quarta-feira, 27 de julho de 2011

Olá Moledo

Caldas do Moledo - Fotografia de Miguel Guedes cedida por J. A. Almeida para 'Escritos do Douro'.
:: Clique na imagem para ampliar ::

terça-feira, 26 de julho de 2011

Comboio a vapor na linha do Corgo

(Clique na imagem para ampliar - Imagem original na net de 'sinid')

Segundo a Wikipédia, "A Linha do Corgo é uma linha de caminho-de-ferro desactivada, que unia as localidades de Chaves e Régua, em Portugal; foi inaugurada em 1 de Abril de 1910, com a chegada do comboio a Vila Real, e concluída a 28 de Agosto de 1921, com a chegada a Chaves.

A via utilizada é de bitola métrica. Supera um desnível de 370 metros nos 25 quilómetros entre a Régua e Vila Real, serpenteando o vale do Rio Corgo, sendo famosas as histórias passadas no "U" de Carrazedo, onde a linha contorna um vale antes de atingir a estação. Com a reduzida velocidade do comboio, muitos se aventuraram a sair dele, e a apanhá-lo mais à frente, aproveitando para colher uvas ou cerejas pelo caminho. A linha possuía outro "U" na rampa entre Loivos e Oura, actualmente sem tráfego ferroviário, levando o comboio a vencer numa pequena distância um grande desnível, apenas possível neste formato dada a grande restrição de inclinação nas vias-férreas.

Pouco depois da chegada da Linha do Douro à Régua, em 15 de Julho de 1879, planeou-se a construção de um caminho de ferro entre este ponto e as cidades de Vila Real e Chaves, passando pelo vale do Rio Corgo; foram, assim, efectuadas várias tentativas, como a da Companhia do Porto à Póvoa e Famalicão, que esteve quase a ver concedida a garantia de juro, ou os estudos efectuados por Emídio Navarro. Em 12 de Abril de 1897, os empresários Alberto da Cunha Leão e António José Pereira Cabral obtiveram a concessão para a construção e gestão do Caminho de Ferro da Regoa a Chaves; não encontraram, no entanto, apoio financeiro para este projecto, pelo que pediram a rescisão do contrato em 1902.

Esta ligação foi, então, inserida no plano de 15 de Fevereiro de 1900, mas os concursos lançados em 2 de Agosto e 2 de Dezembro de 1902 não tiveram qualquer resultado, pelo que uma lei de 18 de Fevereiro do ano seguinte ordenou que o estado iniciasse imediatamente a construção da linha, entre a Régua e a fronteira; o projecto de 1897 de Alberto da Cunha Leão foi revisto, tendo as obras principiado após a publicação das leis de 24 de Abril e 1 de Julho de 1903, que forneceram os meios necessários para a construção. O troço até Vila Real foi aberto à exploração em 12 de Maio de 1906, tendo a linha chegado às Pedras Salgadas em 15 de Julho de 1907 e a Vidago a 20 de Março de 1910.

Uma portaria de 17 de Abril de 1915, fundada nos pedidos da população de Chaves, e baseada nos pareceres do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, apresentados no dia anterior, ordenou que o troço entre Moure e Chaves fosse construído pela margem direita do Rio Tâmega, mas foi revogada por outra portaria, publicada em 10 de Julho, que determinou que a linha seguisse a margem esquerda; no entanto, e apesar dos trabalhos terem já sido iniciados pelo novo traçado, verificou-se que o traçado primitivo oferecia melhores condições técnicas, seria menos dispendioso, e fornecia uma melhor posição para a futura continuação até à linha entre Medina del Campo e La Coruña, da rede ferroviária espanhola, pelo que a Portaria 1459, de 2 de Agosto de 1918, ordenou o regresso ao projecto original, pela margem direita.

O troço entre Vidago e Tâmega foi inaugurado em 20 de Junho de 1919, e, em 28 de Agosto de 1921, foi aberta à exploração a linha até Chaves.

Esta linha foi arrendada pelo Estado à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 27 de Março de 1927, que a subarrendou à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro por um contrato de 11 de Março do ano seguinte.

Após um avultado investimento na via, o Estado decidiu encerrar o troço Vila Real - Chaves em 1 de Janeiro de 1990.

O troço restante, entre a Régua e Vila Real, foi encerrado pela operadora Rede Ferroviária Nacional a 25 de Março de 2009, por questões de segurança; esta entidade esperava reabrir a linha à circulação em 2011, tendo, em Novembro, iniciado um estudo às populações entre Vila Real e Peso da Régua, que pretendia reconhecer as necessidades das populações, de forma a ajustar o futuro funcionamento da linha. Nesse ano, a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou que iriam ser investidos 23,4 milhões de euros em obras de reparação da linha, prevendo que estariam terminadas antes do final de 2010.

Em finais de 2009, terminaram as primeiras fases desta intervenção, que consistiram na retirada de carris e de travessas e alterações na plataforma de via; em seguida, a Rede Ferroviária Nacional iniciou a criação de vários projectos de geotecnia, de drenagem e de via; esta aparente paragem nos trabalhos provocou alguns receios entre as populações e autarcas locais. Além disso, e como previsto, esta entidade iniciou, em 2010, um programa de inquéritos nos principais pontos de atracção e geração de viagens, nas escolas, e aos utentes dos transportes públicos rodoviário e ferroviário, por forma a reconhecer os padrões de mobilidade das populações abrangidas; esta informação foi, posteriormente, analisada, de forma a preparar soluções de transporte integrado rodoviário e ferroviário.

Em Abril do mesmo ano, a Assembleia Municipal de Vila Real, presidida por Pedro Passos Coelho, aprovou uma moção, exigindo ao governo que se inicie a segunda fase nas obras da Linha. Luís Pedro Pimentel e António Cabeleira, deputados do Partido Social Democrata, entregaram um requerimento na Assembleia da República, por forma a que o governo informe sobre as datas de reinicio e conclusão de obras, e se a Linha estará requalificada e reaberta até Setembro de 2010, como havia sido prometido anteriormente pelo Ministro das Obras Públicas.

Em Julho, a Rede Ferroviária Nacional decidiu suspender, entre outros investimentos, o projecto de reabilitação da Linha do Corgo, de acordo com as directrizes do Plano de Estabilidade e Crescimento, que prevê restrições orçamentais e o combate ao endividamento público.

O Movimento Cívico pela Linha do Corgo, ou simplesmente MCLC, é um grupo de cidadãos que pretende promover e divulgar a Linha do Corgo tanto na região onde esta se insere como fora desta, através da informação sobre as condições da via, sua história e necessidades da população por ela servida.

Acompanhando as várias notícias sobre a Linha do Corgo, e reivindicando e apresentando soluções aos autarcas dos vales do Corgo e do Alto Tâmega, promoveu já uma concentração na estação de Vila Real pela reabertura tanto do troço Régua - Vila Real como do restante troço até Chaves, que contou com a presença de cerca de cem populares da região, servidos pela Linha do Corgo, incluindo ex-ferroviários e ferroviários no activo."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Lagar da Memória na Feira do Livro de Stª Marta de Penaguião

CONVITE para 24 de Julho, pelas 21 h em Santª Marta de Penaguião.
Alguns trechos do "Lagar da Memória" de M. Nogueira Borges.
"Lagar da Memória" na Editora "Mosaico das Palavras".
::  --  ::
Biografia
Nascido em São João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, uma das “fronteiras” que une os socalcos durienses às fragas transmontanas, M. Nogueira Borges estudou em Lamego e no Porto, Mais tarde, já em Coimbra, matriculado na Faculdade de Direito, conheceu as praxes e as serenatas, a tradição lendária das “repúblicas” e as trovas de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira. Ligou-se à Gazeta de Coimbra e, esporadicamente, à revista Capa e Batina.
Mobilizado para a guerra colonial, e colocado em Moçambique pelo lápis amanuense, colaborou na Voz da Zambézia, Notícias da Beira, Revista Nova e Diário de Moçambique.
Regressado de África, tornou-se trabalhador bancário. Logo, publica, em edição de autor, Não Matem a Esperança, obra de fidelidade às origens, fidelidade que prosseguiu nas páginas dos semanários Miradouro, Voz de Trás-os-Montes, Arrais e Notícias do Douro.
Foi co-autor das obras Imagens da Nossa Memória e A Arte Pela Escrita Três, editadas pela Mosaico de Palavras Editora.


Sinopse
“As páginas que se seguem são recolhas de alguns anos de vida guardadas no Lagar da (minha) Memória. Nasceram, como as uvas da PÁTRIA DURIENSE, de cepas de várias castas, idades e lugares. Umas têm o benefício da Região Demarcada, outras, os transcursos citadinos e africanos. Nenhuma delas rejeito: nem a doçura amadurecida, nem o amargo fora de época” (M. Nogueira Borges, in “Apresentação”).
É a vida do Douro, as vidas à volta das vinhas e dos campos, dos fraguedos e dos socalcos, um cheiro a lagar ubérrimo e redentor que salpicam o leitor ainda fiel às águas de uma pátria sempre rude para aqueles que não a foram abandonando. Tal como o autor.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Um livro especial

Ao Dr. Bernardino Zagalo

Das homenagens e louvores aos bombeiros da Régua dedicadas pelo seu espírito de abnegação, brio e heroísmo há uma, muito especial que, pela sua raridade, autoria e forma invulgar como foi divulgada, não pode ficar esquecida nas páginas da história da associação nem na memória colectiva.

Não é um diploma nem sequer uma medalha de ouro concedida por alguma entidade pública a reconhecer o mérito, a dedicação pública, a generosidade, o comportamento exemplar, a coragem e abnegação e os serviços distintos pelo que, nas suas arriscadas missões de socorro, fizeram os bombeiros.

Ao longo da sua existência, os bombeiros da Régua foram distinguidos com importantes distinções e títulos honoríficos. Sem querer valorizar nenhum em especial, um brilha mais alto e destaca-se nas glórias dos bombeiros da velha guarda, a Ordem Militar de Cristo, colocada no estandarte da Associação pelas mãos do Presidente da República, General Óscar Carmona.

Mas, os bombeiros da Régua têm uma homenagem que, se não valeu mais que a distinção das ditas comendas, ajudou a levar à imortalidade dos bombeiros que combateram o grande incêndio, em 26 de Junho de 1911, na cidade de Lamego.

Poucos sabem que o autor do notável louvor, foi o Dr. Bernardino Zagalo, advogado e escritor de novelas de índole regionalista e uma peça de teatro intitulado O Heitorzinho, popularizado em reapresentações no palco de teatro de amadores e consagrar o exemplo de um homem justo e bom, natural da freguesia de Loureiro, que o povo veneração devoção e reconhece, ainda hoje, como um santo milagreiro.

O Dr. Bernardino Zagalo, lamecense pelo nascimento, foi um verdadeiro reguense pelo coração. Apaixonado à terra adoptiva, onde teve a sua residência dedicou-se às actividades do foro judicial. Cidadão inteligente e activo trabalhou para o bem comum com dinamizador das Festas do Socorro e o criador e impulsionar da  Parada Agrícola, uma espécie de primeira e moderna feira agrícola para promoção dos vinhos do Douro e outros dos produtos agrícolas da região duriense.

Nesse tempo, a Associação dos Bombeiros da Régua já era uma instituição muito prestigiada, que não se ocupava só em combater os fogos, mas tinha nobres objectivos, auxiliava e promovia iniciativas sociais e culturais da sociedade civil. A normalidade era a vida associativa próxima dos associados e das pessoas que apoiavam os bombeiros. Dr. Bernardino Zagalo, como vizinho do primeiro quartel dos bombeiros, situado então no Largo dos Aviadores, conhecia-lhes os exemplos de altruísmo, abnegação e heroísmo. Não é de estranhar que tivesse por aqueles homens de paz e fraternidade, velhos combatentes de fogos, uma respeitável relação de amizade e uma elevada admiração.
(Clique na imagem para ampliar)
Já que se recordou um dos grandes incêndios de Lamego, temos presente uma pequena nota história da “assombrosa catástrofe” que, no dia 26 de Junho de 1911, pelas 21.00 horas, reduziu a um esqueleto de ruínas e cinzas uma grande parte das casas da movimentada Rua de Almacave. Rezam as notícias que nem a Igreja da Misericórdia foi poupada à violência das chamas que a destruiu completamente, o que tornou impossível a sua reconstrução.

Para ajudar a apagar este incêndio foram chamados os bombeiros da Régua, comandados por José Afonso de Oliveira Soares. Combateram-no ao lado dos bombeiros de Lamego, mas a sua acção foi determinante pela sua coragem e heroísmo, o que evitou que o fogo se alastrasse às ruas envolventes e causasse mais pânico e prejuízos.

Natural de Lamego, o Dr. Bernardino Zagalo terá registado a algumas das brutais imagens que correram desse incêndio e tenha ouvido falar da destemida e corajosa acção dos bombeiros da Régua nesse fogo. Apesar de ser lamecense, não se sentiu diminuído em testemunhar aquela sua missão e o “tamanho do seu heroísmo se glorificou para todo o sempre”.

No seu livro Os Desherdados que fez questão em dedicar a um amigo, o Conde de Saborosa e também aos Bombeiros Voluntários da Régua e cujas vendas destinou que revertessem para os cofres da associação, confirmou a gratidão a esses bombeiros, com este poderoso elogio: 

“Este livro não se expõe á venda.

É uma homenagem, embora obscurissima, a um amigo extremoso e aos Bombeiros Voluntários da Regoa.

Os Desherdados destinam-se a sêrem distribuidos ás pessoas de coração que desejem contribuir com o seu obulo caridoso para o cofre da benemérita Associação dos Bombeiros Voluntarios da Regoa, ficando as despesas publicação a meu cargo.

Como lamecense amantíssimo da minha terra, venho assim testemunhar a minha gratidão á briosa e esforçada colectividade que teem prestado primorosamente serviços humanitários de alto relevo e superiores a encarecimentos banaes, e que com tamanho heroísmo se glorificou para todo o sempre no pavoroso incêndio que abrazou e reduziu a cinzas, em 26 de Junho de 1911, vinte e um prédios urbanos, salvando das labaredas temerosas o bairro mais importante da cidade de Lamego e o histórico povoado do Castello (…)".

Dizia o Dr. Zagalo que era uma homenagem obscuríssima. Ora, de obscura é que não tem mesmo nada. Ao imprimi-la nas primeiras páginas de uma sua obra literária, imortalizou os bombeiros da Régua como admiráveis dos valores do altruísmo. A literatura raramente os glorifica como personagens principais, mas sabe na vida real, verdadeiros heróis.

Esta homenagem de um escritor, ainda que desconhecido para maioria das pessoas, à missão dos bombeiros foi uma excepção que envaidece a quem foi dedicada, neste caso, os bombeiros da Régua.

Quando um escritor dedica um livro e o dedicado ao exemplo de coragem dos bombeiros, esta atitude vale muito mais que medalhas e títulos honoríficos. O livro depois de chegar aos leitores será sempre uma obra imortal. É isto que está acontecer com Os Desherdados, uma obra que foi escrita há mais de 100 anos, mas que existem antigas edições à espera uma consulta, mais atenta e demorada, em estantes particulares e públicas.

A mensagem do livro tem um significado importante que, em certa medida, permite entender os riscos de missão dos bombeiros. Se ela revela dos genuínos ideais de um ilustre cidadão que adoptou a Régua, não deixa espelhar o reconhecimento de uma sociedade que sabia respeitar a atitude cívica dos cidadãos mais solidários e generosos. Aqueles homens que deixaram provas de heroísmo ao serviço de uma missão de socorro em Lamego.

A história dos Bombeiros da Régua escreve-se com a abnegação, solidariedade e coragem daqueles homens que juraram cumprir o lema “Vida por Vida”. O dever de cada bombeiro é ajudar os seus semelhantes quando as vidas e bens estão em perigo. Eles não socorrem para serem reconhecidos como heróis. Aquilo que o Dr. Bernardino Zagalo escreveu no seu livro sobre os Bombeiros da Régua é mais uma homenagem ao seu esforçado e valente trabalho perante a destruição devoradas dos fogos. È um louvor, também de alguém que está grato!

Certos livros voltam quando os pensávamos que estavam esquecidos, como este do Dr. Bernardino Zagalo. E ainda bem, assim as novas gerações podem saber que os bombeiros da Régua alcançaram um digno reconhecimento pelos seus talentos de humanidade e de heroísmo e, por ser mais nobre que a atribuição de qualquer medalha de ouro, atingiram o estatuto da Imortalidade.

A partir de agora, os bombeiros da Régua sabem que, na sua longa história, há um livro especial, intitulado Os Deserdados, que publicado há cem anos, os evoca pela sua brilhante competência e também pela coragem e abnegação no combate a um dos maiores incêndio ocorridos em Lamego, prestigiando assim o bom nome da benemérita associação.
- José Alfredo Almeida*, Régua, Julho de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.
  • Um outro post - O Nosso Dr Zagalo
::  --  ::
Um Livro Especial
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 21 de Julho de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)


Edição de Jaime Luis Gabão para Escritos do Douro 2011 em 19 de Julho de 2011.