivesse a venerar, foi o escritor João de Araújo Correia, que, numa crónica publicada no jornal Vida por Vida, de Novembro de 1957, sob o título "Recordações de Barro - Os Bombeiros", traçou o carácter da sua alma desta maneira:

“Perdi a ocasião de ver os bombeiros formados quando morreu o Padre Manuel Lacerda. Passou à minha porta o acompanhamento, a caminho do Cruzeiro, mas não o vi. Se passou de manhã, estaria eu ainda na cama ou andaria para o quintal, onde era vivo e morto nas horas forras das primeiras letras -tinha eu sete anos.
Quem me descreveu o enterro foi minha irmã mais velha, imediata de minha mãe na minha iniciação em espectáculos novos. Disse-me como tinha sido, mas só o fixei, de mo dizer muitas vezes, que o Borrajo levava a bandeira e ia a chorar.
O Padre Manuel Lacerda. Foi, de todos, o mais benquisto dos reguenses. Morreu de repente, enlutando num pronto a Régua toda. Lembro-me de o ver conversar com pai. Que fisionomia! Era uma espécie de coração visto por fora para melhor se adorar. Meu pai, que não era homem de muitas lágrimas, nunca o recordou, pela vida fora, com os olhos absolutamente secos.
Não se pode dizer que o Padre Manuel Lacerda, como padre, tenha sido talhado pelo figurino que os cânones exigem. Mas, como homem, foi um santo homem, um homem alegre, que não podia ver pessoas mal dispostas nem arrenegadas umas com as outras. Onde soubesse que havia desavindos, fazia uma festa, promovia um banquete, fosse lá o que fosse, para os congregar. Deixou, na Régua, essa tradição benigna.
O Padre Manuel Lacerda foi capelão dos bombeiros. Por isso o acompanharam, de bandeira enlutada, no último passeio. O Borrajo, porta-estandarte, ia a chorar...

Não chorou apenas aquele bombeiro, também ele já na Eternidade, a fazer companhia ao Padre Manuel Lacerda. Choram todos os reguenses pela alma do bom capelão dos Bombeiros da Régua, acreditando que lá na imensa Eternidade, onde andará a espalhar mensagens celestiais de concórdia, os espera com um bondoso sorriso para partilhar a vida espiritual em mais um grande e festivo banquete.
- Peso da Régua, 31 de Dezembro de 2013, José Alfredo Almeida*. Ler também - Escritos do Douro: O Padre Manuel Lacerda - Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua.

*O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras actividades (onde se inclui fotografia), escrevendo crónicas que registam neste blogue, no seu blogue "Pátria Pequena" e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, textos de escritores e poetas do Douro, além de fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Janeiro de 2014. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Memórias Vivas - Antologia de textos sobre os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua

Dia 8 de Dezembro de 2013 pelas 15h00, no Salão Nobre do Quartel Delfim Ferreira.
(Clique nas imagens para ampliar)
Lançamento do livro 'Memórias Vivas -  Antologia de textos sobre os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua' - Contém Capa, nota de apresentação do coordenador Dr. José Alfredo Almeida; testemunho do Presidente do Município Engº. Nuno Manuel Sousa Pinto de Carvalho Gonçalves; prefácio do Padre Vítor Melícias, OFM (Presidente Honorário dos Bombeiros da Régua) e 'Levar a associação em diante' texto de autoria do Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares - Comendador.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MEMÓRIAS VIVAS - Textos sobre os Bombeiros da Régua

Textos sobre os Bombeiros da Régua organizados por José Alfredo Almeida.
Dia 8 de Dezembro de 2013 pelas 15h00, no Salão Nobre do Quartel Delfim Ferreira.

clique na imagem para ampliar o 'convite'.
  • Textos sobre os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua neste blogue.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ainda o 41.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.


CONGRESSO MEMORÁVEL
De 28 a 30 de Outubro, a cidade do Peso da Régua assumiu o papel de capital dos Bombeiros de Portugal ao receber, de forma nobre e acolhedora, o 41.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Cerca de 700 congressistas, representando 75% das entidades detentoras de corpos de bombeiros no nosso País – voluntários, mistos, municipais e privativos –, bem como 19 das 20 federações de bombeiros, transformaram este congresso numa indesmentível demonstração do vigor e representatividade da confederação. Pode mesmo dizer-se que nenhuma outra entidade no nosso país, com excepção dos partidos políticos, tem este poder de mobilização e de participação numa assembleia magna.

Mas este congresso não foi apenas memorável por esta razão. Ele foi um momento histórico para os Bombeiros Portugueses e para as suas estruturas, por outras razões.

Em primeiro lugar, porque a circunstância de ter havido duas listas candidatas aos órgãos sociais originou dois meses de debate intenso, por todo o país, tendo como alvo o futuro dos bombeiros na sociedade portuguesa.

O conteúdo das propostas e a forma como foram apresentadas, o estilo e personalidade dos cabeças de lista, as estratégias de campanha utilizadas, os apoios conquistados, tudo isto foram argumentos que pesaram ao longo do período que antecedeu o congresso. Quer isto dizer que, no meu ponto de vista, a maioria dos congressistas definiram as suas posições relativamente às opções de voto muito antes de entrarem na sala do congresso.

A segunda razão por que este congresso entra de forma indelével para a história foi a elevação que caracterizou os trabalhos, no único dia reservado ao debate. Houve intervenções duras, umas tantas com alguma agressividade, mas todas com o respeito que a assembleia magna de uma organização como a LBP exige e merece.

Finalmente, de destacar o extraordinário desfile de encerramento, organizado de forma inovadora, permitindo demonstrar o quanto os Bombeiros Portugueses evoluíram, sob todos os pontos de vista, assumindo uma grande postura de profissionalismo no exercício da sua missão, mesmo quando o fazem na condição de voluntários. Por esta razão é justo sublinhar o empenho, dedicação e competência de todos os elementos de comando envolvidos na organização do desfile, bem como o garbo e a dignidade dos homens e mulheres bombeiros do distrito de Vila Real, que deram expressão e cor a esta manifestação exaltante da força dos Bombeiros de Portugal.

Sim, este foi um congresso memorável, em especial pelo espírito de equipa que norteou todos aqueles que, conjuntamente com o Conselho Executivo da LBP, se empenharam na sua organização: Federação de Bombeiros de Vila Real, Associação Humanitária de Bombeiros do Peso da Régua e Câmara Municipal do Peso da Régua.

Feito o balanço para aprendizagem de futuros congressos, naturalmente que há aspectos negativos a registar, sobretudo quanto à postura lateral de alguns. Esses foram os verdadeiros derrotados deste congresso e a história deles não falará.

Este é o tempo de trazermos o Congresso da Régua para dentro de cada uma das nossas estruturas, de abrirmos o debate no seu seio e de reinventarmos novos objectivos, novos modelos de organização e novos métodos de intervenção.

Este é o tempo de nos interrogarmos sobre se o caminho que estamos a seguir em cada uma das nossas organizações é o que concentra mais esforços e recursos no que é essencial.

Não nos iludamos. Aceitemos ou não, o quadro em que as entidades detentoras de corpos de bombeiros irão desempenhar a sua missão, ao longo dos próximos 5 anos, vai ser muito diferente do vivido nos últimos 15 anos, porque será mais restritivo e complexo.

A hora não é de novas conquistas, mas sim de defesa das posições que conquistamos, com uma única excepção: tem de ser possível recuperar a identidade dos Bombeiros, perdida no âmbito da criação da ANPC, nomeadamente através da institucionalização de um modelo de tutela consentâneo com a importância e dimensão destes no Sistema de Protecção e Socorro.
- Duarte Caldeira, Presidente do CE da Liga dos Bombeiros Portugueses

Nota: Este artigo foi publicado no Jornal Bombeiros de Portugal, edição de Novembro de 2011
CONGRESSO MEMORÁVEL
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 1 de Dezembro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
Bombeiros reuniram-se na Régua
Novos dirigentes eleitos em momento difícil.
Peso da Régua recebeu no final de Outubro, pela segunda vez, a reunião máxima dos bombeiros promovida pela sua confederação, a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Ficou também, mais uma vez, demonstrada a capacidade de organização e de bem receber dos transmontanos, dos bombeiros e dos autarcas.

A reunião decorreu num clima de alguma natural tensão já que, contrariando o ocorrido nos últimos mandatos, se tratou de um congresso electivo na presença de duas listas encabeçadas, respectivamente, pelo comandante Jaime Marta Soares, e por Joaquim Rebelo Marinho.

A delicadeza desse momento, porventura, terá obstado a que o congresso tivesse também podido discutir com maior profundidade alguns temas, que estão na ordem do dia dos bombeiros e que, salvo melhor opinião, poderão por em causa a própria sustentabilidade de muitas associações de bombeiros a brevíssimo prazo. Falo concretamente do transporte programado de doentes, uma das principais, senão a principal, fonte de receitas de muitas associações de bombeiros.

Mas se o debate sobre o tema não terá merecido o impacto desejado, certo é que, pelo menos, serviu para o lembrar aos membros do Governo presentes bem como às entidades que, directa ou indirectamente, a ele estão ligadas.

Ao introduzir, no final de 2010, novas regras restritivas ao acesso ao transporte assegurado pelos bombeiros, o Ministério da Saúde, não só passou a coarctar, desde então, o direito dos doentes a esse serviço, como também está pôs em causa, em muitos casos, o único meio de transporte de que eles dispõem para aceder aos cuidados de saúde. Vejam-se zonas recônditas do nosso interior onde, contrastando com a bela paisagem, o reverso da medalha está nas dificuldades sentidas, nuns casos, na inexistência e, noutros, no custo dos meios de transporte.

Será bom lembrar que nem sempre existiu este serviço de transporte programado executado pelos bombeiros. Foi o próprio Estado que, na década de 70 do século passado, não tendo capacidade para o fazer, os foi desafiar para isso. Mais tarde, não obstante o serviço estar a ser executado em pleno pelos bombeiros, o Estado entendeu abri-lo também a entidades privadas, a empresas que então se constituíram para o efeito.
Essa coabitação nem sempre foi pacífica por razões muitas vezes locais ou, também, por manifesta indefinição do próprio Estado na gestão daquele serviço.

Certo é que, chegados ao final de 2010, os bombeiros se começaram a ver a braços com uma quebra dos pedidos de transporte feitos pelos vários serviços de saúde. Quebra de pedidos e de correspondentes receitas de que, até agora, nunca recuperaram. Como consequência disso, foram já dispensados vários elementos das associações que asseguravam o transporte de doentes. E, porventura, esse processo vai acentuar-se com mais dispensas, calculadas neste momento, a nível nacional, em cerca de 300.

Tudo isto se passa, em boa verdade, a arrepio dos dirigentes dos bombeiros, de forma unilateral, encapotada por regras burocráticas, não obstante os responsáveis governamentais, os anteriores e os novos, se terem prodigalizado muitas vezes em declarações na defesa dos doentes e dos seus direitos.

Não obstante, no memorando celebrado com a “troika”, sempre a “troika”, se referir a necessidade de diminuir drasticamente o transporte de doentes, quando confrontados pelos dirigentes da LBP, os responsáveis governamentais afirmaram sempre que tal não dizia respeito ao bombeiros dado que estes já haviam sofrido anteriormente com isso. No seu entender, a redução exigida pela “troika” dizia apenas respeito ao transporte particular. Contudo, a realidade tem confirmado exactamente o contrário.

A entrada em funcionamento de um novo sistema, informatizado, de gestão de transporte de doentes ligado directamente entre os bombeiros e os serviços de saúde, vem, na prática, confirmá-lo. Não que, em tese, o tal sistema não possa vir a ser uma boa ferramenta mas, de momento, apenas está servir para materializar sem apelo uma lógica economicista, que reduz, não só o número de serviços, como também o tipo de serviços, incluindo o chamado longo curso e, por maioria, na redução ainda maior das receitas.

Escrevo estas linhas em vésperas de uma reunião entre a LBP e o actual ministro da Saúde. Alguns acalentarão expectativas sobre os resultados desse encontro, mas outros nem tanto.

A lógica da crise e da austeridade, no domínio a que aqui me refiro, tem permitido grassar uma postura cega de cortes, sem critério que se assuma ou reconheça, ditados por metas traçadas aos gestores e responsáveis dos serviços de saúde como se de fábricas de salsichas ou enchidos se estivesse a falar. Ao contrário, falamos de pessoas, da sua qualidade de vida e até da longevidade de muitas delas, que a ciência tem garantido mas que, pelos vistos, os seus concidadãos lhes querem negar.
Os bombeiros continuarão na primeira linha da defesa das comunidades de onde nasceram. Estas, nesse sentido, também terão que pugnar por eles. O seu desaparecimento seria catastrófico, mas o mero enfraquecimento da sua capacidade também não deixa de constituir um dano grave. É o transporte dos doentes que pode estar em causa mas, no final, poderá ser também o socorro. Pensemos bem nisso.
- Rui Sousa Dias Rama da Silva, Director do Conselho Executivo da L.B.P. e jornalista do jornal Bombeiros de Portugal
Bombeiros reuniram-se na Régua
Novos dirigentes eleitos em momento difícil
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 24 de Novembro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

Cartaz divulgador da programação de aniversário da Associação Humanitária dos BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA, a acontecer em 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 2011 próximos.
Clique na imagem para ampliar
Clique  nas imagens acima para ampliar. Colaboração de textos e imagens do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2011. Actualização em Dezembro de 2013.