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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Retalhos de um passado - CALDAS DO MOLEDO

Clique  na imagem para ampliar. Imagem cedida pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA) e editada para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

DOURO - Uma tarde de verão no Porto

Passo a passo
sobre a montanha no verão -
de repente o mar.
(Autor Issa)

Instantâneos junto ao magnífico rio Douro - Porto, em 20 de Agosto de 2013
Clique nas imagens para ampliar. Texto, imagens e edição de J L Gabão em Agosto de 2013 para o blogue 'Escritos do Douro'. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Recortes... em Julho na Régua

Em Peso da Régua...
Clique nas imagens para ampliar. Imagens de autoria de Jaime Luis V. F. Gabão e editadas para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

Recortes... em Julho na Régua

Em Peso da Régua...
Clique nas imagens para ampliar. Imagens de autoria de Jaime Luis V. F. Gabão e editadas para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O MEU RIO

"... Desse retalho de terra, sempre verde, avistava eu, ao desenfado e sempre que queria, um velho amigo, um trabalhador incansável, que me viu nascer e me abandonou de um dia para o outro. Quero referir-me a um rio arcaico, milenário, que me contava uma história cheia de pavores e doçuras, quando me via sentado, num banco de pinho, ao fundo do meu quintal. esse rio morreu, deixou de ser rio para ser um lago artificial imenso, parado ou pasmado a meus pés, como cadáver que a morte dilatasse.

O dinheiro dos homens, para se multiplicar, a troco de dar luz e energia ao mundo, pega no meu rio, que era bravo e impetuoso como um toiro, e amansa-o em lago. Fez dele um boi no pasto ou uma choca no fim de uma toirada, O meu rio, que era poeta heróico e poeta idílico, ao saber das horas, que as contava de todos os fetios, era também artista. Com que paciência, durante séculos de séculos, não foi esculpindo, na rocha dura, maravilhas de arte... Hoje, lago empanturrado, mais rico que um porco, já não tem força e até se envergonha de pegar no maço e no cinzel. Deixá-lo, que o progresso manda...".
- João de Araújo Correia, in PONTOS FINAIS.
Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de texto e imagens do Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2013.Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos. 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Recortes - RIO DOURO

Clique na imagem para ampliar. Imagem original de autoria de João Martins, cedida por JASA. Edição de imagem de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Maio de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Douro da minha infância

À noite, a minha avó, leva-me ao colo pelo caminho principal da quinta para fechar o portão e diz-me: Não olhes para trás que vês o Diabo.

Escondo-me ao pescoço. As sombras das árvores fazem-me figuras, fecho os olhos, espreito quando se movem na aragem. Tenho medo, ela não. Mas também não lhe digo. Continuo ao colo e continuo a ter cinco anos.

Maria Emília Queiroz Marinho Bernardo, avó alta e magra de pernas secas, tinha na voz o comando de quem vivia a dar ordens e a organizar a vida, sozinha. Viúva e filha mais velha de 6 irmãos. Nasceu, viveu e casou na quinta da Vacaria.

O verão da minha infância foi passado no Douro, com a avó, numa quinta onde nasci e que há muito foi cortada por uma estrada, no meio de trovoadas sufocantes, mais as histórias sem fim que pairam reais no meu imaginário infantil. Desde a capela com os santos milagrosos, os frades enterrados nela, até ao corredor de glicínias que perfumava todo o jardim, onde o rio Corgo circundava a terra e deixava ilhas para os piqueniques. Lembro-me dos lagares, do calor das uvas quando colhidas, do cheiro do vinho quando fermentado, do frio das adegas quando cerradas, do terror das sardoniscas quando passeavam o tecto caiado ao dormir a sesta. Lembro-me, do comboio de cortinas que fechava para não ver o escuro dos túneis, do abismo do rio, terra acima em direcção a um lugar mágico mas difuso, com os olhos de não voltar, do calor desses verões, dos insectos que bailavam junto às videiras, do revisor que cumprimentava a avó, do comboio que esperava por ela, do cheiro do carvão, do vapor nos meus olhos, das viagens infinitas e das nuvens a ameaçarem sempre trovoada.

Do Douro aprendi, desde pequena, a olhar para dois sítios: para o rio e para o céu.
- Armanda Passos - In catálogo da exposição "Obra Gráfica".

Armanda Passos nasceu em 1944, no Peso da Régua. Licenciou-se em Artes Plásticas na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Expõe desde 1976. Armanda Passos neste blogue.

Clique nas imagens para ampliar. Texto e imagem "quadro" cedidos por Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Março de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O pito de Santa Luzia

Com a devida vénia In "traga_mundos" - Publicada por Sampaio Figueira Alves, António Alberto em Quinta-feira, Dezembro 13, 2012.

A lenda
Foi uma moçoila da aldeia de Vila Nova, em Vila Real, que os inventou quando foi servir para o Convento de Santa Clara, onde tomaria o hábito depois dum noviciado entre a cozinha e o apoio aos pobres e aos doentes a que a ordem, na sua misericórdia e caridade infinitas, dava guarida de hospital.

Maria Ermelinda Correia, depois Irmã Imaculada de Jesus, era deveras gulosa. Foi este defeito que levou a família a pedir a graça da clausura na esperança de lho transformar em virtude.
(...) No intervalo dum silêncio de «regra» conventual falava de doces, a resposta era sempre a mesma: «nem vê-los».

Na sua inocência, começando a percorrer os caminhos da Fé e da Doutrina para o noviciado tornou-se devota acérrima de Santa Luzia, orago dos cegos e padroeira das coisas da vista.

Foi assim que os pitos de Santa Luzia lhe foram consagrados, e como tal testemunha a festa que ainda hoje, a 13 de Dezembro, na capela de Vila Nova, mantém a tradição.» [Casa Lapão]

Clique  nas imagens para ampliar. Com a devida vénia In "traga_mundos" - Publicada por Sampaio Figueira Alves, António Alberto em Quinta-feira, Dezembro 13, 2012. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Retalhos da net - Douro é Património Mundial há 11 anos

Transcrição 'Noticias ao Minuto' com a devida vénia - 11:25 - 05 de Dezembro de 2012 | Por Paula Lima

A chefe de projecto da Estrutura de Missão do Douro (EMD), Célia Ramos, afirmou hoje que o Douro "vai conseguir dar resposta e vai conseguir compatibilizar tudo".

"Nós responderemos absolutamente e com toda a convicção a todas as questões que nos forem colocados e que nos estão a ser colocadas", salientou.

O Ministério da Agricultura e Ambiente divulgou em Outubro que o relatório da missão da UNESCO ao Douro concluiu que a construção do aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua, de acordo com o projecto revisto, é compatível com a manutenção do Alto Douro Vinhateiro (ADV) na Lista do Património Mundial".

A organização mundial fez, no entanto, críticas ao processo e exige medidas de mitigação.

A UNESCO concorda com o enterramento da central eléctrica, num projecto do arquitecto Souto Moura, mas exige conhecer e pré-aprovar soluções para a subestação e para a linha de muito alta tensão.

A organização recomendou ainda a criação de um "Plano de Gestão da Zona", com força de lei, que proteja o Douro "dos impactos cumulativos de infra-estruturas como barragens, linhas eléctricas e estradas, como por impactes incrementais resultantes da ausência de políticas de gestão consistentes".

Este plano terá de ser submetido à UNESCO até 1 de Fevereiro de 2013.

"Julgo que, neste momento, com um tremendo esforço diplomático que foi feito, com uma viva e empenhada actuação por parte do Ministério do Ambiente, nós conseguimos vencer esta batalha", sublinhou Célia Ramos.

No dia 14, no Peso da Régua, decorrerá uma cerimónia que culminará as comemorações de uma década de Património Mundial, iniciadas no ano passado, e se comemorará mais um ano após a classificação. O ADV foi reconhecido em 2001.

Os secretários de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, e do Turismo, Cecília Meireles, deverão participar no evento.

As comemorações arrancam com a inauguração do monumento "Feitoria de Alma", da autoria de Gracinda Marques.

Depois, Teresa Andresen, coordenadora do estudo de avaliação do estado de conservação do ADV fará um balanço da paisagem cultural e Célia Ramos falará sobre as linhas de força para os futuros 10 anos.

Será ainda apresentado o projecto da National Geographic, o mapa guia do geoturismo para o Douro.

As comemorações juntam a EMD, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e a Comunidade Intermunicipal do Douro.

Clique  nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PORTO - A aventura de um grande vinho

Uma HISTÓRIA em quadradinhos:
Clique  nas imagens para ampliar. Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Texto e imagens originais cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Extraído da publicação do Instituto do Vinho do Porto, PORTO - A aventura de um grande vinho - Texto de António Luis Ferronha, ilustração de Júlio Gil, colaboração e apoio científico do professor doutor Gaspar Martins Pereira. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

“8 Mãos, monumentos com música dentro”: Um novo Festival de Música em TRÁS-OS-MONTES e ALTO DOURO

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Numa parceria entre a Direção Regional da Cultura do Norte, do Museu do Douro, da Douro Alliance e das várias autarquias, vem aí o festival de música “8 Mãos, monumentos com música dentro” que se irá realizar de 22 de Setembro a 28 de Outubro nas regiões de Trás-os-montes e Alto Douro.

Um evento que se distingue por levar a música a monumentos em várias cidades. Os diferentes concertos serão serão executados por quartetos, que vão desde harpas, clarinetes, e cordas, e que poderão ser desfrutados em lugares tão emblemáticos como o Mosteiro de Salzedas, a Igreja Matriz de Vimioso, o Santuário de Panóias ou o Domus Municipalis, em Bragança.

As formações musicais são oriundas de diversas nacionalidades, nomeadamente, Portugal, Espanha, E.U.A., e República Checa, e irão actuar um pouco por toda a região do Norte, desde Vila Real, a Bragança, a Vimioso, a Freixo de Espada-à-Cinta, a Lamego, a Tarouca, a Tabuaço, a Peso da Régua, a Carrazeda de Ansiães, a Mesão Frio e a Penedono.
- Fontes:
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Retalhos da net: Douro - O paraíso esquecido e as histórias que moram lá

- Transcrição de "VISÃO" - 30 de Agosto de 2012:
Reportagem
Douro: O paraíso esquecido e as histórias que moram lá
À margem das excursões turísticas, a região Património da Humanidade ainda guarda memórias, figuras e sabores que atestam o seu caráter genuíno, resistente e sentimental. A VISÃO desta semana propõe-lhe uma viagem aos segredos, dores e alegrias do vale encantado.

Diz-se que quando um galo canta em Barca d'Alva é ouvido em três distritos e dois países. A ponte Sarmento Rodrigues une Bragança e Guarda. A província de Salamanca eleva-se ali ao pé. É aqui que o Douro cai, por fim, nos braços portugueses depois de namoriscar margens ibéricas desde Miranda. Do miradouro do Alto da Sapinha, vê-se tudo isto, mais as águias, imperiais, planando. O resto imagina-se. Visto de perto, este prodígio de homens sobre a natureza árida também encerra fantasmas. Quem diria? Uma estação de comboios, das mais belas que o rio beijou, está entregue a fatalismos e memórias de lua-de-mel. Pelas ruas, homens sonâmbulos ruminam conversas mortas. Esplanadas cansam-se da babugem aos novos cavalos de Troia do rio, cruzeiros a abarrotar de turistas rapinando a paisagem com olhares gulosos, mas apenas isso. "Chegam, entram ou saem dos autocarros, e seguem viagem. É negócio que não deixa um cêntimo nestas terras", lamenta-se Mário dos Anjos, testemunha diária de rebanhos excursionistas com karaokes de Malhão a bordo.

Não se vive dos olhos pasmados ou espantos que vêm e vão.

Oriundo de Vilar de Amargo, o feitor da Quinta da Batoca tem um pretérito imperfeito a bailar na boca. As terras que, do alto de Ligares, piscam o olho a Barca d'Alva significavam tudo para ele. A quinta, das maiores do Douro, "era um jardim perfumado, de vinhas, olivais e amendoeiras", gerando cobiças e atiçando invejas. O escritor Guerra Junqueiro, proprietário, conquistou-a, a palmo, à aridez e pedra rude, mas também à manha e astúcia de uns quantos. Com prosa bruta inscreveu na paisagem um poema visual, de enlevos homéricos. Deixou versos pela casa, esboçados na cal, que agora se vão descascando e apagando como recordações ténues. "Plantou a maioria das oliveiras e ainda se dedicava a partir miolo de amêndoa na varanda, ao serão", conta, de ouvir, Mário dos Anjos.

A casa está trancada há décadas. A fundação que leva o nome daquele que zurziu o sarrafo na monarquia e no povo "resignado" bem tentou abrir portas a residências artísticas, inspirando exuberâncias literárias ou da mesma espécie. Nada feito, sentenciaram os poderes de Estado e a penúria autárquica. Mágoas que nem o restauro dos cardenhos, a apanha da azeitona ou os cachos que Mário leva ao Porto conseguiram apagar.

O LAGAR, TRADIÇÃO REQUINTADA
Longe vão os tempos dos "parranas engravatados" que surripiavam a região e Eugénio de Andrade imortalizou. A cada época a sua moldura pacóvia. Por estes dias, o Douro, domesticado na sua fúria secular de águas livres, deixa-se ir na corrente de elitismos vistosos e manias sensaboronas, resignado a cenário de flirts turísticos sem consequência, mas muito na moda. Se não desaguarem à porta de Cristina Gomes, ali para Escalhão, em Figueira de Castelo Rodrigo, ela até agradece. "Isto é para saborear." O Lagar saiu-lhe do pelo e do coração, não é pasto de excursão.

A empresária agrícola deixou a capital quando a asma da filha recomendou a pureza das raízes. À doença foi um ar que lhe deu e veio a vontade de fincar, de vez, os pés na terra. Com o empenho do marido, Pedro Rocha, restaurou, a partir de ruínas, o lagar dos avós. "Para mim, isto não é um restaurante, é um lugar de afetos", assegura.

Ali, o muro dos antepassados recuperado. Aqui, um trilho antigo, alfaia de madeira e lâmina aguçada, a servir de balcão, no qual repousa um exemplar de Sente e Descobre, guia turístico de Figueira, o mais falado de quantos são editados por estas bandas. Autoria de Daniel Gil, que lançou a ideia dos roteiros a partir d'A Viagem do Elefante, de Saramago, ou não tivesse a odisseia literária do paquiderme Salomão deixado fundo rasto no Douro e mais além.

Pela mão do amigo ou iniciativa própria, Cristina calcorreou casas e lares de terceira idade da região à cata de receitas ancestrais, dadas como perdidas. O pão de trigo chega agora das aldeias. O azeite respeita saberes e sabores rurais de outrora, por isso o polvo à Lagar pode vir à mesa, a boiar. A horta é da época, respeita os ciclos naturais. Queijos, fumeiros e enchidos têm o rótulo da geografia sentimental. A maioria dos vinhos exibe o selo da região demarcada do Douro. Pode ser um Carm, branco, de 2011, ou um tinto Vale de Pios, 2008, ali mesmo, de Escalhão.

Luís Sottomayor, enólogo da Casa Ferreirinha, gosta de chamar ao Lagar a sua cantina. Ao espírito gourmet ou lá o que é, Cristina contrapôs uma ementa em iPad, feita de "tradição requintada". A evidência come-se com os olhos: onde outros rubricam design gastronómico e estrangeirismos pomposos num prato ratado, Cristina exibe mimos de avós em fartas travessas de barro, a fazer jus aos nomes suculentos: tirinhas de porco preto com molho de laranja, cacho de vitela com migas de tomate, lagarada de bacalhau. O doce de ovos com batata é um hino à sabedoria caseira. De "comer e chorar por mais", frase que, por acaso, também dá nome a uma sobremesa de amêndoa de enfeitiçar paladares. Até a morcela doce de Escalhão, com mel e canela, "que já ninguém fazia", renasceu aqui.

ALMENDRA, DOCE E ORGULHOSA
A esta mesa pantagruélica senta-se Alfredo Mendes, décadas de escrita batucada num jornalismo de sabor literário, por vezes devedor de mostos e partilhas gustativas. Ainda cachopo, rumou a Leça da Palmeira levando a aldeia com ele, por dentro dele. Outros o fizeram, por necessidade ou aventura. Almendra, em Vila Nova de Foz Coa, é território de pergaminhos vários, com gravuras rupestres à distância de um rabisco, casas aristocratas e romaria sem igual em todo o Douro, a Senhora do Campo. Ali se teceu o que viria a ser a Lusomundo, a partir da vivenda da família Bordalo. Ali ainda se tricotam episódios da envergadura de Romeu e Julieta, com enredo na Casa dos Caldeiras, onde donzela mal-amada traiu o temido doutor da terra e se enamorou de rapaz do povo. Em tenra idade, ali foi parar Maximino de Sousa, o famoso padre Max, de esquerdas, assassinado à bomba nas fervuras do pós-revolução. "Não vás para padre. És bonitinho e depois as pequenas vão andar atrás de ti", rogava-lhe, sem sucesso, Sezira Ivone, que recorda o catraio que ali fez a instrução primária, bondoso.

Alfredo dedicou anos ao garimpo das alcunhas e dizeres do torrão natal, devolvendo à terra "códigos que nos uniam a todos, carregados de afeto e distinção, fruto de laços harmoniosos e de sangue". Do mapa do tesouro fazem parte mais de três mil termos, condimentados por influências castelhanas, francesas e árabes, e encontrados, até, nas obras de Jorge Amado e Machado de Assis. Em breve, a Câmara de Foz Coa editará este levantamento, ilustrado a partir de precioso arquivo fotográfico, cuidado com saudade por almendrenses como João Varges, radicado no Brasil. As páginas lavram honra e posteridade à Cabra Manhosa, ao Mata-a-Morte, ao Cai-lo-Cú, ao à Puta Gaga, mas também ao Caldo Enchebre ou às Balulas. Não se pense que a empreitada é coisa arcaica, pois não passaram muitos anos desde que um conservador do registo predial viu as cartas para Almendra serem devolvidas à procedência por nelas não constar a alcunha do destinatário.

Freguesia de destino marcado por partidas e chegadas, coube a Jorge Ribeiro e Valerie Censier encontrar aqui a terra a que chamam sua. Ela francesa, artista plástica. Ele de Gondomar, músico, ator e homem de mil ofícios, com percurso certificado pelas portas que abril abriu, onde, cantava-se, a seiva de uma espera tornou tudo mais urgente. Cansados da vida de estrada, Valerie e Jorge assentaram arraiais na vila duriense, depois de viagens ao desatino. Vegetarianos, nem os trajes nem a postura vagamente hippie desencadearam estigmas ou maldições ciciadas. "Fomos acarinhados desde o início. Trouxemos ideias novas, mas absorvemos o espírito da terra", reconhece Jorge.

O casal cuidou da autoestima das gentes da terra e povoados da região. Voluntariou-se para atividades socioterapêuticas junto de crianças e jovens das terras do Coa e organizou caminhadas, vindimas, sessões de ioga, passeios de burro, dignificando natureza e tradições. "Quando acontece algo novo, as pessoas ficam ansiosas", diz Valerie, que agora quer fazer pão em forno antigo. Jorge, esse, já andou no restauro de pombais e aprendeu com os velhotes as artes da enxertia, da poda e das apanhas. É vê-lo animando aldeias, comunidades agrícolas. Qual saltimbanco, carrega às costas espetáculos para crianças e adultos, com reportório e itinerários inspirados na musicoterapia, na pedagogia curativa e socioterapia. Nas horas que nunca sobram é vê-lo vestido de homem paleolítico nas atividades teatrais do Museu do Coa ou em diálogos pessoanos. Lá para finais de setembro aparecerá em Serralves a puxar um burro com livros. "É um espetáculo para crianças. Até o asno pode ser difusor de cultura."

A GUARDIÃ DE LENDAS
Ao final de uma destas manhãs tórridas do Douro, na outra margem do rio, no concelho de Carrazeda, Flora Teixeira já havia recebido nove notificações no Facebook. Deitara-se tarde na véspera: falara com filhos e netos, radicados em Moçambique, pelo Skype.

Levantara-se cedo. Antiga catequista, agradeceu aos céus mais um dia na terra e foi "mata-bichar", não sem antes sintonizar a Ansiães FM, a cujos discos pedidos não falha. Na mesa, repousam, rabiscados a letra redonda, os próximos poemas e artigos sobre as tarefas rurais de antigamente, que publica no jornal da terra, da Associação Cultural e Recreativa de Pombal de Ansiães. A aldeia, onde sobram pouco mais de cem almas, tem tradições teatrais desde 1927 e, no passado, tomou-se de brios na luta contra o analfabetismo.

Os habitantes vivem ainda a ressaca do festival de artes, realizado há semanas. Flora deu um workshop de sabão biológico e andou numa azáfama para acolher artistas, todos com alimento e teto garantido, ano após ano, nas casas dos anfitriões. Aos 82 anos, esta antiga tecedeira e ex-emigrante em África não falta a uma aula de ginástica e mantém a agenda preenchida com atividades onde canta, dança e representa. "Não sei o que é o tédio nem o isolamento", assume, de sorriso aberto. Há uns anos, a filha enviou-lhe, pelo correio, um computador portátil. "Para a melhor mãe do mundo, que nunca se esquece de saber e aprender", escreveu. E ela aprendeu.

O escritor Alexandre Perafita imortalizou-a no património imaterial da região. Flora herdou do avô a veia de narradora. É guardiã de lendas. "Para cima de três dúzias!" Histórias da peste em Pombal ou de mulheres que sonharam com ouro numa fraga que vai contando às crianças, nas escolas. "Sempre inventei monólogos e variedades." Das visitas despede-se de copo em riste, com presunto e queijo "para fazer a boca ao vinho", que é generoso ou fino, diz-se por aqui, com propriedade e acerto. "Não sejam pessimistas, toquem a vida para a frente", brinda.

PAI CALVO, CEMITÉRIO DE XISTO
José Pinto bem gostaria de dizer o mesmo, mas deixaram-lhe uma herança de pedra. Era esse o nome do filme baseado na saga duriense dos romances de Alves Redol, cuja rodagem, nos anos 1990, esteve prevista para Pai Calvo, aldeia fantasma, de xisto, em Armamar. "Ainda andaram aqui uns meses, prometendo que o filme ajudaria à reconstrução da aldeia. Mas depois a empresa faliu e eu fiquei a arder em 600 contos", conta este proprietário de afamada quinta.

A aldeia sofreu com a razia da filoxera, praga que, no final do séc. XVIII, transformou o Douro num cemitério de fragas e gentes, túmulos gravados nas encostas, desesperos atirados ao rio ou suspensos num laço fúnebre de corda. Desde 1930 que não se vislumbra vivalma naqueles carreiros onde repousam 13 casas e lagares, três delas compradas por José Pinto. "Desbastei o mato bravo, arranjei telhados, pus isto à vista." Chamam-lhe "o dono de Pai Calvo" e vagueia horas por ali, entre sonho e alucinação. "Não perdi a esperança de recuperar a aldeia para turismo rural ou museu. É uma questão de honra à memória familiar e de gerações", desabafa, de voz embargada.

A história do Douro está cheia de penitências carregadas entre flores bravas e penedos. Cansaços que, desafiando a natureza esquiva e encostas íngremes, vindimaram, do granito e do xisto, néctares dos céus, empoleirados em vidas precárias. O radioso resultado vê-se, como em nenhum outro lugar, do miradouro da Casa Redonda, na Quinta das Carvalhas, no Pinhão, propriedade da Real Companhia Velha. Dez minutos a subir, em círculo. As nuvens quase tocam a cabeça. O esplendor duriense pode ser apreciado, num ângulo de 360 graus, durante uma das atividades da quinta, do enoturismo à observação de aves.

O Douro anda, entretanto, obstinado em acasalar com a modernidade. Ora agasalhando um ripanço perigoso e sem freio, ora prenhe de rebeldia e inovações. Nos últimos anos, o Pôpa Vinho Doce tinto e o levíssimo Rufete, feito a partir de castas mal-amadas, beliscaram novos e desconfiados apetites. Maria do Céu é mais doces, mas pagou, em invejas e mentalidade retorcida, a fatura da sua magia.

Em Remostias, no Peso da Régua, a Doces do Céu impôs-se pelo saber, os produtos da terra e a lambarice, "mas não à custa destes turistas estrangeiros que aparecem por aqui e regressam com a barriga cheia de paisagem". As Régulas, de avelã, ovos moles e massa folhada, são uma dedicatória à sua terra. As Penaguiotas, pecado de ovos, é tributo aos de Santa Marta. As natas e os lacinhos não têm explicação, nem precisam. Já as Ferreirinhas são diamantes de chocolate, chila, amêndoa, uvas passas e vinho do Porto e trazem água no bico. Homenagem a D. Antónia Ferreirinha, mulher brava do Douro, "mas também uma forma de perpetuar, com doçura, a memória das mulheres da região, cujo destino era ter um bando de filhos, 15 ou 20, fazer o caldo à noite e aturar pancada dos maridos. E olhe que ainda há disto", lamenta-se ela.

AQUI NASCEU O 'VINHO CHEIRANTE'
Na margem esquerda, com vista para o casario estilo pato-bravo da Régua, João Azeredo também anda a matutar nas invejas que uma recente descoberta originou e que ameaça revolucionar a historiografia do Douro. Segundo um estudo do investigador Altino Cardoso, a publicar pela Universidade do Porto, a secular Casa dos Varais ocupa o território onde, em 1142, os monges de Cister iniciaram a produção do "vinho cheirante de Lamego" a partir de castas da Borgonha, para usar nas missas, que viria a ser posteriormente denominado Vinho do Porto. "Comprova-o um documento do Mosteiro de São João de Tarouca. A data, um ano antes da fundação da nacionalidade, até arrepia!", confessa o proprietário da quinta que receberá este legado.

João Azeredo foi apanhado de surpresa. A princípio desconfiado, rendeu-se às evidências. "É uma grande responsabilidade, para mim e para a região. Mas vem sustentar uma convicção pessoal: o Vinho do Porto não é apenas obra de ingleses, da D. Antónia, do Barão de Forrester ou do Marquês de Pombal, como pretendem fazer crer. Foi obra de gente mais simples e humilde", acentua. A Casa dos Varais já tinha sido pioneira no turismo de habitação, mesmo enfrentando resistências familiares. João abandonou o Porto nos anos 1980, deixando para trás a escola agrícola, e evitando o esfarelar da herança familiar. Transformou lagares, melhorou a qualidade das castas, apostou na comercialização. Na Casa dos Varais, manteve-se Maria Rosa, raro património duriense da safra de antigas cozinhas e encantamentos de levar ao lume, devidamente comprovados no arroz de pato e na doçaria. João também põe o avental, mas apenas nas ocasiões em que, fazendo uso do seu único segredo gastronómico, confeciona a Truta do Monge. "É fumada em barrica de vinho do Porto e leva sete ou oito horas a preparar", refere, orgulhoso.

Da janela da sala de jantar, ainda atordoado com os efeitos da novidade recente, repousa o olhar nas águas do Douro e medita nos tortuosos caminhos da região. "Assustam-me os projetos tipo elefante branco. Corremos o risco de replicar a Régua", medonho exemplo estético planeado de costas para o rio e "casas de banho viradas para fora", como lhe chamou D. Duarte Pio de Bragança. "O Douro é tradição, origem, genuinidade", acode Ernestina, a esposa. Ele concorda: "Os projetos e as modas não podem ignorar o rosto humano desta região."

'GANCHINHO' E O RIO CANSADO
Em Baião, a uma hora do Porto, o Douro já vai cansado, antes do encontro com o mar. Já não é bem um rio, esta bacia de águas serenas. "É mais um penico", lamenta Adriano Mouta, 73 anos, um dos últimos barqueiros vivos, imortalizados em Porto Manso, por Alves Redol. Estamos entre a terra do romance e a Pala. Nascido em Porto Antigo, do lado de Cinfães, Adriano mergulhou nas águas outrora matreiras para enganar a fome. "Tinha nove anos. Quando fiz a comunhão, levei sapatilhas emprestadas e mal segurava as calças", conta, enquanto se prepara para matar saudades do tempo em que era apenas Ganchinho, catraio travesso, filho de Joaquim Ruço, corajoso arrais da região.

Para Adriano foram dias e noites, por vezes de "nagalho à cabeça, todo nu", nadando desde Aregos, ou a domar rabelos com 70 pipas, Cockburn, Ramos Pinto, "por aí fora". Em Melres, já as ditas iam mais leves, aliviadas de litros de vinho fino, por conta de um crédito de misérias. Fez exame de quarta classe, com distinção. Disseram-lhe que escrevesse a Salazar. Um amigo embelezou o rascunho. "Acrescente 'A Bem da Nação'", recomendou o padre, influente. Adriano empregou-se na ferrovia, entre Lisboa e Porto. A vida passou-a a ver comboios, nas oficinas. Quando voltou ao Douro, de vez, encontrou-o transtornado, enjaulado em nome de futuros risonhos que poucos viram. Depois, veio o Lúcio, trasladado para o Douro, "que engoliu quanto peixe bom havia: escalo, boga, barbo. Agora só sai peixe mole, esfarelado. Nunca mais comi nada destas águas."

Adriano guarda o Douro dentro de si. Caudais de súplicas e desânimos, mas onde homens e mulheres foram erguidos ao tamanho de gigantes por sonharem com presépios acima do nível das águas. "Foi uma vida tirana. Mas se me tirassem o Douro dos olhos, matava-me logo aqui."

Clique nas imagens para ampliar. Imagens e textos da revista "VISÃO", com a devida vénia. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue sómente com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Recortes sobre o DOURO

PORTUGAL EM DOIS POSTS (transcrevemos só a parte 1 referente ao 'Douro')

Parte 1:

O mais bacana de rodar pelo mundo, conhecer outras pessoas e culturas é que a cada viagem vai-se ficando mais generoso. Impossível conhecer alguém que volte para casa e não divida suas dicas, restaurantes, programas, comprinhas e achados. Mais difícil ainda é encontrar alguém que não goste fazer as vezes de cicerone e apresentar o seu país a um viajante. É graças a essa generosidade que vamos conhecendo insiders pelo mundo. Um deles acaba de dividir conosco seu roteiro predileto por Portugal. Checamos tintim por tintim e é perfeito. Por isso, com a mesma vibe de dividir aquilo que recebemos tão generosamente, vai aqui um tour sem igual para fazer idealmente em dez dias pela terrinha (se tiver, mais tempo, estique a viagem o quanto puder. Portugal é o tal!).
Comece pelo Porto e lá não deixe de visitar a Casa de Serralves, que faz parte do museu de arte moderna de Portugal e tem arquitetura e jardins lindos, além de uma coleção incrível. A casa é um exemplo único do período art-déco. É de parar o coração. Ainda no Porto dois restaurantes imperdíveis: o The Yeatman, que oferece um menu harmonizado com vinhos das várias regiões do país, e o Pedro Lemos, melhor restô da cidade. Para uma experiência mais pop, aposte no Capa Negra e peça, sem medo, uma francesinha, um sanduba daqueles, recheado com muita carne e um ovo estalado por cima.
Casa de Serralves.
Ricardo Costa, o estrelado chef do The Yeatman.
Décor sobrio + iluminação acolhedora no Pedro Lemos.
Se jogue nas francesinhas.

Depois, rume para os vinhedos do Douro. Os nossos prediletos são Niepoort, Casa do Vallado (aqui, o hotel também é muito simpático) e Casa Ferreirinha. Para almoçar, fique com a Quinta da Romaneira ou com o D.O.C (o chef Rui Paula é uma celebridade local. Celebs globais, em passagem pelo Douro, vão lá provar sua comida). No jantar, a pedida é o restaurante do Aquapura Hotel. Aliás, o caminho que liga o Aquapura até o vilarejo de Pinhão, sempre margeando o rio, é de tirar o fôlego.
Apesar do vinhos Niepoort feitos no Porto serem os mais conhecidos, é dos vinhedos do Douro que sai, em anos realmente especiais, o espetacular Charme.
Barca Velha: um clássico, pioneiro entre os vinhos tintos não fortificados no Douro, é um espetáculo em forma de vinho. O Reserva Especial, o outro rótulo especial da Casa Ferreirinha, só é feito em anos ótimos: até hoje foram apenas 12 safras. Só depois de anos de garrafa dos melhores vinhos da Cassa Ferreirinha é escolhido o rótulo, se Reserva Especial ou se Barca Velha. Reza a lenda que eles reúnem a família para jantar. Se acabar o vinho, é Barca Velha. Se sobrar, é Reserva Especial.
Quinta da Romaneira.
D.O.C, um dos muitos restôs de Rui Paula.
Aquapura Hotel: são apenas 50 quartos e 21 villas de pura maravilha.

E agora, como esse roteiro só termina em Lisboa e ainda há um bocado pelo caminho, a continuação fica para o próximo post, tá? Até loguinho!

Posted by: B360 Insider


Transcrição de 'B360 Insider LifeStyle to love' - Portugal em dois posts - Parte 1 - "Nova divisão do Student Travel Bureau, a B360 nasceu da vontade de oferecer ao viajante planos customizados para momentos inesperados, temporadas únicas e experiências inéditas. Belos horizontes, sensações emocionantes. Seu embarque é imediato."