Nesta bela imagem, com mais de meio século de vida, da autoria do fotografo A. Santos, dono do antigo estúdio “Foto Reguense”, que existiu num prédio da Rua João de Lemos, pertencente hoje aos herdeiros do médico Egídio Viana, a figura central é um menino vestido com uma farda de bombeiro, um ilustre reguense de nome José Figueiredo Pinto da Fonseca, que sobressai, com um olhar sereno e feliz, no meio de uma galeria de bombeiros notáveis dos anos de 1930 a 1950.
Gostaríamos de saber mais da razão desta foto, sobretudo o que ela queria assinalar, mas não conseguimos essa informação. Apenas soubemos que a esse tempo, era comum os bombeiros adoptarem como “mascote” uma criança.
Do grupo de nove bombeiros voluntários fardados ao rigor identificamos, na parte superior, os nomes de José Maria Almeida Júnior, Gastão Mirandela, Claudino Clemente e Joaquim Laranja e, na parte inferior, os de Alberto Loureiro de Almeida e Sampaio Coutinho.
O bombeiro Gastão Mirandela ostenta na sua farda duas medalhas de mérito, o que já prova o seu reconhecimento como um grande e valente bombeiro.
Encontramos no nosso arquivo uma carta escrita, há alguns anos, pela senhora D. Elvira Maria de Figueiredo Pinto da Fonseca Pereira Guedes, já falecida, uma preciosa relíquia na arte de bem escrever, com emoção, amor e respeito aos bombeiros do seu tempo, daqueles anos de 1930-50, que conheceu de perto, com eles conviveu e até muito ajudou, que aqui reproduzimos:
”Exmo Senhores:
Desde pequena fui habituada a respeitar os bombeiros da minha terra. Vivi paredes meios com eles quando o quartel era no Cimo da Régua e a sineta ficava perto do meu quarto, de maneira, o que fazia que quando tocava a sineta de noite me despertava a ponto de traumatizar os meus primeiros anos de vida.
Brinquei com os primeiros quarteleiros, com o João dos Óculos e tantas vezes acarinhada pelos Comandantes Afonso Soares e Camilo Guedes, pelos senhores Gastão Mirandela, Claudino Clemente, Joaquim Laranja. Lembro ainda do patrão Álvaro e mais tarde do Zé Pinto quarteleiro, dos Trovões, e um cãozinho chamado Voluntário. Toda a corporação era venerada em minha casa como heroína de bondade e abnegação, talvez porque um homem que foi durante muito tempo o seu Comandante, era meu tio-avô, refiro-me a Lourenço Medeiros, cujos últimos anos de vida, só pensou ficar no novo quartel e no quarto dos rapazes, como ele dizia.
Depois, já rapariga, trabalhei muito para vós com a Senhora D. Branca Martinho. Quantos espectáculos, festas, exposições de capacetes… quase era obrigatório trabalhar para os bombeiros da nossa terra.
Acontece que no passado dia 1 de Outubro, fui transportada a Vila Real numa das vossas ambulâncias e a simpatia foi tanta, tanto o carinho e a amabilidade, que eu acho-me devedora e aproveito o vosso próximo aniversário para enviar uma pequena oferta e, peço, para transmitirem aos homens que me levaram a minha gratidão muito grande (…).
Pela vossa gentileza creia-me muito grata.”
São de comover estas suas encantadoras memórias. Todos os nomes daqueles bombeiros são homens que hoje gostamos de os recordar. Somos devedores a esta simpática senhora de uma infinita gratidão, pela sua ternura e generosidade pelos bombeiros de seu tempo de menina.
- Março de 2009, José Alfredo Almeida.
Peso da Régua.
Peso da Régua.
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