segunda-feira, 30 de março de 2009

Manuel Maria de Magalhães - O Primeiro Comandante dos Bombeiros de Peso da Régua.

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Manuel Maria de Magalhães, filho de Aires Maria de Magalhães e de Virgínia do Carmo Pereira, nasceu em 21 de Março de 1845, na freguesia de Santa Maria, em Bragança. Faleceu, com apenas 47 anos de idade, no dia 10 de Outubro de 1892, pelas 19.30 horas, em sua casa, na Rua Serpa Pinto, no Peso da Régua, achando-se o seu corpo sepultado, em jazigo de família, no cemitério municipal.

Exerceu as funções de escrivão de direito, no Tribunal da Comarca do Peso da Régua. Mas destacou-se, no meio reguense, por organizar um grupo de cidadãos que pretendiam constituir no concelho uma Companhia de Bombeiros, com o objectivo de ser dada melhor utilização à bomba de incêndios adquirida pela Câmara Municipal, em 1873.

Manuel Maria Magalhães deu resposta aos anseios da edilidade reguense que, preocupada com a frequência e a dimensão dos incêndios nos armazéns de vinhos, ambicionava colocar ao serviço da população um corpo de bombeiros voluntários, preparados e organizados – à semelhança do que estava a acontecer por todo o país - tendo assumindo a liderança de uma “Comissão Instaladora”, para preparar a constituição de uma associação humanitária.

Essa comissão, formada por mais vinte e cinco distintas e famosas pessoas, discutiu aprovou na Assembleia-geral, realizada em 25 de Junho de 1880, os primeiros estatutos (com 44 artigos e em anexo o regulamento interno para os sócios activos) que haviam de reger a instituída Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua - é a 13º a ser constituída em Portugal - e confirmados por Alvará de 12 de Agosto de 1880, assinado pelo Dr. José Ayres Lopes, Governador Civil de Vila Real.

Manuel Maria Magalhães tornou-se, com o apoio incondicional dos sócios fundadores, o primeiro comandante dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Por sua iniciativa, a senhora D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida por Ferreirinha (1811-1896), uma das personalidades mais marcantes da história do Douro, foi a primeira a assinar o livro destinado à inscrição sócios contribuintes da Associação, grande honra para os bombeiros que receberam também a ajuda desta grande e distinta benemérita, nascida no Peso da Régua.

Manuel Maria de Magalhães, como Comandante da Companhia de Bombeiros - assim se dizia ao tempo - iniciou essas funções no dia 28 de Novembro 1880, que foi a data por si escolhida para realizar na casa da extinta Associação Comercial, sita na então Rua da Boa Vista, os festejos da inauguração da Associação, cessando-as no dia 10 de Outubro de 1892 (e não em 1904 como vinha a constar), isto é, no dia do seu falecimento.

Para o substituir no comando do Corpo de Bombeiros, os sócios activos elegeram na Assembleia-geral o sócio activo e fundador Gaspar Henriques da Silva Monteiro que, por desinteligência com os restantes sócios fundadores, veio a renunciar ao esse cargo, pedido que a Direcção da Associação aprovou, pelas razões invocadas, na sessão extraordinária, realizada no dia 24 de Novembro de 1892.

Após novas eleições para a escolha do comandante, foi escolhido desta vez, José Afonso de Oliveira Soares (1863-1939), que havia sido aceite alguns anos antes, como sócio activo, iniciando funções de comando nos bombeiros, no dia 3 de Fevereiro de 1893.

Da breve pesquisa não conseguimos recolher mais dados biográficos de Manuel Maria de Magalhães, mesmo tendo em atenção os contributos do seu bisneto, o nosso amigo Noel de Magalhães, Crachá de Ouro da LBP, que foi durante muitos anos director da Associação.

Mas, encontramos no Livro de Actas de 1880, a da Sessão Extraordinária de 10 de Outubro de 1892, efectuada no dia do falecimento de Manuel Maria de Magalhães.

Nessa noite, a Direcção reunida, com o seu presidente José Joaquim Pereira dos Santos Soares e os restantes directores, Padre Manuel Lacerda Oliveira Borges, Camilo Guedes Castelo Branco, Francisco Ferreira Ribeiro e o 2º Comandante Joaquim de Sousa Pinto, fez uma exposição da sua reconhecida grandeza e dos seus feitos, manifestou um sentido de profundo pesar pela sua perda para todos eles e, em especial, para a Associação, que ajudara a fundar e, em último, aprovou alguns actos de carácter público, para assinalar com dignidade a sua cerimónia fúnebre.

Reflectindo essa extraordinária acta o genuíno pensamento dos homens que o acompanharam nos primeiros passos de vida da Associação e que com ele conviveram as primeiras alegrias e as muitas incompreensões no erguer desta grande obra, a permanecer no tempo como uma grande instituição de utilidade pública ao serviço da população, e ainda os sentimentos de camaradagem dos seus amigos, não resistimos em transcrevê-la na íntegra:

“Aos dez dias do mês de Outubro de mil oitocentos e noventa e dois, reunida na sala de sessões toda a direcção, substituindo o primeiro comandante o segundo, foi dito pelo presidente que se atrevera a fazer reunião a esta hora, 10 da noite, visto a urgência do caso a tratar. Acabava de lhe ser comunicado o falecimento do mais representante (seja dito sem ofensa para ninguém) sócio desta Associação o primeiro Comandante Manuel Maria de Magalhães. Com esta perda sofreu esta Associação a perda do sócio, à qual devia a sua vida, pois que ninguém desconhecia que fora ao prestigio de Magalhães que esta Associação se fundara e, não só isso, vingara vencer dificuldades, mercê da sua vontade e dos seus esforços. Cada um dos sócios perdera um amigo, e esta colectividade um chefe que fora um modelo de louvar. Sem expressão com que pudesse dizer muito que a sua alma sentia, propunha que fosse dado conhecimento a todas as associações do país do falecimento do nosso colega; que fosse lançado em acta um voto de profundo sentimento pela perda sofrida; que se fechasse a Associação por um prazo de oito dias, em sinal de luto que fosse deposta uma coroa no (….) do falecido, em nome desta Associação; que fossem feitas as despesas do enterramento do mesmo, atentas as circunstâncias em que a família ficava, sendo desnecessário expô-las por serem do conhecimento de todos; e por último que fosse representado por esta Associação a todas as Associações congéneres do país, a fim de ser pedido o lugar de escrivão de direito que exercera o finado nesta comarca para o seu filho Alfredo de Magalhães, prestando assim uma última homenagem ao homem que deixe vinculado o seu a uma das instituições mais significativas desta vila. Não punha à discussão esta proposta: parecia-lhe que nem discussão tinha. Foi aprovada por unanimidade. O 2º Comandante (Joaquim Silva Pinto) pediu para que ficasse consignado nesta acta o seu profundo pesar e o da colectividade que comandava. O presidente ficou encarregado de fazer a representação a S. Majestade telegraficamente. Não havendo mais a tratar foi encerrada a sessão.”

Verifica-se que no âmbito do determinado pela mencionada deliberação da Direcção, foram pagas pelas contas da Associação as despesas do enterro do Comandante Manuel Maria de Magalhães.

Esse gasto constituiu uma despesa extraordinária, no valor de 75: 250 réis, como se pode ver documentada no rigoroso “Relatório de Contas”, devidamente apresentado aos sócios da Associação, no dia 21 de Dezembro de 1892, pela Direcção presidida por Camilo Guedes Castelo Branco, que fez expressar um sentido "voto de profundíssimo sentimento pelo seu óbito”.

Até à presente data, foram realizadas pela Associação duas singelas homenagens em memória de Manuel Maria de Magalhães.

A primeira, aconteceu em 1905 na celebração do 25º aniversário da Associação, com a colocação de uma lápide no seu jazigo, assinalando uma “saudosa lembrança” do Corpo de Bombeiros desse tempo.

A outra foi efectuada, em 2006, por ocasião das comemorações do 126º aniversário da Associação, ao “baptizar-se” com o seu nome, um moderno veículo de combate aos fogos urbanos, adquirido nesse ano.

Mas, já em 2005 a Direcção da Associação, entendendo que ele continua a ser o principal rosto e o mais importante dos seus fundadores, a quem se deve toda a grandeza da instituição, elegeu uma fotografia sua, a única que se conhece, para ilustrar a capa do livro da história: “AHVB de Peso da Régua-125 anos da sua História”. Evocam-se nessas páginas, os momentos mais significativos do passado da Associação que, sem margem para dúvidas, deve as suas origens ao esforço abnegado e altruísta do seu primeiro Comandante Manuel Maria de Magalhães.
Esta sensibilidade foi logo patenteada após a sua morte pelos demais sócios fundadores, ao confirmarem “que fora ao prestígio de Magalhães que esta Associação se fundara e, não só isso, vingara vencer dificuldades, mercê da sua vontade e dos seus esforços”.
-Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!

- Link's:

  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • Exposição Virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A Peso da Régua de nossas raízes - Aqui!

quinta-feira, 26 de março de 2009

A FANFARRA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE PESO DA RÉGUA

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Peso da Régua, 28 de Novembro 2008.
A FANFARRA DOS BOMBEIROS DE PESO DA RÉGUA.

Integrada na Associação está a magnifica Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua, da qual fazem parte cerca de 55 elementos do sexo masculino e feminino com idades compreendidas entre os 6 e os 55 anos.

A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua foi fundada em 15 de Agosto de 1976 e, durante estes 32 anos de existência, marcados com muitos pontos altos, tem dado inúmeros espectáculos de rua, em cerimónias de bombeiros, desfiles de festas de cidades, vilas e aldeias, mostrando toda a sua animação, cores, sons e coreografias variadas, as quais o público muito admira e aplaude.

Esta Fanfarra foi criada e mantida, durante muitos anos, graças ao trabalho e à determinação do saudoso director António Jacinto Dias, mais conhecido por senhor Dias (como carinhosamente lhe chamam elementos dessa época), isto sem esquecer muitos outros directores e bombeiros que ao longo dos anos lhe deram vida.

A Fanfarra começou apenas com os elementos masculinos, numa primeira fase, para aprenderem a manusear os instrumentos e, numa segunda fase, integraram-se já os elementos de sexo feminino, para lhes ensinarem os passos e coordenação geral de todos. O fardamento masculino foi pago pelos próprios elementos, mas o feminino foi feito pelas costureiras de Peso da Régua. Quando estava tudo pronto e afinado, decidiu­-se que a Fanfarra sairia no dia 15 de Agosto de 1976, a acompanhar a procissão solene em honra de Nossa Senhora do Socorro, com saia vermelha, botas vermelhas e camisa azul para as raparigas e calças azuis e camisa branca para os homens.

E a partir daí iniciou as suas actuações por todo o país. Mas, uma dela nunca se vão esquecer, foi a actuação em Castro Daire, no ano de 1976, onde foram participar num concurso de fanfarras, tendo conseguido arrecadar o primeiro lugar.

Os anos foram passando e o fardamento teria que ser mudado e para tal a Direcção dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, passados anos decidiu oferecer o fardamento a todos os elementos, sendo composto por camisa branca e calças azuis para os homens e camisa branca, saia às pregas azul e botas brancas para as mulheres.

Com a entrada de uma nova direcção e de um novo responsável pela Fanfarra mudou-se radicalmente o fardamento, passando as raparigas a ter minissaia travada azul, camisa azul clara com manga a três quartos e botas brancas e os homens com calças, botas e camisa de estilo bombeiro, visual que se manteve até ao ano de 2008.

No ano de 2008, as novas responsáveis pela Fanfarra (Sónia Coutinho e Mónica Silva), decidiram valoriza-la ainda mais e mudaram o fardamento, não em estilo, visto que só as camisas de manga curta das raparigas é que deixou de ser à três quartos, mas a cor modificou e o tipo de chapéus quer de uns quer de outros e os cordões que levam ao peito ficaram menos pesados e mais pequenos.

Com a Fanfarra dos Bombeiros de Peso da Régua, a quem é reconhecido grande valor na área recreativa, leva-se a qualquer parte o bom nome da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, como aconteceu no passado dia 5 de Janeiro de 2009, na cidade galega de Santiago de Compostela, onde esteve presente, a abrir o importante desfile da “Festas dos Reis Magos”.

E, quem viu disse:“brilhantemente”.
- Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida e Sónia Coutinho.

  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua no Hi5 - Aqui!
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Outros textos publicados sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
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segunda-feira, 23 de março de 2009

A CHEIA DO RIO DOURO DE 1962.

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Uma bela imagem da grande cheia do rio Douro de 1962 nas principais ruas da cidade de Peso da Régua.

Nela se nota a grandeza e a intensidade desta cheia ao verem-se dois barcos a “navegar” no conhecido “Passeio Alto”, ao fim da rua Custódio José Vieira (também conhecida por Rua das Vareiras) e as águas do rio a inundarem o princípio da Rua da Ferreirinha, com alguns bombeiros da Régua por perto, onde ao centro de destaca um dos nossos grandes quarteleiros, o conhecido e saudoso Zé Pinto, a ajudarem em trabalhos de retirada bens e pessoas das suas casas.

Na nossa cidade, são consideradas cheias grandes as que inundam a Avenida João Franco (que esta à cota a 58 m), implicando uma subida do nível do rio em 13 metros de altura (caudal a 6 000 m3/s).

Na Régua, essa cheia do rio de 1962, a segunda maior do séculoXX, (a maior cheia é de 1909 com um caudal de 16.700 m3/s) atingiu um caudal de 15.700 m3/s (cota 67,7 m), o equivalente a 23 metros de altura para além do nível médio do leito normal.

Da grande aflição, com “horas de angústia” e “horas de terror”, vividas pelos reguenses nessa cheia do rio, temos um emocionante e doloroso relato feito nas páginas do jornal “Vida Por Vida”.

“Ainda não seriam 19 horas do primeiro dia do ano de 1962, quando os nossos bombeiros começaram a ser solicitados para prestarem o seu auxílio a diversas famílias que na nossa zona ribeirinha estavam a ser molestadas pela subida do rio Douro.

Desde essa hora, nunca mais os nossos bombeiros tiveram um minuto de descanso e o auge da tragédia veio a verificar-se perto da noite, pois cada vez mais era superior o número de pedidos, que os nossos briosos Soldados da Paz eram impotentes para poderem atender. Duas vezes e com angústia se ouviu o toque da sirene para alertar toda a população e os trabalhos iam sempre decorrendo debaixo de um temporal e da um preocupação constante.

Os telefonemas sucediam-se para diversos locais a pedir informações sobre os aumentos verificados no caudal do nosso rio e todas as notícias eram o mais assustadoras que se podiam imaginar.

Cônscio da gravidade da situação, eis que o Comando da Corporação delibera pedir a colaboração das Corporações vizinhas (…) surgiram já no meio da manhã do dia 2 de Janeiro e o seu trabalho também não poderá ser esquecido. Vila Real, Lamego e Armamar, nos diversos locais onde trabalharam, deixaram a certeza de que estavam connosco e só havia um fim: salvar as vidas e haveres de tantos reguenses que se encontravam em perigo.

Tão cedo não se apagará da memória de todos nós tão grave tragédia que, felizmente, não teve a registar qualquer perda de vidas. (…) há a realçar a valentia dos infatigáveis bombeiros que, já na noite desse segundo dia, com risco das suas próprias vidas, salvaram diversos homens numa casa na Rua da Alegria, um casal de velhinhos no Salgueiral, e de morte certa, duas famílias no Juncal de Baixo, pois que estas, após terem sido retiradas, viam as suas pobres casas serem arrasadas pela fúria crescente do rio douro”.
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Estes são os maus momentos das páginas do nosso rio Douro, que ciclicamente se repetem, mas que de volta às suas margens, que crescem por belos e imponentes socalcos de vinhas, se torna num dos elementos mais belos do espaço cénico da cidade de Peso da Régua.
- Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida.*


*Quem é José Alfredo Almeida:
- Data de Nascimento: 04 de Novembro de 1962
- Morada: Peso da Régua.
- E-mail: jasapr@gmail.com
- 1987 – Licenciatura em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.- Exerce a actividade de Licenciado em Direito, Jurista no Gabinete Técnico Local do Município do Peso da Régua, professor na Escola Secundária do Peso da Régua e na Escola Secundária de Resende, vereador em regime de permanência no Município do Peso da Régua tendo a cargo os Pelouros das Obras Particulares e Urbanismo, Desporto e Juventude, Abastecimento Económico e Assuntos Jurídicos.
Como actividade cívica é desde 1998 – Presidente da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua; Desde 2005 – Vogal da Direcção da Associação da Região do Douro p/ Apoio a Deficientes; Desde 2006 – Presidente da Direcção da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real.


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quinta-feira, 19 de março de 2009

O Baptismo do Marçal.

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Esta imagem de 1956 assinala o baptismo de uma criança, cujo nascimento ocorreu numa das ambulâncias - coisa que não é só dos tempos de hoje – do Corpo de Bombeiros de Peso da Régua.

Trata-se do “nosso afilhado” Marçal. Conta o jornal da Associação “Vida por Vida” que “foi em 1956 que na nossa ambulância nasceu um robusto menino que em seguida foi passando seus dias, na companhia da mãe, na nossa freguesia de Sedielos”.

Assim, fica-se a saber que não sendo uma situação normal, os nossos bombeiros foram “parteiros” do nascimento desta criança, a quem ficaram ligados afectivamente pelo momento e circunstâncias de o ajudarem a vir a este mundo.

Mas, a esse tempo a vida entre estes montes maravilhosos não era nada fácil e, com sua mãe se encontrava numa situação de pobreza, fez com os bombeiros decidissem “adoptar” essa criança como seu afilhado, ajudando-a a crescer com mais dignidade e algum conforto.

Com a presença do Presidente da Direcção, Dr. Júlio Vilela e de alguns bombeiros fardados a rigor, onde se destaca o Joaquim Trovão, organizaram a festa do baptismo da criança, a quem os “padrinhos” quiseram dar o bonito nome do seu Santo Padroeiro, Marçal.

Depois disso, o Marçal não foi esquecido pelos seus “padrinhos” bombeiros. Ainda no jornal “Vida por Vida” é salientado o seguinte: “nunca o temos desamparado e sempre que há festa na Casa, ei-lo que nos vem visitar e em cada um de nós tem tido um amigo”. Assim, já com a criança em idade de ir para a escola, os bombeiros pedem a todos que o ajudem a “abastecer o nosso pequeno Marçal de material escolar, diria bem reduzido para a 1ª classe. Quem tem uma saca, um livro e o mais que ele precisa?”.

Hoje sabemos que esse material chegou às mãos do miúdo para aprender as suas primeiras lições. E, sem conhecermos as notas dos seus estudos, sabemos que o Marçal triunfou na sua vida.

Viemos a ter conhecimento, por pessoa sua amiga e colega de escola, que actualmente tem uma vida normal, é feliz, tem família e está a trabalhar no país para onde emigrou, a Alemanha, mas conserva as “raízes” nas suas origens onde deu os primeiros passos e cresceu, no lugar de Sermanha, na freguesia de Sedielos.

Passados 53 anos na sua vida, os bombeiros de Peso da Régua e todos aqueles que o ajudaram em criança sentem-se também felizes e orgulhosos de “torna-lo um homem que nos viesse honrar”.

Estes são os gestos que marcam a grandeza da vida dos homens e das suas instituições. Exemplos destes são raros, mas verdadeiros, que servem para melhorar uma sociedade, a qual nem sempre se alicerça nos valores da fraternidade e solidariedade para com os mais desfavorecidos e mais desprotegidos.

Aguardamos que no dia 28 de Novembro, festa do próximo aniversário da Associação (129 anos), o nosso afilhado Marçal nos possa visitar no Quartel Delfim Ferreira, onde poderá ver, com os seus próprios olhos, que também crescemos e vivemos mais felizes, com o seu caso.
- Peso da Régua, Março de 2009,
José Alfredo Almeida.

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