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terça-feira, 8 de abril de 2014

UM LIVRO ESPECIAL

Ao Dr. Bernardino Zagalo

Das homenagens e louvores aos bombeiros da Régua dedicadas pelo seu espírito de abnegação, brio e heroísmo há uma, muito especial que, pela sua raridade, autoria e forma invulgar como foi divulgada, não pode ficar esquecida nas páginas da história da associação nem na memória colectiva.

Não é um diploma nem sequer uma medalha de ouro concedida por alguma entidade pública a reconhecer o mérito, a dedicação pública, a generosidade, o comportamento exemplar, a coragem e abnegação e os serviços distintos pelo que, nas suas arriscadas missões de socorro, fizeram os bombeiros.

Ao longo da sua existência, os bombeiros da Régua foram enaltecidos com importantes distinções e títulos honoríficos. Sem querer valorizar nenhum há um especial muito um que brilha mais alto e destaca-se nas glórias dos bombeiros da velha guarda, a Ordem Militar de Cristo, colocada no estandarte da Associação pelas mãos do Presidente da República, General Óscar Carmona.

Mas, os bombeiros da Régua têm uma homenagem que, se não valeu mais que a distinção das ditas comendas, ajudou a levar à imortalidade dos bombeiros que combateram o grande incêndio, em 26 de Junho de 1911, na cidade de Lamego.

Poucos sabem que o autor do notável louvor, foi o Dr. Bernardino Zagalo, advogado e escritor de novelas de índole regionalista e de uma peça de teatro intitulado O Heitorzinho, popularizado em apresentações no palco de teatro de amadores ao consagrar o exemplo de um homem justo e bom, natural da freguesia de Loureiro, que o povo tem  devoção e reconhece, ainda hoje, como um santo milagreiro.

O Dr. Bernardino Zagalo, lamecense pelo nascimento, foi um verdadeiro reguense pelo coração. Apaixonado pela terra adoptiva, onde teve a sua residência, dedicou-se às actividades do foro judicial. Cidadão inteligente e activo, trabalhou para o bem comum como dinamizador das Festas do Socorro e como criador e impulsionar da Parada Agrícola, uma espécie de primeira e moderna feira agrícola para promoção dos vinhos do Douro e outros dos produtos agrícolas da região duriense.

Nesse tempo, a Associação dos Bombeiros da Régua já era uma instituição muito prestigiada, que não se ocupava só em combates dos fogos, mas tinha nobres objectivos, pois auxiliava e promovia iniciativas sociais e culturais da sociedade civil. A normalidade era a vida associativa próxima dos associados e das pessoas que apoiavam os bombeiros. O Dr. Bernardino Zagalo, como vizinho do primeiro quartel dos bombeiros, situado então no Largo dos Aviadores, conhecia-lhes os exemplos de altruísmo, abnegação e heroísmo. Não é de estranhar que mantivesse com aqueles homens de paz e fraternidade, velhos combatentes de fogos, uma respeitável relação de amizade e apoiada uma elevada admiração.
(Clique na imagem para ampliar)
Já que se recordou um dos grandes incêndios de Lamego, temos presente uma pequena nota histórica da “assombrosa catástrofe” que, no dia 26 de Junho de 1911, pelas 21.00 horas, reduziu a um esqueleto de ruínas e cinzas uma grande parte das casas da movimentada Rua de Almacave. Rezam as notícias que nem a Igreja da Misericórdia foi poupada à violência das chamas, que a destruiu completamente, o que tornou impossível a sua reconstrução.

Para ajudar a apagar este incêndio foram chamados os bombeiros da Régua, comandados por José Afonso de Oliveira Soares. Combateram-no ao lado dos bombeiros de Lamego, mas a sua acção foi determinante pela sua coragem e heroísmo, o que evitou que o fogo alastrasse às ruas envolventes e causasse mais pânico e prejuízos.

Natural de Lamego, o Dr. Bernardino Zagalo terá registado algumas das brutais imagens que correram desse incêndio e tenha ouvido falar da destemida e corajosa acção dos bombeiros da Régua nesse fogo. Apesar de ser lamecense, não se sentiu diminuído em testemunhar aquela sua missão e o “tamanho do seu heroísmo se glorificou para todo o sempre”. 
Os Desherdados,  que fez questão em dedicar a um amigo, o Conde de Saborosa e também aos Bombeiros Voluntários da Régua e cujas vendas destinou que revertessem para os cofres da associação, confirmou a gratidão a esses bombeiros com este elogio: 

Este livro não se expõe á venda. É uma homenagem, embora obscurissima, a um amigo extremoso e aos Bombeiros Voluntários da Regoa.

Os Desherdados destinam-se a sêrem distribuidos ás pessoas de coração que desejem contribuir com o seu obulo caridoso para o cofre da benemérita Associação dos Bombeiros Voluntarios da Regoa, ficando as despesas de publicação a meu cargo.

Como lamecense amantíssimo da minha terra, venho assim testemunhar a minha gratidão á briosa e esforçada colectividade que teem prestado primorosamente serviços humanitários de alto relevo e superiores a encarecimentos banaes, e que com tamanho heroísmo se glorificou para todo o sempre no pavoroso incêndio que abrazou e reduziu a cinzas, em 26 de Junho de 1911, vinte e um prédios urbanos, salvando das labaredas temerosas o bairro mais importante da cidade de Lamego e o histórico povoado do Castello (….)”.

Dizia o Dr. Zagalo que era uma homenagem obscuríssima. Ora, de obscura é que não tem mesmo nada. Ao imprimi-la nas primeiras páginas de uma sua obra literária, imortalizou os bombeiros da Régua como admiráveis  valores do altruísmo. A literatura raramente os glorifica como personagens principais, mas sabe todos sabemos que na vida real, eles são verdadeiros heróis.

Esta homenagem de um escritor, ainda que desconhecido para a maioria das pessoas, à missão dos bombeiros foi uma excepção que envaidece a quem foi dedicada, neste caso, os bombeiros da Régua. 
Quando um escritor dedica um livro ao exemplo de coragem dos bombeiros, esta atitude vale muito mais que medalhas e títulos honoríficos. O livro, depois de chegar aos leitores, será sempre uma obra imortal. É isto que está a acontecer com Os Desherdados, uma obra que foi escrita há mais de 100 anos, mas de que existem antigas edições à espera uma consulta, mais atenta e demorada, em estantes particulares e públicas.

A mensagem do livro tem um significado importante que, em certa medida, permite entender os riscos de missão dos bombeiros. Se ela revela os genuínos ideais de um ilustre cidadão que adoptou a Régua, não deixa de espelhar o reconhecimento de uma sociedade que sabia respeitar a atitude cívica dos cidadãos mais solidários e generosos. Aqueles homens que deixaram provas de heroísmo ao serviço de uma missão de socorro em Lamego.

A história dos Bombeiros da Régua escreve-se com a abnegação, solidariedade e coragem daqueles homens que juraram cumprir o lema “Vida por Vida”. O dever de cada bombeiro é ajudar os seus semelhantes quando as vidas e bens estão em perigo. Eles não socorrem para serem reconhecidos como heróis. Aquilo que o Dr. Bernardino Zagalo escreveu no seu livro sobre os Bombeiros da Régua é mais uma homenagem ao seu esforçado e valente trabalho perante a destruição devoradora dos fogos. É um louvor, também de alguém que lhes está grato!

Certos livros voltam quando pensávamos que estavam esquecidos, como este do Dr. Bernardino Zagalo. E ainda bem, assim as novas gerações podem saber que os bombeiros da Régua alcançaram um digno reconhecimento pelos seus talentos de humanidade e de heroísmo e, por ser mais nobre que a atribuição de qualquer medalha de ouro, atingiram o estatuto da Imortalidade.

A partir de agora, os bombeiros da Régua sabem que, na sua longa história, há um livro especial, intitulado Os Deserdados que, publicado há cem anos, os evoca pela sua brilhante competência e também pela coragem e abnegação no combate a um dos maiores incêndio ocorridos em Lamego, prestigiando assim o bom nome da benemérita associação reguense.
- José Alfredo Almeida*, Régua, Julho de 2011. Actualizado em 8 de Abril de 2014. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.
  • Um outro post - O Nosso Dr Zagalo
Um Livro Especial
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 21 de Julho de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

Edição de Jaime Luis Gabão para Escritos do Douro 2011 em 19 de Julho de 2011. Actualização em 8 de Abril de 2014.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Bombeiros da Velha Guarda

João de Araújo Correia

No mês de Novembro, quando as procelas rugem, como disse o Poeta, é natural que nos refugiemos em casa e recordemos, com a devida melancolia, os tempos idos. Acende-se a lareira e invocam-se os mortos. Chamam-se, comparecem todos… Confundem-se, as suas vozes, com o crepitar da fogueira. Bela ressurreição! Haverá cenário mais belo do que o lume?
Fim de Novembro, fazem anos os Bombeiros da Régua. Contam oitenta e cinco, mas, parece que nasceram ontem. Nem uma ruga, nem um cabelo branco, nem um desalento… Garbosos até o capacete, fazem do garbo agilidade, frescura e força. Que milagre!
Confraternizam, em cada aniversário, os Bombeiros da Régua. Depois das cerimónias piedosas e do desfile nas ruas, sentam-se à mesa e comem. Comem bem e gracejam… Mas, talvez que nenhum se lembre, nem bombeiro nem contribuinte, de sócios e bombeiros antigos, que também se sentaram, em ágape semelhante, para comer e gracejar.
Quem vai contando anos, dos que fazem mossa, lembra-se da velha Bomba e de quem a movia e sustentava. Lembra-se de Afonso Soares, com a sua barba branca; do poeta Camilo Guedes, de gravata Lavallière; do José Avelino, que comia um boi por uma perna; do José Ruço, que pertencia ao corpo auxiliar; do Joaquim Maria Leite, o Riço, que pertencia ao corpo activo com alma de criança e alma de bombeiro. Mas, de quantos se não lembra ainda? Justino Lopes Nogueira, o Justino, daria um livro de inocentes recordações alegres.
O quartel dos Bombeiros, situado ali em baixo, na Chafarica, no Largo dos Aviadores, como hoje se diz, era o clube da terra. Havia outro, mas, aristocrático, presidido pelo monóculo do Dr. Costa Pinto. Clube, ponto de reunião sem preconceito, era o quartel dos Bombeiros. Ali se jogava e conversava à vontade. Ali se davam gargalhadas que faziam estremecer o quartel. Guarda-lhes o eco algum ouvido então adolescente…
Fazia rir as pedras do dominó o Dr. Bernardino Zagalo. Era menino que se não ensaiava para contar uma anedota pícara. Mas, também era menino para encantar gente rude, metendo-lhe no caco entusiasmos febris sobre literatura e outras sabedorias.
Tempos simples aqueles! Falta escrever-lhes a história. Mas, quem na escreverá? Alguma cronista ignorante de factos vividos. Pelo que nos toca, ou toca aos nossos Bombeiros, recordemos os da velha guarda, tão garbosos como os de agora, mas muito mais alegres, mais divertidos, mais despreocupados. A vida, que foi sempre séria, tinha quem a fizesse rir. Hoje, não tem… A vida, mais do que séria, tornou-se carrancuda e até feroz. Tanto, que até se inventou o artifício da descontracção para substituir a espontânea distracção.
Nota: Nesta crónica publicada, inicialmente, em Novembro de 1965, no boletim Vida Por Vida, extinto órgão da AHBV do Peso da Régua e, depois, no livro Pátria Pequena, edição da Impressa do Douro (1977), o autor recorda os primeiros bombeiros voluntários do Peso da Régua que chegou a conhecer. Lembra uma Régua antiga, no final da monarquia, e a importância social que tinha o quartel dos bombeiros que, ao tempo, funcionava como o clube da terra. Evoca também ilustres figuras da vida local,  amigas dos bombeiros, como o Dr. Bernardino Zagalo, advogado e escritor, e o Dr. Costa Pinto, líder do partido progressista, distinto advogado e  que  se distinguiu como presidente de câmara.


Clique nas imagens acima para ampliar. Sugestão de J. A. Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Maio de 2012. Texto também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 24 de Maio de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Um livro especial

Ao Dr. Bernardino Zagalo

Das homenagens e louvores aos bombeiros da Régua dedicadas pelo seu espírito de abnegação, brio e heroísmo há uma, muito especial que, pela sua raridade, autoria e forma invulgar como foi divulgada, não pode ficar esquecida nas páginas da história da associação nem na memória colectiva.

Não é um diploma nem sequer uma medalha de ouro concedida por alguma entidade pública a reconhecer o mérito, a dedicação pública, a generosidade, o comportamento exemplar, a coragem e abnegação e os serviços distintos pelo que, nas suas arriscadas missões de socorro, fizeram os bombeiros.

Ao longo da sua existência, os bombeiros da Régua foram distinguidos com importantes distinções e títulos honoríficos. Sem querer valorizar nenhum em especial, um brilha mais alto e destaca-se nas glórias dos bombeiros da velha guarda, a Ordem Militar de Cristo, colocada no estandarte da Associação pelas mãos do Presidente da República, General Óscar Carmona.

Mas, os bombeiros da Régua têm uma homenagem que, se não valeu mais que a distinção das ditas comendas, ajudou a levar à imortalidade dos bombeiros que combateram o grande incêndio, em 26 de Junho de 1911, na cidade de Lamego.

Poucos sabem que o autor do notável louvor, foi o Dr. Bernardino Zagalo, advogado e escritor de novelas de índole regionalista e uma peça de teatro intitulado O Heitorzinho, popularizado em reapresentações no palco de teatro de amadores e consagrar o exemplo de um homem justo e bom, natural da freguesia de Loureiro, que o povo veneração devoção e reconhece, ainda hoje, como um santo milagreiro.

O Dr. Bernardino Zagalo, lamecense pelo nascimento, foi um verdadeiro reguense pelo coração. Apaixonado à terra adoptiva, onde teve a sua residência dedicou-se às actividades do foro judicial. Cidadão inteligente e activo trabalhou para o bem comum com dinamizador das Festas do Socorro e o criador e impulsionar da  Parada Agrícola, uma espécie de primeira e moderna feira agrícola para promoção dos vinhos do Douro e outros dos produtos agrícolas da região duriense.

Nesse tempo, a Associação dos Bombeiros da Régua já era uma instituição muito prestigiada, que não se ocupava só em combater os fogos, mas tinha nobres objectivos, auxiliava e promovia iniciativas sociais e culturais da sociedade civil. A normalidade era a vida associativa próxima dos associados e das pessoas que apoiavam os bombeiros. Dr. Bernardino Zagalo, como vizinho do primeiro quartel dos bombeiros, situado então no Largo dos Aviadores, conhecia-lhes os exemplos de altruísmo, abnegação e heroísmo. Não é de estranhar que tivesse por aqueles homens de paz e fraternidade, velhos combatentes de fogos, uma respeitável relação de amizade e uma elevada admiração.
(Clique na imagem para ampliar)
Já que se recordou um dos grandes incêndios de Lamego, temos presente uma pequena nota história da “assombrosa catástrofe” que, no dia 26 de Junho de 1911, pelas 21.00 horas, reduziu a um esqueleto de ruínas e cinzas uma grande parte das casas da movimentada Rua de Almacave. Rezam as notícias que nem a Igreja da Misericórdia foi poupada à violência das chamas que a destruiu completamente, o que tornou impossível a sua reconstrução.

Para ajudar a apagar este incêndio foram chamados os bombeiros da Régua, comandados por José Afonso de Oliveira Soares. Combateram-no ao lado dos bombeiros de Lamego, mas a sua acção foi determinante pela sua coragem e heroísmo, o que evitou que o fogo se alastrasse às ruas envolventes e causasse mais pânico e prejuízos.

Natural de Lamego, o Dr. Bernardino Zagalo terá registado a algumas das brutais imagens que correram desse incêndio e tenha ouvido falar da destemida e corajosa acção dos bombeiros da Régua nesse fogo. Apesar de ser lamecense, não se sentiu diminuído em testemunhar aquela sua missão e o “tamanho do seu heroísmo se glorificou para todo o sempre”.

No seu livro Os Desherdados que fez questão em dedicar a um amigo, o Conde de Saborosa e também aos Bombeiros Voluntários da Régua e cujas vendas destinou que revertessem para os cofres da associação, confirmou a gratidão a esses bombeiros, com este poderoso elogio: 

“Este livro não se expõe á venda.

É uma homenagem, embora obscurissima, a um amigo extremoso e aos Bombeiros Voluntários da Regoa.

Os Desherdados destinam-se a sêrem distribuidos ás pessoas de coração que desejem contribuir com o seu obulo caridoso para o cofre da benemérita Associação dos Bombeiros Voluntarios da Regoa, ficando as despesas publicação a meu cargo.

Como lamecense amantíssimo da minha terra, venho assim testemunhar a minha gratidão á briosa e esforçada colectividade que teem prestado primorosamente serviços humanitários de alto relevo e superiores a encarecimentos banaes, e que com tamanho heroísmo se glorificou para todo o sempre no pavoroso incêndio que abrazou e reduziu a cinzas, em 26 de Junho de 1911, vinte e um prédios urbanos, salvando das labaredas temerosas o bairro mais importante da cidade de Lamego e o histórico povoado do Castello (…)".

Dizia o Dr. Zagalo que era uma homenagem obscuríssima. Ora, de obscura é que não tem mesmo nada. Ao imprimi-la nas primeiras páginas de uma sua obra literária, imortalizou os bombeiros da Régua como admiráveis dos valores do altruísmo. A literatura raramente os glorifica como personagens principais, mas sabe na vida real, verdadeiros heróis.

Esta homenagem de um escritor, ainda que desconhecido para maioria das pessoas, à missão dos bombeiros foi uma excepção que envaidece a quem foi dedicada, neste caso, os bombeiros da Régua.

Quando um escritor dedica um livro e o dedicado ao exemplo de coragem dos bombeiros, esta atitude vale muito mais que medalhas e títulos honoríficos. O livro depois de chegar aos leitores será sempre uma obra imortal. É isto que está acontecer com Os Desherdados, uma obra que foi escrita há mais de 100 anos, mas que existem antigas edições à espera uma consulta, mais atenta e demorada, em estantes particulares e públicas.

A mensagem do livro tem um significado importante que, em certa medida, permite entender os riscos de missão dos bombeiros. Se ela revela dos genuínos ideais de um ilustre cidadão que adoptou a Régua, não deixa espelhar o reconhecimento de uma sociedade que sabia respeitar a atitude cívica dos cidadãos mais solidários e generosos. Aqueles homens que deixaram provas de heroísmo ao serviço de uma missão de socorro em Lamego.

A história dos Bombeiros da Régua escreve-se com a abnegação, solidariedade e coragem daqueles homens que juraram cumprir o lema “Vida por Vida”. O dever de cada bombeiro é ajudar os seus semelhantes quando as vidas e bens estão em perigo. Eles não socorrem para serem reconhecidos como heróis. Aquilo que o Dr. Bernardino Zagalo escreveu no seu livro sobre os Bombeiros da Régua é mais uma homenagem ao seu esforçado e valente trabalho perante a destruição devoradas dos fogos. È um louvor, também de alguém que está grato!

Certos livros voltam quando os pensávamos que estavam esquecidos, como este do Dr. Bernardino Zagalo. E ainda bem, assim as novas gerações podem saber que os bombeiros da Régua alcançaram um digno reconhecimento pelos seus talentos de humanidade e de heroísmo e, por ser mais nobre que a atribuição de qualquer medalha de ouro, atingiram o estatuto da Imortalidade.

A partir de agora, os bombeiros da Régua sabem que, na sua longa história, há um livro especial, intitulado Os Deserdados, que publicado há cem anos, os evoca pela sua brilhante competência e também pela coragem e abnegação no combate a um dos maiores incêndio ocorridos em Lamego, prestigiando assim o bom nome da benemérita associação.
- José Alfredo Almeida*, Régua, Julho de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.
  • Um outro post - O Nosso Dr Zagalo
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Um Livro Especial
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 21 de Julho de 2011
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Edição de Jaime Luis Gabão para Escritos do Douro 2011 em 19 de Julho de 2011.