quarta-feira, 4 de março de 2009

Os Bombeiros da Velha Guarda de Peso da Régua.

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Aqui estão os alguns dos bombeiros que fizeram as primeiras páginas de uma história de 129 anos de vida: os bombeiros da velha guarda de Peso da Régua.

Nesta imagem, que remonta ao tempo dos sócios activos, ou seja dos fundadores da nossa Associação (28 de Novembro de 1880), podem ver-se os homens do Corpo de Bombeiros do final do século XIX e das três primeiras décadas do século passado (1893-1927), juntos ao seu Comandante José Afonso de Oliveira Soares (de barba branca) eleito em Assembleia Geral, no ano de 1893, depois de Gaspar Henriques da Silva Monteiro, que havia sucedido a Manuel Maria de Magalhães, ter renunciado ao cargo.

Está ladeado ainda do então Chefe Camilo Guedes Castelo Branco (o poeta), vendo-se também dois directores cujos nomes não conseguimos identificar, o 2 º Comandante Joaquim de Sousa Pinto (sócio fundador) e, por ultimo, o grande Chefe de Esquadra José Maria Leite (sócio fundador).

Magnífica fotografia, onde igualmente se destaca uma das primeiras bandeiras da Associação, ainda com o título de “REAL”, atribuído em 1892 pelo Rei D. Luís I.

Não há certeza, mas tudo indica que mesma, da autoria de um desconhecido fotógrafo de nome Jorge José Lehamann, foi tirada antigo Jardim Alexandre Herculano, já que o Quartel se situava ali perto, no Largo dos Aviadores.

Como tributo a esse grupo de bombeiros recuperamos parte de uma bela crónica, intitulada “Bombeiros da Velha Guarda”, do escritor João de Araújo Correia (1899-1985):

“ Fim de Novembro, fazem anos os Bombeiros da Régua. Contam oitenta e cinco, mas parece que nasceram ontem. Nem uma ruga, nem um cabelo branco, nem um desalento…Garbosos até o capacete, fazem do seu garbo agilidade, frescura e força. Que milagre!

Confraternizam, em cada aniversário, os Bombeiros da Régua. Depois das cerimónias piedosas e do desfile nas ruas, sentam-se à mesa e comem. Comem bem e gracejam… Mas talvez que nenhum se lembre, nem bombeiros nem contribuintes de sócios e bombeiros antigos, que também se sentaram, em ágape semelhante para comer e gracejar.

Quem vai contando anos, dos que já fazem mossa, não dos bombeiris, que rejuvenescem, lembra-se da velha bomba e de quem a movia e sustentava. Lembra-se de Afonso Soares, com a sua barba branca; do poeta Camilo Guedes, de gravata à La Vallière; do José Avelino, que comia um boi por uma perna; do José Ruço, que pertencia ao grupo auxiliar; do Joaquim Maria Leite, o Riço, que pertencia ao corpo activo com alma de criança e alma de bombeiro. Mas, de quantos se não lembra ainda? Justino Lopes Nogueira, o Justino, daria um livro de inocentes recordações alegres.

O quartel dos Bombeiros, situado ali em baixo, na Chafarica, largo dos Aviadores, como hoje se diz, era o clube da terra. Havia outro, mas, aristocrático, presidido pelo monóculo do Dr. Costa Pinto. Clube, ponto de reunião sem preconceitos, era o quartel dos bombeiros. Ali se jogava e conversava à vontade. Ali se davam gargalhadas que faziam estremecer o quartel. Guarda-lhe o eco algum ouvido então adolescente….”.

Todos esses gloriosos bombeiros que, o reconhecido prosador e contista invoca, são por nós também lembrados, com orgulho, pelo seu passado que nos souberam tão bem legar.

- Março de 2009, José Alfredo Almeida.
Peso da Régua.

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto sim eram bombeiros. Sempre prontos. Bem hajam bombeiros deste tempo....