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domingo, 24 de novembro de 2013

SER BOMBEIRO

Ser bombeiro. Eis o sonho de qualquer rapaz, pelo menos do tempo dos meus verdes anos. Guiar camiões também não era desejo ausente nas nossas cabeças de imaginação sem limites e de vidas imaginadas como eternas, mas ser bombeiro é que era.    

O aperalto das fardas e o reluzir dos capacetes eram de todo o encanto. Mas o toque da sirene, o rodopio aflito dos homens que impulsivamente obedeciam ao seu som e o estridente arranque dos carros em direcção à adivinhada tragédia faziam brotar a certeza absoluta de que um dia podiam contar connosco.

Ir-se para bombeiro era, ao fim de contas, concretizar-se em adulto algo que em criança se desejou. Bastava que, com o devir os anos, a flor do querer nascida na imaginação não fenecesse por falta de alimento, ou porque outros anseios lhe ocuparam entretanto o lugar.

Do conjunto destes sonhos e destas capacidades de imaginação, entrelaçados com a vontade de servir quem a dado momento mais necessita, nasceram as associações humanitárias destinadas ao valor supremo da solidariedade, inequivocamente o sentimento que diferencia os homens dos restantes seres vivos deste nosso planeta azul.

Foi o caso da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, em boa hora surgida no já longínquo dia 28 de Novembro de 1880. Era então a vila, seu berço, uma das mais luzidias de todo o interior de Portugal, mercê das suas potencialidades naturais e do labor dos seus habitantes, homens de visão e de forte empenhamento empresarial e cívico.

Foi, sem sombra de dúvida, um acontecimento marcante na vida de todos nós, quer na dos que nos antecederam, quer na dos que nos seguirão num tempo que não viveremos, mas que nos compete garantir.

Não testemunhei em presença, como é óbvio, os momentos do nascimento da corporação dos bombeiros da Régua. No entanto, quase consigo imaginar as horas, os dias, e os meses em que se pensou e se preparou tão feliz acontecimento. Tive o gosto e o privilégio de rebuscar documentos que singelamente organizei de forma a lhe dar alinhamento em livro, e bem sei das canseiras que então se viveram. Nada me custa pois, então, garantir a justiça de qualquer homenagem feita ou a fazer, mais não seja pelo exemplo de todos os que, ao longo de décadas, dispensaram tempo e canseiras a tão insigne obra.

Graças a eles, na segunda metade da centúria de mil e oitocentos, a vila do Peso da Régua ficou dotada de forma pioneira com um corpo activo de bombeiros abnegados, briosos e altruístas.

A comunidade agradeceu-lhes e soube, podemos hoje testemunhar, louvá-los com a renovação humana de um conjunto de elementos que em tempo algum se negou ao auxílio e à acção em prol dos outros, sempre com sacrifício e por vezes até com a própria vida. Até hoje, os exemplos de antes servem de suporte e de molde orientador aos que agem e servem recebendo em troca muito pouco ou nada, garantindo, no presente, um futuro que, já não sendo o que era, não pode mesmo assim ser encarado sem optimismo e sem esperança.

No decurso de século e meio de vida, pouco falta, pelos lados dos bombeiros da Régua viveram-se, como em tudo na vida, momentos mais tristes e mais complicados, mas viveram-se também momentos de alegria e de festa. Quer nuns, quer noutros, nunca mingou a coragem e sempre imperou a dignidade.    

Diz-nos a História que a A. H. B. V. Peso da Régua sempre esteve na vanguarda sem conhecer a inércia ou o comodismo. Instalou-se a sede primeiramente ao cimo da Rua Serpa Pinto, passou-se para a Rampa Dr. Dias, e depois, ia o século XX a meio, deu-se forma ao actual quartel, um dos mais belos e emblemáticos edifícios da cidade reguense. Equipamentos materiais, esses, sempre foram do mais moderno e melhor, para acção que nunca faltou.

Para memória, ficaram-nos os testemunhos de acontecimentos, entre outros, como a enorme derrocada nas Caldas do Moledo em 1904, que destruiu edifícios e arrastou trinta pessoas até às águas do rio Douro, além das inúmeras cheias do rio que nos dá o ser e cujos humores nos habituamos a respeitar com desassombro, pois sabemos com quem podemos contar. Na região duriense, em Lamego, em 1911 e em 1918; em Mesão Frio, em 1916 e em 1957; em Laurentim, em 1929, e noutros locais, sempre os bombeiros da Régua, souberam dar testemunho da sua valentia. Mas também na Régua, como não podia deixar de ser, a sua acção foi de elevada índole e de ímpar brio. Em 1915, aquando da revolta popular que incendiou a repartição das Finanças; em 1919, quando as forças revoltosas e monárquicas incendiaram o edifício do Asilo José Vasques Osório; em 1937, no terrível incêndio que lavrou no edifício da Câmara Municipal; em 1956, quando foram consumidos os armazéns de uma firma de vinho do Porto na Avenida Dr. Manuel Arriaga, e em 1953, quando ardeu por completo o empório de secos e molhados “Casa Viúva Lopes”, e em cujo combate pereceu o bombeiro João Figueiredo, conhecido por João dos Óculos.      

Para a história dos momentos grandiosos, ficou a organização, em 1980, do 24º. Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, que trouxe à Régua milhares de bombeiros e dirigentes, à semelhança do que sucedeu recentemente em 28 a 30 de  Outubro de 2011.

Ser bombeiro é, pois, um sonho de qualquer criança. Mas ser bombeiro da Régua será inquestionavelmente um motivo de orgulho de todo o adulto que, mesmo não envergando tão distinto uniforme, bem pode ver-se como elemento de tão altruísta associação cívica.
- Manuel Igreja. Actualizado em Novembro de 2013.

Clique na imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2013. Actualizado em Novembro de 2013. Imagem e texto cedidos pelo Dr. J. A. Almeida para este blogue. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Uma Chamada na Eternidade

Camilo de Araújo Correia

Pelo que os jornais disseram abertamente e os amigos falaram à boca pequena, a última eleição dos elementos directivos dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua teve aspectos de braço de ferro e ranger de dentes.

Não cabe no meu comentário referir as serpentinas e garrafinhas de cheiro que das duas falanges atiraram uma à outra, traduzindo pútridos fermentos de incuráveis frustrações.

Eu sei que eleições são eleições e falanges são falanges. O que eu não sabia era que o recurso ao “vale tudo” pudesse um dia acontecer nos garbosos e briosos bombeiros da minha terra.

Mas aconteceu.

Os rapazes do Corpo Activo, toldados pelo miasma político latente, pousaram a machadinha, só porque não ganhou a lista da sua simpatia!!! E não se julgue que foi gesto indigesto de momento. Noventa por cento dos bombeiros já se negou a prestar serviço.

Esta atitude insuspeitada em mais de cem anos de História impoluta, não surpreendeu, tanto assim, o homem que hoje sou, um pouco capaz de acreditar em tudo.

Quem se surpreendeu até à comoção foi aquele menino que anda dentro de nós e um dia recordei:

“Relacionam-se com os nossos bombeiros as memórias dos meus primeiros raciocínios.

Estivesse onde estivesse, a brincar, a comer ou a dormir, logo acorria ao ruído marcial da sua passagem.

Toda a gente me dizia que os bombeiros, mal tocavam a fogo os sinos do Peso e do Cruzeiro, acorriam, sem demora, à casa que estivesse a arder. Mas… como podiam correr, assim, em duas fileiras e com aquele passo? O que mais me intrigava era a limpeza das fardas. É que eu, com duas voltas no quintal, sem apagar fogo nenhum, ficava logo com o bibe a merecer umas surras da minha mãe.

Receio bem que o meu desejo de ser bombeiro não tenha sido tão puro como o de todas as crianças do mundo. Lembro-me perfeitamente de quando me apeteceu ser bombeiro. Foi logo a seguir a um grande ataque de inveja. É melhor contar tudo inteirinho…

Foi numa tarde de calor e tourada. O cimo da Régua era um mar de gente que se agitava de cada vez que aparecia um figurante da corrida, já vestido para o efeito. Eu andava ali bem seguro pelas mãos de meu pai e de meu avô. De vez em quando, ouvia-se uma corneta que me enchia de entusiasmo e de medo.

Houve até um certo pânico, quando um cavalo, de grande pluma vermelha, subiu o passeio. A certa altura, que vejo eu? Um bombeiro de palmo e meio aos ombros de um homenzarrão!

Os meus olhos nunca mais se despegaram daquele capacete de oiro e daquela machadinha de prata.

Quando a inveja me deixou falar, perguntei ao meu pai:

- Aquele menino é bombeiro?

- Não… é a mascote!

- É o filho do Zé Pinto. - disse-me, depois, voltado para o meu avô.

Eu não sabia, é claro, o que era ser mascote. Mas fiquei a saber, dolorosamente, que as crianças podiam usar farda, capacete e machadinha como os bombeiros grandes”.

Naquele tempo os meninos vestiam a farda para serem homens. Os homens de hoje despem-na para serem nada.

Quero fazer uma chamada na eternidade, nesta hora de passar a revista cá na terra a uma formatura de nadas:

- Manuel Maria de Magalhães…
- Presente!

- José Afonso de Oliveira Soares…
- Presente!

- Joaquim de Sousa Pinto…
- Presente!

- Camilo Guedes Castelo Branco…
- Presente!

Sempre fiéis à sua Corporação, à sua terra, a si próprios! Mesmo no infinito.

Nota: Esta memorável crónica encontra-se publicada no jornal “O Arrais”, de 17 de Outubro de 1990. Comenta um dos episódios da instituição, com traços de humanidade, de ternura e uma fina ironia invocando o exemplo de homens intocáveis como a referência cívica e ética. O Dr. Camilo de Araújo Correia foi um dos nossos: para além de ser director do extinto jornal “Vida por Vida”, órgão oficial da Associação foi um ilustre Presidente da Direcção (1964-65) desta Associação.

UMA CHAMADA NA ETERNIDADE
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 3 de Novembro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
Clique  na imagem acima para ampliar. Colaboração de texto e imagem do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2011. Actualizado em 4 de Novembro de 2013.

UMA VOLTA CÁ POR DENTRO

Relacionam-se com os nossos bombeiros as memórias dos meus primeiros raciocínios.

Estivesse onde estivesse, a brincar, a comer ou a dormir, logo acorria ao ruído marcial da sua passagem. Não ia longe o entusiasmo que me tinha arrancado ao que estava a fazer. Logo o meu espírito começava a intrigar -se com a rigidez daquelas fileiras, a limpeza daquelas fardas e a refulgência daqueles machados. Toda a gente me dizia que os bombeiros, mal tocavam a fogo os sinos do Peso e do Cruzeiro, acorriam, sem demora, à casa que estivesse a arder. Mas... como podiam correr, assim, em duas fileiras e com aquele passo? Depois, parecia-me impossível ficarem sempre como a prata as machadas, sendo a de partir a lenha em nossa casa uma vergonha de bocas e negrume, além de lhe estar sempre a sair o cabo... O que mais me intrigava ainda era a limpeza das fardas. É que eu, com duas voltas no quintal, sem apagar fogo nenhum, ficava logo com o bibe a merecer umas surras da minha mãe.

Receio bem que o meu desejo de ser bombeiro não tenha sido tão puro como o de todas as crianças do mundo. Lembro-me perfeitamente de quando me apeteceu ser bombeiro. Foi logo a seguir a um grande ataque de inveja. É melhor contar tudo inteirinho... 

Foi numa tarde de calor e de tourada. O Cimo da Régua era um mar de gente que se agitava de cada vez que aparecia um figurante de corrida, já vestido para o efeito. Eu andava ali bem seguro pelas mãos enormes de meu pai  e de meu avô. De vez em quando, ouvia-se uma corneta que me enchia de entusiasmo e de medo. Houve até um certo pânico, quando um cavalo de grande pluma vermelha subiu o passeio. A certa altura que vejo eu? Um bombeiro de palmo e meio aos ombros de um homenzarrão!
Os meus olhos nunca mais se despegaram daquele capacete de oiro e daquela machadinha de prata... Quando a inveja me deixou falar, perguntei a meu pai:

- Aquele menino é bombeiro?

- Não... é a mascote!

- É o filho do Zé Pinto – disse-me, depois, voltando para o meu avô.

Eu não sabia, é claro, o que era ser mascote. Mas fiquei a saber, dolorosamente, que as crianças podiam usar farda, capacete e machadinha como os bombeiros grandes.

É bem certo que neste mundo é que elas se pagam. Deus, na sua infinita ironia, acabou por me fazer bombeiro, cerca de trinta anos depois do meu ataque de inveja. Vim a ser Presidente da Direcção por entusiasmo e crédito de um punhado de amigos. Não pensaram na minha desesperada falta de tempo...Tive de abandonar com o dedo imperioso da profissão espetado nas costas.

Tudo acabaria muito bem, se ficasse por aqui. Mas é que eu viria a ter anos depois, a sobrinha mais travessa que Deus ao mundo deitou!...

Um dia, num chá de certa cerimónia e sem vir a propósito, saiu-se com esta:

- O meu tio já foi bombeiro, mas teve que sair porque não apagava nada.

Os risinhos das senhoras, mal disfarçados, atravessaram-me como alfinetes...
De cada vez que me pregava esta partida, tentava fazê-la compreender que o meu papel de Director não era ir aos incêndios, nem apagar fosse o que fosse, por mais que as coisas ardessem à minha volta. Em vão procurei convencê-la de que os bombeiros também têm escritório com secretárias cheias de papéis...

De cara fechada e olhos trocistas dizia sempre:

- Sim... sim...

Paguei bem paga a inveja que me fez o capacete e a machadinha daquele bombeiro de palmo e meio aos ombros de um homenzarrão, numa tarde de calor e de tourada.
Camilo de Araújo Correia
Nota: Esta deliciosa crónica foi publicada  na revista comemorativa do 100º Aniversário da AHBV do Peso da Régua, comemorado no dia  28 de Novembro de 1980.

Clique  nas imagens para ampliar. Texto e imagens originais cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Também publicado no semanário regional "O ARRAIS", edição de 14 de Novembro de 2012. Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Actualizado em Novembro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

sábado, 20 de abril de 2013

UM ALUNO MEU

Nota - Esta deliciosa crónica - e ainda muito actual no seu tema - a apelar ao sentimento grandioso de humanismo dos bombeiros foi publicada no jornal "Vida por Vida", órgão oficial da A. H. dos Bombeiros da Régua, em 6 de Maio de 1968. O seu autor, um grande professor do ensino primário, um talentoso jogador de futebol do Sport Clube da Régua, um homem bom, que foi um grande e anónimo benemérito da nossa instituição, faleceu, com 80 ano de idade, no dia 14 de Abril de 2013. Ao Professor Eurico, como caridosamente o tratávamos, esteja onde agora estiver, os bombeiros da Régua reconhecem a sua maior gratidão pela ajuda que lhes prestou em toda a sua vida. Que na Eternidade, a sua Alma descanse em Paz.
- José Alfredo Almeida, Abril de 2013
…é que eu gostava muito de ser bombeiro
Professor Eurico A. Patrício

Ao som da sirene, na sua expressão infantil, mas já denotadora de personalidade forte, costumo notar-lhe uma mudança brusca, como que se todo o seu íntimo fosse abalado por frenesim que lhe transmite vida, ânimo, movimento.

A atenção desvia-se-lhe e o seu olhar fita-se para além da janela, abstracto, longínquo, como se aquele som, que nos fere os ouvidos, o chocasse irresistivelmente, o obrigasse a fugir da sua carteira de escola e o atraísse, qual poderoso íman, para o som estridente que se prolonga para além do rio, galga montes e leva a má nova ares além.

Fica inquieto, longe de mim e dos companheiros tão próximos. Noto, porém, que no palmito de cara não há manifesto de medo. Não lhe vislumbro no olhar o estigma do receio, antes lhe brilha na expressão algo corajoso que me diz existir no íntimo daquele meu aluno uma necessidade de ir algures, ajudar, salvar, acudir a quem precisa.

Que sei eu? Nestes momentos tenho a convicção, e que prazer indefinível sinto nisso, que aquele rapaz nervoso, irrequieto, mas bom, há-de um dia ser um homem.

Não o será apenas no corpo, que este é mera e fugaz passagem cá por baixo. Há-de sê-lo em espírito, sentimentos, coragem e humanismo, altruísmo.

Há-de renunciar muitas vezes ao prazer, à comodidade e até à segurança pessoal, para correr ágil, apressado, aflito até, à chamada do toque aflitivo que não o convida à alegria nem ao prazer, mas sim, e ele compreende-o bem, ao sacrifício, à abnegação e até, quantas vezes, à dádiva da própria vida.

Frequenta a 3ª classe o miúdo. Não é um aluno brilhante, excepcional, mas não é todavia um mau aluno.

É regular, um pouco acima da mediania. As suas qualidades impõem-no aos condiscípulos que o admiram e respeitam. É  pontual, metódico, ordenado e está sempre pronto a resolver  qualquer dificuldade ao seu alcance e que um colega menos dotado lhe apresente para solução. É altruísta.

Não se envaidece com a superioridade manifesta em relação a uns, nem se amofina que outros mais dotados o excedam. É modesto.

Sente-se bem nas suas possibilidades, mas procura aperfeiçoar-se e progredir lutando teimosa e persistentemente para alcançar os seus objectivos. Gosto muito dos meus alunos. Mas, perdoe-se-me a franqueza por me sentir um pouco mais inclinado para este a que me venho referindo. As suas qualidades granjearam-lhe do seu professor um lugar de primazia e uma admiração particular.

No quartel dos nossos bombeiros soou há dias, forte como sempre, e a chamar os nossos briosos Soldados da Paz à sua humanitária missão, a atroadora sirene.

Como que pressentindo que algo de anormal se iria passar com o pequeno, observei-o dissimuladamente. A reacção habitual manifestou-se, mas desta vez mais forte, mais excitante e mais intimativa.

Eu, que quase adivinhava o que se passava no íntimo do Joaquim, é este o seu nome, para me certificar de que não me enganava, perguntei-lhe se estava doente, se se sentia mal, se queria ir até lá fora. Que não, que estava bem, dizia-me ele. Dizia-o de boca, que a expressão e o corpo traíam-no sem ele o poder evitar.

Os outros miravam-no atentos e pairava no ar uma expectativa que os mantinha presos ao seu companheiro.

Propus-me aproveitar o momento, que tão oportuno se deparava, e interroguei novamente o Joaquim.

- Que tens rapaz, pareces tão aflito?

- Nada sr. Professor, mas…é que eu gostava muito de ser bombeiro.

Que grande lição de amor ao próximo nos deu nesse dia o pequenito!

E eu, cuja missão é guiar crianças para no futuro serem homens na verdadeira acepção da palavra, senti que a escola pode e deve, ao mesmo tempo, indicar-lhes o espinhoso, mas tão nobre caminho que os eleva acima de todos os egoísmos: 

O caminho que conduz às fileiras dos Bombeiros.
- Peso da Régua, 6 de Maio de 1968, professor Eurico A. Patrício (in memoriam)

Clique na imagem para ampliar. Texto e imagem cedidos por Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Abril de 2013. Também publicado no jornal semanário regional "O ARRAIS" edição de 17 de Abril de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os Bombeiros da Régua na Filatelia

132º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA

8 documentos, com relevância para o documento nº.  6, que é um postal criado nos anos 60 e também para os documentos nºs. 7 e 8, que representam o selo dos correios criado em 2009 para uso na correspondência enviada  pela  Associação dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

- José Alfredo Almeida*, Peso da Régua, Novembro de 2012


O Dr. José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também cronicas que registam neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária e fatos do passado e presente da bela cidade de Peso da Régua.

Clique  nas imagens para ampliar. Edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Recortes: O Desastre de Laurentim

A acção dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, no chamado "Desastre de Laurentim", em S. Marta de Penaguião, e que foi relatada no extinto Jornal dos Bombeiros, em Agosto de 1929:
Fonte:
Clique nas imagens para ampliar. Imagens cedidas pelo Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Outubro de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE PESO DA RÉGUA na Imprensa

Quartel de Bombeiros - BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE PESO DA RÉGUA
NORTE - JORNAL DE NOTÍCIAS - Página 21 - Terça-feira, 15 de Março de 2011
D. Antónia “Ferreirinha” foi a sócia número um
Obras do quartel concluídas até Outubro para receber o 41.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses
Ana Margarida tornou-se uma espécie de mascote da corporação
(Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
Bombeiros da Régua -Ana Margarida tornou-se uma espécie de mascote da corporação