segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Liga dos Bombeiros Portugueses reúne o seu 41.º Congresso na cidade da Régua


DA RÉGUA PARA PORTUGAL INTEIRO

As instituições diferenciam-se das organizações que o não são pela sua história, pelos valores que alicerçam o seu fazer quotidiano, pelo património de serviço público de que são depositárias e, também, pela intemporalidade que une o passado ao presente e este ao futuro.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) é uma instituição!
Esta Confederação, para ser credora do respeito da comunidade nacional e dos poderes públicos, bastou-lhe ser, apenas, uma instituição representativa de instituições de serviço público.
A LBP ao longo dos seus 81 anos sempre assumiu uma conduta irrepreensível de defesa dos bombeiros portugueses – de todos os bombeiros portugueses! – bem como das entidades onde se integram.
De 28 a 30 de outubro deste ano, a LBP reúne o seu 41.º Congresso na cidade da Régua.
Tendo por inspiração o esplendor do Douro e o espírito de trabalho dos reguenses, os legítimos representantes dos bombeiros portugueses saberão, uma vez mais, rasgar os caminhos do futuro.
Cientes das dificuldades que caracterizam o momento presente, os Bombeiros de Portugal continuarão a estar, como sempre estiveram, ao serviço da defesa da vida e dos bens dos seus concidadãos, com determinação, abnegação e competência.
Esta é a mensagem que o 41.º Congresso da LBP não deixará de transmitir para todos os cantos do nosso Portugal.

Duarte Caldeira
Presidente do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses
“POR UM FUTURO… DE MUDANÇA!”
LISTA CANDIDATA AOS ORGÃO SOCIAIS DA LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
TRIÉNIO 2012/2014
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)



LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
PROGRAMA GERAL - 41.º Congresso na cidade da Régua:


Comunicação e Relações Públicas - Liga dos Bombeiros Portugueses | Tlf + 351 218421380  Fax + 351 218421389  Tlm + 351 963389645 - mara.jeronimo@lbp.pt | www.lbp.pt

Rua Eduardo de Noronha, 7 | 1700-151 Lisboa - Portugal

Recortes - RÉGUA, antes... RÉGUA, depois...

Campo de futebol "Artur Vasques Osório" - da cidade de Peso da Régua
(Clique na imagem para ampliar)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

MEMÓRIA DOS NOSSOS BOMBEIROS

M. Nogueira Borges

Era uma vez uma criança nascida no ano em que dois dos maiores ditadores  da História se digladiavam nas estepes de Estalinegrado. Um ano em que se misturaram cobardia e coragem, traição e patriotismo, loucura e heroicidade. A sua  inocência não compreendia as aflições dos adultos nem o racionamento que o Avô impunha ao azeite para as jardas fritas.  Cresceu a ver os montes amarelecerem no Outono e reverdecerem na Primavera; os homens a subi-los e a descê-los alagados em suor e em cansaço. Era o tempo em que  se um pobre comia galinha ou estava esta ou ele doentes. A fome zunia pelos caminhos e pelos quelhos percorridos pelos pés descalços. Comiam-se azedas e amoras silvestres, figos lampos ou uvas ainda verdes roubadas nas estremas. A natureza enchia-se de signos que possuíam a maravilhosa simplicidade da criação. Os Verões secavam as terras e engorduravam as gentes, as sombras das folhas ou dos alpendres serenavam as sestas. Amavam-se os calços, mas vivia-se sem pressas; o ar rarefeito de uma indefinível felicidade, como se não se pertencesse a nenhum lugar, a relação entre o mundo e os outros fosse uma extensão do olhar. Os melros cruzavam voos e melodiavam nos bardos sem receios de caçadeiras; um rouxinol cantava, no abrandar do calor, para os lados do Fontão.  A paisagem surgia-lhe no olhar e  absorvia-a  com o sangue e o cérebro. Ignorante, praticava, inconscientemente, o velho princípio de que a humanidade cumpre-se no entendimento da terra e do ar.

Do alto de São Pedro via o rio a desenhar a curva do Salgueiral, e do lado de lá, em Riobom, no  Côto, os Avós paternos tentavam esquecer mortes roubadas na flor da idade. A Vila era a sua cidade, com carros para cá e para lá, sinaleiros de luvas brancas a abrir-lhes o caminho, lojas de cornetas de barro, harmónicas fado português, bombos, carros de bois e camionetas de madeira ; os balcões onde se apreçavam os tecidos para os vestidos das festas e as agências bancárias cujas portas se abriam ou fechavam para  poupanças ou necessidades.

A criança cresceu assim entre o alto de São Gonçalo e o Largo dos Aviadores quando o Avô que a criava decidia não esperar pela carreira e pedia ao Palhinhas que os levasse a casa.

Na hora em que, da Cumieira, a carrinha do Sousa trazia a boroa, e as mulheres com os filhos ao colo ou de canecos á cabeça corriam para a loja, ouvia no Rádio Alto Douro os discos pedidos para «os olhos castanhos do meu amor» ou para a «paixão da minha vida». Quando o sol, em Avões, dizia até amanhã, ajudava o Xico na rega da horta e molhava os espantalhos que estavam « todos aganados». No caminho da Senhora da Graça, a Margarida cantava Mariana lá da serra/Não saias da tua terra/Para seres americana/Ó tirana se és tão bela/Deixa o marujo ir á vela/Tem cautela Mariana. Estavam ainda distantes os anos da Memória: o tempo entre o que nos precede no entendimento e o que nos resta na recordação; a equação entre o que fomos e o que somos, que ninguém morre quando a sua lembrança permanece.

Com muita vida ainda para viver, mar para navegar e continentes para conhecer, adolescente à espera dos primeiros pêlos, percebeu rápido que nunca recuperaria  de um trauma de infância, como ferro em brasa no corpo e na alma; uma  marca de identidade, uma mancha inapagável, uma sombra vitalícia na história da sua existência.

Foi, pelo Caminho Velho abaixo, na companhia do Alberto, cortar o primeiro cabelo no fundo de Medreiros, matou a sede no jacto do jardim diante da Câmara, andou nos carrinhos da Alameda com o Socorro à porta, e espantou-se diante do quartel dos Bombeiros. Nunca mais esqueceu essa imagem.

Era novo e cheio de ilusão. Temia que as estrelas cadentes, nas noites de Agosto, incendiassem os  silvedos e os morouços, onde os caçadores, nas tardes de caça outonais, metiam os furões, e os homens dos capacetes dourados tivessem que vir no «descapotável vermelho» apagar as chamas vindas do céu.
Sim, era novo e inocente. Ignorava que os ossos do País estavam estampados nos olhos que se espiavam, nos silêncios repentinos que se faziam nas mesas de café, nos tarrafais escondidos da Pátria, nas lágrimas das casas esventradas, nos homens e mulheres perseguidos por não estenderem os braços ou recusarem os seus ideais.

Sim. Era novo e ingénuo. Sonhava com os olhos da Marisol; com a voz do Joselito; não gostava que a Mãe cantasse o Ai Mouraria da Amália, parecia-lhe que chorava, e adormecia com os cães a desafiarem-se nos portões, os bufos dos gatos esbaforidos pelas ruelas e uma coruja no Cume a ecoar presságios.

Foi no Avenida que viu Sissi a  Jovem Imperatriz, e dedicou  o seu primeiro amor casto à Romy Schneider... Mais tarde, no Salão dos Bombeiros, no Baile das Vindimas, dançou o twist e corou como um tomate por trocar os passos do tango…  Era um tempo de sonho e aventura,  sedução e prazer; um tempo que lhe dava todo o tempo, que soprava sobre ele pelo estreito funil que ia do presente até ao futuro; ainda não tinha passado e vivia a dimensão das suas horas.

Essa criança cresceu e agora envelhece – sou eu…

Por escolha ou imposição sempre andei longe da nascença, recuperando-a, amiúde ou esparsamente, conforme a distância do chamamento. Passava, e passo, muitas vezes junto dos nossos Bombeiros, mas jamais esqueci uma sua IMAGEM: o Senhor Zé Pinto à porta do Quartel, encostado, com um pé no estribo, a um carro, um cigarro na mão. Mais tarde cumprimentei-o, ali para os lados de Godim, onde me deslocava para visitar queridos amigos conhecidos na minha comissão militar em África. Nunca fui das suas relações. O meu conhecimento com ele, contudo, foi total.

Explico:

Acho que todos, na vida, nos cruzamos com pessoas de quem não gostamos: uma cara de petulância, um ar de bolsa farta, um olhar de cima a espezinhar os outros, um falar de vaidade insuportável, que repele qualquer vontade de contacto. Há casos em que nos enganamos, é certo, e o gelo transforma-se na reciprocidade da empatia, mas há fotografias que nenhum negativo consegue alterar em segundas provas. O Senhor Zé Pinto tinha a postura garbosa por pertencer aos Bombeiros; o orgulho de ser útil, num sorriso de cativante modéstia, que é sempre a marca das almas generosas; cativava o olhar e fomentava a simpatia dos passantes; tinha um rosto de bom carácter na honradez do fato macaco.
Eu falo assim porque o mundo está cheio de basófias,  ingratos que esquecem a prosperidade que conseguiram à custa dos assalariados e do sistema que os defende, e, agora, têm o descarinho intolerável de escarnecerem de uma sociedade em estado de necessidade, que vai buscar sempre aos mesmos os sacrifícios da salvação.

Muitos honestos e simples tiveram, têm e terão os Bombeiros da nossa e de todas as terras. Homens que por um pedaço de nada arriscam a orfandade e a viuvez de quem fica. Sujeitos à traição numa qualquer Serra, numa curva de estrada, num morro inacessível, num cavado sem fuga, numa casa em labaredas, numa dedicação de fraternidade. Pessoas destas não gananciam milhões, são felizes na ajuda, não vêm em nenhuma lista da FORBES, não precisam de fingir solidariedades – ELES SÃO A VERDADEIRA HUMANIDADE. Não fingem à pobreza – combatem-na; não se desculpam com a escassez de meios – suplantam-nos; não se encolhem no perigo – dominam-no; não se esquecem dos que morrem – choram-nos; não se assustam perante o cordão umbilical – erguem a vida; não se importam do esquecimento – deixam escrito o exemplo.
Numa altura em que, nesta cidade, se vai realizar um Congresso de Bombeiros, saibamos lembrar todos aqueles que se bateram com alma e suor, raiva e generosidade em defesa da comunidade.

Na pessoa do dr. José Alfredo Almeida, rato de biblioteca na procura de tudo que respeita à Corporação a que preside, numa dádiva que chega a comover pela raridade nestes tempos de egoísmo, que alia a cultura ao entusiasmo da partilha, e que, sorrindo às dificuldades, se abalançou, em parceria com a editora Mosaico, na escrita de um livro para este acontecimento nacional, o meu brado de admiração.

É bem verdade que as grandes heranças são os gestos que não se esquecem, as obras que se deixam nos alicerces da eternidade, os sorrisos de carinho e os olhares de amor. Recordei-me de tudo o que deixo escrito ao ver uma foto antiga em que está o SENHOR ZÉ PINTO.  Há seres humanos que são parte da iconografia de uma sociedade e de uma geração. ELE É-O.
:: --- ::
Memória dos nossos Bombeiros
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 8 de Setembro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

- Texto de autoria de M. Nogueira Borges. Imagens e texto cedidos por Dr. José Alfredo Almeida em Setembro de 2011 para Escritos do Douro. Edição de J. L. Gabão com a anuência simultânea de M. Nogueira Borges. Clique nas imagens acima para ampliar.

Documentário retrata o Douro vinhateiro como uma «surpresa constante»

Vindimeiros - Imagem recolhida da net livre e editada por Escritos do Douro. Clique na imagem para ampliar.
Transcrito do: Café Portugal | quinta-feira, 15 de Setembro de 2011 - São 90 minutos de retrato das gentes do Douro, da região e dos 300 anos de história do vinho do Porto. O documentário intitulado «Life on the Douro», do realizador Zev Robinson, estreou a 6 de Setembro no Douro Film Harvest Festival e será exibido em Novembro em Los Angeles e São Francisco (EUA).

documentário que será exibido na capital portuguesa na Primavera de 2012 tem o cunho de Zev Robinson, um realizador de nacionalidade canadiana e britânica, que veio a Portugal para fazer um breve trabalho sobre uma casa São João da Pesqueira. Quando chegou, Robinson sentiu que «havia muito mais para dizer sobre o Douro Vinhateiro», explica o realizador citado pelo portal Boas Notícias.

E acrescentou que «o Douro é uma surpresa constante» bem como «a maneira como o homem e a natureza estão unidos, como as pessoas estão ligadas à terra, os padrões criados pelas vinhas são uma das maravilhas do mundo e algo que toda a gente deve ver pelo menos uma vez na vida».

Além do retrato sobre a Região Demarcada mais Antiga do Mundo, e património da Humanidade da UNESCO, são também exploradas na película as gentes, a história do Vinho do Porto, abordando paralelamente ideias e hipóteses sobre o futuro da produção vinícola do Vale do Douro.

As filmagens do documentário foram distribuídas ao longo de 15 meses registando locais como as adegas de Gaia e do Porto e momentos como os diferentes processos da produção de vinho do Porto, assim como o rio e a mudança da paisagem das vinhas ao longo das quatro estações do ano.

Um filme rodado ao longo de 45 dias, incluindo 28 entrevistas, entre elas muitas figuras emblemáticas da indústria vinícola que ofereceram as suas perspectivas sobre o presente e o futuro do Douro. Muitos falaram intimamente da história das suas famílias, algumas com séculos de envolvimento na vida do Douro.

Dividido em 13 «capítulos», «Life on the Douro» atravessa toda a história da região, passando por figuras incontornáveis como a mítica dona Antónia Ferreira (A «Ferreirinha») e as famosas casas Sandman e Sogrape.
O filme passa também pelo presente e futuro da produção vinícola no Douro, abordando as diferentes inovações que têm sido introduzidas na produção, sobretudo após a entrada do país para a União Europeia, em 1986.

Recorde-se que o realizador Zev Robinson vive em Espanha há vinte anos onde tem realizado alguns documentários sobre a história e a cultura do vinho.

O seu último trabalho debruçou-se sobre a Dinastia Vivanco e o vinho da região Rioja. Já o próximo documentário que vai fazer será sobre os Arribes del Duero, a faceta espanhola do Douro.

Life on the Douro - A documentary project by Zev Robinson