sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MEMÓRIAS DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA - Apresentação da obra

Nota do Autor

Dedico à memória dos fundadores e à 
dos bombeiros de todos os tempos, 
a razão da existência da AHBV do Peso da Régua

Ao editar este livro apenas pretendi reunir numa despretensiosa publicação os meus textos que escrevi sobre os Bombeiros da Régua, no jornal “O Arrais”, do Peso da Régua e, na internet, no blogue “Escritos do Douro”.

Não posso esconder o facto que eles se devem à minha vivência como Presidente da Direcção da Associação, desde 1998. Acreditando na crença e força dos valores do voluntariado e da mudança social estes escritos são parte da memória colectiva de uma instituição humanitária com 131 anos de existência. Melhor dito: de gerações de homens que colocaram os seus talentos de altruísmo, generosidade e coragem ao serviço da humanidade. A bem dizer foram esses heróis sem tempo e os seus exemplos de vida que escreveram muitas das páginas deste livro. Apenas servi de elo de ligação entre um presente angustiante e um passado labiríntico e quase obscuro.

Este livro é fruto do trabalho de pesquisa em bibliotecas, de consultas a álbuns de fotografias, de investigação de milhares documentos, de leitura dos livros de actas de reuniões e de muitas conversas com os bombeiros e os associados mais dedicados. Quando os testemunhos seguros rareavam salvou-me a imaginação e a paciência para reconstruir os traços descontínuos de factos mais remotos, já apagados na escuridão do tempo. Assim dito, até parece que tudo foi simples, o que não é verdade. Não isento de subjectividade pelo meu dever de zelar pelos valores do voluntariado e do associativismo e as actuais funções, este trabalho que considero incompleto, não priva o leitor de ter uma informação cativante, acessível e rigorosa.

Fica, assim, feita a vontade aos amigos que me convenceram a publicar este livro. Pensaram eles que tinha o húmus suficiente para servir novos desígnios.

Se mais objectivos ele não alcançar, espero que, pelo menos, contribua para despertar as gerações vindouras a conhecerem a "instituição tão civilizadora, humanitária e útil", como a distinguiram quando foi fundada em 1880, à qual me orgulho de fazer parte, e que sempre foi uma referência cultural e ética da sociedade reguense.

O livro é também o meu testemunho para a memória futura.

Peso da Régua, 01 de Setembro de 2011
José Alfredo Almeida


Prefácio
LABOR DE HISTORIADOR

A História interessa a um número crescente de cidadãos. Este interesse pela História radica os seus fundamentos na procura de respostas a perguntas emergentes: de onde viemos, quem somos, para onde vamos?
No seu trabalho, o fazedor de história utiliza a informação que recolhe, interpreta-a metodicamente e dá-lhe vida.
O herói desta história, laboriosamente construída pelo Dr. José Alfredo Almeida, é colectivo, revelado no palco dos acontecimentos, ou seja, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. As personagens evocadas são sobretudo Bombeiros, com e sem farda, mas também ilustres reguenses.
Nas páginas deste livro estão reflectidos os valores dos Bombeiros Portugueses, através da evocação de algumas das figuras que marcaram decididamente a vida e a actividade dos bombeiros do Peso da Régua.
O autor, com uma prosa simples e despretensiosa, fala de alguns dos seus conterrâneos mais carismáticos, com uma indisfarçável paixão. Relata episódios, recorda acontecimentos e descreve memórias.
Faltará a este livro o rigor metodológico e a organização temporal dos textos, para que estes pudessem adquirir uma perspectiva contextualizada, no espaço e no tempo.
Porém, isto não retira mérito à missão a que o autor se aventurou. Nestas páginas adivinham-se centenas de horas de pesquisa e muito empenho pessoal, tendo por objectivo trazer ao conhecimento colectivo fragmentos da história de uma instituição intimamente ligada à comunidade que a criou.
Os bombeiros portugueses têm razões para se orgulhar do trabalho desenvolvido pelo Dr. José Alfredo Almeida, como dirigente, mas também como laborioso redactor da  História de uma das mais prestigiadas Associações Humanitárias de Bombeiros.
A qualquer historiador coloca-se sempre um problema - narrar como e porquê? Contar  empolgando, contar ensinando, contar interpretando ou contar, simplesmente, pelo prazer de contar. O autor deste livro escolheu precisamente esta última via. Relatar com prazer, com orgulho e com devoção, partilhando a emoção da descoberta e o fascínio da exaltação da memória.
Este é um texto que nos oxigena e que nos faz acreditar que os anos que dedicamos à causa dos Bombeiros de Portugal valem por si e pela riqueza humana que eles nos proporcionam.
Quando mais não fosse por isto, este livro já teria valido a pena ser dado à estampa.
Mas vale muito mais. É isso que desafio os leitores e leitoras a comprovarem por si próprios.
Resta um apelo ao autor: não fique por aqui. Siga com a missão de dar vida à memória dos Bombeiros da sua terra e, com ela, continue a contribuir para a dignificação dos Bombeiros Portugueses.

Duarte Caldeira
Presidente do Conselho Executivo da
Liga dos Bombeiros Portugueses  
Convite para 28 de Outubro de 2011
Autor JOSÉ ALFREDO ALMEIDA
MOSAICO DE PALAVRAS EDITORA, LDA
http://mosaico-de-palavras.pt/
RUA COMENDADOR ANTÓNIO AUGUSTO SILVA, 127 - R/C, 4435-191 RIO TINTO -PORTUGAL.
Telefone fixo - 224801761; Telefone móvel – 963678534; e-mail - geral@mosaicodepalavras.com

Obs. - Este evento insere-se no PROGRAMA GERAL do 41.º Congresso da LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES a realizar na cidade de Peso da Régua entre os dias 28 e 30 de Outubro de 2011.
(Clique com o 'rato-mouse' para ampliar e ler)

(Programa - http://issuu.com/gotael/docs/programa_do_congresso)
Clique  nas imagem acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2011.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Acontece o 41.º Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses na cidade da Régua em 28 OUTUBRO 2011

DA RÉGUA PARA PORTUGAL INTEIRO

As instituições diferenciam-se das organizações que o não são pela sua história, pelos valores que alicerçam o seu fazer quotidiano, pelo património de serviço público de que são depositárias e, também, pela intemporalidade que une o passado ao presente e este ao futuro.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) é uma instituição!
Esta Confederação, para ser credora do respeito da comunidade nacional e dos poderes públicos, bastou-lhe ser, apenas, uma instituição representativa de instituições de serviço público.
A LBP ao longo dos seus 81 anos sempre assumiu uma conduta irrepreensível de defesa dos bombeiros portugueses – de todos os bombeiros portugueses! – bem como das entidades onde se integram.
De 28 a 30 de outubro deste ano, a LBP reúne o seu 41.º Congresso na cidade da Régua.
Tendo por inspiração o esplendor do Douro e o espírito de trabalho dos reguenses, os legítimos representantes dos bombeiros portugueses saberão, uma vez mais, rasgar os caminhos do futuro.
Cientes das dificuldades que caracterizam o momento presente, os Bombeiros de Portugal continuarão a estar, como sempre estiveram, ao serviço da defesa da vida e dos bens dos seus concidadãos, com determinação, abnegação e competência.
Esta é a mensagem que o 41.º Congresso da LBP não deixará de transmitir para todos os cantos do nosso Portugal.

Duarte Caldeira
Presidente do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses
“POR UM FUTURO… DE MUDANÇA!”
LISTA CANDIDATA AOS ORGÃO SOCIAIS DA LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
TRIÉNIO 2012/2014
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)



LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
PROGRAMA GERAL - 41.º Congresso na cidade da Régua:

Comunicação e Relações Públicas - Liga dos Bombeiros Portugueses | Tlf + 351 218421380  Fax + 351 218421389  Tlm + 351 963389645 - mara.jeronimo@lbp.pt | www.lbp.pt
Rua Eduardo de Noronha, 7 | 1700-151 Lisboa - Portugal
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Em paralelo e no programa do Congresso, lançamento:

Convite para 28 de Outubro de 2011
Autor JOSÉ ALFREDO ALMEIDA | MOSAICO DE PALAVRAS EDITORA, LDA | http://mosaico-de-palavras.pt/RUA COMENDADOR ANTÓNIO AUGUSTO SILVA, 127 - R/C, 4435-191 RIO TINTO -PORTUGAL. Telefone fixo - 224801761; Telefone móvel – 963678534 | e-mail - geral@mosaicodepalavras.com (Programa - http://issuu.com/gotael/docs/programa_do_congresso)

Clique  nas imagem acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2011.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A SALVAÇÃO


Os montes durienses estão amarelecidos, uma desolação de uvas cortadas como se encerrado o ciclo da criação. Escorre pelos socalcos, no contraste da cor do ouro velho, uma nostalgia angustiada. Dos beirais das casas pingam lágrimas de saudade dos tempos em que o chão tinha um sentido, passos guiados por olhos com esperança. Ano após ano enterram-se  as  (de)ilusões.  A PRECISÃO já não permite tratar as vinhas, algumas nem vindimadas são; o Douro qualquer dia fica  a  monte. Regressou a emigração dos tempos salazarentos, os rostos chupados pela necessidade, as almas escurecidas pelo ódio da fome encolhida. Vão restar os que dominam a geografia, com mão de obra estrangeira barata, e esperam que o mosto  escorra sempre para o mesmo sítio, como um rio a caminho da foz.

Podem os burocratas bem instalados no cálculo orçamental, quais comissários político-partidários do Terreiro do Paço, anunciarem regionalismos, grandes unidades hoteleiras, eventos turísticos, lives e lifes musicais, roteiros de heráldicas arquitectónicas, confrarias gastronómicas e vinícolas, elitismos corporativos, que deles nunca será a História nem, sequer, a Estória. Nada se faz contra o povo que suja as mãos e sua os corpos e anseia o preço recto para o seu labor. Às vezes, até parece que esta terra nunca foi feliz, atazanada pelos poderosos de ontem e de hoje, insuportáveis fortunas dos longes urbanos, que se implantam para secar as raízes dos que aqui nasceram e querem morrer, ao menos, com o fato preto limpo.

Os senhores do destino, comprado pelo dinheiro, prescreverão os seus interesses, mas só se sentirão aceites se inverterem a lógica da condição.

Num trabalho de gelada contabilidade, chantageando historicamente os filhos-cicatrizes do fatalismo secular, que são os pequenos e médios lavradores com o seu operariado feito “lumpen“, uma facção que recolhe os que enfeitam o sotaque na fleuma dos chás das cinco, a incompetência da burocracia europeia e, mais pungente, autóctones que desnaturam a procedência por uma intermediação de esmagamento económico da Região Demarcada – todos eles estão a conseguir destruir uma natureza humana e orográfica que nem a filoxera arrasou.

Vivemos um tempo de fraqueza, entre o desgosto e a repugnância, em que temos de aprender novamente a ser HUMANOS; mas  é a hora de não cruzar os braços e encolher os ombros; não impedir que se faça frente aos grandes grupos, desde o esvaziar acintoso da Casa do Douro, que nem o fascismo conseguiu, tirando aos lavradores a representatividade do seu ego, até entregarem tudo a um Instituto e a um Comércio, não cativando os originários para o amanho dos socalcos, que emigram para os bidonvilles das cidades costeiras.

Os Sacerdotes da nossa Região, no seguimento de uma atitude tão cara à Igreja Católica no País em crise, decidiram, numa denúncia cristã, apontar as carências – alguns casos mesmo de miséria – dos nossos pequenos e médios lavradores e, naturalmente, os trabalhadores que vivem do amanho da terra. Fazem bem os Párocos das nossas freguesias afirmarem bem alto, sem medos, com caridade e amor redentores, o sofrimento do POVO, as desigualdades intoleráveis que o dilaceram, a fome de que não queremos o regresso com uma sardinha para três bocas. Nos Altares ou na rua, eles têm que anunciar a mensagem de Cristo, a sua libertação, que os Livros Sagrados deixaram escrito para glória do Mestre. Não usam o seu múnus para gerar discórdia, mas para ajudar na mitigação possível, na generosidade da partilha. O bom combate é contra a pobreza, pois só somos felizes quando, a uma mesa, todos podemos comer e sorrir. Assim, a Igreja Católica afirma-se e é seguida no seu exemplo e no seu coração. Sempre ao lado – como Cristo – dos necessitados e proscritos, das imoralidades negociais e das vergonhas sociais.

Cientes de que os espíritos só sobrevivem se os corpos tiverem alimento e auto-estima, os Senhores Padres da nossa terra apontam na direcção certa. Adegas, que julgávamos financeiramente fortes, atrasam os pagamentos aos seus sócios, que todos os anos entregam fiado as uvas que já têm mais sangue, suor e lágrimas do que sumo. As migalhas que distribuem não chegam para o pão quanto mais para o conduto. Não chegam para o sulfato, o adubo, o herbicida, o pagamento dos salários dos trabalhadores. Não chegam NUNCA para a serenidade de quem teima alimentar-se «deste chão sagrado», como referia o poeta  para outra latitude.

Por que espera o Estado para, através do Ministério da Agricultura, apurar, auditar mesmo aquelas Sociedades, sugerindo modelos de gestão, emendando erros, acusando falhas? Parafraseando os Párocos da nossa Zona Pastoral: As Adegas Cooperativas – e logo as de maiores dimensões - chegaram  a  esta situação por culpa de quem?

O grito do Clero Duriense tem  razão e moral. É essa a sua Missão:  apelar aos Justos, colocar-se não contra ninguém, mas ao lado dos pequenos, com tolerância e sem medos dos falsos. São gestos destes que emocionam os cristãos e os fazem acreditar que Cristo nasceu para nos dar mesmo a SALVAÇÂO.
M.  Nogueira Borges - 10/10/2011.

Texto de M. Nogueira Borges publicado com autorização do autor neste blogue e no semanário regional 'O Arrais" (13/10/2011). Clique  na imagem acima para ampliar. Imagem acima editada para este blogue e recolhida da net livre no link "Templos do Sol - Chãs". Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2011.