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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Festas de Nossa Senhora do Socorro - Festa do Douro

Herança cultural antiga marcada pela Procissão do Triunfo em que a cidade do Peso da Régua se ilumina e os católicos montam altares de rua em honra de Nossa Senhora do Socorro. Entretanto a festa é ilustrada com arraial, feira, música e eventos desportivos.

Com  inicio, no dia 9 de Agosto de 2012, as Festas em Honra de Nossa Senhora do Socorro - 2012 têm esta programação, segundo o portal virtual da Câmara Municipal do Peso da Régua:

De 9 a 12 de Agosto
Festival de Francesinhas
Parque multiusos

9 Agosto
Concerto ALBATROZ
22H00 Parque multiusos

10 Agosto
Concerto BOSS AC
22H00 Parque multiusos

11 Agosto
Perícia Nossa Senhora do Socorro
14H00 Cais da Junqueira
Org: Clube Automóvel da Régua
Concerto LUÍS REPRESAS
22H00 Parque multiusos

12 Agosto
Concerto ORQUESTRA DEL MAR
22H00 Parque multiusos

13 Agosto
Sessão de Fados
22H30, Igreja Matriz – Peso
23H30, Largo do Eirô – Peso

14 Agosto
Feira franca
07H30, parque multiusos
Animação de rua
08H30, ruas da cidade
Recolha dos andores à Igreja Matriz
21H00
Baile popular
22H30, Peso
Arraial do Peso (uma partida)
24H00, Peso
Desfile da confraria Amigos 14 de Agosto
00H30, Peso
Baile popular
02H00 Peso

15 Agosto
Animação de rua
08H30, ruas da cidade
Missa
10H30, Igreja Matriz
Procissão do Triunfo
17H30, saída da Igreja Matriz
Baile popular
22H00, avenida do Douro
Arraial do rio
24H00, rio Douro e cais da Régua

16 Agosto
Animação de rua
08H30, ruas da cidade
Procissão do Triunfo
17H30, saída da Capela da Casa da Criança
  • Agenda Municipal da cidade de Peso da Régua para Agosto 2012
  • As Festas de Nossa Senhora do Socorro em 1919
  • Mais publicações sobre as Festas de Nossa Senhora do Socorro - Peso da Régua, no blogue "Escritos do Douro"
Imagens das Festas de Nossa Senhora do Socorro - Peso da Régua em 2007 (video disponibilizado no YouTube por "caixoesregua")
Clique  na imagem acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2012. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Em tempo de festas de Nossa Senhora do Socorro na Régua: Recordando...

A casa onde nasci e vivi até os meus 10 ou 12 anos, situava-se na principal rua da Régua. Própriamente na Rua dos Camilos. Quando se aproximava o mês de Agosto já o meu espírito em mais nada pensava senão nas festas em honra de Nossa Senhora do Socorro. Era tudo que de mais belo existia para mim. E, então, quando os ornamentadores iniciavam a sua tarefa, abrindo buracos nas ruas para colocar os mastros, jamais largava as varandas de onde assistia a todos esses trabalhos e que eram, afinal, o início de tudo que se iria realizar. Acompanhava tudo de princípio ao fim. Nada descurava. Os arcos, com os desenhos alusivos e algo que se ligasse com a Régua, as bandeiras que flutuavam ao vento no cimo dos mastros, vermelhas, verdes, azuis, amarelas e outras cores.

Depois era a iluminação que surgia de noite e dava à minha rua um aspecto radioso, que me deixava uma alegria intensa. Por minha vontade ficava ali, na varanda, toda a noite. Era preciso que a minha saudosa Mãe me obrigasse a ir para a cama.

Mas, de manhã, corria logo para o meu “posto”. Dali via passar, depois, as bandas de música, os gigantones e cabeçudos.

Naqueles dias, mesmo com o intenso calor que se fazia sentir, o movimento de forasteiros era enorme.

Ainda não existiam tantos veículos motorizados como hoje. Os forasteiros Juntavam-se em grupos e, acompanhados de bombos, ferrinhos e outros instrumentos, davam largas à sua alegria, cantando e dançando.

A maior parte trazia os seus cestos merendeiros à cabeça, pelo menos no dia do arraiai do rio, onde procuravam o melhor lugar para comerem o seu bocado de carneiro assado e arroz de forno, e onde não faltava a boa “pinga”.

O “nosso rio”, nesses tempos, era diferente. Havia areais por onde se podiam espalhar à vontade milhares de pessoas. Os barcos, como o da Felisbela , levavam de um lado para o outro os que gostavam de ir para “Além-Douro”.

As barracas de melancia e de melões faziam sempre bom negócio. Regateava-se o preço e a qualidade, mas tudo se vendia.

Entretanto anoitecia e as bandas de música, nos seus coretos, faziam-se ouvir e toda aquela gente dançava e bailava!

Tudo era animado e tudo apenas terminava quando era lançada a última partida de fogo do ar e aquático. E diga-se que o fogo escolhido era sempre dos melhores pirotécnicos do norte do país. Eram horas e horas de encanto e pode afirmar-se que arraial como o da Régua era difícil de igualar.

Tudo isso se efectuava após a “Procissão” ter percorrido as principais ruas da então vila e que saía em triunfo da igreja Matriz.

E se deixei para o fim este número da Festa, é porque, para mim, era um “sonho” tudo o que meus o!hos presenciavam. Os andores, os anjinhos eram a coisa mais brilhante a que assistia. Da varanda da minha casa assistia àquele cortejo maravilhoso.

E minha Mãe ia-me indicando o que representava cada uma das figuras que crianças, já a vislumbrarem no seu rosto o cansaço e o calor de tão longo trajecto, apresentavam. Surgia, finalmente, o andor com a Nossa Senhora do Socorro, Toda a gente se ajoelhava.

Olhos cheios de lágrimas se viam em muitas das pessoas. Mãos erguidas dirigidas em direcção a quem parecia sorrir e deitar um olhar de amor aos que lhe faziam os seus pedidos, lançavam as suas preces.

E minha saudosa mãe também chorava e as lágrimas corriam-lhe pelas suas faces. Só hoje compreendo porque choravam as pessoas quando Nossa Senhora do Socorro surgia ali mesmo, num andor repleto de flores.

E só hoje compreendo porque, já no fim duma vida em que estarei perto da Eternidade, também as lágrimas se soltam de meus olhos, lembrando entes queridos desaparecidos, lembrando o sofrimento de tantos. Que Nossa Senhora do Socorro nos abençoe, nos perdoe das nossas faltas. Como tudo era diferente nos meus tempos de criança!...
- Por Jaime Ferraz Rodrigues Gabão** – In Boletim das Festas de Nossa Senhora do Socorro de 1991. Texto gentilemente cedido por J. A. Almeida-Régua.

**Jaime Ferraz Rodrigues Gabão nasceu na cidade de Peso da Régua em 13 de Abril de 1924. Faleceu a 18 de Junho de 1992.