quarta-feira, 6 de junho de 2012

A minha RÉGUA ! - 29

Fotos que refletem um estado de alma sobre a nossa cidade


Se participa da rede social 'FaceBook', poderá apreciar a coletânea de imagens 'A Minha Régua' (até ao momento com 470 fotos) no álbum 'Peso da Régua'.
Clique  nas imagens para ampliar. Novas e inéditas imagens serão publicadas em breve. Imagens cedidas por José Alfredo Almeida e editadas para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroTodos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

E por falar em comboios... Diligências de correio da Régua para Chaves

Fonte J A Almeida
Fonte J A Almeida
(Transcrição) - Primeiras viagens a Vidago - Início do séc. XX
Hoje, a partir de qualquer cidade do país, é possível chegar a Vidago fazendo uma viagem com rapidez e conforto, comparando com as condições de há anos atrás.

Desde 1874, data em que o Grande Hotel foi inaugurado, até 1910 em que o comboio chegou à estação de Vidago, as vias de transporte eram um verdadeiro calvário.

Em 1893, quem pretendia ir a Vidago, tinha que optar por um dos itinerários a partir de Guimarães, Mirandela ou Régua. A primeira era o terminal da linha da Trofa a Guimarães, ramal da linha do Porto a Valença. Quem quisesse ir por esta via, tinha que partir de Guimarães em carruagem pela estrada real nº 32, passando por Fafe e Arco de Baúlhe, podendo descansar no hotel dos Pachecos.

Este caminho a percorrer era de 93 Kms e, por isso, as pessoas preferiam dividi-lo em dois dias, ficando de noite no Arco de Baúlhe e seguindo no outro dia para Vidago. Esta viagem, com a noite incluída no Arco de Baúlhe, custava 18$000 réis.

Outra opção era a estação de Mirandela, que era o terminal da linha de Foz-Tua a Mirandela, ramal da linha do Douro (Porto a Barca de Alva). O trajecto de Mirandela a Vidago, também era feito em duas etapas, sendo feito, de carruagem, pela estrada que dessa localidade se dirigia para Chaves, via Valpaços, e depois de Chaves a Vidago. O primeiro percurso, com cerca de 50 Kms, era feito pelas carruagens que existiam em Mirandela, que demoravam umas boas 10 horas; e o segundo percurso, de Chaves a Vidago, com cerca de 18 Kms, era feito pela pitoresca Estrada Real nº 5, em pouco mais de uma hora.

A última opção, era a partir da estação da Régua, situada na linha do Douro (Porto a Barca de Alva) e distante de Vidago uns 70 Kms. As pessoas geralmente preferiam não fazer a viagem num só dia, ficavam a pernoitar na Régua ou em Vila Real. Aqueles que vinham do Sul do país, chegavam cansados à Régua, por isso, pernoitavam nesta cidade no hotel Aliança, mais conhecido pelo hotel do Gregório. Para os outros que pernoitavam em Vila Real, existia o hotel Tocaio e o hotel Aurora, ambos ofereciam mais conforto do que o da Régua.

O comboio que saía do Porto chegava à Régua ao meio dia, saindo às 16H00 para Vila Real, o que dava tempo para almoçar e recuperar forças. Até Vila Real o tempo de viagem era de 4 horas, o que obrigava as pessoas a ficar essa noite para retomar o percurso às 6h30 da manhã. A chegada a Vidago estava prevista entre o meio dia e as 13h00, conforme o descanso em Vila Pouca de Aguiar.
A diligência saía da Régua às 15h00 chegando a Vidago só por volta das 3 da manhã. Os preços de cada lugar, ida e volta, neste meio de transporte eram muito baratos: num lugar com almofada andava pelos 1$400 réis e dentro da carruagem os 1$600 réis.

Também havia, diariamente, duas diligências de correio da Régua para Chaves. A diligência saía da Régua às 15h00 chegando a Vidago só por volta das 3 da manhã. Os preços de cada lugar, ida e volta, neste meio de transporte eram muito baratos: num lugar com almofada andava pelos 1$400 réis e dentro da carruagem os 1$600 réis.

Destes três itinerários, o último era, o mais seguido, especialmente por aqueles vindo do Porto, Lisboa ou do centro do país. O primeiro e o segundo só favoreciam alguns vindo do norte ou da província da Galiza.

E eram assim as longas e memoráveis viagens, até ao Vidago, no início do séc. XX.

Um abraço e até breve...
- Publicada por Júlio às 16:46 de SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010 em "Meu Vidago".

Clique nas imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

Boas novas - Linha do Douro: CP retoma viagens históricas a 30 de Junho

Por Agência Lusa, publicado em 5 Jun 2012 - 09:25 - (transcrição) - A CP retoma a 30 de junho as viagens de comboio histórico na linha do Douro, depois de, no ano passado, ter ameaçado com o fim do serviço por falta de parceiros para o financiamento do projeto.

Entre junho a outubro, a velha locomotiva a vapor vai percorrer os 46 quilómetros que separam o Peso da Régua do Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro, as vinhas que são Património Mundial da UNESCO e que atrai centenas de turistas a este território.

Fonte da CP disse hoje à Agência Lusa que, em setembro, se realizam também viagens ao domingo de manhã, uma das novidades divulgadas para esta época.

Também pela primeira vez, a CP criou este ano quatro pacotes que incluem a viagem no comboio histórico e as viagens de ida e volta de qualquer ponto do país até à Régua em oferta regular nos serviços Alfa Pendular (em classe Turística), Intercidades (em 2ª classe) ou InterRegional e Regional.

Os preços variam entre os 50 euros para adultos que se desloquem a partir de estações a norte de Coimbra, até aos 80 euros para quem decida efetuar a viagem desde Faro e regresso.

Em todos os percursos, as crianças até aos 12 anos pagam meio bilhete.

No caso de grupos numerosos existe ainda a possibilidade de realização de comboios especiais, mediante condições a acordar com a empresa.

No final da época 2011, a CP ameaçou com o fim do comboio histórico no Douro caso não encontrasse parceiros para ajudar a financiar o serviço. Apesar disso, este ano, resolveu prosseguir com as viagens históricas na Linha do Douro.

Em 2011, os custos superaram os 150.000 euros e a receita registou pouco mais de 90.000 euros.

No ano passado, viajaram no comboio 2.270 pessoas, o que representou uma média de 206 passageiros por viagem (a capacidade total é de 250). Em 2010, viajaram 1.639 clientes, com uma média de 149 por comboio.

A procedência dos clientes nacionais é dominada por Lisboa e pelo Porto e os estrangeiros têm como origens principais Inglaterra, França e Espanha.

O leque de idades situa-se entre os 26 e os 65 anos, com uma distribuição percentual quase equitativa nas várias faixas etárias.

MEMÓRIAS…

Falar das minhas memórias dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua é recuar no tempo e mergulhar no mais fundo de mim, tal é o entrosamento entre a sua história e a minha meninice.

Tive sempre uma admiração enorme pelos "soldados da paz", por aqueles homens que, de forma solidária, voluntária e abnegada, acorriam ao chamar da sirene para socorrer o próximo.

Das primeiras memórias que tenho é de estar ao colo do meu pai a ver o fogo num edifício - que era cor de rosa - ao fundo da rua do latoeiro, perto do cruzamento com a Avª João Franco. Dividida entre o medo e a sedução, lembro os tons avermelhados das labaredas e a correria, entre escadas e mangueiras, daqueles homens que tentavam dominar aquele monstro em chamas.

Recordo o entusiasmo com que o Bairro dos Bombeiros começou a ser sonhado - o meu Pai era Presidente da Direcção e o Sr. Cardoso era o Comandante - com o intuito de dar aos que serviam os outros condições de habitabilidade condignas e ainda por cima perto do Quartel.

Recordo os desfiles em dia do aniversário, com os capacetes a reluzirem, os carros lavados e as fardas impecáveis. A minha mãe, pouco dada a devoções de outros santos, punha sempre uma colcha na janela, dizendo-nos que aqueles "santos" de carne e osso mereciam tal honra e reconhecimento. Ainda hoje me saltam as lágrimas quando vejo um desfile de Bombeiros! O Sr. Cardoso marchava à frente e ainda recordo a figura do Sr. Claudino, em lugar de honra, nobre, solene, mas tímido: a prova de quem é realmente GRANDE permanece humilde.

Naquele tempo em que as mulheres ainda viviam na sombra dos homens, acalentei, junto com as minhas irmãs, o sonho de um dia ser Bombeira. O Sr. Cardoso, com bonomia, dizia que aquelas tarefas não seriam próprias para meninas, mas que sempre poderíamos - quando crescêssemos - vir a ajudar no transporte de material ou em tarefas de arrumação. Viveu o tempo suficiente para ver as Mulheres serem bombeiras e tropas e juízas e diplomatas, trabalhando a par com os Homens e provando as suas capacidades! Como o mundo mudou!

Depois acompanhei outro sonho: o da ampliação do Quartel. Obra de arquitectura notável, o Quartel encheu de orgulho os que dirigiam e dignificou os que ali trabalhavam, propiciando melhores condições de socorro e de operacionalidade.

No andar de cima existia uma Biblioteca em que passei largas horas, vasculhando novos livros e entretendo-me a viver com as personagens em cenários imaginados, num tempo em que se vivia sem computadores e a televisão era a preto e branco. Também namorei alguma coisa, enquanto esperava a abertura, ao cima das escadas, onde o recato e o sossego alimentavam o enamoramento de quem tem 15 anos!

Com imensa emoção acompanhei a realização do XXIV Congresso dos Bombeiros Portugueses. A Régua, por esses dias, parecia uma cidade cosmopolita e a rotina dos dias foi animada pelas celebrações. Relembro a Missa campal, celebrada em frente ao Tribunal e o desfile de todas as corporações: nessa altura é que foi chorar a valer!!!!

Aprendi com os Bombeiros a ser solidária, a dar sem pedir nada em troca, a socorrer sem perguntar a quem, a respeitar todos e cada um e a considerar todos como iguais porque no sofrimento a alma humana não tem títulos, nem dinheiro, nem condição social!

Não posso deixar de referir, porque essa imagem me inunda a memória e me traz uma imensa saudade, a figura do Comandante Carlos Cardoso que era, sobretudo, um Homem Bom. A sua figura distinta e elegante e o seu coração de oiro são uma referência da minha vida.

Nós vivíamos na Rua da Ferreirinha. Em linha recta, a nossa casa ficava a cem metros do quartel. Por isso, às vezes, em noites raras de insónia, ainda julgo ouvir a sirene, rompendo o silêncio como um grito aflitivo. Nós - quatro miúdas de idades próximas - aproveitávamos sempre a oportunidade para nos metermos na cama dos Pais ou da Avó, porque tínhamos medo daquele toque e íamos sempre à janela tentar descobrir onde era o fogo. Na negrura da noite, a visão das labaredas nos montes de Loureiro ou de Fontelas era dantesca e alimentava as primeiras representações do Inferno que a nossa imaginação de meninas era capaz de elaborar.

Memórias doces são as que guardo dos Bombeiros da Régua. Terra onde nasci e onde me fiz mulher e onde gosto de voltar para mergulhar no oiro do rio, na calma dos montes e no bordado das vinhas.

Desejo que a terra seja capaz de continuar a honrar os seus Bombeiros e que estes continuem a servir com a mesma grandeza e a mesma dedicação.

Para mim fica sempre a doçura das memórias!
Lisboa, 29 de Maio de 2012, Paula de Menezes Soares

Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Texto também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 7 de Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.