sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Não Deixem Morrer a Linha do Douro...

Recordando e relendo
Em 3 de Dezembro de 2007, no Youtube:
Uma viagem de comboio pela espectacular Linha do Douro da Estação de S.Bento (Porto) até ao Pocinho, o actual fim da linha.
O previsível encerramento da linha a partir da Régua é um atentado à nossa inteligência; um acto criminoso que não pode ser cometido.
"A Linha Ferroviária do Douro tem 170 Km de extensão e desenvolve-se na sua maior parte junto às margens do rio Douro, ligando actualmente o Porto ao Pocinho. Foi uma notável obra de engenharia concluída em 1887 após doze anos de intensos trabalhos, vencendo-se inúmeros acidentes naturais, facto comprovado pelos vinte e seis túneis e trinta pontes que nela existem."



(Evite sobreposição de sons desligando o player da "Voz do Douro - Rádio Douro FM" localizado no menu lateral direito, um pouco abaixo deste post.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

N A T A L

O MENINO CRESCE
E PERMANECE
NO CENTRO DO MUNDO
SEM FUNDO
E SENTE
E CONSENTE
QUE CRESÇA NA SUA MENTE
NO FUNDO
OUTRO MUNDO.

E CRIA UMA MAGIA PERMANENTE
QUE O ENVOLVE
E DESENVOLVE
PARA QUE O MUNDO
SEM FUNDO
NÃO O TORTURE
E ATORMENTE.

MAS O MENINO, QUE AGORA É HOMEM
CRESCEU
E PERCEBEU
QUE NO MUNDO
SEM FUNDO
ALGO TRISTE ACONTECEU.
E CHOROU
E GRITOU
E IMPLOROU
PELA MAGIA DE MENINO
QUE O MUNDO
SEM FUNDO
LHE TIROU.

VIVE AGORA
POR AÍ FORA
UMA VIDA VAZIA
SEM MAGIA
E, ÀS VEZES, AINDA ACORDA
E RECORDA
A DOCE INOCÊNCIA EM QUE VIVEU UM DIA
E CORA E GRITA E IMPLORA
PARA ESQUECER O QUE SABE AGORA
E PERMANECE NA MAGIA
QUE O ENVOLVEU
E PROTEGEU
UM DIA.

- LEONOR BANDEIRA (Porto)

A bomba de incêndio de 1873


Depois da criação, em 1868, de uma companhia bombeiros voluntários em Lisboa que, em 1880, se transformou na primeira associação dos bombeiros voluntários a ser formalmente instituída em Portugal, é fundada nesse ano a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Nos termos dos estatutos, a nova associação destinava-se a “socorrer os habitantes desta vila e das povoações limítrofes por ocasião dos incêndios, ou suas consequências” e que “para esse fim organizará uma companhia de incêndios composta de sócios activos ou de trabalho e também dos auxiliares munida dos materiais necessários.”

Preparou e organizou a sua constituição uma “Comissão Instaladora”, composta por vinte e seis proeminentes reguenses que teve, como principal responsável, o escrivão de direito, Manuel Maria de Magalhães. Coube a todos esses homens a gloriosa missão de redigirem os estatutos da associação, compostos de 44 artigos, e um regulamento interno de 31 artigos para os sócios activos. Discutidos e aprovados numa assembleia-geral, realizada a 25 de Julho de 1880, os estatutos são de seguida aprovados pelo Dr. José Ayres Lopes, Governador Civil substituto do Distrito de Vila Real, por Alvará de 12 de Agosto de 1880.

Em 25 de Setembro de 1880, Manuel Maria de Magalhães convocava os associados para as primeiras eleições dos órgãos sociais: “Tenho a honra de convidar V. Excia para no dia 31 pelas 11 horas da manhã, comparecer na casa extinta Associação Comercial, na Rua da Boa Vista, a fim de se proceder à eleição a que se refere o nº1 do artº 22 dos estatutos das Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua”. Eleitos os dirigentes da nova associação, a sua posse foi efectuada a 7 de Novembro desse mesmo ano, sendo a primeira Direcção constituída por estas sete ilustres pessoas:

  • Presidente da Direcção: José Braz Fernandes
  • Vice-Presidente: João Guedes Frias
  • Tesoureiro: João Botelho
  • 1º Secretário: Francisco de Assis de Carvalho
  • 2º Secretario: António Joaquim de Oliveira Ramos
  • Fiscal da Companhia: Joaquim Pereira de Matos
  • Comandante: Manuel Maria de Magalhães

Essa Direcção entendeu por bem escolher o dia 28 de Novembro para proceder à inauguração da associação. Os festejos realizaram-se, pelas 10.00 horas da manhã, na casa da extinta Associação Comercial, que se situava na rua da Boavista. No convite dirigido aos sócios activos, manuscrito e assinado pelo Comandante Manuel Maria de Magalhães e demais sócios fundadores, estava referido que aqueles deveriam comparecer “devidamente fardados, para dali se dirigirem em forma à Igreja Matriz a assistirem a uma missa que há-de celebrar-se para comemorar o acto da inauguração e a bênção das bombas.”

Esta era a primeira cerimónia pública dos bombeiros da Régua à população reguense. E, como tal, ficou como data que hoje se celebra para comemorar os aniversários da associação.

A então vila da Régua acompanhava o que se passava nas principais cidades do país, onde o movimento associativo ligado aos bombeiros voluntários se afirmava como um novo modelo organizativo para o combate aos incêndios.

A Câmara Municipal da Régua, para cumprir as leis administrativas (1842 e 1878), que lhe cometiam as incumbências de “organizar serviços ordinários ou extraordinários para extinção de incêndios” e de fazer os regulamentos policiais “para a limpeza das chaminés e fornos, e o serviço para a extinção de incêndios e contra inundações”, foi uma das primeiras a tomar a decisão em 1873 de apetrechar-se com material de incêndio, adquirindo duas bombas de incêndio.

Não tendo o executivo tomado a resolução de criar um corpo de bombeiros municipais, permitia que esse material fosse usado por qualquer pessoa, mesmo sem o saber manusear, para fazer a extinção dos frequentes e cada vez maiores incêndios urbanos que aconteciam nos armazéns de vinhos. Só que nestas circunstâncias, o socorro prestado não era o mais eficaz nas “ocasiões que a maior actividade e perícia nunca foram de mais.”

De forma que, conhecendo os riscos e os perigos, a Câmara Municipal da Régua tenha feito de imediato a entrega desse material de incêndios ao primeiros bombeiros voluntários para eles, com regras e mais técnica, combaterem o flagelo dos fogos.

Assim, pode dizer-se que a bomba de incêndios de 1973 foi o primeiro pronto de socorros a ser utilizado pelos bombeiros da Régua.

No livro a “História da Vila e Concelho do Peso da Régua”, o seu autor José Afonso de Oliveira Soares - veio a ser comandante dos bombeiros após o falecimento de Manuel Maria de Magalhães - descreve as diligências para a compra das primeiras bombas de incêndio e as movimentações de reguenses com vontade de formarem uma “companhia de incêndios”, constituída por voluntários, assunto que merece ser lembrado:

“Outras associações de recreio se criaram durante o período de 1874 a 1880.Todas, porém, de vida efémera. Neste último ano fundou-se a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Havendo nesta vila tantos armazéns de vinhos que serviam de depósitos de aguardente, principalmente nas ocasiões da vindima, muito era para estranhar que os reguenses se conservassem por tanto tempo desprevenidos de utensílios para cuidarem a qualquer incêndio que por fatalidade se desse. Assim havida pensado já a municipalidade de 1843 que, em sessão de 7 de Janeiro, dirigiu uma representação à câmara dos deputados pedindo uma bomba para apagar os incêndios. Apesar de tudo, parece que só desde que um prédio, na Rua Nova, foi devorado completamente pelas chamas, é que lhes incutiu o receio de grandes perigos; e, julgando-se de vez em quando entre vulcões que lhes podiam vomitar desgraças e danos consideráveis, jamais esqueceram que era preciso prevenirem-se contra eles. Contudo, ainda só de tempos a tempos, e talvez quando algum incêndio se manifestava, é que eles de novo tentavam prover-se de material necessário para o serviço de extinção.

Em 13 de Março de 1858, constando à câmara que as companhias de seguros, com agencia nesta vila, manifestaram desejos de ter nela um estabelecimento de bombeiros, deliberou – porque o governo de sua majestade não lhe concedesse privilégios para poder organizar uma companhia de incêndios - propor-lhes o arbítrio de fornecerem uma bomba de grande força, no gosto moderno, e duas bombas de mão, ou o seu valor, ficando a seu cargo o cuidado de organizar, pelos meios ao alcance, uma companhia de incêndios. Nesta conformidade oficiou, em 13 de Abril, às companhias Equidade, Garantia e Segurança, para saber se sim ou não forneceriam as bombas, para inaugurar a sua instalação no dia de núpcias de D. Pedro V.

Ignora-se a resposta que as companhias lhe deram. Sabe-se, porém, que a câmara nada conseguiu, porque, decorridos dois anos (1860) esta, por falta de meios, de novo convidou as companhias de seguros a concorrem para um estabelecimento de bombas.

Baldadas foram, por espaço de trinta anos aproximadamente, as fracas diligências dispensadas ao assunto de tanta importância. Só depois de um incêndio que se manifestou num armazém da rua Bandeira para a rua da Alegria, sobre um tonel de vinte pipas de aguardente, foi que os reguenses mediram bem o perigo que a todo o momento corriam e simples casualidades podiam atiçar. A essa terrível explosão valeu a admirável temeridade de um tanoeiro desta vila, chamado Manuel Pinto de Souza, conhecido por Manuel do Terreiro, que se arrojou a escalar a vasilha para lhe afastar as chamas de sobre o batoque, que ele melhor apertou. Avolumando desde então a ideia da necessidade de estarem prevenidos de material para casos idênticos, apareceu enfim uma vereação em 1873, que fez a aquisição de uma bomba e de um carro de material que aquartelou na rua de Medreiros, em armazém pertencente a Manuel de Oliveira Lemos.

Tendo, porém, o material, a câmara não organizou companhia para dele fazer uso. Pondo à disposição do povo, a quem sobrou sempre coragem e actividade para acorrer a todas as desgraças, não se lembrou que aquele maquinismo só poderia servir de estorvo em ocasiões que a maior actividade e perícia nunca foram de mais. Em vista disso sugeriu aos habitantes a ideia da organização de um corpo de bombeiros voluntários, ao qual se entregasse o material municipal. Esta lembrança, abraçada pela mocidade reguense, fez com que em 16 de Julho de 1880 vários indivíduos se dirigissem à câmara a fazer-lhe saber que tendo há muito em mente a realização de uma companhia de bombeiros voluntários, haviam resolvidos nomear uma comissão para formular os estatutos e regulamento para ela; e, que, constando-lhes que se queria organizar uma outra companhia, lhe pediam para, se tal se desse com o fim de obter as bombas municipais, lhe indeferisse.

(…)

Constituídos os primeiros em associação, a câmara acedeu agradavelmente aos seus desejos, e, em 26 de Novembro do mesmo ano, fez-lhe a entrega de todo o material que possuía para serviço de extinção de incêndios sob condições de parte a parte estabelecidas. Esta associação, intitulou-se de Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua”.
- Peso da Régua, Dezembro de 2009, J. A. Almeida.




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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Momento Histórico: Bombeiros da Régua em Belém (Natal 2009)

No dia 3 de Dezembro de 2009, por volta das 17.00h, os bombeiros portugueses foram recebidos no Palácio de Belém por Sua Excelência os Presidente da República, o Prof. Cavaco Silva, para assistirem à inauguração da Árvore de Natal. Foram convidados para representarem os bombeiros do distrito de Vila Real as associações do Peso da Régua, como a mais antiga pelos seus 129 anos de existência, e de Santa Marta de Penaguião, por ser das mais novas a ser fundada. Estiveram presentes pela AHBV do Peso da Régua, o seu Presidente da Direcção, Dr. José Alfredo Almeida, que também é o Presidente da Direcção da Federação dos Bombeiros de Vila Real, o bombeiro de 2ª classe António Quintela, sua esposa e ainda a sua filha Ana Margarida Quintela, de 6 anos de idade, bombeira - infante, na Associação que teve a honra de pousar para a fotografia, ao lado de outra bombeira, com a família Cavaco Silva.
O Presidente da República, depois de receber um capacete dos bombeiros das mãos do Dr. Duarte Caldeira, presidente da LBP, saudou numa mensagem os bombeiros portugueses e suas famílias, reconhecendo o seu "contributo imprescindível à vida dos seus concidadãos e constituem um pilar da sociedade portuguesa".



Atento o seu importante significado reproduz-se na integra mensagem proferida aos bombeiros portugueses pelo Magistrado da Nação:

“Saúdo todos os bombeiros portugueses e as suas famílias.
E quero novamente dar público realce à enorme importância do papel desempenhado pelos bombeiros.



São muitos milhares de homens e mulheres, de diferentes idades e condição social, inseridos em mais de 430 associações humanitárias de voluntários e em corporações profissionais.
Todos eles prestam um contributo imprescindível à vida dos seus concidadãos e constituem um pilar da sociedade portuguesa.
Fazem frente a acidentes ou catástrofes – de que os incêndios florestais são apenas um exemplo –, apoiam pessoas doentes, promovem a segurança, a protecção e o socorro das populações e dinamizam a cooperação cultural e económica local.
Os nossos bombeiros fazem tudo isto sobretudo pela gratificação moral que sentem nessa entrega generosa e altruísta à colectividade, num exemplo notável de coragem e motivação solidária pelo serviço público.
Não raras vezes, os bombeiros põem em risco a própria vida. Presto homenagem aos que morreram ou se feriram irremediavelmente em serviço.



Dirijo também uma palavra amiga às famílias dos bombeiros, pois é nos seus mais próximos que se reflecte a angústia e a ausência que a missão de cada um implica.
Mas eu e a minha mulher entendemos dever ir mais longe na demonstração pública do nosso apreço e agradecimento aos bombeiros portugueses, seguindo o exemplo do que já fizemos relativamente a militares e outros membros das forças de segurança.
Hoje, com o apoio dedicado da Liga dos Bombeiros Portugueses, convidamos famílias de bombeiros oriundas de todos os distritos e dos Açores e da Madeira para partilharem connosco a inauguração da árvore de Natal da Presidência da República.
É certamente um gesto muito simples; mas, ainda assim, um gesto que eu gostaria que fosse interpretado como prova da muita admiração e estima que Portugal sente por todos os seus bombeiros.
Aos nossos agradecimentos aos bombeiros portugueses e às suas famílias juntamos os nossos votos de um bom Natal e as maiores felicidades para o próximo ano."
- Peso da Régua, Dezembro de 2009, J. A. Almeida.

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