quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Recortes - RÉGUA, antes... RÉGUA, depois...

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Entre Margens: o Douro em Imagens


O Douro une Lamego, Mirandela, Peso da Régua, Porto, Santa Marta de Penaguião e Vila Real através da Fotografia em Espaço Público.
Entre Margens é um projecto que intervém nos centros históricos de 6 cidades da Região do Douro através de exposições de fotografia e espectáculos.

Entidade promotora: Fundação Museu do Douro
Direcção Artística: Procur.arte

Parceiros:
Câmara Municipal de Lamego
Câmara Municipal de Mirandela
Câmara Municipal de Peso da Régua
Câmara Municipal do Porto
Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião  
Câmara Municipal de Vila Real

Na expectativa de poder contar com a V. presença segue o programa do mês de Setembro.
Com os melhores cumprimentos.

Helena Freitas
Gabinete de Comunicação

FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO
Museu do Douro - Prémio Museu Europeu do Ano 2011 | Menção Especial do EMYA
Rua Marquês de Pombal | 5050-282 Peso da Régua | Portugal | www.museudodouro.pt | Facebook
Programação para Setembro 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Em tempo de Festas de Nossa Senhora do Socorro recordo Jaime Ferraz Rodrigues Gabão

Em Memória de Jaime Ferraz Gabão - Por M. Nogueira Borges – Publicado no boletim de Festas de Nossa Senhora do Socorro – Peso da Régua - 1994. (Atualização)

Conheci-o em Porto Amélia. O meu destacamento, sediado em Quelimane, viera substituir uns "cocuanes"* que estavam de regresso à Metrópole. Para trás deixava a luxúria dos palmares de Penabe, o esmagamento das infindáveis plantações de chá do Gurué, o silêncio e os ruídos da selva esplendorosa de Mocubela ou Maganja da Costa, a confraternização da boa gente da capital da Zambézia.

Foi em Março de 1968. Em Lisboa, Salazar ainda não agonizava, e Marcelo Caetano repartia o seu tempo entre a Faculdade de Direito, a reescrita do seu Manual de Direito Administrativo e o seu escritório de jurisconsulto ali para os lados da Rua do Ouro, mal sonhando que, em finais desse ano, ocuparia S. Bento para assistir, num desterro brasileiro, ao funeral do Império. Em Lourenço Marques, a Polana estava cheia de sul-africanos e os ecos do Norte mal chegavam às esplanadas.

O Jaime Ferraz Gabão era, a par da sua actividade profissional numa empresa algodeira, o correspondente, para o distrito de Cabo Delgado, do mais prestigiado jornal Moçambicano - o Diário de Moçambique** - e criava, semanalmente, uma página regional onde dava oportunidade a jovens colaboradores. Uniu-nos a paixão pêlos jornais. Essa afinidade gerou entre nós uma profunda estima e, com o tempo, à medida que nos íamos conhecendo, uma amizade tão grande que, ainda hoje, à distância de vinte e seis anos, nem sei como definir.

O Jaime era uma alma generosa e não queria morrer com remorsos nem deixá-los aos vivos. Abandonara a Régua quando os seus sonhos se desfizeram e a realidade que os seus olhos contemplavam era tão crua que não hesitou quando um velho amigo o convidou para abalar até às paragens do indico.

Feito, posteriormente, o reencontro com a Mulher que sempre o acompanhou até ao fim dos seus dias, o meu saudoso amigo ganhou a paz a que todo o ser humano tem direito quando se está de bem com Deus e os seus semelhantes.

África dera-lhe a razão da vida e a justificação para a partilhar. Sob o tecto africano, nos dias abrasadores ou nas noites do cacimbo, o Jaime consumia e retemperava as energias de um homem que, no nosso Douro, herdara o amor do trabalho honrado. Nunca foi patrão nem capataz, nunca ostentou ou humilhou, nunca cortejou poderosos nem desprezou deserdados, nunca separou brancos de um lado e pretos do outro. Amou a África porque a África - caros leitores - é encantamento deslumbrante, um chamamento emocional que arrebata, uma sedução tão arrepiante que não há palavras para a descrever, só sentindo-a, calcorríando as picadas inóspitas e engolindo o seu pó, bebendo água do coco ou dos pântanos solitários, aganando sob o fogo do seu sol ou tremendo nas suas madrugadas de névoa.

Eu entrava em casa do Jaime Ferraz Gabão sem bater à porta, sentava-me à sua mesa sem perguntar onde era o meu lugar, conversávamos horas sem fim no deleite do entardecer, íamos e vínhamos pelas ruas e cafés de Porto Amélia com a naturalidade de quem vivia o tempo todo na fruição plena da fraternidade e as areias da praia de Wimbe já conheciam os nossos pés nas manhãs de Domingo.

Findo o meu tempo de serviço militar regressei à minha aldeia e o Jaime por lá ficou. Ainda recordo, comovido, as nossas lágrimas de despedida.

Um dia, nas sequelas da tal exemplar descolonizaçâo, ele voltou, também, às suas origens. Foi um trauma de que nunca se curou. Aquilo foi como uma traição que, na sua boa fé, não contava; um murro medonho na esquina da sua vida, na pureza da sua certeza patriótica. Desgastado e amargurado, vendo, mais uma vez, o seu ideal a fugir-lhe, mastigou em seco muitas desilusões e incompreensões. Pertencia àquele tipo de homens que não tem pele de elefante porque cultivava a franqueza e a capacidade de perdão. Custava-lhe a ruindade à sua volta, os anátemas dos retornados, a indiferença por uma terra e por uma causa que interiorizara tão profundamente que alturas tinha em que já não sabia se as raízes eram mais fortes - ou mais fracas - do que as saudades dolorosas dos batuques, do cheiro das queimadas, dos dias em mangas de camisa, da leveza das brisas da baía de Pemba, do carregado das trovoadas no mato, do odor a catinga ou dos gritos da hiena sem companhia.

O jornalismo enganou-lhe as recordações, sublimando-as em descrições sempre apaixonadas mas nunca desonestas. Sabia que um jornal, fosse qual fosse o seu dono, não era um palco de propaganda, nem um púlpito de ressabiados pessoalismos, nem um ócio de frustrados a envenenarem relações, nem um palanque onde os vencidos políticos ruminassem vinganças. Praticou um jornalismo de transparência porque não ocultava o relevante e, quando assumia a opinião, não ofendia sentimentos nem provocava a consciência alheia. Tinha a educação herdada do berço e cultivada no pragmatismo do quotidiano. Escreveu muitas páginas de memórias das terras e das gentes por onde andou e viveu sem verbalismos ou maniqueísmos. Viveu o dilema dos que, conhecedores dos largos espaços, se ressentem, sofrídamente, das estreitezas dos horizontes, onde, afinal, a poesia da alma se reflecte no limite dos muros da indiferença das coisas e das pessoas. Sem sabedorias arcádicas ou carreiras/academistas, mas possuidor de um entusiástico autodidactismo. O Jaime Ferraz Gabão transformava a simplicidade escondida na mais bela descoberta. Homem solidário, condoía-se de um pé descalço e não dominava as revoltas do seu sangue. Se é preferível a responsabilidade dos gestos que não praticamos porque outros nos impedem aos que não fazemos porque a eles nos recusamos, o Jaime culpava-se de todas as injustiças do dia a dia da vida. Era um espírito em permanente responsabilização e nunca contente de ver realizar-se o que se deve. Se aqui recordo o Jaime Ferraz Gabão neste livrinho das Festas em Honra de Nossa Senhora do Socorro, onde ele sempre colaborava com alegria, não é só para que conste, mas também para implorar à nossa Padroeira que, não se esquecendo de todos nós - os vivos - não olvide o meu querido e saudoso Amigo que, na Fé, viveu sempre, mesmo quando a morte já lhe rondava os passos.
- Por M. Nogueira Borges – Boletim das Festas de Nossa Senhora do Socorro de 1994 (“recorte” cedido gentilmente por J A Almeida).

* - "cocuanes" termo adaptado do idioma macua e que quer dizer velho(os), no caso: "...viera substituir uns militares mais antigos".
**retifico - Jaime Ferraz Gabão era correspondente e distribuidor para Cabo Delgado do Diário de Lourenço Marques com sede em Lourenço Marques, atual Maputo. Embora colaborasse eventualmente com outros jornais moçambicanos e portugueses, o Diário de Moçambique estava sediado na cidade da Beira e, se a memória não me falha, seu correspondente para Cabo Delgado era o também saudoso Administrador Zuzarte.
  • Jaime Ferraz Rodrigues Gabão citado no portal do Sport Club da Régua - Aqui!
  • Cartal de Longe - Lembrando o cidadão e  o jornalista Jaime Ferraz Rodrigues Gabão - Aqui!
  • UM DE NÓS - Em Memória de Jaime Ferraz Gabão - Aqui!
  • Várias 'ligações'(post's) que comentam Jaime Ferraz Rodrigues Gabão - Aqui!

RECORDANDO... - Por Jaime Ferraz Rodrigues Gabão, a propósito das Festas de Nossa Senhora do Socorro

Em Memória de Jaime Ferraz Gabão - Por M. Nogueira Borges – Publicado no boletim de Festas de Nossa Senhora do Socorro – Peso da Régua - 1994.


domingo, 28 de agosto de 2011

Roteiro: Uma viagem de comboio às vindimas do Douro!


Transcrição de 'escape.pt' - Esta é a época mágica do Douro: As vindimas trazem gente de todo o país às escarpas para colher as uvas com as quais se vão produzir os vinhos de 2011. Uma atividade árdua mas cada vez mais apreciada por estrangeiros e portugueses que querem participar no ritual de colher as uvas.

Se é o seu caso, conheça um programa especial que une esta época festiva da colheita a uma viagem de comboio por um único belíssimo percurso, entre o Porto e a Régua.

Para celebrar a tradição tão portuguesa e típica desta região do Douro, a CP criou um programa de lazer que dá conhecer, durante um dia, o processo produtivo do vinho, nos fins de semana de 11, 18, 24 de setembro e 1 de Outubro.

Convívio e festa, típicos desta altura do ano em torno da colheita das uvas, além de animação musical, com cantares regionais e iguarias locais enchem o dia.

Conhecer as tradições das vindimas na região do Douro, participar nas lagaradas e recriar este momento emblemático da história da vinha portuguesa é o objetivo do percurso, que começa cedo, no Porto.
O programa começa com uma viagem de comboio pela Linha do Douro, num comboio que parte às 08h45 da estação de Porto Campanhã e permite apreciar as belas paisagens do Douro Vinhateiro, os socalcos cobertos de vinhas e as quintas produtoras.

Chegados à Régua, um serviço rodoviário encarrega-se do transporte até à Quinta de Campanhã, onde aguardam diversas atividades como atuação de rancho folclórico, degustação de cálice de vinho do Porto, visita guiada à adega e área de produção do vinho, almoço regional e ainda atuação do grupo de cantares e danças da região.

Durante a tarde, é possível participar em “lagaradas” – uma tradição em que após a apanha, as uvas, são colocadas nos lagares de granito para serem pisadas enquanto se canta e dança, celebrando desta forma o final de um ano vinícola.

O regresso acontece às 18h17 da estação da Régua, com chegada prevista ao Porto às 20h18.

O Programa Festa das Vindimas custa 49 euros por pessoa (adulto) ou 29 euros (criança) e inclui a viagem de comboio especial, transfer de ida e volta de autocarro entre a estação e a Quinta de Campanhã, cálice de vinho do Porto à chegada à quinta, almoço e animação.

Mais informações e reservas na página da CP.

Texto e imagens do portal "escape.pt". Clique nas imagens acima para ampliar.