A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri.
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Sobre uma fotografia de Miguel Guedes, com um olhar mágico na Régua, no rio que passa devagar e me faz reviver outras tardes de magia com uma luz única que só aqui parece existir e me ilumina a alma, relendo um belíssimo soneto de Florbela Espanca, in "Charneca em Flor". Quando me lembra.... e estendo os braços para ti, sei que que Deus existe, mesmo que a tua magia acabe um dia!.
- José Alfredo Almeida, Março de 2011 para Escritos do Douro.
1 comentário:
Florbela é realmente uma poetisa, maravilhosa, revigorante. Parabens pela escolha. MC
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