Eram estes, como aqui se vê no adro da Igreja Matriz do Peso da Régua, no final da década de 1960, alguns dos gloriosos bombeiros voluntários da Régua que constituíam o Corpo Activo, acompanhados do Comandante Carlos Cardoso dos Santos, empossado nessas funções em 1959, e nas quais se haveria de manter até 1991, após 31 anos de dedicados serviços.
Estes homens de farda azul e capacete dourado fazem parte de um mundo especial. São um modelo de cidadania activa e responsável que, em parte, as crises sociais atingiram e enfraqueceram na sua importância.
Eles foram cidadãos bons que ajudaram a promover valores solidários, o trabalho mais “próximo do próximo, lado a lado”, de partilha e entrega generosa ao seu semelhante na sociedade reguense.
Eles foram bombeiros voluntários, durante muitos anos que, ao empenharam-se na missão suprema da defesa das nossas vidas e bens, souberam continuar o espírito altruísta dos fundadores e contribuíram, com o seu esforço generoso, para a continuidade desta grande obra começada no verão de 1880: a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.
O exemplo de cada um deles merece deve ser louvado e distinguido com mérito. São, sem margem de dúvidas, merecedores do nosso reconhecimento social.
O seu altruísmo e a sua coragem fortificaram, ao longo dos anos, o espírito do voluntariado nos bombeiros da Régua. Todos eles prestaram valiosos serviços à sua comunidade no desempenho de uma causa nobre, livre e espontaneamente assumida ao serviço do próximo, numa atitude de doação e de solidariedade humana.
Num tempo de amnésia colectiva, recordar e homenagear estes brilhantes bombeiros é um dever para quem assegura no momento presente os rumos da Associação. Estamos atentos ao valor incalculável desta memória colectiva que dever ser preservada e ensinada aos mais novos. Sentimos que, em certos momentos da vida, temos a obrigação de resgatar das “brumas” do esquecimento, os nomes e os feitos dos heróis anónimos, que deixaram marcas duradouras para o historial da instituição.
Essa atitude, mesmo que tomada a título simbólico, deve servir para consolidar os laços com o nosso passado, feito dos pequenos passos de muitos seres, que nos fizeram chegar ao tempo presente.
O testemunho dos bombeiros, de outros tempos, deve servir para nos avivar a necessidade de seguir a lição dos que deram algo de si a esta grande causa humanitária.
O nosso elogio é para os bombeiros que aqui vemos gloriosamente retratados: António Silva, José Pinto Rodrigues - este veio a notabilizar-se com jogador de futebol da equipa do Sport Clube da Régua - Jorge Xavier, Abílio Dias, António Fonseca, José Oliveira, Chefe Armindo Almeida, Américo Coutinho, Rufino Fonseca, José Morais, António Manuel Dias (filho do saudoso Abílio Dias, que esta aqui retratado), Francisco Guerra e o Diamantino Peixe.
É com muita comoção e sentimento de fraternidade que contemplamos os rostos felizes destes nossos generosos bombeiros da Régua. Relembrar o nome destes nossos bombeiros é um acto de orgulho, respeito e merecida gratidão. É uma espécie de uma pequena homenagem de admiração e eterna saudade.
Alguns desses bombeiros já faleceram, mas permanecem vivos no nosso sentir e, sobretudo, na nossa memória. Enquanto, que outros ao envelheceram, com o passar dos anos, retiram-se do Corpo Activo e guardaram as fardas e o capacete para os vestirem, apenas, nos grandes dias festivos, de honra e de glória ao passado. Mas, três deles ainda se encontram, decorrido mais de quarenta anos, a prestar serviço no Corpo Activo, como é o caso dos Chefes António Silva, António Manuel Dias e José Oliveira. Como reconhecimento dos anos de serviço de voluntariado nos bombeiros, o Chefe José Oliveira foi distinguido, recentemente, pela Associação com a Medalha de Ouro da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real e o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Evocamos os bombeiros da Régua do final da década de 1960 com grande admiração pelo que fizeram, sabendo que tudo o que nos transmitiram é um estímulo para os desafios constantes que, no nosso tempo, enfrentam os bombeiros.
Ao partilharmos a sua generosidade faz sentido recordar, em nome da memória colectiva, a crónica “BOMBEIROS”, de João de Araújo Correia, publicada no jornal “Vida por Vida”, em Novembro de 1957, que, como mais ninguém o soube fazer, louva a dignidade e a importância da figura do bombeiro:
“Meu pai tinha sido bombeiro voluntário. Mas, dotado por aí de lenta agilidade, sempre meticulosamente pausado, é crível que as obrigações de bombeiro, subir e descer escadas, de agulheta em punho, em cima de um telhado, fossem incompatíveis com o seu eu, isto é, com físico e o seu moral. Sei que pouco tempo foi bombeiro. Desertou do apito, mas continuou ou fez-se contribuinte. Foi-o até à hora da morte.
Da actividade bombeiril do meu pai, ficou em minha casa, durante algum tempo, uma recordação. Foram os botões, as charlateiras e umas insígnias do uniforme. O que brinquei, com estas maravilhas amarelas, meio oxidadas, só eu sei…O que não sei é como se perderam. Sei que foram, uma após, imitando o soldadinho de chumbo do conto prodigioso.
Mas, se o soldadinho de chumbo regressou, para fazer das suas, elas coitadinhas, não regressaram. Vivem apenas na minha memória, isto é, no passado, que se faz presente quando eu o chamo.
Sempre que brincasse com os botões, as charlateiras da farda do meu pai, dizia entre mim: o papá foi bombeiro. Dizia-o como se o tivesse visto fardado, em dia de grande gala, numa formatura resplandecente. Dizia-o por intuição das charlateiras, insígnias e botões meio oxidados, mas ainda áureos bastantes para suscitarem orgulho no cérebro infantil. Se tivesse visto o papá numa parada, com o capacete a arder, numa fogueira de sol, com certeza que a minha vaidade se teria tornado insuportável.
Um homem de luvas brancas, com machado de prata às ordens e a cabeça adornada com um elmo de ouro, não é um homem.
É um semi-deus”.
O grande escritor duriense escreveu este belo elogio a pensar na figura do seu querido pai, António da Silva Correia (1869-1947), que de deve ter sido um dos primeiros “sócios activos” da corporação. Como hoje se diz: um bombeiro voluntário.
E, não falseamos nada do seu pensamento, se dissermos que neste seu enaltecimento estavam todos os bombeiros da Régua que conheceu e muito prezou, ao ponto de os imortalizar nas maravilhosas crónicas e histórias escritas nas páginas dos jornais e dos seus livros.
Era esta, no seu imaginário infantil, a figura do bombeiro. E, no nosso será sempre assim igual…Esses homens de luvas brancas com um machado nas mãos são admirados, por nós, como… semi-deuses!- Peso da Régua, Junho de 2009, José Alfredo Almeida.
Estes homens de farda azul e capacete dourado fazem parte de um mundo especial. São um modelo de cidadania activa e responsável que, em parte, as crises sociais atingiram e enfraqueceram na sua importância.
Eles foram cidadãos bons que ajudaram a promover valores solidários, o trabalho mais “próximo do próximo, lado a lado”, de partilha e entrega generosa ao seu semelhante na sociedade reguense.
Eles foram bombeiros voluntários, durante muitos anos que, ao empenharam-se na missão suprema da defesa das nossas vidas e bens, souberam continuar o espírito altruísta dos fundadores e contribuíram, com o seu esforço generoso, para a continuidade desta grande obra começada no verão de 1880: a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.
O exemplo de cada um deles merece deve ser louvado e distinguido com mérito. São, sem margem de dúvidas, merecedores do nosso reconhecimento social.
O seu altruísmo e a sua coragem fortificaram, ao longo dos anos, o espírito do voluntariado nos bombeiros da Régua. Todos eles prestaram valiosos serviços à sua comunidade no desempenho de uma causa nobre, livre e espontaneamente assumida ao serviço do próximo, numa atitude de doação e de solidariedade humana.
Num tempo de amnésia colectiva, recordar e homenagear estes brilhantes bombeiros é um dever para quem assegura no momento presente os rumos da Associação. Estamos atentos ao valor incalculável desta memória colectiva que dever ser preservada e ensinada aos mais novos. Sentimos que, em certos momentos da vida, temos a obrigação de resgatar das “brumas” do esquecimento, os nomes e os feitos dos heróis anónimos, que deixaram marcas duradouras para o historial da instituição.
Essa atitude, mesmo que tomada a título simbólico, deve servir para consolidar os laços com o nosso passado, feito dos pequenos passos de muitos seres, que nos fizeram chegar ao tempo presente.
O testemunho dos bombeiros, de outros tempos, deve servir para nos avivar a necessidade de seguir a lição dos que deram algo de si a esta grande causa humanitária.
O nosso elogio é para os bombeiros que aqui vemos gloriosamente retratados: António Silva, José Pinto Rodrigues - este veio a notabilizar-se com jogador de futebol da equipa do Sport Clube da Régua - Jorge Xavier, Abílio Dias, António Fonseca, José Oliveira, Chefe Armindo Almeida, Américo Coutinho, Rufino Fonseca, José Morais, António Manuel Dias (filho do saudoso Abílio Dias, que esta aqui retratado), Francisco Guerra e o Diamantino Peixe.
É com muita comoção e sentimento de fraternidade que contemplamos os rostos felizes destes nossos generosos bombeiros da Régua. Relembrar o nome destes nossos bombeiros é um acto de orgulho, respeito e merecida gratidão. É uma espécie de uma pequena homenagem de admiração e eterna saudade.
Alguns desses bombeiros já faleceram, mas permanecem vivos no nosso sentir e, sobretudo, na nossa memória. Enquanto, que outros ao envelheceram, com o passar dos anos, retiram-se do Corpo Activo e guardaram as fardas e o capacete para os vestirem, apenas, nos grandes dias festivos, de honra e de glória ao passado. Mas, três deles ainda se encontram, decorrido mais de quarenta anos, a prestar serviço no Corpo Activo, como é o caso dos Chefes António Silva, António Manuel Dias e José Oliveira. Como reconhecimento dos anos de serviço de voluntariado nos bombeiros, o Chefe José Oliveira foi distinguido, recentemente, pela Associação com a Medalha de Ouro da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real e o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Evocamos os bombeiros da Régua do final da década de 1960 com grande admiração pelo que fizeram, sabendo que tudo o que nos transmitiram é um estímulo para os desafios constantes que, no nosso tempo, enfrentam os bombeiros.
Ao partilharmos a sua generosidade faz sentido recordar, em nome da memória colectiva, a crónica “BOMBEIROS”, de João de Araújo Correia, publicada no jornal “Vida por Vida”, em Novembro de 1957, que, como mais ninguém o soube fazer, louva a dignidade e a importância da figura do bombeiro:
“Meu pai tinha sido bombeiro voluntário. Mas, dotado por aí de lenta agilidade, sempre meticulosamente pausado, é crível que as obrigações de bombeiro, subir e descer escadas, de agulheta em punho, em cima de um telhado, fossem incompatíveis com o seu eu, isto é, com físico e o seu moral. Sei que pouco tempo foi bombeiro. Desertou do apito, mas continuou ou fez-se contribuinte. Foi-o até à hora da morte.
Da actividade bombeiril do meu pai, ficou em minha casa, durante algum tempo, uma recordação. Foram os botões, as charlateiras e umas insígnias do uniforme. O que brinquei, com estas maravilhas amarelas, meio oxidadas, só eu sei…O que não sei é como se perderam. Sei que foram, uma após, imitando o soldadinho de chumbo do conto prodigioso.
Mas, se o soldadinho de chumbo regressou, para fazer das suas, elas coitadinhas, não regressaram. Vivem apenas na minha memória, isto é, no passado, que se faz presente quando eu o chamo.
Sempre que brincasse com os botões, as charlateiras da farda do meu pai, dizia entre mim: o papá foi bombeiro. Dizia-o como se o tivesse visto fardado, em dia de grande gala, numa formatura resplandecente. Dizia-o por intuição das charlateiras, insígnias e botões meio oxidados, mas ainda áureos bastantes para suscitarem orgulho no cérebro infantil. Se tivesse visto o papá numa parada, com o capacete a arder, numa fogueira de sol, com certeza que a minha vaidade se teria tornado insuportável.
Um homem de luvas brancas, com machado de prata às ordens e a cabeça adornada com um elmo de ouro, não é um homem.
É um semi-deus”.
O grande escritor duriense escreveu este belo elogio a pensar na figura do seu querido pai, António da Silva Correia (1869-1947), que de deve ter sido um dos primeiros “sócios activos” da corporação. Como hoje se diz: um bombeiro voluntário.
E, não falseamos nada do seu pensamento, se dissermos que neste seu enaltecimento estavam todos os bombeiros da Régua que conheceu e muito prezou, ao ponto de os imortalizar nas maravilhosas crónicas e histórias escritas nas páginas dos jornais e dos seus livros.
Era esta, no seu imaginário infantil, a figura do bombeiro. E, no nosso será sempre assim igual…Esses homens de luvas brancas com um machado nas mãos são admirados, por nós, como… semi-deuses!- Peso da Régua, Junho de 2009, José Alfredo Almeida.
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