terça-feira, 7 de julho de 2009

As vidas que não se esquecem nos bombeiros

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Esta fotografia tira um grande instante do tempo, ao fixar a vida no dia 13 de Maio de 1970, em que D. Sylvia Gomes Ferreira assinava o Livro de Honra da Associação Humanitária dos Bombeiros do Peso da Régua, depois de receber as honras de uma homenagem em memória do seu marido, o grande benemérito Comendador Delfim Ferreira. A representar os órgãos sociais dos bombeiros encontrava-se ao seu lado, o Eng. Diamantino Moreira da Silva que, sem ninguém esperar, faleceu com 72 anos de idade, no passado dia 23 de Junho, na cidade de Leça da Palmeira.

Com a notícia da sua morte inesperada para muitos de nós, esta imagem ganhou uma nova actualidade de dor e luto: a perda de um homem que marcou no seu tempo a vida dos bombeiros e, em especial, a vida de muitos reguenses, alguns dos quais ficaram eternamente seus amigos.

Em respeito pela sua memória é tempo de aqui e agora de o evocar num sincero elogio de gratidão. O Eng. Diamantino Moreira da Silva foi uma personalidade distinta e invulgar. Como homem de singular qualidades morais tinha uma maneira de ser reservada e discreta. Soube ganhar a sua notoriedade pelo seu trabalho empenhado, minucioso e rigoroso que realizou como chefe do Departamento Técnico de Obras da Câmara Municipal. A sua pessoa não foi indiferente a ninguém, mas suscitou respeito, elogios e admiração quer dos políticos com quem trabalhou quer do cidadão anónimo que dele precisou. Era inteligente, dinâmico, de bom trato, afável, apaixonado pelas emoções do futebol e muito determinado nas convicções. Como técnico foi ouvido atentamente pela sua grande experiência e reputada competência nas áreas do urbanismo. Exerceu nos bastidores a sua influência nas questões que considerava importantes para o desenvolvimento urbano da cidade e do concelho. Ao culminar a sua carreira profissional (1963-1999) é reconhecido pelos autarcas de então com a Medalha de Ouro da cidade, que recebeu orgulhosamente.

Resta dizer que uma parte da sua vida dedicou-a com elevado dever cívico a servir a causa dos bombeiros da Régua. Desempenhou, durante algumas décadas, cargos sociais em vários elencos directivos. A sua missão de cidadania activa, com preocupações sociais, é uma faceta da sua vida pouco conhecida para muitos que o conheceram. Mas ela não foi a esquecida por quem ele fez o bem. Da parte dos bombeiros da Régua é merecedora de um justo reconhecimento, os quais se sentem honrados e prestigiados por tudo que ele fez. Para eles, o Eng. Diamantino Moreira da Silva é um dos ilustres cidadãos que contribuíram e ajudaram a engrandecer a história da associação.

Esta fotografia regista ainda um grande momento na história dos bombeiros da Régua: a homenagem a um ilustre cidadão, ao Comendador Delfim Ferreira, conhecido como um empresário da indústria têxtil no Vale do Ave e proprietário da grande quinta do Douro, a Quinta dos Frades, situada em Armamar, mas essencialmente reconhecido como um grande benemérito da Régua e, em especial, da Santa Casa da Misericórdia e dos bombeiros, que sempre ajudou com avultadas quantias na realização de obras ou compras de carros de fogo ou ambulâncias.

Cumprindo uma dívida de gratidão, a Câmara Municipal do Peso da Régua, presidida pelo Dr. Rui Machado patrocinou e apoio esta iniciativa ao inaugurar no então Largo Dr. Oliveira Salazar, um busto a perpetuar o homenageado, enquanto que no edifício dos bombeiros era descerrada uma placa a designa-lo com o nome de “Quartel Delfim Ferreira”.

Da singela homenagem efectuada pela direcção da associação, comando e corpo activo, a este notável cidadão benemérito, o jornal da associação “Vida por Vida”, na sua edição de Maio de 1970, contava o seguinte:

“Os corações dos reguenses sentiram o quanto de justa foi a homenagem prestada a esse grande benfeitor que foi Delfim Ferreira. Não foi uma festa qualquer, daquelas que se festejam anualmente com mais ou menos exuberância (…). Foi antes um testemunho público de reconhecimento bem merecido para aquele que em vida tanto ajudou a diminuir as dificuldades constantes com que a todo o momento se debatem a Santa Casa da Misericórdia e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (…)

A homenagem prestada a Delfim ferreira não foi mais do que um acto de gratidão que há muito se vinha impondo. Mas o tempo passa e com ele vem normalmente, o amadurecimento das coisas ou dívidas que contraímos, salvo se houvesse ingratidão por parte de quem está à frente dos destino das instituições que receberam tão valiosas dávidas, o que, de maneira alguma, seria de admitir, como aliás ficou provado.

Foi uma homenagem modesta por expressa vontade de sua Exma viúva D. Sylvia Gomes Ferreira que era acompanhada pelo seu Exmo filho Dr. Alexandre Ferreira, mui digno e ilustre continuador da obra de seu querido e saudoso pai.

Finalmente e para fechar o programa da sua curta visita à Régua, dignou-se aquela ilustre senhora, acompanhada de toda a comitiva visitar a sede dos Bombeiros Voluntários, onde descerrou uma placa alusiva à deliberação de tornar patrono do nosso quartel esse grande homem que foi Delfim Ferreira.

Antes do descerramento da placa “Quartel Delfim Ferreira”, o Sr. Joaquim Lopes da Silva Júnior, vice-presidente da direcção, usou da palavra para afirmar que nesta Casa será lembrado perpetuamente este grande benemérito, acrescentando que a direcção decidiu atribuir o seu prestigioso nome, inscrito a oiro numa lápide comemorativa, ao seu quartel”.

São mais duas vidas que não se esquecem nos bombeiros da Régua. Dois homens especiais que fizeram o melhor pela sociedade em que viveram. Não esquecem as suas dávidas generosas e muito menos os seus gestos nobres de um enorme carácter solidário e fraterno. Cada um deles ajudou como pode e cada um deles, à sua maneira, deu o seu melhor de si. A sua imensa generosidade contribuiu para tornar felizes outros homens, que estão na vida apenas para ajudar quando deles precisamos.

Eles não morreram no coração dos bombeiros da Régua. Enquanto forem lembrados com saudade permanecem vivos nas nossas vidas, e nas de quem alguma vez foi “soldado da paz”.

Louvamos o exemplo destes dois homens que o tempo já juntou nos caminhos da eternidade.Que Deus os guarde em suas mãos…em paz.
- Peso da Régua, Julho de 2009, José Alfredo Almeida.

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  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!

Link's:

  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • Exposição virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A Peso da Régua de nossas raízes - Aqui!

1 comentário:

Anónimo disse...

Exemplos destes, ainda bem que são recordados nos dias de hoje, quando a ingratidão campeia, quando o reconhecimento dos valores é desprezado a toda a hora e até o trabalho dos bombeiros muitas vezes ignorado, porque aparece feito com custos cada vez mais reduzidos, mas à custa de muitos. Parabens pelo artigo.