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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A CHEIA DO RIO DOURO DE 1962

Uma bela imagem da grande cheia do rio Douro de 1962 nas principais ruas da cidade de Peso da Régua.

Nela se nota a grandeza e a intensidade desta cheia ao verem-se dois barcos a “navegar” no conhecido “Passeio Alto”, ao fim da rua Custódio José Vieira (também conhecida por Rua das Vareiras) e as águas do rio a inundarem o princípio da Rua da Ferreirinha, com alguns bombeiros da Régua por perto, onde ao centro de destaca um dos nossos grandes quarteleiros, o conhecido e saudoso Zé Pinto, a ajudarem em trabalhos de retirada bens e pessoas das suas casas.

Na nossa cidade, são consideradas cheias grandes as que inundam a Avenida João Franco (que esta à cota a 58 m), implicando uma subida do nível do rio em 13 metros de altura (caudal a 6 000 m3/s).

Na Régua, essa cheia do rio de 1962, a segunda maior do séculoXX, (a maior cheia é de 1909 com um caudal de 16.700 m3/s) atingiu um caudal de 15.700 m3/s (cota 67,7 m), o equivalente a 23 metros de altura para além do nível médio do leito normal.

Da grande aflição, com “horas de angústia” e “horas de terror”, vividas pelos reguenses nessa cheia do rio, temos um emocionante e doloroso relato feito nas páginas do jornal “Vida Por Vida”.

“Ainda não seriam 19 horas do primeiro dia do ano de 1962, quando os nossos bombeiros começaram a ser solicitados para prestarem o seu auxílio a diversas famílias que na nossa zona ribeirinha estavam a ser molestadas pela subida do rio Douro.

Desde essa hora, nunca mais os nossos bombeiros tiveram um minuto de descanso e o auge da tragédia veio a verificar-se perto da noite, pois cada vez mais era superior o número de pedidos, que os nossos briosos Soldados da Paz eram impotentes para poderem atender. Duas vezes e com angústia se ouviu o toque da sirene para alertar toda a população e os trabalhos iam sempre decorrendo debaixo de um temporal e da um preocupação constante.

Os telefonemas sucediam-se para diversos locais a pedir informações sobre os aumentos verificados no caudal do nosso rio e todas as notícias eram o mais assustadoras que se podiam imaginar.

Cônscio da gravidade da situação, eis que o Comando da Corporação delibera pedir a colaboração das Corporações vizinhas (…) surgiram já no meio da manhã do dia 2 de Janeiro e o seu trabalho também não poderá ser esquecido. Vila Real, Lamego e Armamar, nos diversos locais onde trabalharam, deixaram a certeza de que estavam connosco e só havia um fim: salvar as vidas e haveres de tantos reguenses que se encontravam em perigo.

Tão cedo não se apagará da memória de todos nós tão grave tragédia que, felizmente, não teve a registar qualquer perda de vidas. (…) há a realçar a valentia dos infatigáveis bombeiros que, já na noite desse segundo dia, com risco das suas próprias vidas, salvaram diversos homens numa casa na Rua da Alegria, um casal de velhinhos no Salgueiral, e de morte certa, duas famílias no Juncal de Baixo, pois que estas, após terem sido retiradas, viam as suas pobres casas serem arrasadas pela fúria crescente do rio douro”.
Estes são os maus momentos das páginas do nosso rio Douro, que ciclicamente se repetem, mas que de volta às suas margens, que crescem por belos e imponentes socalcos de vinhas, se torna num dos elementos mais belos do espaço cénico da cidade de Peso da Régua.
- Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida.*
*O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras actividades (onde se inclui fotografia), escrevendo crónicas que registam neste blogue, no seu blogue "Pátria Pequena" e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, textos de escritores e poetas do Douro, além de fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.

Outros textos sobre os "Bombeiros Voluntários do Peso da Régua" e sua História:
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Janeiro de 2014. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Actualização em Janeiro de 2-14. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Padre Manuel Lacerda

Os Bombeiros da Régua tiveram uma forte ligação à religião católica logo desde os primeiros anos da sua existência. Os bombeiros pioneiros beneficiaram da ajuda espiritual do Padre Manuel Lacerda de Oliveira Borges. Ele foi, ao que consta, o primeiro capelão dos nossos Bombeiros.

O Padre Manuel Lacerda foi também um pedagogo e, nos tempos da monarquia e primeiros anos da república, na escola particular que fundou, ensinou as primeiras letras a crianças. Enquanto viveu, os reguenses admiraram-no e não deixaram de o chorar quando Deus o chamou na flor da vida, com pouco mais de 35 anos. Sendo um homem de belas feições, o seu coração perdeu-se de amores e paixões que nunca escondeu de ninguém. De uma relação amorosa que assumiu, foi pai de uma criança que ajudou a crescer. Esse seu filho, de nome José Lacerda, imitando as pisadas do seu pai, chegou a vestir a farda de bombeiro.

Depois da morte do sacerdote, os Bombeiros da Régua não tiveram mais ninguém que quisesse ser capelão, muito embora o saudoso Padre Carminé, figura conhecida no passado séc. XIX por ser um dotado director de orquestra, tenha andado a espalhar a fé pelo velho quartel da Chafarica. Se se terá ocupado de rezar missas por altura do aniversário da corporação ou, quando muito, pela morte de algum bombeiro, não se sabe, mas algum bem deve ter feito àqueles primeiros e generosos bombeiros.

Com a morte do Padre Lacerda, mais nenhum sacerdote encontrou vocação espiritual para pastorear as almas dos bombeiros reguenses. Mesmo que tivessem inclinação para usar, em vez da batina preta, uma farda, um capacete e uma machada para entrar com os bombeiros no inferno das chamas do fogo, por certo deve ter-lhes faltado a coragem. Ao levar a fé, o padre pode salvar alguém do pecado e até dos maus caminhos do viver em comunidade, mas nunca se pode comparar com  a missão dos nossos bombeiros que está no limite do verdadeiro altruísmo e generosidade e numa fronteira ténue entre a  vida e a morte, quando são chamados pelo toque do sino ou da sirene para salvar bens e vidas em perigo.

Nem no Quartel dos Bombeiros da Régua, nem no seu pequeno Museu há memórias vivas da passagem do Padre Manuel Lacerda. Como também não existe nenhuma lembranças da boa alma que ele foi como construtor de laços de concórdia e de fraternidade entre os concidadãos do seu tempo.Nas rotinas do dia-a-dia da Associação,que se mantém viva e activa permanentemente desde o ano de 1880, ninguém se deu ao cuidado de arquivar uma fotografia para que ali fossem, pelo menos,perpetuadas as sombras de sua presença e do seu carácter humano exemplar.

Mas, o Padre Manuel Lacerda, embora tenha sido sepultado numa campa rasa do cemitério de Canelas, não ficou esquecido como bom pastor na poeira do tempo e na memória do seu povo.E, muito sinceramente, até esperávamos que um dia ele fosse homenageado pelo bem que fez à sua terra e aos seus bombeiros...

E, por isso, quando sobre ele fizemos uma pequena nota a dar conhecimento da sua existência e da sua importância  na sociedade reguense, não sabíamos se lhe íamos encontrar os  rastos do caminho que, muito cedo,  o levaram daqui até aos confins do outro mundo. Enganámos-nos e, quase a terminar o ano de 2013, os seus descendentes ainda vivos e de boa saúde vieram ao nosso encontro. Uma sua neta, filha do José Lacerda, ao ler na internet uma nossa evocação do distinto capelão dos bombeiros, telefonou-nos, comovida pelo nosso gesto, indicando-nos os dados pessoais que dele nos faltavam. Ao mesmo tempo, acrescentava outros que nos alimentavam uma esperança de traçar o esboço de uma ligeira biografia e revelar uma pequena parte do curto percurso terreno deste sacerdote. Essa neta deu-nos a preciosa informação de que a outra irmã guardava do distinto padre uma fotografia muito antiga, que teria sido tirada ainda muito jovem. Dirigimo-nos ao marido da irmã, comerciante de roupas com uma pequena loja  na Rua dos Camilos que, depois de uma  simples conversa, nos trouxe a fotografia do sacerdote emoldurada num bonito quadro de madeira para fazer nos estúdios da Foto-Baía uma reprodução digital dessa imagem. Não demorou muito tempo que o retrato do capelão seguisse para o Quartel dos Bombeiros da Régua, para ficar exposto na galeria de figuras memoráveis.

Muitos anos depois, bem se pode dizer com um sorriso que o ditoso capelão estava de regresso à companhia dos homens do seu e nosso tempo, para se juntar àqueles que mais se sacrificaram por constituir na Régua um corpo de bombeiros voluntários, como é o caso dos Cdtes Manuel Maria de Magalhães, Afonso Soares, Joaquim de Sousa Pinto, dos bombeiros José Ruço e Riço, alguns dos tantos que, lá no infinito, andarão mortificados com algum incêndio que deixaram cá na terra por apagar.

Com o retrato do Padre Manuel Lacerda, a actual geração de bombeiros pode conhecer, finalmente, os traços e a fisionomia do seu primeiro capelão e, sobretudo, avaliar com mais atenção o seu exemplo de humanidade.Foi graças a esta inesperada e preciosa colaboração que o nosso sacerdote, lá do outro mundo, regressou ao nosso mundo, desta vez pelos caminhos do mundo virtual!

Quem tinha recordado o Padre Manuel Lacerda, num tom respeitoso e de elogio póstumo, quase como se o estivesse a venerar, foi o escritor João de Araújo Correia, que, numa crónica publicada no jornal Vida por Vida, de Novembro de 1957, sob o título "Recordações de Barro - Os Bombeiros", traçou o carácter da sua alma desta maneira:

“Perdi a ocasião de ver os bombeiros formados quando morreu o Padre Manuel Lacerda. Passou à minha porta o acompanhamento, a caminho do Cruzeiro, mas não o vi. Se passou de manhã, estaria eu ainda na cama ou andaria para o quintal, onde era vivo e morto nas horas forras das primeiras letras -tinha eu sete anos.
Quem me descreveu o enterro foi minha irmã mais velha, imediata de minha mãe na minha iniciação em espectáculos novos. Disse-me como tinha sido, mas só o fixei, de mo dizer muitas vezes, que o Borrajo levava a bandeira e ia a chorar.
O Padre Manuel Lacerda. Foi, de todos, o mais benquisto dos reguenses. Morreu de repente, enlutando num pronto a Régua toda. Lembro-me de o ver conversar com pai. Que fisionomia! Era uma espécie de coração visto por fora para melhor se adorar. Meu pai, que não era homem de muitas lágrimas, nunca o recordou, pela vida fora, com os olhos absolutamente secos.
Não se pode dizer que o Padre Manuel Lacerda, como padre, tenha sido talhado pelo figurino que os cânones exigem. Mas, como homem, foi um santo homem, um homem alegre, que não podia ver pessoas mal dispostas nem arrenegadas umas com as outras. Onde soubesse que havia desavindos, fazia uma festa, promovia um banquete, fosse lá o que fosse, para os congregar. Deixou, na Régua, essa tradição benigna.
O Padre Manuel Lacerda foi capelão dos bombeiros. Por isso o acompanharam, de bandeira enlutada, no último passeio. O Borrajo, porta-estandarte, ia a chorar...

Não chorou apenas aquele bombeiro, também ele já na Eternidade, a fazer companhia ao Padre Manuel Lacerda. Choram todos os reguenses pela alma do bom capelão dos Bombeiros da Régua, acreditando que lá na imensa Eternidade, onde andará a espalhar mensagens celestiais de concórdia, os espera com um bondoso sorriso para partilhar a vida espiritual em mais um grande e festivo banquete.
- Peso da Régua, 31 de Dezembro de 2013, José Alfredo Almeida*. Ler também - Escritos do Douro: O Padre Manuel Lacerda - Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua.

*O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras actividades (onde se inclui fotografia), escrevendo crónicas que registam neste blogue, no seu blogue "Pátria Pequena" e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, textos de escritores e poetas do Douro, além de fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Janeiro de 2014. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Memórias Vivas - Antologia de textos sobre os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua

Dia 8 de Dezembro de 2013 pelas 15h00, no Salão Nobre do Quartel Delfim Ferreira.
(Clique nas imagens para ampliar)
Lançamento do livro 'Memórias Vivas -  Antologia de textos sobre os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua' - Contém Capa, nota de apresentação do coordenador Dr. José Alfredo Almeida; testemunho do Presidente do Município Engº. Nuno Manuel Sousa Pinto de Carvalho Gonçalves; prefácio do Padre Vítor Melícias, OFM (Presidente Honorário dos Bombeiros da Régua) e 'Levar a associação em diante' texto de autoria do Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares - Comendador.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MEMÓRIAS VIVAS - Textos sobre os Bombeiros da Régua

Textos sobre os Bombeiros da Régua organizados por José Alfredo Almeida.
Dia 8 de Dezembro de 2013 pelas 15h00, no Salão Nobre do Quartel Delfim Ferreira.

clique na imagem para ampliar o 'convite'.
  • Textos sobre os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua neste blogue.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ainda o 41.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.


CONGRESSO MEMORÁVEL
De 28 a 30 de Outubro, a cidade do Peso da Régua assumiu o papel de capital dos Bombeiros de Portugal ao receber, de forma nobre e acolhedora, o 41.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Cerca de 700 congressistas, representando 75% das entidades detentoras de corpos de bombeiros no nosso País – voluntários, mistos, municipais e privativos –, bem como 19 das 20 federações de bombeiros, transformaram este congresso numa indesmentível demonstração do vigor e representatividade da confederação. Pode mesmo dizer-se que nenhuma outra entidade no nosso país, com excepção dos partidos políticos, tem este poder de mobilização e de participação numa assembleia magna.

Mas este congresso não foi apenas memorável por esta razão. Ele foi um momento histórico para os Bombeiros Portugueses e para as suas estruturas, por outras razões.

Em primeiro lugar, porque a circunstância de ter havido duas listas candidatas aos órgãos sociais originou dois meses de debate intenso, por todo o país, tendo como alvo o futuro dos bombeiros na sociedade portuguesa.

O conteúdo das propostas e a forma como foram apresentadas, o estilo e personalidade dos cabeças de lista, as estratégias de campanha utilizadas, os apoios conquistados, tudo isto foram argumentos que pesaram ao longo do período que antecedeu o congresso. Quer isto dizer que, no meu ponto de vista, a maioria dos congressistas definiram as suas posições relativamente às opções de voto muito antes de entrarem na sala do congresso.

A segunda razão por que este congresso entra de forma indelével para a história foi a elevação que caracterizou os trabalhos, no único dia reservado ao debate. Houve intervenções duras, umas tantas com alguma agressividade, mas todas com o respeito que a assembleia magna de uma organização como a LBP exige e merece.

Finalmente, de destacar o extraordinário desfile de encerramento, organizado de forma inovadora, permitindo demonstrar o quanto os Bombeiros Portugueses evoluíram, sob todos os pontos de vista, assumindo uma grande postura de profissionalismo no exercício da sua missão, mesmo quando o fazem na condição de voluntários. Por esta razão é justo sublinhar o empenho, dedicação e competência de todos os elementos de comando envolvidos na organização do desfile, bem como o garbo e a dignidade dos homens e mulheres bombeiros do distrito de Vila Real, que deram expressão e cor a esta manifestação exaltante da força dos Bombeiros de Portugal.

Sim, este foi um congresso memorável, em especial pelo espírito de equipa que norteou todos aqueles que, conjuntamente com o Conselho Executivo da LBP, se empenharam na sua organização: Federação de Bombeiros de Vila Real, Associação Humanitária de Bombeiros do Peso da Régua e Câmara Municipal do Peso da Régua.

Feito o balanço para aprendizagem de futuros congressos, naturalmente que há aspectos negativos a registar, sobretudo quanto à postura lateral de alguns. Esses foram os verdadeiros derrotados deste congresso e a história deles não falará.

Este é o tempo de trazermos o Congresso da Régua para dentro de cada uma das nossas estruturas, de abrirmos o debate no seu seio e de reinventarmos novos objectivos, novos modelos de organização e novos métodos de intervenção.

Este é o tempo de nos interrogarmos sobre se o caminho que estamos a seguir em cada uma das nossas organizações é o que concentra mais esforços e recursos no que é essencial.

Não nos iludamos. Aceitemos ou não, o quadro em que as entidades detentoras de corpos de bombeiros irão desempenhar a sua missão, ao longo dos próximos 5 anos, vai ser muito diferente do vivido nos últimos 15 anos, porque será mais restritivo e complexo.

A hora não é de novas conquistas, mas sim de defesa das posições que conquistamos, com uma única excepção: tem de ser possível recuperar a identidade dos Bombeiros, perdida no âmbito da criação da ANPC, nomeadamente através da institucionalização de um modelo de tutela consentâneo com a importância e dimensão destes no Sistema de Protecção e Socorro.
- Duarte Caldeira, Presidente do CE da Liga dos Bombeiros Portugueses

Nota: Este artigo foi publicado no Jornal Bombeiros de Portugal, edição de Novembro de 2011
CONGRESSO MEMORÁVEL
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 1 de Dezembro de 2011
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Bombeiros reuniram-se na Régua
Novos dirigentes eleitos em momento difícil.
Peso da Régua recebeu no final de Outubro, pela segunda vez, a reunião máxima dos bombeiros promovida pela sua confederação, a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Ficou também, mais uma vez, demonstrada a capacidade de organização e de bem receber dos transmontanos, dos bombeiros e dos autarcas.

A reunião decorreu num clima de alguma natural tensão já que, contrariando o ocorrido nos últimos mandatos, se tratou de um congresso electivo na presença de duas listas encabeçadas, respectivamente, pelo comandante Jaime Marta Soares, e por Joaquim Rebelo Marinho.

A delicadeza desse momento, porventura, terá obstado a que o congresso tivesse também podido discutir com maior profundidade alguns temas, que estão na ordem do dia dos bombeiros e que, salvo melhor opinião, poderão por em causa a própria sustentabilidade de muitas associações de bombeiros a brevíssimo prazo. Falo concretamente do transporte programado de doentes, uma das principais, senão a principal, fonte de receitas de muitas associações de bombeiros.

Mas se o debate sobre o tema não terá merecido o impacto desejado, certo é que, pelo menos, serviu para o lembrar aos membros do Governo presentes bem como às entidades que, directa ou indirectamente, a ele estão ligadas.

Ao introduzir, no final de 2010, novas regras restritivas ao acesso ao transporte assegurado pelos bombeiros, o Ministério da Saúde, não só passou a coarctar, desde então, o direito dos doentes a esse serviço, como também está pôs em causa, em muitos casos, o único meio de transporte de que eles dispõem para aceder aos cuidados de saúde. Vejam-se zonas recônditas do nosso interior onde, contrastando com a bela paisagem, o reverso da medalha está nas dificuldades sentidas, nuns casos, na inexistência e, noutros, no custo dos meios de transporte.

Será bom lembrar que nem sempre existiu este serviço de transporte programado executado pelos bombeiros. Foi o próprio Estado que, na década de 70 do século passado, não tendo capacidade para o fazer, os foi desafiar para isso. Mais tarde, não obstante o serviço estar a ser executado em pleno pelos bombeiros, o Estado entendeu abri-lo também a entidades privadas, a empresas que então se constituíram para o efeito.
Essa coabitação nem sempre foi pacífica por razões muitas vezes locais ou, também, por manifesta indefinição do próprio Estado na gestão daquele serviço.

Certo é que, chegados ao final de 2010, os bombeiros se começaram a ver a braços com uma quebra dos pedidos de transporte feitos pelos vários serviços de saúde. Quebra de pedidos e de correspondentes receitas de que, até agora, nunca recuperaram. Como consequência disso, foram já dispensados vários elementos das associações que asseguravam o transporte de doentes. E, porventura, esse processo vai acentuar-se com mais dispensas, calculadas neste momento, a nível nacional, em cerca de 300.

Tudo isto se passa, em boa verdade, a arrepio dos dirigentes dos bombeiros, de forma unilateral, encapotada por regras burocráticas, não obstante os responsáveis governamentais, os anteriores e os novos, se terem prodigalizado muitas vezes em declarações na defesa dos doentes e dos seus direitos.

Não obstante, no memorando celebrado com a “troika”, sempre a “troika”, se referir a necessidade de diminuir drasticamente o transporte de doentes, quando confrontados pelos dirigentes da LBP, os responsáveis governamentais afirmaram sempre que tal não dizia respeito ao bombeiros dado que estes já haviam sofrido anteriormente com isso. No seu entender, a redução exigida pela “troika” dizia apenas respeito ao transporte particular. Contudo, a realidade tem confirmado exactamente o contrário.

A entrada em funcionamento de um novo sistema, informatizado, de gestão de transporte de doentes ligado directamente entre os bombeiros e os serviços de saúde, vem, na prática, confirmá-lo. Não que, em tese, o tal sistema não possa vir a ser uma boa ferramenta mas, de momento, apenas está servir para materializar sem apelo uma lógica economicista, que reduz, não só o número de serviços, como também o tipo de serviços, incluindo o chamado longo curso e, por maioria, na redução ainda maior das receitas.

Escrevo estas linhas em vésperas de uma reunião entre a LBP e o actual ministro da Saúde. Alguns acalentarão expectativas sobre os resultados desse encontro, mas outros nem tanto.

A lógica da crise e da austeridade, no domínio a que aqui me refiro, tem permitido grassar uma postura cega de cortes, sem critério que se assuma ou reconheça, ditados por metas traçadas aos gestores e responsáveis dos serviços de saúde como se de fábricas de salsichas ou enchidos se estivesse a falar. Ao contrário, falamos de pessoas, da sua qualidade de vida e até da longevidade de muitas delas, que a ciência tem garantido mas que, pelos vistos, os seus concidadãos lhes querem negar.
Os bombeiros continuarão na primeira linha da defesa das comunidades de onde nasceram. Estas, nesse sentido, também terão que pugnar por eles. O seu desaparecimento seria catastrófico, mas o mero enfraquecimento da sua capacidade também não deixa de constituir um dano grave. É o transporte dos doentes que pode estar em causa mas, no final, poderá ser também o socorro. Pensemos bem nisso.
- Rui Sousa Dias Rama da Silva, Director do Conselho Executivo da L.B.P. e jornalista do jornal Bombeiros de Portugal
Bombeiros reuniram-se na Régua
Novos dirigentes eleitos em momento difícil
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 24 de Novembro de 2011
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Cartaz divulgador da programação de aniversário da Associação Humanitária dos BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA, a acontecer em 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 2011 próximos.
Clique na imagem para ampliar
Clique  nas imagens acima para ampliar. Colaboração de textos e imagens do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2011. Actualização em Dezembro de 2013.

Ser bombeiro

Com apenas doze anos, entrei para sócio dos nossos Bombeiros, então instalados na Rua dos Camilos, com o intuito de frequentar a sala de jogos. Convivendo diariamente com os bombeiros, desde o quarteleiro Zé Pinto ao Comandante Lourencinho (como era conhecido), passando pelos irmãos Castelo Branco, todos fizeram nascer em mim a veia voluntária que ainda hoje possuo. Éramos uma família e eu sentia-me em casa.

O patrão Álvaro e o Manuel Carteiro eram os meus companheiros na ida ao futebol, algum tempo ainda no Campo das Figueiras e depois já no Artur Vasques.

Situando-me na época, recordo o incêndio da Rua de Medreiros e da Casa Viúva Lopes, onde faleceu o João dos Óculos, como era conhecido.

Vivia-se a luta pela conclusão do novo quartel, na Avenida Sebastião Ramires, projeto do mestre pedreiro Anastácio, que chegou a vender bens pessoais para concluir a sua obra que ainda hoje perpetua a sua arte e também a sua memória.

Acompanhei e participei nesta campanha para a construção do novo quartel que foi feita ao longo de uma década. Realizavam-se cortejos, peditórios, festas e até bailes que chegaram a rivalizar com “O Carolina” de Vila Real. Os reguenses entregavam-se entusiasticamente aos cortejos alegóricos, de destacar os Irmãos Clemente e o mítico Figueiredo, que, montado no seu alazão, atraía e entusiasmava grandemente a população e os seus visitantes.

Foi a partir daqui que os nossos bombeiros ganharam fama, sendo considerada uma das melhores corporações do país. O mérito deve-se ao Comandante Cardoso e à presidência de Júlio Vilela, que integrava na sua direção pessoas de grande valor como o Baptista, também fundador do Jornal Vida por Vida, entre outros.

Mais tarde, em 1974, o então presidente da Câmara Municipal e também Presidente da Assembleia dos Bombeiros, Manuel Gouveia, convidou-me, segundo ele mesmo, por indicação do Manuel Montezinho, então secretário da Direção. É claro que aceitei de imediato e até lhe lhe sussurrei que desejava fazer mais do que o exercício do cargo de diretor impunha. Garantiu-me o seu total apoio e o convite foi oficializado em janeiro de 1974, com a tomada de posse no dia catorze desse mesmo mês.

O desejo de aumentar o quartel dos bombeiros era uma prioridade. Para tal, impunha-se a aquisição de uma casa vizinha, pertencente à EDP. Dada a minha boa relação com alguns responsáveis desta empresa, especialmente com o chefe das expropriações, Manuel Monteiro, consegui a aquisição da propriedade gratuitamente. Em simultâneo, o meu amigo Caveiro, topógrafo da ITEL, fez o respetivo levantamento, também graciosamente.

Em abril de 1974, surgiu a Revolução dos Cravos e com esta o saneamento do Presidente da Câmara, que veio a ser substiuído pelo Dr. Cândido Bonifácio. Foi no mandato deste amigo que numa reunião de todas as Câmaras do distrito de Vila Real, presidida pelo Dr. Montalvão Machado, tive a oportunidade de apresentar a pretensão do alargamento do quartel dos Bombeiros. O Gabinete de Estudos de Vila Real comprometeu-se a fazer o projeto, através do seu diretor, Engenheiro Arménio.

Também presente, na reunião, estava o Engenheiro Valente, que garantiu desde logo dar provimento não só a este projeto de urbanização, mas igualmente a outros dois por mim apresentados: as obras do parque desportivo do Clube de Caça e Pesca e a construção das piscinas termais das Caldas do Moledo. Todas estas obras foram financeiramente contempladas.

Todo o desenvolvimento da obra do quartel foi da responsabilidade do Manuel Dias Montezinho, então secretário da Direção dos Bombeiros, devidamente apoiado pelo fiscal, Engenheiro Né.

Em janeiro de 1977, tomei posse como vereador da Câmara Municipal. Assim, tive a oportunidade de contatar com uma equipa de técnicos do Fundo de Fomento de Habitação que na altura se deslocaram à Régua para dar seguimento à construção do Bairro Verde. É a este organismo do Fundo de Fomento de Habitação, com sede em Lisboa, que eu me dirijo, alguns dias depois, para concorrer à construção de um bairro social para habitação dos nossos bombeiros. Inteirado da viabilidade, foi-me recomendado dirigir-me à sua Delegação do Norte, no Porto, onde tudo acabou por ser tratado.

No dia um de agosto de 1980, por despacho do Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, é autorizada a comparticipação de trinta mil contos aos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua, destinada à construção de trinta fogos. O auto de construção é assinado em outubro do mesmo ano, pela firma José Ermida Lopes e Irmão e pelo secretário dos bombeiros da Régua, Manuel Montezinho. Esta obra, que arrancou em janeiro de 1981, paralisou ao fim de dez meses, o que obrigou a Direção dos Bombeiros a tomar posse administrativa da mesma para proceder a novo concurso. É a firma Eusébio e Filhos que assume a construção do bairro, então já adjudicada por quarenta e cinco mil contos. Salinte-se a disponibilidade do Engenheiro Né, não só enquanto fiscal da obra, mas também pela colaboração em diversos casos e situações problemáticas que esta construção implicou. Esta só viria a ficar pronta em 1984, ano em que fui afastado da Direção, e entregue aos seus legítimos utentes apenas cinco anos depois...

Lamento não ter podido completar tudo aquilo a que me propus. Congratulo-me, no entanto, por, para além das obras citadas, ter podido ainda, durante o meu mandato, participar na criação da Fanfarra, mérito do amigo António Dias; na criação do museu, mérito de Pedro Macedo, e na reativação da Biblioteca, entre outras atividades que ficaram pelo caminho...

Enquanto Presidente da Direção, quero aqui deixar o meu agradecimento a todos os colegas que em muito contribuíram para todo o trabalho executado.

Como sócio, quero continuar a manter a minha grande amizade aos nossos bombeiros.
- António Bernardo Pereira, antigo Presidente da Direcção


PROBLEMA RESOLVIDO EM CASA
Desde criança que sou admirador e amigo dos Bombeiros Voluntários. O meu tio mais velho, Eduardo Menezes, irmão de minha mãe, era bombeiro e foi, durante alguns anos, comandante dos bombeiros de Alpiarça.

Uma vez por ano, na véspera do 5 de Outubro, vinha jantar a casa de meus pais, onde ficava para no dia seguinte comemorar com os seus correligionários a implantação da República. Quando conheci o nosso Comandante Carlos Cardoso, alto e aprumado, lembrava-me muitas vezes do meu tio.

Ao ser sondado para concorrer às eleições como candidato a presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários aceitei imediatamente com alegria, ainda que sentido a responsabilidade do esforço que tal tarefa, a concretizar-se, me exigiria. Se é verdade que tinha trinta e poucos anos, pensava também que já era pai de quatro filhas e advogado com uma intensa atividade.

Fui eleito e comecei logo a trabalhar com dedicação e empenho. Queria ser digno da memória do meu saudoso tio Eduardo e dos meus ilustres predecessores doutor Júlio Vilela, Vieira de Castro, Camilo Araújo Correia, Abel Almeida e tantos outros.

A Direção a que tive a honra de presidir, teve logo a coragem de acabar com uma escondida salinha de jogo que funcionava na sede da nossa associação.

Foi uma realidade com a qual não contava até ao dia em que uma senhora me falou do vício do seu marido, que eu estimava, com verdadeira amizade, e acrescentava que não percebia como é que uma pessoa, “como o senhor doutor”, referindo-se a mim, podia permitir uma mesa de jogo nos Bombeiros. Não queria acreditar no que ouvia mas depois de informado, convenci-me que era verdade. Na reunião seguinte, coloquei o problema e todos os dirigentes acordaram a por termo a tal prática. Uma Associação tão respeitável e respeitada como a nossa não podia viver com receitas desta espécie.

Tivemos sócios que não concordaram com a nossa decisão, invocando que tais proventos faziam falta aos Bombeiros mas defendemos que a Associação não podia também permitir uma casa de prostituição para os arranjar. O dinheiro dos “amigos”, que se entretinham a gastá-lo no jogo, fazia mais falta nas suas casas para as necessidades dos filhos e das esposas. Assim se acabou com o jogo ilícito na sede dos Bombeiros.

A partir daí, a nossa Associação tornou-se mais forte e realizou algumas obras que, até então, pareciam um sonho longínquo: a ampliação do quartel dos Bombeiros e sede da Associação e o bairro dos Bombeiros. Com esta posição da Direção a nossa Associação tornou-se mais humanitária e mais próxima de todos os reguenses.

Vila Real, 16 de Novembro de 2012
- Aires Querubim de Meneses Soares
Clique  nas imagens para ampliar. Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Actualizado em Dezembro de 2013. Texto e imagens originais cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Também publicado no semanário regional "O ARRAIS", edição de 21 de Novembro de 2012. 

Escrito do Douro

Estava-se quase nos finais de 2011...

Muitos dias já tinham sido passados naquilo que se chamará “campanha”… Dentro das nossas possibilidades profissionais (sim, que somos voluntários), havíamos ido a vários locais, cidades lindas com gente boa, não fossem todos Bombeiros Voluntários...

As ideias da candidatura estavam passadas, propagadas, aparentemente sufragadas pelo apoio que nos iam demonstrando. Mas haveria eleições, haveria votação, haveria disputa que se queria saudável...Éramos todos membros da mesma família...

Numa sexta-feira, lá parti da minha Serra da Estrela, rumo ao Douro e a Peso da Régua. Tinha conseguido alojamento ali mesmo na cidade, sabia que muitos outros já não o tinham conseguido, fiquei contente e expectante. Como iria ser?

Lá cheguei a tempo de me hospedar, de ir procurar um sítio onde comer... Já estava rendido ao bonito da paisagem...Trocara as colinas de intrigantes penedos da minha Estrela por colinas verdejantes de vinhas do Douro, gostava...

Pois bem, comer... Logo encontrei outros viajantes de "paz fardados" e logo se estabeleceu a sã camaradagem de partilhar mesa, gostos e sabores.Era boa a culinária do Douro, era bom o vinho do Douro...

Mesmo assim, diziam uns, cuidado, aquele é dos outros... Que interessa, somos todos do mesmo, retorquia eu.

E éramos, no meu sentimento, no meu querer...bem vi essa união na cerimónia de abertura do congresso, tantos que não couberam na sala, mas tantos que cá fora falavam de tudo menos de eleições... Depois, a sessão na Casa do Douro, todos unidos em torno da apresentação do livro do Zé Alfredo Almeida, que até estava com a outra lista, mas nunca deixava de ser um amigo, um de nós... Como é linda aquela sala, maravilha da opulência de terras ricas, congregadora de sentimentos... Depois, o congresso...
Ali sim, já as estratégias da luta salutar mas viva, forte, pela divulgação das posições de cada um, dos objectivos dos grupos... Palavras mais consensuais, palavras mais acesas, críticas momentâneas, desnortes desnecessários, alturas de nos sentirmos em campo de batalha não desejado... Assertivismo nas palavras de uns, desnorte na de outros, adrenalina à flor da pele, frenesim de notas apontadas nos nossos cadernos porque era importante registar, reler, meditar num ápice e...actuar... Aquele pavilhão era uma arena, degladiavam-se, ouviam-se os tribunos que procuravam mostrar razões, justificar opções, angariar votos...

No fundo, foi enriquecedor...

Depois vinham os "tempos livres "...

As reuniões nocturnas, as revisões opinativas do que se tinha passado, do que se iria passar. Tudo à volta da boa comida duriense, da boa pinga que solta as línguas...

Até que chegou a votação, a expressão da vontade da maioria. Fomos escolhidos. Confesso que teve sabor agradável e doce, respira-se fundo e descontrai-se, começa-se a sentir a responsabilidade do acto.

Sentimo-nos pequenos perante a grandiosidade do desfile de muitas centenas de mulheres e homens bombeiros, mas não parámos de olhar para o Douro, para a paisagem e sentimos que a vida tem sentido, as grandes causas têm sentido e que o Peso da Régua e o Douro fizeram história, e nós estivemos nela.

Poderia ser noutro sítio, mas... não seria a mesma coisa!
- Gil Barreiros, Vice-Presidente do Conselho Executivo da LBP

Reportagem do 41º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, dia 28 de Outubro de 2011 no Peso da Régua
Clique nas imagens para ampliar. Texto e imagens cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2012. Actualizado em Dezembro de 2013.Também publicado no semanário regional "O ARRAIS" edição de 26 de Setembro de 2012. 

132º Aniversário da AHB da Régua - CAVALEIROS DA ESPERANÇA

Nos 18 anos de actividade como dirigente do órgão executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, 12 dos quais como Presidente, tive ocasião de conhecer de perto a maioria das associações e corpos de bombeiros, filiadas na Confederação, em todo o território nacional.

A vida e a história destas instituições funde-se com a memória colectiva dos lugares e das gentes que, por sua livre iniciativa, as criaram. E esta é a sua maior riqueza social, cultural e humana, expressa no serviço público que prestam às comunidades onde se inserem.

Entre as associações humanitárias de bombeiros com que contactei no desempenho da minha missão como dirigente da Liga, destaco a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Régua, em especial no decorrer do meu último mandato.

A razão é simples; nesta casa encontrei o que de melhor a instituição dos Bombeiros tem na sociedade portuguesa, isto é, solidariedade, espírito de missão e de serviço público, memória histórica e camaradagem.
A organização do 41º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, que reuniu na Régua de 28 a 30 de Outubro de 2011, constituiu a confirmação dos valores anteriormente referidos.
Mas as instituições não são apenas elas e as suas circunstâncias. Elas são também o produto do empenho, inteligência e audácia dos homens e mulheres que as servem. Por isso destaco também a qualidade da equipa que ao longo dos anos tem dirigido esta associação. Neste particular, destaco a figura do Dr. José Alfredo Almeida, um dirigente da nova vaga das lideranças dos bombeiros portugueses, homem com particular sensibilidade para a problemática do associativismo e do voluntariado, visto numa óptica de modernidade sem perder de vista a sua memória histórica.

Quero ainda sublinhar a postura exemplar do corpo de bombeiros desta associação, liderada pelo jovem comandante António Fonseca. Também nesta matéria esta associação constitui um bom exemplo.

Face a tudo o que fica dito e na ocasião da comemoração do 132º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Régua, não quero deixar de saudar esta prestimosa instituição, todos os que a servem e a população que constitui razão de ser para a sua existência.
Confrontados com as dúvidas e perplexidades da hora presente e que nos interpelam, muitas vezes de forma dolorosa, importa reforçar as estruturas dos bombeiros portugueses e promover os seus valores de sempre.

Os Bombeiros de cada terra do nosso país são portadores da esperança e do espírito patriótico que nos ajuda a acreditar num Portugal melhor, mais justo e inclusivo.
- Duarte Caldeira. Presidente do CE da  Liga dos Bombeiros Portugueses                                            
Clique  nas imagens para ampliar. Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Texto e imagens originais cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Também publicado no semanário regional "O ARRAIS", edição de 28 de Novembro de 2012. Actualizado em Dezembro de 2013. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PARABÉNS BOMBEIROS DO PESO DA RÉGUA. 133 ANOS DE ALTRUÍSMO!

A palavra "altruísmo" foi cunhada em 1831 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a dedicarem-se aos outros. (fonte Wikipédia)
Os aniversários são sempre motivo de regozijo; a sua celebração significa que é mais um ano que passa na vida quer das pessoas, quer das instituições. Neste caso, a AHBVPR celebra o seu 133º aniversário, o que faz dela a mais antiga do Distrito e uma das mais antigas do País, motivo de orgulho para todos nós.

Para mim, escrever sobre os Bombeiros portugueses não é tarefa fácil, já que, ao longo da minha carreira profissional, várias vezes tive que fazer reportagens onde os bombeiros foram intervenientes, reportagens essas que em alguns casos me marcaram para sempre. Nunca esquecerei aquele mês de Setembro de 1985, pois coube-me a mim fazer a reportagem para a RTP da grande tragédia que ocorreu em Armamar e da qual resultou a morte de 14 soldados da paz. Foram momentos de grande consternação em que, à medida que avançava, ia encontrando (e obrigado a filmar por dever profissional enquanto as lágrimas me corriam pela face) os corpos carbonizados daqueles homens que deram a sua vida em serviço do próximo.

No dia 15 de Setembro, apenas 8 dias após este triste acontecimento, deu-se o grande incêndio da Serra do Marão que devastou 3.000 hectares de pinheiro bravo, deixando a serrania calcinada e despida de toda a sua vegetação. Foi nesse incêndio que um bombeiro da AHBVPR salvou o veículo automóvel em que me desloquei para a reportagem. O fogo desenvolvia-se em várias frentes e, na ânsia da melhor imagem, eu concentrava-me na sua evolução na zona dos viveiros de trutas, onde punha em risco todo o estaleiro nos quais se guardavam grandes quantidades de combustíveis que poderiam explodir a qualquer momento. Toda a minha atenção se focava neste aspecto enquanto, em cima, o fogo se aproximava do local em que deixara o automóvel, também junto às viaturas dos Bombeiros do Peso da Régua. Nesse interim, o fogo atravessava a estrada nesse local, e o quarteleiro Gouveia, conforme ia retirando os carros da corporação, fê-lo também ao meu, pondo assim a salvo todas as viaturas.

Aproveitando este aniversário, quero prestar a minha homenagem a todos os bombeiros portugueses, que são um exemplo para o Mundo, por vezes pagando com a própria vida esse serviço que prestam à Comunidade, fazendo-o decerto com gosto, mas também sob um perigo constante.
- João Rodrigues, Novembro de 2013
CONVITE E PROGRAMA
28 de Novembro e 1 de Dezembro de 2013
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Distinções e reconhecimentos marcam o 133º Aniversário da Associação dos Bombeiros da Régua 

Durante as cerimónias festivas de mais um aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros da Régua, a ser celebrado no próximo dia 1 de Dezembro, a sua Direcção presidida pelo Dr. José Alfredo Almeida e o Comandante António Fonseca vão entregar vários Crachás de ouro e Medalhas de Serviços - Grau Ouro para reconhecer o mérito, a generosidade, o trabalho e o prestigio de antigos bombeiros, dirigentes, sócios, instituições locais, beneméritos e ao presidente dos Bombeiros dos Pinhão, muito justamente pelos seus 35 anos de serviço a uma causa pública, os quais também mereceram um reconhecimento unânime por parte Liga dos Bombeiros e, muito em especial, do Comandante Jaime Marta Soares que já anunciou mais uma vez a sua presença no Peso da Régua. Assim vão ser distinguidos as seguinte empresas comerciais e personalidades:

Crachá de Ouro
Guilhermino Pereira de Almeida - Bombeiro do Quadro de Honra
Vinhos Symington, SA - Benemérito
Júlio Alfredo Mota – Presidente do Conselho Fiscal
Arquitecto Francisco Oliveira Ferreira (a título póstumo) - Benemérito
D. Antónia Adelaide Ferreira (a título póstumo) - Benemérita
Alfredo Luís Baptista (a título póstumo) – Antigo Director
Delfim Ferreira (a título póstumo) - Benemérito
José Ribeiro Alves Teixeira - Presidente da Direcção da AHBV do Pinhão

Medalhas de Serviços Distintos - Grau Ouro
Fanfarra dos Bombeiros do Peso da Régua
Ilídio Monteiro Mendes - Vice-Presidente da Direcção
Manuel Pinto Montezinho - Antigo Director
Santa Casa da Misericórdia do Preso da Régua
Imobiliária Irmãos Alves - Benemérita
António Ferreira Westerman - Sócio
133º Aniversário dos Bombeiros do Peso da Régua 
No dia 28 do corrente mês de novembro (dia em que o Jornal chega aos seus leitores) ocorre mais um dia de anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, sendo o centésimo trigésimo terceiro aniversário, ou seja, ficam cumpridos 133 anos de vida duma Associação em prol dos outros, com um fim supremo de auxiliar o próximo, para o bem geral da humanidade, dos residentes na terra ou na região, pois vários foram os atos filantrópicos na entreajuda com outras Associações congéneres limítrofes.

Decorria o ano de 1880, quando, por intermédio de uma Comissão Instaladora (integrada por 26 elementos, reguenses distintos e altruístas) se formou, oficialmente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Pretendia esse grupo de homens, de forma associativa, garantir uma postura organizativa, que pretendia fazer nada mais, nada menos, do que combater os incêndios urbanos. Sendo a então vila da Régua uma localidade com vários armazéns de vinhos, e como todas as coberturas eram em madeira e armazenavam aguardente vínica (altamente inflamável), para a produção do Vinho Generoso, urgia que se ponderasse a criação de um corpo de bombeiros, a fim de colmatar ou minorar 

Nos longínquos anos de 1873 a Câmara tinha feito a aquisição de uma bomba, a fim de minorar os perigos dum incêndio, contudo, não deu cumprimento cabal ao desejo de criar um corpo de homens que soubesse manobrar o respetivo material e assim foram andando, até que, após um interregno de 7 anos, o referido grupo tentou equacionar um problema que a Câmara, por obrigação legislativa, deveria ter cumprido, mas que não consumou.

Assim se deu a criação de um corpo de Bombeiros Voluntários na Régua, estruturado e com preparação para a eventualidade de um incêndio. Organizados, tiveram ao comando do “rabelo” Manuel Maria de Magalhães, que, assumindo as funções de 1º Comandante, dinamizou o corpo de bombeiros, que estava ao seu encargo.

Acontece que a dificuldade sentida nestes anos antecedentes para a criação da Associação dos Bombeiros foi acompanhando a vida da Associação, essencialmente a nível das instalações.

No tocante à situação do Quartel a dificuldade foi sempre bastante, já que não arranjavam um espaço digno para as funções que se pretendiam, se considerarmos a componente económica, pois o dinheiro era sempre pouco e a colaboração da Autarquia nem sempre se verificava.

Foram vários os locais onde se instalaram os Bombeiros. A última instalação foi no “cimo da Régua”, na Rua dos Camilos, mas, como local exíguo, não permitia as condições essenciais para o exercício pretendido. Desta forma, os seus corpos diretivos procuraram solucionar o caso e por 1930 conseguiram uma parcela de terreno (cedida pela Câmara), onde está o “nosso” bonito edifício dos Bombeiros. Terão sido das primeiras corporações a ter um edifício de raiz para aquartelamento.

Muito embora seja um edifício de uma arquitetura magnífica, não foi fácil a sua construção, pois a mesma arrastou-se por uns quase 30 anos. Vicissitudes constantes de uma qualquer organizção que vive de quotas e de beneméritos.

Não obstante todas as amarguras que os antepassados da Organização vivenciaram, podemos afirmar que as mesmas cimentaram a obra que se vê e que é o júbilo dos reguenses ou moradores da cidade. Foram atos valorosos, pequenos nadas na vida, consolidados no tempo, que levaram a que a Associação Humanitária dos Bombeiros esteja em festa, alicerçada num humanismo, num altruísmo, num voluntariado e numa doação sem limites (que eu saiba há, pelo menos, a perda de uma vida, na defesa de uma causa).

Está de parabéns todo o Corpo de Bombeiros (pela continuidade dum projeto) e a Direção (pelo consolidar do mesmo) e que todos possam usufruir da plenitude da vida durante muitos e longos anos. 
Notícias do Douro - por Adérito Rodrigues, Prof. 

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