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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Escrito do Douro

Estava-se quase nos finais de 2011...

Muitos dias já tinham sido passados naquilo que se chamará “campanha”… Dentro das nossas possibilidades profissionais (sim, que somos voluntários), havíamos ido a vários locais, cidades lindas com gente boa, não fossem todos Bombeiros Voluntários...

As ideias da candidatura estavam passadas, propagadas, aparentemente sufragadas pelo apoio que nos iam demonstrando. Mas haveria eleições, haveria votação, haveria disputa que se queria saudável...Éramos todos membros da mesma família...

Numa sexta-feira, lá parti da minha Serra da Estrela, rumo ao Douro e a Peso da Régua. Tinha conseguido alojamento ali mesmo na cidade, sabia que muitos outros já não o tinham conseguido, fiquei contente e expectante. Como iria ser?

Lá cheguei a tempo de me hospedar, de ir procurar um sítio onde comer... Já estava rendido ao bonito da paisagem...Trocara as colinas de intrigantes penedos da minha Estrela por colinas verdejantes de vinhas do Douro, gostava...

Pois bem, comer... Logo encontrei outros viajantes de "paz fardados" e logo se estabeleceu a sã camaradagem de partilhar mesa, gostos e sabores.Era boa a culinária do Douro, era bom o vinho do Douro...

Mesmo assim, diziam uns, cuidado, aquele é dos outros... Que interessa, somos todos do mesmo, retorquia eu.

E éramos, no meu sentimento, no meu querer...bem vi essa união na cerimónia de abertura do congresso, tantos que não couberam na sala, mas tantos que cá fora falavam de tudo menos de eleições... Depois, a sessão na Casa do Douro, todos unidos em torno da apresentação do livro do Zé Alfredo Almeida, que até estava com a outra lista, mas nunca deixava de ser um amigo, um de nós... Como é linda aquela sala, maravilha da opulência de terras ricas, congregadora de sentimentos... Depois, o congresso...
Ali sim, já as estratégias da luta salutar mas viva, forte, pela divulgação das posições de cada um, dos objectivos dos grupos... Palavras mais consensuais, palavras mais acesas, críticas momentâneas, desnortes desnecessários, alturas de nos sentirmos em campo de batalha não desejado... Assertivismo nas palavras de uns, desnorte na de outros, adrenalina à flor da pele, frenesim de notas apontadas nos nossos cadernos porque era importante registar, reler, meditar num ápice e...actuar... Aquele pavilhão era uma arena, degladiavam-se, ouviam-se os tribunos que procuravam mostrar razões, justificar opções, angariar votos...

No fundo, foi enriquecedor...

Depois vinham os "tempos livres "...

As reuniões nocturnas, as revisões opinativas do que se tinha passado, do que se iria passar. Tudo à volta da boa comida duriense, da boa pinga que solta as línguas...

Até que chegou a votação, a expressão da vontade da maioria. Fomos escolhidos. Confesso que teve sabor agradável e doce, respira-se fundo e descontrai-se, começa-se a sentir a responsabilidade do acto.

Sentimo-nos pequenos perante a grandiosidade do desfile de muitas centenas de mulheres e homens bombeiros, mas não parámos de olhar para o Douro, para a paisagem e sentimos que a vida tem sentido, as grandes causas têm sentido e que o Peso da Régua e o Douro fizeram história, e nós estivemos nela.

Poderia ser noutro sítio, mas... não seria a mesma coisa!
- Gil Barreiros, Vice-Presidente do Conselho Executivo da LBP

Reportagem do 41º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, dia 28 de Outubro de 2011 no Peso da Régua
Clique nas imagens para ampliar. Texto e imagens cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2012. Actualizado em Dezembro de 2013.Também publicado no semanário regional "O ARRAIS" edição de 26 de Setembro de 2012.