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quinta-feira, 27 de junho de 2013

NOGUEIRA BORGES partiu há um ano ! E a saudade continua...

De MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES:
Acreditem-me ou não, o que escrevi SINTO-O. Sabes, a vida é feita por NÓS, "OS SIMPLES", OS QUE ANDAM AQUI COM UMA LUZ NO CORAÇÃO.  SÓ TEMOS QUE FAZER UMA "COISA": AGRADECER A QUEM NOS DEU ESSA FELICIDADE!
Escrito por Manuel Coutinho Nogueira Borges em 7 de Fevereiro de 2012
(Nota - O dia correcto de nascimento de M. Nogueira Borges é o de 05 de Outubro de 1943. A data na foto (12 de Outubro) é apenas a que consta na conservatória. Contava sempre que tal se devia ao facto de no ano de 1943 ser por vezes normal o registo ter a data do mesmo e não a real - Ricardo Nogueira em 2JUL2012)
A notícia chegou assim:

Amigos,
Anuncio-vos com muito pesar que Manuel Coutinho Nogueira Borges faleceu ontem por enfarte do miocárdio. O que parecia ser uma pequena indisposição foi infelizmente um ataque fatal. O seu corpo repousa hoje, deposto em câmara ardente, na Capela de Sto Ovídio (Bairro dos Cedros) e segue daí amanhã pelas 15 horas para a Igreja de Mafamude, onde será celebrada a missa de corpo presente. Divulgue por favor.
From: José Alfredo Almeida
Sent: Thursday, June 28, 2012 6:24 AM
To: Jaimel
Subject: Morreu... Nogueira Borges

Ola Jaime.
Bom dia..
Soube agora mesmo e nem sei como começar... mas é uma má e triste noticia para si e para mim...
Ontem morreu o Nogueira Borges...
Não sei que dizer, estou abalado com a perda do amigo, do homem bom que Deus nos colocou no caminho.
Nao sei que lhe dizer... a tristeza cai nestes montes e rio que ele também amou.
Abraço,
JASA
Jaime Gabao 28JUN2012 15H05 Não me esqueço do último abraço que lhe dei há poucas semanas, no Porto, quando me despedi dele à porta do SAMS, onde ia marcar um exame ao coração. Parece que adivinhava. Agarrou-se a mim com lágrimas nos olhos como se fosse a última vez... Que SAUDADE já tenho de ti, "velho" companheiro de tantos anos, MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES.
Manuel Coutinho Nogueira Borges, escritor e poeta do Douro em Portugal nasceu no lugar de S. Gonçalo, freguesia de S. João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, em 12.10.1943. Frequentou o curso de Direito de Coimbra, cumpriu o serviço militar obrigatório em Moçambique, como oficial miliciano e enveredou pela profissão de bancário. Colaborou em diversos jornais, nomeadamente: Diário (de Lourenço Marques); Diário de Moçambique (Beira), Voz do Zambeze (Quelimane), Diário de Lisboa, República, Gazeta de Coimbra, Noticias do Douro, Miradouro, Arrais e outros. Em 1971 estreou-se com um livro de contos a que chamou "Não Matem A Esperança". (In 'Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses', coordenado por Barroso da Fonte. Manuel Coutinho Nogueira Borges está no Google.

ÚLTIMA VONTADE
Quando eu morrer,
Que seja em Agosto
Com toda a gente de férias.
Quero morrer sem desgosto,
Sem dor e sem aborrecer,
Envolto na brancura de um lençol,
Só um padre, a família e os amigos,
Sem mais ninguém saber.
Quero morrer sem choros, sem gritos
E sem anúncio no jornal.
Morrer não é o fim,
E quem me diz a mim
Que a minha vida, afinal,
Não se renovará num caminho
De amor e carinho,
De risos verdadeiros,
Todos os dias renovados
Como se fossem os primeiros?
Quando eu morrer,
Lavem-me com a lágrima do adeus
Que quem morre sempre deita,
Não com pena de morrer,
Mas triste pelos que ficam,
Mais tristes e abandonados,
Sem saberem o que os espera:
Se a disputa de uma herança
Ou o fim de uma esperança.
Quando eu morrer,
Metam-me num jazigo
Com uma ampla janela
Para ver, através dela,
O sol de cada domingo.
Ponham-me flores e uma vela,
Uma cruz e um poema
Que aqui deixo escrito:
Nasceu sem saber porquê,
Viveu sem que o entendessem.
Morreu sabendo para quê:
Para que na ausência o lembrassem.
Basta para dizer tudo,
O que foi o meu mundo
Em criança e em adulto.
Atravessei mares e continentes,
Chorei nas noites de abandono,
Amei raças diferentes
E não sei se matei por engano.
Quando eu morrer,
Não quero ir para a terra;
Em vez de morrer uma vez,
Morreria, então, duas vezes.
Concordem que não o merecerei
E, se o fizerem, garanto-vos,
Nunca o esquecerei.
Afinal, quem vive com os remorsos
De uma última vontade não cumprida,
Naquele instante de amargura e despedida
Em que o sangue se esvai,
No grito intolerável que a vida dá,
Até se esbater cansado num ai
Que até parece que, depois dele, nada mais há?
Quando eu morrer,
As andorinhas farão ninhos
No beiral da casa onde nasci,
Cantando de mansinho
Para que não me interrompam o fim.
Apanhem uma que seja dócil e bela,
Prendam-na às minhas mãos
E deixem-me ir assim com ela,
Caixão aberto e o sol a brilhar,
As pessoas espantadas a olhar
Para um funeral nunca visto.
Batam palmas devagarinho,
Não se importem de parecer mal,
Não falem durante o caminho,
E vejam se vou a voar.
Quando eu morrer,
Se calhar, não terei tempo de dizer
O que sempre calei em vida:
Que amei tanto os outros
E alguns não me mereceram,
Que chorei por loucos
E por quem não devia,
Que encolhi silêncios
Pelos que nunca me lembraram
E alguns até se afastaram.
Quando eu morrer
Vai ser penoso ir-me embora,
Deitado, estrada fora,
Sem me mexer,
Sem poder beijar os frutos da minha felicidade,
Virtudes e defeitos do meu ser,
Os seus rostos mais lindos do que o sol a nascer
E sorrir-lhes, então, até à eternidade.

- De M. Nogueira Borges extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória". O livro "O Lagar da Memória" foi apresentado  dia 12 de Março último na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia . Informações para compra aqui. Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". A imagem ilustrativa acima é formada/editada por diversas fotos recolhidas da internet livre. Clique nas imagens para ampliar.
Clique  nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012 e em homenagem ao saudoso Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. Atualização em 27 de Junho de 2013.  Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroTodos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um adeus sentido a MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES

Nota - O dia correcto de nascimento de M. Nogueira Borges é o de 05 de Outubro de 1943. A data na foto (12 de Outubro) é apenas a que consta na conservatória. Contava sempre que tal se devia ao facto de no ano de 1943 ser por vezes normal o registo ter a data do mesmo e não a real - Ricardo Nogueira em 2JUL2012

De MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES:
Acreditem-me ou não, o que escrevi SINTO-O. Sabes, a vida é feita por NÓS, "OS SIMPLES", OS QUE ANDAM AQUI COM UMA LUZ NO CORAÇÃO.  SÓ TEMOS QUE FAZER UMA "COISA": AGRADECER A QUEM NOS DEU ESSA FELICIDADE!
Escrito por Manuel Coutinho Nogueira Borges em 7 de Fevereiro de 2012
A notícia chegou assim:

Amigos,
Anuncio-vos com muito pesar que Manuel Coutinho Nogueira Borges faleceu ontem por enfarte do miocárdio. O que parecia ser uma pequena indisposição foi infelizmente um ataque fatal. O seu corpo repousa hoje, deposto em câmara ardente, na Capela de Sto Ovídio (Bairro dos Cedros) e segue daí amanhã pelas 15 horas para a Igreja de Mafamude, onde será celebrada a missa de corpo presente. Divulgue por favor.
From: José Alfredo Almeida
Sent: Thursday, June 28, 2012 6:24 AM
To: Jaimel
Subject: Morreu... Nogueira Borges

Ola Jaime.
Bom dia..
Soube agora mesmo e nem sei como começar... mas é uma má e triste noticia para si e para mim...
Ontem morreu o Nogueira Borges...
Não sei que dizer, estou abalado com a perda do amigo, do homem bom que Deus nos colocou no caminho.
Nao sei que lhe dizer... a tristeza cai nestes montes e rio que ele também amou.
Abraço,
JASA
Jaime Gabao 28JUN2012 15H05 Não me esqueço do último abraço que lhe dei há poucas semanas, no Porto, quando me despedi dele à porta do SAMS, onde ia marcar um exame ao coração. Parece que adivinhava. Agarrou-se a mim com lágrimas nos olhos como se fosse a última vez... Que SAUDADE já tenho de ti, "velho" companheiro de tantos anos, MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES.
Manuel Coutinho Nogueira Borges, escritor e poeta do Douro em Portugal nasceu no lugar de S. Gonçalo, freguesia de S. João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, em 12.10.1943. Frequentou o curso de Direito de Coimbra, cumpriu o serviço militar obrigatório em Moçambique, como oficial miliciano e enveredou pela profissão de bancário. Colaborou em diversos jornais, nomeadamente: Diário (de Lourenço Marques); Diário de Moçambique (Beira), Voz do Zambeze (Quelimane), Diário de Lisboa, República, Gazeta de Coimbra, Noticias do Douro, Miradouro, Arrais e outros. Em 1971 estreou-se com um livro de contos a que chamou "Não Matem A Esperança". (In 'Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses', coordenado por Barroso da Fonte. Manuel Coutinho Nogueira Borges está no Google.

ÚLTIMA VONTADE
Quando eu morrer,
Que seja em Agosto
Com toda a gente de férias.
Quero morrer sem desgosto,
Sem dor e sem aborrecer,
Envolto na brancura de um lençol,
Só um padre, a família e os amigos,
Sem mais ninguém saber.
Quero morrer sem choros, sem gritos
E sem anúncio no jornal.
Morrer não é o fim,
E quem me diz a mim
Que a minha vida, afinal,
Não se renovará num caminho
De amor e carinho,
De risos verdadeiros,
Todos os dias renovados
Como se fossem os primeiros?
Quando eu morrer,
Lavem-me com a lágrima do adeus
Que quem morre sempre deita,
Não com pena de morrer,
Mas triste pelos que ficam,
Mais tristes e abandonados,
Sem saberem o que os espera:
Se a disputa de uma herança
Ou o fim de uma esperança.
Quando eu morrer,
Metam-me num jazigo
Com uma ampla janela
Para ver, através dela,
O sol de cada domingo.
Ponham-me flores e uma vela,
Uma cruz e um poema
Que aqui deixo escrito:
Nasceu sem saber porquê,
Viveu sem que o entendessem.
Morreu sabendo para quê:
Para que na ausência o lembrassem.
Basta para dizer tudo,
O que foi o meu mundo
Em criança e em adulto.
Atravessei mares e continentes,
Chorei nas noites de abandono,
Amei raças diferentes
E não sei se matei por engano.
Quando eu morrer,
Não quero ir para a terra;
Em vez de morrer uma vez,
Morreria, então, duas vezes.
Concordem que não o merecerei
E, se o fizerem, garanto-vos,
Nunca o esquecerei.
Afinal, quem vive com os remorsos
De uma última vontade não cumprida,
Naquele instante de amargura e despedida
Em que o sangue se esvai,
No grito intolerável que a vida dá,
Até se esbater cansado num ai
Que até parece que, depois dele, nada mais há?
Quando eu morrer,
As andorinhas farão ninhos
No beiral da casa onde nasci,
Cantando de mansinho
Para que não me interrompam o fim.
Apanhem uma que seja dócil e bela,
Prendam-na às minhas mãos
E deixem-me ir assim com ela,
Caixão aberto e o sol a brilhar,
As pessoas espantadas a olhar
Para um funeral nunca visto.
Batam palmas devagarinho,
Não se importem de parecer mal,
Não falem durante o caminho,
E vejam se vou a voar.
Quando eu morrer,
Se calhar, não terei tempo de dizer
O que sempre calei em vida:
Que amei tanto os outros
E alguns não me mereceram,
Que chorei por loucos
E por quem não devia,
Que encolhi silêncios
Pelos que nunca me lembraram
E alguns até se afastaram.
Quando eu morrer
Vai ser penoso ir-me embora,
Deitado, estrada fora,
Sem me mexer,
Sem poder beijar os frutos da minha felicidade,
Virtudes e defeitos do meu ser,
Os seus rostos mais lindos do que o sol a nascer
E sorrir-lhes, então, até à eternidade.

- De M. Nogueira Borges extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória". O livro "O Lagar da Memória" foi apresentado  dia 12 de Março último na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia . Informações para compra aqui. Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". A imagem ilustrativa acima é formada/editada por diversas fotos recolhidas da internet livre. Clique nas imagens para ampliar.
Clique  nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012 e em homenagem ao saudoso Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroTodos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

OLHAR

Os meus olhos são um rio ressequido,
Em cada Verão de mangas curtas,
Que se enche em cada Inverno de tristeza.

Os meus olhos são um grito,
Aflito,
Que entoa em cada casebre
Carcomido
De Pobreza.

Os meus olhos são um rio de muitos barcos
Que navegam como revoltas e enganos,
Rectas e curvas feitas gráficos
De dias,
De meses
E de anos.

Os meus olhos são um rio de margens
Desenhadas pelas sombras das saudades,
Feitas memórias de viagens,
Umas realizadas,
Outras sonhadas.

Os meus olhos são um rio de desilusão,
Sofrida,
Dorida,
Mas sempre com uma esperança
- Quimera perdida -
Igual à de uma criança
Que ainda desconhece a mentira.

Os meus olhos são um rio de cansaços,
Repleto de fastio e alguns embaraços.
Sós como os choupos do esquecimento,
Sós como os vinhedos em Dezembro.

Os meus olhos são um rio de pensamentos
Diferentes,
Contraditórios,
Violentos,
Mas suaves como na Primavera os rebentos.

Os meus olhos são um rio alteroso,
Conhecedor do seu nascer,
Certo do seu morrer,
Pejado de rochedos
E de medos;
Batido pelo sol ( de quando em vez ),
Um sol de bafo e de carinho,
Tão leve como a minha Mãe fez
Quando me abriu as portas do mundo
E disse: «Meu Menino...»
Com uma voz bem lá do fundo,
Um sorriso de amor e de calma
E um alívio na alma.

- De M. Nogueira Borges* 
*Pode ler M. Nogueira Borges neste blogue e no blogue "ForEver PEMBA". Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor e poeta do Douro-Portugal. Nasceu no lugar de S. Gonçalo, freguesia de S. João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, em 5.10.1943. Faleceu em 27 de Junho de 2012 na cidade de Vila Nova de Gaia. Está sepultado em Cambres - Lamego. Frequentou o curso de Direito de Coimbra, cumpriu o serviço militar obrigatório em Moçambique, como oficial miliciano e enveredou pela profissão de bancário. Tem colaboração dispersa por diversos jornais, nomeadamente: Diário (de Lourenço Marques - Página de Cabo Delgado), Notícias (de Lourenço Marques), Diário de Moçambique (Beira), Voz do Zambeze (Quelimane), Diário de Lisboa, República, Gazeta de Coimbra, Noticias do Douro, Miradouro, Arrais e outros. Em 1971 estreou-se com um livro de contos a que chamou "Não Matem A Esperança". (In 'Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses', coordenado por Barroso da Fonte. Manuel Coutinho Nogueira Borges está no Google.
Extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória". O livro "O Lagar da Memória" foi apresentado  dia 12 de Março de 2011 na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia . Informações para compra aqui. Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". A imagem ilustrativa acima é recolhida da internet livre. Clique na imagem para ampliar. Atualização de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2012 e em homenagem ao saudoso Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Em conversa com Nogueira Borges - A última crónica...

A última crónica escrita por Manuel Coutinho Nogueira Borges também publicada no semanário "Arrais" em Peso da Régua:



- M. Nogueira Borges, 23 de Maio de 2012
Clique  nas imagens para ampliar. Imagem de M. Nogueira Borges de autoria de J. L. Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012 e em homenagem ao saudoso Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. O texto de M. Nogueira Borges é cortesia de José Alfredo Almeida. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Em conversa com Nogueira Borges - Frases...

Clique na imagem para ampliar

- M. Nogueira Borges, 31 de Agosto de 2011
Clique  na imagem acima para ampliar. Imagem de M. Nogueira Borges de autoria de J. L. Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012 e em homenagem ao saudoso Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. O texto de M. Nogueira Borges é retirado de parte de missiva dirigida a JASA. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

EVOCAÇÃO DE M. NOGUEIRA BORGES

Notícias do Douro - SECÇÃO: Opinião
Peso da Régua, 1/7/2012 
Por M. J. Martins de Freitas, Dr.


É com profunda tristeza que começo esta crónica. Faleceu, no dia 27/de Junho último, um amigo: M. Nogueira Borges. Ainda nesse dia me remetera uma mensagem via email! Nada fazia prever a sua morte! Conheço o Nogueira Borges desde 24/07/2011. Repesco a data na dedicatória que então me fez. Nesse dia, fui ao lançamento do seu livro “Lagar da Memória”, na Feira do Livro de Santa Marta de Penaguião, e ficou-me tão agradecido que logo procurou o meu endereço electrónico para me fazer chegar - como fez - um agradecimento.
De então para cá trocamos centenas de emails e foi fácil granjear uma amizade pelas afinidades éticas, sociais e humanas que havia entre nós. A nossa aproximação acabou assim por ser natural. Os emails que trocávamos eram cruzados, algumas vezes, por comentários diversos. Há cerca de um mês convidei-o para um almoço quando passasse na Régua, ao que ele concordou.
Infelizmente, não pude ouvir o que pretendia da sua rica experiência!
Tinha 68 anos e muito para dar ao próximo. Era homem mais do dar do que do ter. Foi um escritor, havendo temas recorrentes na sua escrita.
Afigura-se-me ser um saudosista: um reguense adoptivo e um duriense do Alto Douro morador nos arredores do Porto. Defendia a região do Douro com todas as forças da sua alma.
Como estudante de Direito em Coimbra ficou marcado pela boémia e pela academia da Lusa Atenas. Recordo que me mandava variações do fado de Coimbra, via email, que o fariam rejuvenescer e revelavam o seu carácter nostálgico e emotivo.
Ficou também marcado pela vida militar. Foi mobilizado para o Norte de Moçambique onde foi ajudado pelo reguense Jaime Ferraz Gabão e sua família, aí residentes. Até ao seu falecimento mantinha contactos frequentes com Jaime Luís Gabão, filho daquele, residente no Brasil.
Era deveras sensível às atenções que recebia. Era evidente, para quem o conhecia, que cultivava a flor da gratidão.
Apreciava, literariamente, João de Araújo Correia. Tinha, porém, amizade com o filho Camilo de Araújo Correia. A cada passo, Nogueira Borges parafraseava vocábulos e expressões usadas pelo Dr. Camilo.
Escreveu dois livros: “Não Matem a Esperança” e “Lagar da Memória”.
Foi ainda articulista e cronista em muitos jornais, entre eles, na nossa região: o Arrais e o Noticias do Douro.
Guardo do M. Nogueira Borges a ideia dum Homem emotivo, sensível, afectuoso e inquieto pelo bem do próximo. A memória de M. Nogueira Borges será recordada pelo bom exemplo dos seus actos e pelo ideário da sua escrita.


Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Relendo: Em tempo de Festas de Nossa Senhora do Socorro recordo Jaime Ferraz Rodrigues Gabão

Crónica sobre duas pessoas que marcaram nossas vidas. Lembrando-os sentimos que estão (e estarão) sempre presentes!

Em Memória de Jaime Ferraz Gabão - Por M. Nogueira Borges – Publicado no boletim de Festas de Nossa Senhora do Socorro – Peso da Régua - 1994. (Atualização)

Conheci-o em Porto Amélia. O meu destacamento, sediado em Quelimane, viera substituir uns "cocuanes"* que estavam de regresso à Metrópole. Para trás deixava a luxúria dos palmares de Penabe, o esmagamento das infindáveis plantações de chá do Gurué, o silêncio e os ruídos da selva esplendorosa de Mocubela ou Maganja da Costa, a confraternização da boa gente da capital da Zambézia.


Foi em Março de 1968. Em Lisboa, Salazar ainda não agonizava, e Marcelo Caetano repartia o seu tempo entre a Faculdade de Direito, a reescrita do seu Manual de Direito Administrativo e o seu escritório de jurisconsulto ali para os lados da Rua do Ouro, mal sonhando que, em finais desse ano, ocuparia S. Bento para assistir, num desterro brasileiro, ao funeral do Império. Em Lourenço Marques, a Polana estava cheia de sul-africanos e os ecos do Norte mal chegavam às esplanadas.


O Jaime Ferraz Gabão era, a par da sua actividade profissional numa empresa algodeira, o correspondente, para o distrito de Cabo Delgado, do mais prestigiado jornal Moçambicano - o Diário de Moçambique** - e criava, semanalmente, uma página regional onde dava oportunidade a jovens colaboradores. Uniu-nos a paixão pêlos jornais. Essa afinidade gerou entre nós uma profunda estima e, com o tempo, à medida que nos íamos conhecendo, uma amizade tão grande que, ainda hoje, à distância de vinte e seis anos, nem sei como definir.


O Jaime era uma alma generosa e não queria morrer com remorsos nem deixá-los aos vivos. Abandonara a Régua quando os seus sonhos se desfizeram e a realidade que os seus olhos contemplavam era tão crua que não hesitou quando um velho amigo o convidou para abalar até às paragens do indico.


Feito, posteriormente, o reencontro com a Mulher que sempre o acompanhou até ao fim dos seus dias, o meu saudoso amigo ganhou a paz a que todo o ser humano tem direito quando se está de bem com Deus e os seus semelhantes.


África dera-lhe a razão da vida e a justificação para a partilhar. Sob o tecto africano, nos dias abrasadores ou nas noites do cacimbo, o Jaime consumia e retemperava as energias de um homem que, no nosso Douro, herdara o amor do trabalho honrado. Nunca foi patrão nem capataz, nunca ostentou ou humilhou, nunca cortejou poderosos nem desprezou deserdados, nunca separou brancos de um lado e pretos do outro. Amou a África porque a África - caros leitores - é encantamento deslumbrante, um chamamento emocional que arrebata, uma sedução tão arrepiante que não há palavras para a descrever, só sentindo-a, calcorríando as picadas inóspitas e engolindo o seu pó, bebendo água do coco ou dos pântanos solitários, aganando sob o fogo do seu sol ou tremendo nas suas madrugadas de névoa.


Eu entrava em casa do Jaime Ferraz Gabão sem bater à porta, sentava-me à sua mesa sem perguntar onde era o meu lugar, conversávamos horas sem fim no deleite do entardecer, íamos e vínhamos pelas ruas e cafés de Porto Amélia com a naturalidade de quem vivia o tempo todo na fruição plena da fraternidade e as areias da praia de Wimbe já conheciam os nossos pés nas manhãs de Domingo.


Findo o meu tempo de serviço militar regressei à minha aldeia e o Jaime por lá ficou. Ainda recordo, comovido, as nossas lágrimas de despedida.


Um dia, nas sequelas da tal exemplar descolonizaçâo, ele voltou, também, às suas origens. Foi um trauma de que nunca se curou. Aquilo foi como uma traição que, na sua boa fé, não contava; um murro medonho na esquina da sua vida, na pureza da sua certeza patriótica. Desgastado e amargurado, vendo, mais uma vez, o seu ideal a fugir-lhe, mastigou em seco muitas desilusões e incompreensões. Pertencia àquele tipo de homens que não tem pele de elefante porque cultivava a franqueza e a capacidade de perdão. Custava-lhe a ruindade à sua volta, os anátemas dos retornados, a indiferença por uma terra e por uma causa que interiorizara tão profundamente que alturas tinha em que já não sabia se as raízes eram mais fortes - ou mais fracas - do que as saudades dolorosas dos batuques, do cheiro das queimadas, dos dias em mangas de camisa, da leveza das brisas da baía de Pemba, do carregado das trovoadas no mato, do odor a catinga ou dos gritos da hiena sem companhia.


O jornalismo enganou-lhe as recordações, sublimando-as em descrições sempre apaixonadas mas nunca desonestas. Sabia que um jornal, fosse qual fosse o seu dono, não era um palco de propaganda, nem um púlpito de ressabiados pessoalismos, nem um ócio de frustrados a envenenarem relações, nem um palanque onde os vencidos políticos ruminassem vinganças. Praticou um jornalismo de transparência porque não ocultava o relevante e, quando assumia a opinião, não ofendia sentimentos nem provocava a consciência alheia. Tinha a educação herdada do berço e cultivada no pragmatismo do quotidiano. Escreveu muitas páginas de memórias das terras e das gentes por onde andou e viveu sem verbalismos ou maniqueísmos. Viveu o dilema dos que, conhecedores dos largos espaços, se ressentem, sofrídamente, das estreitezas dos horizontes, onde, afinal, a poesia da alma se reflecte no limite dos muros da indiferença das coisas e das pessoas. Sem sabedorias arcádicas ou carreiras/academistas, mas possuidor de um entusiástico autodidactismo. O Jaime Ferraz Gabão transformava a simplicidade escondida na mais bela descoberta. Homem solidário, condoía-se de um pé descalço e não dominava as revoltas do seu sangue. Se é preferível a responsabilidade dos gestos que não praticamos porque outros nos impedem aos que não fazemos porque a eles nos recusamos, o Jaime culpava-se de todas as injustiças do dia a dia da vida. Era um espírito em permanente responsabilização e nunca contente de ver realizar-se o que se deve. Se aqui recordo o Jaime Ferraz Gabão neste livrinho das Festas em Honra de Nossa Senhora do Socorro, onde ele sempre colaborava com alegria, não é só para que conste, mas também para implorar à nossa Padroeira que, não se esquecendo de todos nós - os vivos - não olvide o meu querido e saudoso Amigo que, na Fé, viveu sempre, mesmo quando a morte já lhe rondava os passos.

- Por M. Nogueira Borges – Boletim das Festas de Nossa Senhora do Socorro de 1994 (“recorte” cedido gentilmente por J A Almeida).

* - "cocuanes" termo adaptado do idioma macua e que quer dizer velho(os), no caso: "...viera substituir uns militares mais antigos".
**retifico - Jaime Ferraz Gabão era correspondente e distribuidor para Cabo Delgado do Diário de Lourenço Marques com sede em Lourenço Marques, atual Maputo. Embora colaborasse eventualmente com outros jornais moçambicanos e portugueses, o Diário de Moçambique estava sediado na cidade da Beira e, se a memória não me falha, seu correspondente para Cabo Delgado era o também saudoso Administrador Zuzarte.
  • Sobre M. Nogueira Borges;
  • Jaime Ferraz Rodrigues Gabão citado no portal do Sport Club da Régua - Aqui!
  • Cartal de Longe - Lembrando o cidadão e  o jornalista Jaime Ferraz Rodrigues Gabão - Aqui!
  • UM DE NÓS - Em Memória de Jaime Ferraz Gabão - Aqui!
  • Várias 'ligações'(post's) que comentam Jaime Ferraz Rodrigues Gabão - Aqui!
RECORDANDO... Por Jaime Ferraz Rodrigues Gabão, a propósito das Festas de Nossa Senhora do Socorro

Em Memória de Jaime Ferraz Gabão - Por M. Nogueira Borges – Publicado no boletim de Festas de Nossa Senhora do Socorro – Peso da Régua - 1994.


Clique  nas imagens para ampliar. Imagem de M. Nogueira Borges de autoria de J. L. Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012 e em homenagem a meu saudoso Pai JAIME FERRAZ RODRIGUES GABÃO e ao estimado Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES. O texto de M. Nogueira Borges é cortesia do Dr. José Alfredo Almeida, também Amigo prezado destas personalidades da Régua e do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Em conversa com Nogueira Borges - JOÃO DE ARAÚJO CORREIA O MÉDICO, O ESCRITOR E O HOMEM

Em tempo do III Fórum João de Araújo Correia que se realiza a 20 de Outubro no Museu do Douro:

Por: M. Nogueira Borges*

João de Araújo Correia é o exemplo acabado do HOMEM DURIENSE na universalidade da sua encarnação telúrica, tão rijo e tão digno como os antepassados e os hodiernos que escreveram e escrevem com sangue, suor e lágrimas a saga heróica duma Raça por estes montes e vales onde florescem os vinhedos da nossa esperança. Nada lhe foi fácil, nada lhe veio ter às mãos sem trabalho e muito sacrifício. Fez-se Médico, Escritor e Homem à custa de muita luta, honra e dimensão moral.

Foi Médico depois de sofrer uma dolorosa interrupção a que a doença o obrigou. Calcorriou caminhos desconhecidos para atender aflitos do espírito e do corpo, criou nome e admiração dentro e fora das fronteiras do País Vinhateiro, viu em muitos lares “a face da fome e da doença desvalidas de pão e de farmácia” (1). Soube, como ninguém, que “a morte, em meios imbecis, é o que foi a vida: um quadro baço, quieto, sem frémito de asa, sem gota de água, sem nada” (2). Não andou de guarda-sol em cima de ginete cansado, em descrição dionisiana, antes um clínico que tinha de saber de tudo para acudir a qualquer dor em qualquer lugar, numa observação pronta que tanto usava a fala pausada e conselheira como o silêncio sem azedume e tolerante. Um doente era-lhe sempre um ser humano cuja sensibilidade se respeita, e aí, sim, foi para todos um João Semana de coração aberto que aliou a frieza da ciência ao afago da alma e à ternura do trato. Consultar João de Araújo Correia não era ir buscar receita com montes de medicamentos mas ouvi-lo, contemplar a serenidade daquele rosto, a benevolência daqueles olhos no ali, naquele corpo, havia uma alma grande, mais do que um profissional, uma personalidade culta que sabia do que falava e o que fazia e não esquecia o resto.
Como Escritor atingiu a plenitude no género cultivado. Um conto seu é uma aprendizagem da anatomia espiritual nos mais insondáveis pormenores da conflitualidade ou da paciência humanas. Um estudo sem fastio da nossa gramática, do modo correcto e puro de escrever português sem cedências à vulgaridade. A sua escrita é da textura do solo onde nasceu: fértil e trabalhosa, numa busca persistente da perfeição, preocupada com as ressonâncias da sintaxe, num belo exemplo de descrever as situações entusiasmando e educando os seus leitores. É que ler João de Araújo Correia não é, apenas, o acompanhamento da narração, mas também o ficar a saber como se escreve.

O nosso Escritor é um clássico onde se congregam anamneses românticas e sublimidades realistas numa constante preocupação ontológica.

Como cronista e conferencista cativou leitores de Diários prestigiados e plateias admiradas de salões alcatifados ou de soalho tosco. Todos aprenderam a experimentar a vida de quem dela falava com a sabedoria de a ter observado, tranquilo e perspicaz, na solidão do seu miradouro ou no convívio de algumas tertúlias esparsas e muito nos catres da miséria ou nos berços doirados onde a doença indistantemente o reclamava. As suas conferências são lições de literatura e de mundo. Usa as citações dos seus confrades sem presunções culturais e fala-nos deles com a naturalidade de quem conhece as suas vidas. A sua elevação linguística é tão bela e quente, simultaneamente calma e firme, que surpreende como é possível, numa frase, transmitir-se a ironia dum olhar ou a temática dum cronista supremo que pegando no mais singelo pretexto consegue a totalidade do desenvolvimento, carreando minúcias e aduzindo razões que ao comum dos mortais não lembravam.

João de Araújo Correia foi um HOMEM que não escapou ao desígnio histórico. Lidou com a morte desde que se conheceu, a ponto de “conversar com ela de mão em mão” (3) por reflexo no seu próprio sofrimento e no alheio. Não foi rico de bens materiais antes um rico homem que se guindou pelo seu pulso e adquiriu uma enorme fortuna que todos devíamos procurar: uma postura ética e moral acima das conjunturas dos tempos e dos procedimentos sociais. Deixou uma inesgotável herança: um exemplo irrepreensível de honra e de dignidade que nem todos somos capazes até de plagiar.

Ajudou quem merecia e não merecia, mas sempre quem e quando precisava. Sabia que há um tempo para tudo: para o carinho e para o ralho, para a negativa e para o assentimento, para o estímulo e para a supressão. Não cultivou a demagogia nem a excentricidade, não bajulou poderosos nem fingiu perante os humildes. Soube ser solidário para com os sulcos do seu suor.

Nesta hora, de Festas em honra de Nossa Senhora do Socorro, aqui fica a minha contribuição para o seu livro-programa que a respectica Comissão generosamente me solicitou e a que, probo e agradecido, correspondo.
Tamanha prerrogativa tinha que ser paga com seriedade e sinceridade.

Como João de Araújo Correia dizia: “O ESPELHO DE UM HOMEM FOI (É) SEMPRE O SEU CORAÇÃO.”

(1)   (2) (3) – in palavras fora da boca. - *Manuel Coutinho Nogueira Borges, escritor e poeta do Douro-Portugal, nasceu no lugar de S. Gonçalo, freguesia de S. João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, em 12.10.1943 e faleceu em 27 de Junho de 2012 na cidade de Vila Nova de Gaia. Frequentou o curso de Direito de Coimbra, cumpriu o serviço militar obrigatório em Moçambique, como oficial mil.º e enveredou pela profissão de bancário. Tem colaboração dispersa por diversos jornais, nomeadamente: Notícias (de Lourenço Marques); Diário de Moçambique (Beira), Voz do Zambeze (Quelimane), Diário de Lisboa, República, Gazeta de Coimbra, Noticias do Douro, Miradouro, Arrais e outros. Em 1971 estreou-se com um livro de contos a que chamou "Não Matem A Esperança". (In 'Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses', coordenado por Barroso da Fonte. 
Clique  nas imagens para ampliar. Imagem de M. Nogueira Borges de autoria de J. L. Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2012 em homenagem ao saudoso Amigo MANUEL COUTINHO NOGUEIRA BORGES e assinalando o III Fórum sobre o escritor e médico João de Araújo Correia. O texto de M. Nogueira Borges é cortesia do Dr. José Alfredo Almeida. Duas imagens fotográficas sobre monumento a João de Araújo Correia na cidade de Peso da Régua de autoria do Dr. José Alfredo Almeida. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.