segunda-feira, 4 de junho de 2012

Teatro nos Bombeiros da Régua: "FERREIRINHA" - uma mulher fora do seu tempo

CONVITE
Homenagem a D. Antónia Adelaide Ferreira - “A Ferreirinha”, 1ª. Sócia Contribuinte dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua.

Encenação da Peça de Teatro: “Ferreirinha – Uma Mulher Fora do Seu Tempo”, pelo Grupo de Teatro da Universidade Sénior de Rotary - Peso da Régua.

Local: Quartel dos Bombeiros (Salão Nobre), dia: 30 de Junho de 2012, 21H30.


Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Era uma vez um COMBOIO HISTÓRICO ? - A Linha do Tua

Veio em e-mail:

Os sacrifícios do nosso Douro - Os comboios Históricos e a Linha do Tua

Pelo YouTube, vi umas cuidadas reportagens que referiam a importância passada (mas essencial) que, no desenvolvimento do nosso País, tiveram as linhas ferroviárias, e evidenciavam a da via reduzida do Tua, que davam como exemplo e que destacavam pela imagem, essencialmente. Esta linha era uma grande atração... O seu significado para as populações era enorme, porque permitia a interligação delas e a sua integração no mundo em desenvolvimento. O fecho desta linha, hoje, vai conduzir à saída das populações e à consequente desertificação de partes de Trás os Montes e do Alto Douro. Esta desertificação apresenta-se como inevitável, pois que os povos vão ver agravadas as suas condições de vida, que, aliás, foram sempre difíceis. Eles tenderão a virar as costas a um passado não muito generoso e que não quererão ver ainda mais difícil.

Soube-me bem ver estas reportagens do YouTube e outras ainda, restando-me a esperança de que alguns povos – mais resistentes e teimosos – não terão a coragem de abandonar as terras onde sempre eles mourejaram com os seus pais e avós, com muitos sacrifícios. Com efeito, as imagens reportadas fazem-me ainda acreditar que sempre haverá gente de coração sensível, que vai continuar a lutar pela reposição da sua linha e que o mesmo acontecerá com outras gentes que vão também ser penalizadas pelo fecho de outras linhas nas suas regiões, lutas que irão culminar em grandes reclamações conjuntas, a exigirem o respeito devido pelas populações do interior, do Portugal profundo, e contra aqueles que determinaram as medidas que levam à desertificação e lhes esqueceram os inalienáveis direitos e legítimos interesses. Estas linhas férreas eram bens dos povos, que as estimavam e que delas se serviam, como fator de progresso e de segurança contra o isolamento e o abandono.

Gente de fora, gente não servida por estas linhas, gentes sem solidariedade não cuidaram dos sentimentos e necessidades das populações atingidas. Gestores, que respondem pela conservação das linhas abandonadas: desde há muitas décadas que eles se sucedem nos vários poderes, sem que procurassem investimentos na conservação daquelas linhas, que se foram degradando ano a ano, dia após dia. Já em 1945, caminhando eu, “pedibus calcantibus”, pela linha do Corgo, nas imediações de Chaves, pude constatar, espantado, que havia vários troços da linha sem as cavilhas que seguram os carris e que muitas e muitas travessas da via se encontravam num estado de podridão, que punham em risco a circulação dos comboios… Pouco tempo depois, constatei a mesma situação próximo de Mirandela, na linha do Tua. Cerca de 1980, alguns trabalhadores do sector da carga da Rodoviária Nacional, que trabalhavam na estação do Tua, me referiram a sua perceção de que os gestores não estimulavam o rendimento da linha do Douro, nomeadamente da Régua para a fronteira, e que eles próprios iriam ser transferidos para outros locais, mostrando eles um espírito de revolta inesperado, já naquela altura.
Na verdade, a recessão nas conquistas de Abril cedo se revelara já, mas agora é evidente que mais se acentuou. As linhas reduzidas que afluem à linha do Douro, todas elas constituem notáveis atrações de carácter turístico, e mais ainda se a linha principal fosse aberta até à fronteira. Pôr de lado estas linhas é não deixar que toda a região a norte do rio Douro conheça o desenvolvimento que o turismo lhe pode proporcionar, com a melhoria desejável dos níveis de vida das populações. Poderemos considerar tal orientação um verdadeiro atentado contra as populações mais necessitadas.

Interesses ilegítimos forçam a subordinação do desenvolvimento da ferrovia ao desenvolvimento da rodovia, desenvolvimento este contra natura, pela excessiva poluição que provoca, pelo muito maior despesismo com combustíveis e com outros componentes, pela muita maior desequilíbrio da balança comercial pela importância que atinge a importação de automóveis, que se apresenta como um valor pouco rentável, já que a maioria das viaturas se encontra imobilizada em grande parte da sua vida útil. E isto, não contabilizando o enormíssimo número de vítimas que provoca e o custo elevadíssimo da construção e conservação das autoestradas, muitas delas percorridas por carros em número inconcebivelmente insuficiente, de tudo resultando um tremendo erro administrativo, dificilmente aceitável.

A linha do Tua vai continuar na ordem do dia, nomeadamente porque a construção da barragem que leva ao seu encerramento parece posta superiormente em cheque... Com a ajuda das populações, pode muito bem acontecer que todos nós ainda acabemos por ver o comboiozinho resfolgante percorrer os velhos mas renovados caminhos, ladeando vales, seguindo para norte.

Eu gostaria muito de assistir à festa que se realizaria, principalmente por ver nele um comboio amigo que voltava á sua própria casa. Como seria bonito  ver a alegria esfusiante do povo!
- A. Vilela, Maio 2012

(Ativismo virtual - Movimento Civico Pela Linha do Corgo – MCLC - Pela recuperação do transporte de passageiros e mercadorias, por um projecto de turismo sustentável numa viagem pelas encostas do Douro, com a grandeza do Marão, Alvão, Padrela e a beleza da maior região termal do país!)
Clique nas imagens para ampliar. Imagens originais daqui e daqui. Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

À briosa Associação dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua

1 - O que é ser Bombeiro?
I
É ser “BOM” filho e irmão…
Ser “Bom” neto e “Bom” vizinho;
É ser um “Bom” cidadão,
Tratar  todos com carinho…
II
É ser um “bom companheiro”:
Ser casado, “Bom” marido,
“Bom” colega, ser solteiro;
Se tem filhos: pai amigo!
III
Casado, da esposa amor,
Ter, no coração, o lar;
Em casa, tudo compor,
Ter, nos seus, um terno olhar.
IV
Ser um “bom” profissional,
Colegas: cumprimentar,
Nada a ninguém fazer mal,
P’ra todos ter um “bom” ar!
V
Ser o primeiro a entrar
E o último a sair,
P´ra todo o bem lhe calhar…
E a todos saber sorrir.
VI
Para todos, muito amável,
Ter todos no coração;
Prós Chefes, ser muito afável,
Ser honrado, honesto e são.
VII
Ter gosto na sua farda,
E no bivaque também;
Não lhe falte mesmo nada,
Que tudo lhe fique bem!
VIII
Usar  calçado e engraxado,
Bem vestido a rigor;
O cinto bem apertado;
Que pareça um primor!
IX
Delicado por quem passa:
Seja rico, seja pobre;
Que isto todo o bem lhe faça,
Pois, tal gesto é muito nobre!
X
Esteja sempre preparado
“Para o que der e vier”.
Se a sirene der um brado,
Saltar  logo a correr.


2 - Gostar da sua “Missão”                  
XI
Saber lidar com o “Bomba”
Que é seu principal labor,
Seja pequena  ou bem longa,
E usá-la com rigor.
XII
Foi mesmo a palavra “Bomba”
Que deu o termo “Bombeiros”;
Foi tal palavra, não longa,
Dos instrumentos primeiros:
XIII
Por isso, a deve enrolar
E desenrolar mui bem,
E, depois, a colocar
No lugar onde convém.
XIV
Desde que entra no carro,
E durante a viagem,
Pense que somos de barro:
Cuidados com a vertigem.
XV
Deve ser muito prudente
Pois, sem contar, corre risco:
Se quiser ficar contente
Afaste-se dum mau “petisco”!
XVI
Se se tratar dum “incêndio”,
Toda a cautela é pouca;
Invoque o Santo Prudêncio,
Use o metal numa touca.
XVII
Se o incêndio demorar,
Tenha cuidado maior;
Avance,  mas de vagar,
E tenha cautela mor.
XVIII
Quando o incêndio terminar
Veja que não falte nada;
Que trouxe tem de levar
Para não levar pancada…
XIX
Quando voltar ao Quartel,
Não pense mais no passado:
Merece um bolo de mel
E um bife “bem passado”!
XX
Mas se não lhe derem nada,
Faça conta ter comido;
Traz  consciência alegrada
E “a paz de um dever cumprido”.


3 - Mais situações difíceis
XXI
Não trabalha só de “bomba”;
Mil situações a espreitar…
Esta lista é muito longa:
Que ninguém pode contar…
XXII
Embate de viaturas:
Cada vez mais numerosas;
Com milhares de diabruras,
Casa dia é mais p’rigosa.
XXIII
Pessoas perdem a vida,
Outras, inutilizadas:
Não podem fazer a lida,
Ficam mui traumatizadas!
XXIV
Se há alguns “afogamentos”
Tudo é bem mais p’rigoso;
Tem de haver homens atentos,
Com fazer mais rigoroso,
XXV
E se há “atropelamento”,
Em milhar’es de passadeiras;
Lá vão bombeiros atentos,
Até algumas bombeiras.
XXVI
Se um “carro descarrila”
Duma alta ribanceira,
Vão mui bombeiros em fila,
Usando rebocadeira.
XXVII
Se há um “parto inesperado”.
Tem de ir uma marquesa;
Vai motorista apressado,
Com mais cuidado e destreza.
XXVIII
Se há “corrida de motares”,
Esteja o bombeiro atento…
Estavam melhor em seus lares
Que passar por tal tormento!
XXIX
E “se chocam frente-a-frente”
Viaturas de bombeiros
Há mortes certas e sempre,
Têm de vir cangalheiros!...
XXX
Deus nos livre de tal sorte:
Rezemos a São Marçal:
Que nos livre de al morte
E de qualquer outro mal!


4 - Objetivo ou princípio, meio e fim deste poema
XXXI
O sub-título do “Poema”
É, em suma, uma Homenagem
Simples, merecida e amena
De que o “Quartel” dá imagem.
XXXII
As primeiras dez “quadras”
Quis, de forma pedagógica,
Dizer em poucas palavras,
Que bombeiro é bom, por lógica!
XXXIII
De “bombeiro” vem o “Bom”
E a “bomba” deu “bombeiro”;
Ser bombeiro é um dom,
Pois é muito prazenteiro.
XXXIV
Tem uma Associação
Que é sua base legal;
E tem uma Direção
Que é p’ra todos leal.
XXXV
Direção e “corpo ativo” 
Dueto bonito fazem;
É bem verdade o que digo:
O Diretor é seu “Pagem”!
XXXVI
Toda esta Direção
Merece a Felicidade;
Trabalha com coração,
Reconhece-o a cidade.
XXXVII
O quartel necessitara
Da obra quase tem feito;
Todo o reguense repara
Que, assim, tem bonito jeito.
XXXVIII
Esta bela Associação  
É primeira do Distrito;
Falta a “Beatificação”
P’ra que fique tudo dito!
XXXIX
Esta Associação merece
Honras da Régua a Lisboa,
Pois, de tantas, me parece
Que é, dentre todas, Mui Boa!
XL
Tem bom Rio, bela Cidade;
De noite, giro “Arraial”;
Que diremos nós “Quem viva”?
“Vivam todos em geral”!!!
- J. Silva Pinto

Clique nas imagens acima para ampliar. Sugestão de J. A. Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Texto também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 31 de Maio de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Recortes: O MOMENTO É DOS AUTARCAS

Opinião | 29-05-2012 - Transcrição do "Notícias de Vila Real"
Por Jorge Almeida
O agricultor duriense é duma resistência incrível. Forjado numa intemporal luta titânica contra a adversidade climatérica, geográfica e morfológica, o duriense tem revelado ao longo da história uma grande resiliência, não só face às agruras dependentes da mãe natureza, mas também face às variáveis económicas, sociais e políticas que tantas vezes o têm prejudicado e mesmo espezinhado.

A história do Douro regista também importantes momentos de contestação e mesmo convulsão social contra a injustiça no negócio dos vinhos, as desigualdades, a desregulação, contra políticas prejudiciais à sustentabilidade e viabilidade económica do pequeno agricultor, elemento nuclear do tecido social da região.
Essa mesma história também nos ensina várias coisas, tanto em períodos de governos autoritários, como em alturas de governações liberais e democráticas. Só foi possível obter reconhecimento das nossas especificidades, das nossas necessidades e conseguir políticas mais justas e adequadas aos interesses do país vinhateiro sempre que a região se mostrou determinada e mobilizada, sempre que teve lideranças fortes, reconhecidas e ao mesmo tempo representativas.
Analisar o período tumultuoso pré organização da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, permite-nos conhecer o pulsar e o sentir duma região deprimida e muito prejudicada por concorrências desleais e por agentes económicos sem escrúpulos, mas ao mesmo tempo entender a força do movimento então criado que levou o Secretário de Estado do reino, o Marquês do Pombal, a produzir o decreto régio que tão bem promoveu a disciplina e a regulação, origem dum período de prosperidade que então se seguiu.
Ou então estudar o processo dos Paladinos, a sua capacidade de mobilização e reivindicação, o prestígio e representatividade das suas lideranças, os objetivos que prosseguiam, a organização institucional que foi possível criar, e as políticas que o governo central definiu a bem da lavoura duriense.
Nestes e noutros períodos de fluxo da nossa história podemos identificar alguns elementos comuns. A união e a mobilização dos durienses. Um ideário comum. A defesa intransigente dos interesses dos vitivinicultores. Uma luta consequente.
A situação económica e social em que se encontra hoje a RDD é muito preocupante. A perda de rendimento dos agricultores não para desde há uma década, e a manter-se, colocará em causa a sobrevivência dos pequenos e médios agricultores, que não terão hipótese de manter o granjeio das suas terras. Está em causa o modelo fundiário típico da região, o abandono das vinhas e logicamente a classificação de Douro Património Mundial. O êxodo populacional que se sente desde há alguns anos subirá exponencialmente.
O panorama mudou radicalmente nos últimos anos. O benefício nas explorações classificadas com letras A e B já não cobre as despesas do granjeio. Longe disso. As parcelas com letras inferiores ou que não tenham benefício, tornaram-se completamente inviáveis. Os agricultores vão fazendo um granjeio mínimo, não profissional, adiando estoicamente a decisão gravosa do abandono.
Por outro lado, a situação das Cooperativas, da Casa do Douro, da Subvidouro, ainda contribui mais para a falta de soluções. O desespero começa a dominar os espíritos. A fome está aí.
De um governo que põe um SE das Florestas, desinformado, demagogo, populista e incompetente a tutelar o setor vitivinícola, nada há a esperar.
Recentemente, os autarcas do Douro, em bloco, desafiados por esse mesmo SE, elaboraram um documento que sintetiza o essencial dos problemas da RDD e propõe dez medidas, no fundamental corretas, para resolver os principais problemas da região.
Dada a assertividade das medidas propostas, da sua exequibilidade, da sua justeza, da representatividade dos seus autores (as 21 Câmaras), os agricultores e as suas organizações só podem ter uma posição. Apoiar inequivocamente o documento, incentivar os autarcas a dinamizar um movimento reivindicativo que leve o governo a entender a gravidade da situação e a concretizar políticas em conformidade com as propostas apresentadas.
O momento não é para divisões ou guerras de capelinhas. O momento é de união e luta. Dos autarcas há que esperar um próximo passo. Assunção da liderança. Mobilização. Luta consequente. É o momento de fazer história.