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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

Clique na imagem para ampliar. Imagem original também publicada no jornal semanário "O Arrais". Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Maio de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.
Um documentário (em quatro videos) sobre o melhor vinho de Portugal...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

Clique na imagem para ampliar. Imagem original também publicada no jornal semanário "O Arrais". Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Abril de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.
MOMENTOS DO DOURO
Cenários do PINHÃO

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

Clique na imagem para ampliar. Imagem original também publicada no jornal semanário "O Arrais". Sugestão de JASA (Dr. José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Abril de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

Clique na imagem para ampliar. Imagem original também publicada no jornal semanário "O Arrais". Sugestão de JASA (Dr. José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Março 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos.

terça-feira, 20 de março de 2012

Rádio Alto Douro - Um pouco da história em imagens

'Hoje que tanta audiência se dá às rádios locais pela sua acção meritória na promoção das populações afastadas dos grandes centros, não podemos deixar de referir o papel de relevo da Rádio Alto Douro, sediada na cidade da Régua que, nos meados do século XX, era a expressão viva das gentes do Alto Douro. Quem na região não ouvia, de preferência às outras estações, o programa dos discos pedidos, a informação regional? E as reportagens dos eventos que iam acontecendo e o ouvinte ia sendo informado através daquela estação regional? E quem não reconhecia a voz timbrada inconfundível de Carlos Ruela? Infelizmente pouco tempo sobreviveu ao período revolucionário do 25 de Abril! E foi pena.' - In Douro Press
12 fotos cedidas por amigo que serviram de capa a calendários de bolso editados para o ano de 1990, pela Rádio Alto-Douro, que emitiu durante muitos anos a partir da sua estação emissora na Avª. Antão de Carvalho, na cidade da Régua. As imagens documentam algumas das situações que fizeram parte das suas emissões e da sua história.

Clique nas imagens para ampliar. Sugestão de J. A. Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Março de  2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Autarcas e Turismo denunciam "abandono" da linha entre Régua e Pocinho

Lusa
19 Mar, 2012, 19:18 - Fonte RTP Notícias

O presidente da Turismo do Douro e autarcas da região estão preocupados com o "abandono" da Linha do Douro e afirmam que a retirada do pessoal da REFER das estações indicia mais um passo para o seu encerramento.
A REFER estará a estudar a introdução do RES (Regime de Exploração Simplificado) na linha do Douro, entre a Régua e o Pocinho, retirando assim o seu pessoal das estações do Pinhão e Tua.

Segundo a edição de hoje do jornal Público, com este sistema, é um agente da empresa que viaja no próprio comboio, ou até o próprio revisor, que sai nas estações para pedir avanço a um posto regulador central, localizado na Régua.

Nestas estações, também já não há funcionários da CP, já que os bilhetes são vendidos pelos revisores dos comboios.

O presidente da Entidade Regional Turismo do Douro, António Martinho, repudia veementemente mais esta medida, que considera ser também "mais um passo para acabar de vez" com aquele troço da linha do Douro.

"É um atentado ao interior e ao desenvolvimento turístico do Douro. Não posso aceitar uma situação dessas", afirmou à Agência Lusa.

Martinho lembrou os polos turísticos importantes que são ligados pela linha-férrea, nomeadamente os museus do Douro (Régua) e Côa (Vila Nova de Foz Côa).

"Mas, depois estamos a retirar condições para que os turistas possam fruir a paisagem. Isso é grave, tanto mais que é uma empresa pública a atentar contra o desenvolvimento do turismo e o desenvolvimento económico da região do Douro", salientou.

O responsável acrescentou que, esta medida da REFER, "indicia uma tentativa de abandono e de encerramento da linha entre Régua e o Pocinho".

"O que para mim significa o abandono de uma zona do país que tem contribuído muito para a riqueza nacional, designadamente através do turismo", acrescentou.

Também o presidente da Câmara de Alijó e da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), Artur Cascarejo, lamentou aquilo que diz ser o abandono da linha do Douro, a qual considerou estratégia para o desenvolvimento deste território e para a mobilidade das populações.

Além do mais, acrescentou, é também uma retirada de empregos à região, já de si tão carenciada.

Segundo o Público, o RES permite poupar duas dezenas de funcionários que estão afetos às estações de Pinhão e Tua.

"De redução em redução caminha-se para a agonia, para o encerramento da linha", frisou o autarca.

A Agência Lusa tentou obter esclarecimentos por parte da REFER, o que não foi possível até agora.

António Martinho lamentou ainda que se tenha "deixado cair" o projeto de retomar a linha do Douro até Barca d`Alva e depois Espanha, que os agentes da região defendiam.

PLI
  • Outros post's neste blogue sobre os históricos e tradicionais comboios do Douro em risco de desaparecerem.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Verdades Absolutas

Nasci nas Caldas do Moledo, mesmo perto do bonito parque termal. Parte da minha infância ficou aqui neste lugar mágico, a testemunhar os primeiros passos que aprendi a dar nos caminhos da minha existência.

Ali revejo alguns dos tempos mais felizes passados nos jardins do parque termal e nas margens de  rio que o ladeiam. Eram o tempos em que frequentei a escola primária que existiu improvisada numa casa pobre e de uma  professora  exigente e de mau génio, a  D. Esmeralda, que, com rosto bonito ainda vejo ainda distingo, no meio de uma sala e de quadro negro, onde gostava de nos ver fazer exercícios de contas e das regras gramaticais do português e, se algum, não se sabia comportar usava com rigor e força, uma régua de madeira para bater nas mãos.
Ali estão velhas lembrança de bons, luminosos dias que passei entretido em inocentes jogos da bola e do pião e, no fim das aulas, na caça aos pardais pelo meio dos arvoredos e dos laranjais da Quinta das Caldas, com uma  fisga, construída de um pedaço de madeira e elásticos, e as corridas dos carros feitos em madeira, com pequenas rodas, que deslizam em alta velocidade pelos passeios, junto ao imponente belo Palacete e a um grande hotel que estava em estado de ruínas, mas outrora tinha sido frequentado por gente famosa em busca de cura e milagres em  águas termais.

No tempo de calor, no quente verão, eram os banhos e os mergulhos nas águas frescas do rio, sempre a fugir da vigilância apertada dos meus pais, as cerejas colhidas na primavera, as primeiras uvas maduras, o doce moscatel e a malvasia fina, que o meu avô Álvaro, trabalhador incansável e dedicado nas coisas da natureza, colhia em pequena vinha cultivada na Penajóia, que fica no outro lado da margem do rio, mesmo em frente às Caldas do Moledo. Ainda o recordo, a atravessar o rio num seu pequeno barco, como se o rio não tivesse segredos para ele e fosse o seu mundo de evasão.

Não esqueço as tardes de ócio que passava na pesca, através de peixes grandes como barbos, escalos e  os  robalos, apanhados com indisfarçável prazer de pescador em aprendizagem com as canas modestas. Não esqueço também os grandes e longos dias, em que no meu quintal, nas traseiras da casa, à sombra de uma bungavilia, enquanto os melros se entretinham numa grande figueira, me dedicava à leitura de livros maravilhosos que nunca esqueci e chegavam numa carrinha cinzenta com o símbolo da Gulbenkian, onde os ia requesitar. Foi nesses livros que conheci os primeiros heróis da minha vida: Com os livros de Julio Verne não me cansei de viajar  por mundos desconhecidos, longínquos, quase até a Lua, alargando novos mundos além dos meus pequenos sonhos confinados a um espaço de terra, onde cresciam flores e  havia animais à solta, como uma gata alourada, que partilhavam esta rara felicidade de vida ao sol.

Ali começou  – e depois acabou – o meu primeiro amor, mas já não tenho nenhuma certeza se  foi assim desta maneira tão simples. A verdade, é que tudo começou num instante que ficou para sempre, mesmo sabendo que um dia nossas vidas iriam ter um rumo diferente nos caminhos do destino. Ali recomeçou um namoro de juras para toda vida e uma palavra escrita em pedaços de papel usado: “AMO-TE”. Não te deveria confessar mas ainda guardo nos meus arquivos pessoais e mais íntimos esse inesquecível documento com a uma assinatura, sim a tua, com a inicial do teu nome manuscrito, como se fosse a unica prova material  que me resta desse nosso amor. Se tem algum valor para a vida não te posso dizer porque aquilo que é real,  muitas vezes, torna-se irreal.

Regresso às minhas Caldas do Moledo, ao reduto do parque termal, mais uma vez, para procurar esse meu tempo de amor (in)finito. Aquele que só existe na nossa memória. Sei que te encontrarei sentada à minha espera num banco, entre os frondosos plátanos, sossegada na leitura de um romance que te ofereci sobre a vida da  generosa e apaixonada mulher do Douro, a Ferreirinha – penso que se intitula a “Fúria das Vinhas” -  com um olhar atento no passar silencioso das águas serenas do rio Douro. Ainda te lembras? Talvez não, o tempo deve ter apagado em ti este breve e único momento. Que não se repete no universo. Só que em mim, ele permanece como se hoje fosse e é  mais uma prova verdadeira para dizer que exististes em determinado momento da minha vida. O resto, já nem interessa para a história daquilo que ficou por fazer e de dizer para sempre, por não haver tempo.

Tenho saudades desse tempo e de te olhar nos olhos até de madrugada. Aquelas que o sol, sai do meio das montanhas retalhadas em vinhedos e ilumina de claridade a paisagem e o passado. Tenho saudades tuas. Não te minto e não escondo. É mais um prova, a de que nunca esqueci que amei.

As Caldas do Moledo são o meu principio. As origens do meu universo como ser humano. Encontram-se neste lugar todos os meus tempos de criança feliz, de adolescente sonhador e de homem que aprendeu uma coisa simples da vida, que tendemos a querer esquecer: mais tarde, ou mais cedo, volta-se sempre ao lugar onde se nasceu.
Eu nasci nas Caldas do Moledo, onde passa o meu rio que me leva à tua foz e me faz regressar a este lugar  intemporal e ao que ainda resta de ti, como se tu mesma fosses a minha última verdade absoluta.
- José Alfredo Almeida*, Peso da Régua, Dezembro de 2010. Clique nas imagens para ampliar.
  • *José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua de onde é natural e de figuras marcantes do Douro.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Cartas de Longe: Um pouco mais da Régua - Rebuçados, Antão de Carvalho, Barão de Forrester e a Santa Casa

Um pouco da história dos Rebuçados da Régua
 Olha o rebuçado da Régua... ... Levem o rebuçado da Régua... ... !

Quem chega à Régua de combóio, ou pela sua bonita e centenária Estação dos Caminhos de Ferro, imediatamente a seguir ao ranger das carruagens anunciando a paragem, inevitavelmente, ouve um apelo único de vozes de mulheres de sotaque tipicamente duriense:

- Olha ó rebuçado da Régua, levem rebuçados da Régua
- Ó meu amor não vai uma saquinha ?...

De bata branca e lenço da mesma cor, colocado de forma característica na cabeça, lá estão, ainda hoje, as rebuçadeiras da Régua no Largo e na Gare da Estação, vendendo ao forasteiro que chega ou ao patrício que parte, este ex-libris gastronômico da cidade.

Rebuçadeira é uma profissão que se imagina tão antiga quanto a iguaria, contudo não há ao certo uma data exacta para a origem do fenômeno e do negócio, da mesma forma que cada rebuçadeira guarda o seu segredo de confecção como sendo o tesouro da sua vida.

Os rebuçados da Régua são também centenários, segundo o testemunho de Ermelinda Mesquita - a "Ermelinda Rebuçadeira" - uma das mais antigas e carismáticas rebuçadeiras da Régua, famosa pelos aromas dos seus rebuçados, e que na esmerada cozinha onde tudo acontece, foi deixando as mãos trabalhar e a saudade recordar...

- ...Do que se sabe, primeiro, os rebuçados começaram por ser vendidos nas festas locais e das redondezas; havia dois vendedores muito conhecidos - o "Prosa" e o "Cândido Rebuçadeiro" - e talvez só depois tudo tenha começado".

Aprendiz de D. Maria Adelaide, a Ermelinda Rebuçadeira começou bem cedo, na década de 40, no característico restaurante da gare da Estação...

- À hora dos comboios éramos quatro moças de bata verde (na altura era assim) - uma vendia água em bilha, que custava nessa altura 15 tostões; outra vendia em cantarinha, a copo, e outra ainda andava com o tabuleiro dos caramelos, das bolachas e da fruta, e a última vendia os nossos rebuçados da Régua - 3 pacotes 5$00. Já lá vai muito ano... concluiu a D. Ermelinda com a nostalgia de uma profissão de que se orgulha, apesar de um percurso de vida difícil e marcado no olhar e nas mãos enrugadas de tanto moirejar, mas não sem, entretanto, falar de dentro, recordando...
- Era uma juventude maravilhosa... foram os melhores tempos da minha vida... aos Sábados e Domingos era a correria para o baile dos Bombeiros."...

Depois de o açúcar em ponto com duas cascas de limão e...( o tal segredo) ter passado para a branca pedra de mármore untada com margarina, e daí para o plástico esticado na mesa, ainda a ferver, as mãos, indiferentes à dor, vão cortando os rebuçadso um a um, rápida e habilmente, para depois os embrulhar em forma de autênticos laçarotes que saem das mãos desta senhora, que chegou a ensinar muitas outras da atual geração de rebuçadeiras.

- Hum, que delícia, comentamos, com privilégio de saborear o primeiro a desembrulhar!
- E então diga lá que agora não ficava bem um cálicezinho de vinho fino, ou do Porto?

E rematou, para concluir:

- Ó menino, não leva uma saquinha ...?"
- Villa Regula - Março de 1999 - Texto de José Braga Amaral.

 Figuras Ilustres da Régua
Antão de Carvalho e a criação da Casa do Douro

Em 1931, a lavoura duriense passa mais uma vez por momentos difíceis, não conseguindo controlar o preço do seu vinho, que cai constantemente, e esperando-se a todo o momento uma situação de ruptura.

Era preciso criar um organismo associativo que não só defendesse o vinho e a região, mas também os promovesse.

Aconteceu então que um conjunto de ações foram levadas a cabo por homens destemidos e de muito mérito, como: Carlos Amorim, Joaquim Carvalhais, Dr. Bonifácio da Costa, Dr. Antão Fernandes de Carvalho, Eng. Artur Castilho, estes dois últimos com a responsabilidade de fazerem o "Estatuto do Douro", que viria a ser alterado pelo governo.

Fez-se então um contraprojecto, mais uma vez não só da responsabilidade do Dr. Antão Fernandes de Carvalho, como também do Dr. Camilo Bernardes Pereira e do Eng. José da Costa Lima, e que viria a ser aceite.

E foi assim que, em 19 de Novembro de 1932, o governo, aceitando esse novo projeto do Estatuto do Douro, fez publicar o decreto-lei nº 21883 criando a Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro, hoje Casa do Douro.

A Casa do Douro e esta região demarcada muito devem a homens como o Dr. Antão Fernandes de Carvalho, que com o seu saber, carácter e influência muito contribuíram para a sua criação.

Nasceu no ano de 1871, no lugar de Vila Seca, freguesia de Poiares e concelho de Peso da Régua.

Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e ocupou lugares de destaque como o de deputado, Presidente da Comissão de Viticultura da Região do Douro, Presidente da Câmara do Peso da Régua, Secretário do Estado do Comércio, sub-Secretário do Estado da Presidência, Ministro da Agricultura, do Comércio e Pescas e outros cargos que seria fastidioso aqui referir.

Veio a falecer em 1948.

Morreu o homem, mas ficou a obra...bem-haja.

Citando Carlos Amorim: "A sua figura máscula, hercúlea, bem vincada, à beira do grande edifício, é como que uma sentinela, sempre firme no seu posto, a vigiar e a guardar."
- In Villa Regula - Março de 2000 - texto de Marco Aurélio Peixoto

O Barão de Forrester

O Barão de Forrester, de nome Joseph James Forrester, nasceu em Hull, na Escócia, a 21 de Maio de 1809.

Veio a falecer, vítima de um acidente de barco, no Cachão da Valeira, em Maio de 1861.

Chegou a Portugal em l830 e dedicou-se desde muito cedo à carreira comercial, ajudado nesse tempo por um tio, grande comerciante na cidade do Porto.

Tornou-se num homem distinto, de grande cultura, deixando-nos uma extensa obra bibliográfica. Também foi poeta, desenhista e aguarelista.

Além do inúmeros mapas da região demarcada, ele foi o autor do importante mapa "O Douro Português", traçando o curso deste rio desde a fronteira espanhola até à foz. Este excepcional trabalho fez com que o governo lhe atribuísse o título de Barão, honraria pela primeira vez atribuída a um estrangeiro.

Como nesse tempo o acesso para o Douro era difícil, mandou construir um barco do gênero rabelo, ricamente decorado e apetrechado, onde oferecia jantares aos seus amigos. A tripulação era muito bem remunerada e magnificamente uniformizada.

Quando se encontrava hóspede de D. Antónia Adelaide Ferreira, veio a encontrar a morte no barco em que se fazia transportar numa viagem de recreio, voltando-se, no traiçoeiro ponto do Cachão da Valeira.

Socorridos por outro barco, salvaram-se todos menos o referido barão, uma criada e um criado.

Dizem que D. Antónia se salvou graças aos seus vestidos, que se comportaram como um perfeito balão, e o barão se afogou porque levava na sua faixa uma quantidade apreciável de moedas em oiro.

Morreu e ficou sepultado no lugar que mais o impressionava, chegando a desenhá-lo por duas vezes. Foi uma perda irreparável.
- In Villa Regula - Dezembro de 1999 - Texto de Marco Aurélio Peixoto.

Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua
A solidariedade por uma vida mais digna
A Santa Casa da Misericórdia da Régua foi criada em Fevereiro de 1928. Ao longo dos tempos viveu fases de grandes carências, mas nos últimos anos cresceu a olhos vistos e atualmente possui uma série de serviços bem organizados e que respondem a praticamente todas as necessidades dos que procuram a sua ajuda.

Gente de todas as idades vem a esta casa em busca de solidariedade e companhia ou para viver em tranqüilidade os dias que lhe restam.

A Santa Casa da Misericórdia possui um centro infantil, freqüentado por 35 crianças dos três meses aos três anos, e um centro de educação pré-escolar com 75 crianças, entre os três e os seis anos. Para além disso, tem ainda salas de apoio ao ensino básico frequentadas por 64 crianças.

A Santa Casa da Misericórdia da Régua alberga, em regime de internato, cerca de 30 jovens com idades compreendidas entre os dois e os 33 anos. A maior parte delas cresceram aqui. Têm uma vida igual a todas as outras jovens e frequentam a escola. João Pereira, provedor desta casa, afirma que "há duas jovens a frequentar cursos superiores e todas elas, desde que o seu comportamento e a sua capacidade o permitam, vão ter essa oportunidade".

SOLIDARIEDADE E LIBERDADE - À partida, a Santa Casa da Misericórdia alberga os jovens até aos 18 anos. Depois, a maior parte delas arranja emprego ou casa-se e segue o seu rumo. De vez em quando regressam para fazer umavisita, recordar velhos tempos e partilhar memórias com a nova família.

No caso de terem dificuldades, as jovens podem continuar a contar com o apoio desta casa.

João Pereira afirma que todas as jovens que vivem na Santa Casa da Misericórdia da Régua estão integradas na sociedade reguense, apesar de uma grande parte delas virem de outras terras, "talvez porque não há na região instituições deste género e porque esta casa já adquiriu um estatuto especial. Toda a gente reconhece a capacidade desta casa na educação e no acompanhamento das jovens", diz João Pereira. Na Santa Casa da Misericórdia da Régua, as jovens têm liberdade para participar em atividades desportivas e culturais noutras instituições e associações da cidade, "para que sintam e saibam que são iguais a todas as outras". Algumas praticam voleibol no Clube de Caça e Pesca, outras praticam dança e algumas estão integradas em grupos da igreja. "No dia 24 de Julho (1999) estiveram todas no estádio Nacional a ajudar a compor o logotipo humano de candidatura de Portugal ao Europeu 2004", conta João Pereira.

UM OMBRO AMIGO - Dentro de casa, todas estas jovens têm o apoio e a ajuda que necessitam, tanto nos estudos como na sua vida pessoal. Ao fim da tarde uma explicadora dedica-se a tirar as dúvidas que ficaram daquele dia de escola, para que todas tenham sucesso nos estudos. E no provedor, sabem que têm um ombro amigo para pôr questões e pedir conselhos sobre tudo. João Pereira está, atualmente, empenhado em conseguir o apoio técnico de uma psicóloga para estas jovens, porque, afirma: "estão na idade da rebeldia, que é perfeitamente natural, e queremos dar-lhes o acompanhamento que merecem se precisarem". Mas orgulha-se do fato de as jovens da Santa Casa da Misericórdia da Régua, rebeldes ou não, terem um comportamento exemplar e nunca terem criado problemas graves.

UM ESTÍMULO PARA OS IDOSOS - Os idosos têm na Santa casa da Misericórdia um abrigo e um estímulo a uma vida útil e saudável. Em regime de internato vivem aqui atualmente 60 idosos e freqüentam o Centro de Dia 10.

A lotação está esgotada, como acontece nas restantes faixas etárias, e há uma lista de espera de mais de 100 idosos para serem acolhidos por esta casa. Aqui, a ocupação dos tempos livres dos idosos está garantida. A maior parte das mulheres dedica-se à execução de rendas e bordados, há quem tenha uma paixão e um talento especial para artesanato e há quem goste de trabalhar e cultivar a terra. Os trabalhos que produzem são exibidos e vendidos em diversas exposições na cidade, para ajudar a pagar as excursões que realizam.

Já foram a Fátima, a S Salvador do Mundo, à Senhora da Lapa e deram um passeio de barco com o apoio do Instituto de Navegabilidade do Douro e da Câmara Municipal. "É uma forma de sentirem que estão capazes e que podem ser úteis", diz João Pereira.

Muitos destes idosos também ocupam os tempos livres em passeios pela cidade e regressam à hora das refeições. Deste modo, mantêm-se integrados na sociedade e preservam os amigos.

CENTRO RENAL - Nos últimos anos, a Santa Casa da Misericórdia da Régua melhorou as suas instalações e os seus serviços. Várias obras foram levadas a cabo com o apoio da Segurança Social, nomeadamente a criação do lar de idosos e a melhoria das condições da sede. Algumas ações legadas por D. Antónia Adelaide Ferreira, conhecida como a "Ferreirinha" e que foi a grande benemérita desta casa, também contribuiram para o investimento.

Para além disso foi ainda construido um prédio de rendimento com dois pisos. No primeiro estão habitações alugadas a casais de idosos com maiores possibilidades financeiras. No rés-do-chão, a Santa casa da Misericórdia fundou um centro renal, inaugurado em Junho passado (1999). "Entendemos que a nossa função não se deve limitar ao apoio a jovens e idosos, mas também aos carenciados em termos de saúde" , explica João Pereira. Por enquanto, o centro renal está a funcionar parcialmente e apenas com doentes da região de Viseu., mas brevemente a população do distrito de Vila Real vai poder contar com este Centro para os seus tratamentos.

MELHORES CONDIÇÕES - Para os próximos tempos, a Santa casa da Misericórdia da Régua tem projetos cujo objetivo é a melhoria crescente das condições de trabalho e de quem aqui vive. Para as crianças está em vista a contratação de um animador desportivo e cultural, a construção de um parque infantil coberto no espaço exterior da casa e a criação de campos de mini-basquete, voleibol e andebol. Além disso, está em projeto a criação de uma biblioteca. Mas os projetos vão mais longe. Um dos edifícios desta casa, contíguo à sede, está a beneficiar da remodelação de todo o seu interior, com vista a melhorar as instalações. João Pereira explica que o edifício "já está velho e além disso as jovens internas, ali alojadas, não tinham privacidade, dormiam em quartos de oito". Quando as obras estiverem terminadas, vai haver um quarto para cada duas jovens, com casa-de-banho privativa, aquecimento e ar-condicionado. Com a remodelação deste edifício vão ser melhoradas também as instalações da secretaria, lavanderia, salão nobre, gabinete da provedoria, cozinha e sala de jantar.

Com o apoio do Instituto do Emprego e da Formação Profissional de Vila Real foi possível arrancar com uma ação destinada a auxiliares de educação das crianças. O primeiro módulo já se concluiu e está agora a decorrer outro até Junho do ano 2000. Estão 15 funcionários da Santa Casa da Misericórdia e cinco de outras instituições amigas e vizinhas a freqüentar esta ação de formação. Posteriormente, vai arrancar um outro módulo para as funcionárias que lidam com os idosos.
- In Villa Regula de Dezembro de 1999 - Texto de Olga Magalhães.

Nota - Face ao tempo passado desde a publicação desta reportagem, fatos, datas, pessoas e acontecimentos poderão ter-se sucedido e alterado. Assim pedimos vossa compreensão, porque o importante é levar ao mundo que a Régua, além do Marão, do vinho, do rio Douro, de suas belezas geográficas e seu povo trabalhador e hospitaleiro, também sabe educar e respeitar as crianças menos favorecidas e acolher e minimizar a solidão de seus idosos. Bem hajam todos que exercem alguma função na Santa Casa da Misericordia da Régua.
- J. Luis Gabão
(Clique nas imagens acima para ampliar. Transferência de arquivos dos sitios "Peso da Régua/Pemba" que serão desativados em breve)