quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Relendo e Relembrando: Exposição «Dona Antónia Adelaide Ferreira»

(Clique na imagem para ampliar)

Transcrição:

Em 2011 completam-se duzentos anos sobre o nascimento de Dona Antónia Adelaide Ferreira, administradora da maior casa agrícola do Douro. O Museu do Douro, em Peso da Régua, assinala a efeméride com a exposição «Dona Antónia Adelaide Ferreira». Uma mostra que pretende dar a conhecer a vida e obra desta figura duriense.


Café Portugal | quarta-feira, 22 de Dezembro de 2010

O director do Museu do Douro, Maia Pinto, disse que a exposição de homenagem à «Ferreirinha da Régua» deverá ser inaugurada em meados do próximo ano e representa uma das principais iniciativas que esta estrutura museológica programou para 2011.

A mostra «Dona Antónia Adelaide Ferreira» pretende evocar a vida singular da mulher que administrou a maior casa agrícola do Douro.

A «Ferreirinha», como carinhosamente é recordada pelos durienses, nasceu a 4 de Julho de 1811, na Régua, e morreu em Março de 1896, na quinta das Nogueiras.

Maia Pinto referiu que vai ser uma exposição reflecte o papel, pouco comum, que uma «mulher empresária desempenhou no mundo machista e conservador do século XIX».

Dona Antónia adquiriu 23 quintas no Douro Vinhateiro, destacando-se nesta actividade pela luta que travou contra a filoxera, uma praga que, na segunda metade do século XIX, destruiu muitas vinhas durienses.

Após a praga, a empresária mandou replantar vinhas, pagou a construção de quilómetros de estradas e de caminhos-de-ferro e chegou a dar trabalho a mil operários.

Paralelamente aos negócios, a «Ferreirinha» destacou-se pela sua dimensão social, já que ajudou a construir os hospitais de Peso da Régua, Vila Real, Moncorvo e Lamego e ajudou ainda a Misericórdia do Porto.

Dois anos depois da sua morte, foi criada a Companhia Agrícola dos Vinhos do Porto, mais conhecida por «Casa Ferreirinha».

Maia Pinto salientou que Dona Antónia é ainda hoje «um símbolo da iniciativa, da perseverança e da luta individual em defesa de um bem colectivo, o Douro e a região vinhateira».

A exposição, que ocupará a ala central da sede do museu, no Peso da Régua, pretende ainda cativar novos públicos para o Douro e dar a conhecer esta «figura incontornável» da história da mais antiga região demarcada do mundo aos alunos e professores da região.

Na agenda do Museu do Douro para 2011, Maia Pinto destacou ainda o arranque da exposição de fotografia «Entre Margens», que terá direcção artística da Procur.arte, e se desenvolverá até 2013 em Mirandela, Lamego, Vila Real, Régua, Santa Marta de Penaguião e Porto.

Local: Museu do Douro, Peso da Régua
Link: Museu do Douro 

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

(Clique na imagem para ampliar)
Parque das Caldas do Moledo - Peso da Régua

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ausência

Não sei há quantos anos - talvez desde que me conheço – que transporto uma imagem-memória sem definição.
Bem me esforço por lhe encontrar a forma, a cor e o conteúdo, mas, sempre em vão.
Nessa procura me perco sem relógio, num suor pegajoso, numa dor de impotência, numa íntima aflição.
São momentos de luta interior que tanto ocorrem numa noite de espertina ou na balbúrdia do dia, sem resposta para as minhas dúvidas, convencido de que nunca alcançarei o descanso da solução.
Umas vezes, aquela imagem surge-me num revivalismo do já experimentado, mas, quando a aprofundo, logo se me dissipa a objectivação e tudo é engano, mistura de pensamento e de lembrança no esbatimento da monotonia.
Tanto me aparece no roxo da revolta como no rubro da injustiça, no negro da ingratidão como no cinzentismo da apatia.
Tanto chora numa premência de tristeza como grita numa brevidade de alegria.
Há, porém, uma minúcia que já apreendi: o sentimento da ausência. É isso: a ausência como uma fome nunca satisfeita, uma falta insuprível, um espaço sem tempo e sem modo, continuamente à espera de quem a possa preencher.
Será a ausência de uma alma que na minha se devia encaixar? Será uma incompreensão atávica perante a frieza de um mundo que não há meio de entender?
Será uma desarmonia entre uma época sem sentido e uma consciência inadaptada?
Um vazio, aquém (e além) do nascituro, como se o corpo fosse apenas o invólucro de um nome destinado ao cumprimento de uma obrigação gerada?
Mas se, afinal, isto não se explica, por que buscar, então, no intervalo da vida e da morte, a pacificação do entendimento, essa imagem-memória, se ela é uma ausência ausente, que é o mesmo que afirmar uma incapacidade racional – não uma subjectivação incomunicável -, uma omissão que se sofre no envelhecimento de um retrato que escurece tão veloz que só damos por ele quando o espelho se fende?
Vem-me de longe essa nuvem, esse tempo sem tempo, como uma sombra dos dias, como uma angústia de exílio. Queria-a na sua substância, demorar-me na sua presença para a saber inteira, porque só assim decifraria o seu sentido no relacionamento comigo.
Bastava detê-la no meu (e no seu) conhecimento e, depois de esclarecido, largá-la definitivamente.
- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória".
  • Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua. A imagem ilustratrativa acima, recolhida da internet livre é composta/editada em PhotoScape, poderá ser ampliada clicando com o mouse/rato.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Uma imagem antes de o SOL ir embora...

(Clique na imagem para ampliar)
Motivado pela bela e já rara imagem com origem no Douro de nossas raízes, transcrevo, grato, do "Jacarandá":

Luz - Quinta de Valbom, Douro, 1975
Quando ainda se usavam estes “cestos vindimos”, com cerca de 60 a 70 quilos de uvas. Às vezes, aqueles homens faziam por dia, desta maneira, dezenas de quilómetros a subir ou descer encostas. Os cestos faziam parte do “típico” duriense, cantado e elogiado por escritores e turistas, que quase sempre esqueciam a dureza daquele trabalho. Hoje, felizmente, estão praticamente desaparecidos. Caixas de 20 a 25 quilos e outros contentores, além dos tractores e das camionetas, fazem esse trabalho.