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domingo, 18 de dezembro de 2011

Quase um conto de Natal...

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Recorte do Jornal "A Voz de Trás os Montes" de 1/1/1987

Escrito com simplicidade e amor:
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Clique no 'recorte' para ampliar e ler - Resultados para Jaime Ferraz Rodrigues Gabão nos "ForEver PEMBA", "Escritos do Douro" e "Google". Edição de Jaime Luis Gabão para os blogues "ForEver PEMBA" e "Escritos do Douro" em Dezembro de 2011.

sábado, 16 de agosto de 2014

Recortes de verão - SENHORA DO DOURO

Clique na imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2013. Atualizado em 15 de Agosto de 2014. Imagem e texto reproduzidos de um recorte de jornal, salvo erro do Notícias do Douro edição de 8 de Agosto de 1977 encontrado nos arquivos particulares de Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

No sapatinho do Menino Jesus: Câmara da Régua diz que hospital não fecha até definir modelo de reabilitação

Transcrição de "PORTO CANAL": 23-12-2013 15:28 | Norte Fonte: Agência Lusa -- Peso da Régua, 23 dez (Lusa) -- A Câmara de Peso da Régua anunciou hoje que o Hospital D. Luís I vai manter as portas abertas até ser definido um modelo de reabilitação, articulado entre o município, misericórdia e ARS Norte.

O encerramento desta unidade hospitalar, inserido no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) voltou, segundo referiu hoje a autarquia, "a ser aventado para dezembro de 2013".

Também o dirigente do PCP António Serafim denunciou na semana passada o fecho deste hospital, referindo que os funcionários que ainda ali trabalham "já foram informados de que serão transferidos para Vila Real".

Hoje, o município duriense disse, em comunicado, que o Ministério da Saúde assumiu, em reunião com o presidente da autarquia e o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua, que a unidade hospitalar "não encerra".

"Da articulação desejada entre o município do Peso da Régua e o Ministério da Saúde resulta o compromisso de o Hospital D. Luis I manter as portas abertas até estar definido um modelo de reabilitação, que permitirá dotar a unidade hospitalar de novas valências, assegurando a melhoria da prestação de cuidados de saúde à população", refere o comunicado.

O modelo de reabilitação será estabelecido pela câmara, Misericórdia local e União das Misericórdias, em articulação direta com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte).

Este modelo, segundo a autarquia, "será definido com base no conhecimento efetivo do território onde a unidade hospitalar está inserida e das necessidades da população servida pelo mesmo".

A gestão do Hospital D. Luis I passará a ser competência da Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua.

A câmara, liderada pelo social-democrata Nuno Gonçalves, garante que é a sua "reivindicação" junto da tutela que "sido determinante para que o hospital se mantenha em funcionamento".

O D. Luís I está a funcionar apenas com o serviço de atendimento com 12 camas, isto depois de ter perdido a principal valência, o Centro Oftalmológico, que foi transferido para o novo Hospital de Proximidade de Lamego.

Refira-se que o Ministério da Saúde pretende avançar com a transferência dos primeiros hospitais públicos para as Misericórdias. Em causa podem estar, numa primeira fase, os hospitais de Fafe, Ovar, Cantanhede, Anadia, Serpa e Régua.
- PLI // MSP - Lusa
Pode ler também neste blogue:
Clique nas imagens para ampliar. Imagens digitalizadas com origem em livreto comemorativo da inauguração e benção do Hospital D. Luis I - Peso da Régua em 5 de Maio de 1957, pertencente aos arquivos do jornalista duriense Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Permite-se copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos. 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Relendo: "História de um soneto" por João de Araújo Correia

Atualizado. Publicado inicialmente em 29-JUL-2008.
(Clique na imagem para ampliar)
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Na dramática noite do dia 8 de Agosto de 1953 estava em frente à estação da Régua, junto ao muro que dá para o rio Douro, assistindo ao dantesco espetáculo. Com seis anos de idade à época, acompanhava meu saudoso Pai Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Jamais saiu de minha memória a beleza assustadora e dramática das chamas envolvendo o edifício enorme da Casa Viúva Lopes. Experiência que marca até aos dias de hoje, com nitidez impressionante, minhas lembranças.
- J. L. Gabão, Brasil, Julho de 2008.
.
O perigo anda de mãos dadas com a vontade de acudir e de servir a todos. A tragédia espreita a cada canto, e por vezes a morte sai a rua. Foi o que aconteceu no dia 8 de Agosto de 1953 com o Bombeiro João Gomes Figueiredo. João de Araújo Correia, homenageou o valente Soldado da Paz como se pode ler no texto abaixo:
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HISTÓRIA DE UM SONETO
- Por João de Araújo Correia
.
Quando, em 1953, ardeu por completo, nesta vila, a CASA VIÚVA LOPES, empório de secos e molhados, como se diz no Brasil, morreu no incêndio o bombeiro João Figueiredo, mais conhecido por João dos Óculos.
No dia seguinte ao fogo, vi o cadáver, estendido de costas, do lado de dentro de uma abertura, que tinha sido, poucas horas antes, uma das portas da grande mercearia.
O corpo do João, ligeiramente vestido, como que ostentava, em toda a extensão das partes descobertas, o que se diz em Medicina, queimaduras do primeiro grau.
Não sei se a rápida morte do João foi devida às queimaduras, talvez mais extensas do que as ostentadas, se foi devida a asfixia ou queda. Não li relatório de autópsia nem sei até se o João foi autopsiado. Sei que morreu durantge o incêndio da CASA VIÚVA LOPES.
Era um pouco triste e um pouco frio, no trato, o João dos Óculos. Mas, homem bem comportado, honesto compositor na IMPRENSA DO DOURO. Vi-o trabalhar, muitas vezes, sem erguer os olhos do componedor.
Tive muita pena do desgraçado bombeiro. Tanto mais, que me eram simpáticos os seus padrinhos e pais adoptivos, o já cansado tipógrafo João Monteiro e sua mulher, a Senhora Glorinha, proprietários de uma arcaica tipografia quase morta chamada TRASMONTANA. Tinham descido de Vila Pouca de Aguiar à Régua, com seu prelo, como se tivessem embarcado para o Brasil. A Régua é chamariz de quem precisa de governar a vida.
Tive muita pena do João dos Óculos, falecido em 1953. Quando, em 1955, festejou as bodas de diamante a benemérita ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA, lembrei-me dele e da sua trágica morte. E, vai daí, andando a passear no meu quarto, improvisei um soneto à sua memória. Digo improvisei, porque me apareceu no cérebro, desde a primeira à última palavra. Nasceu-me, de mais a mais, a conversar com um dos meus filhos, o Camilo, que não é nada tolo, como toda a gente sabe.
Por ele não ser tolo, recitei-lhe o soneto antes de o escrever.
Mas que má impressão lhe causei! Premiou-me os catorze versos com uma coroa de catorze espinhos. Disse-me que eram versos de cego.
Versos de cego, em 1955, eram uma versalhada, que os ceguinhos entoavam na rua, ao som da viola, violão ou outro instrumento de corda, para apurar tostões. Levavam de terra em terra, tocando e cantando, o noticiário de grandes casos. Eram, quase sempre, eco de grandes crimes, principalmente crimes passionais.
Estou a ouvi-los entoar a versalhada, que, na opinião de meu filho, era mãe do meu soneto.
Embora... Publiquei os meus catorze versos numa folha ilustrada, comemorativa dos setenta e cinco anos dos nossos Bombeiros.
Aqui reproduzo o soneto como se repetisse a minha oferenda a um quartel que festeja, em 1980, o primeiro centenário. É como segue:
.
BODAS DE DIAMANTE
.
O João dos Óculos nasceu bombeiro.
Embora fosse pálido e franzino,
Cumpriu até o fim o seu destino
Com impoluta alma de guerreiro.
.
Nenhuns braços lhe foram cativeiro
Mal da sereia ouvisse o som mofino...
Em uma noite de luar divino
Foi encontrar a morte num braseiro.
.
A sua Associação, cândida amante,
Celebra hoje as bodas de diamante,
Quase cem anos de exostência honesta.
.
Um bom diamante, sócios, é carvão.
Ide buscar o coração do João
E fazei dele o símbolo da festa.
.
Mal chegou a Lisboa o sonetito, encontrou no Dr. Nuno Simões carinhoso acolhimento. Depois de o ler na folha única, não se conteve o ilustre publicista. Comunicou o seu entusiasmo à Associação dos Bombeiros.
Isto de críticos... Se todos pensassem o mesmo, a respeito de qualquer obra, tombava o mundo para uma banda, correria o risco de se perder na imensidade.
Todos os conselhos ouvirás e o teu não deixarás - reza o prolóquio. Todas as críticas ouvirás e a tua não deixarás - digo eu antes e depois de publicar os meus escritos. Sei ou suponho que sei até que ponto merecem ser publicados.
.
Não se ficou somente pelo texto atrás reproduzido, a homenagem do "Mestre de todos nós" ao bombeiro falecido no incêndio da Casa Viúva Lopes...
Foi fatídico esse ano de 1953. A 24 de Dezembro, coube a desdita ao garboso e corajoso Afonso Pinto Monteiro, que acabado de almoçar, ao primeiro toque da sirene veio a correr atá ao Quartel. O incêndio era em Sedielos, e ainda a viatura subia a rua junto à Igreja Matriz de Godim, e já o Bombeiro falecia por indigestão provocada pela pela aflitiva corrida de momentos antes.
.
Livro - "Bombeiros Voluntários do Peso da Régua-125 anos da sua História";
Propriedade - Bombeiros Voluntários do Peso da Régua;
Autor - Manuel Igreja;
Fotografia - B. V. do Peso da Régua, Foto Baía, Manuel Igreja;
Paginação, fotolitos e impressão - Imprensa do Douro;
Depósito Legal n. 234957/05;
Tiragem - 2.000 exemplares.

História de um Soneto
João de Araújo Correia
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 27 de Janeiro de 2011
(Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
História de um Soneto

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

No sapatinho do Menino Jesus: Encerramento até 31DEZ13 do Hospital D. Luís I no Peso da Régua

Transcrição de "PORTO CANAL": Peso da Régua, 16 dez (Lusa) -- O PCP denunciou hoje o encerramento até ao final de dezembro do Hospital D. Luís I, no Peso da Régua, que integra a lista unidades hospitalares públicas que podem ser devolvidas às Misericórdias.

Inserido no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), o "D. Luís I" está a funcionar apenas com o serviço de atendimento com 12 camas, isto depois de ter perdido a principal valência, o Centro Oftalmológico, que foi transferido para o novo Hospital de Proximidade de Lamego.

Hoje, em conferência de imprensa, António Serafim, dirigente local do PCP, referiu que a unidade hospitalar vai "fechar até ao final do ano" e adiantou que os funcionários que ainda ali trabalham "já foram informados de que serão transferidos para Vila Real".
"A maior parte das pessoas que ali trabalhava já foi transferida para Lamego e Vila Real quando o hospital perdeu o Centro Oftalmológico e, os restantes, passarão para Vila Real até ao final de dezembro", salientou o responsável.

Contactado pela agência Lusa, o CHTMAD remeteu o assunto para a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, que ainda não respondeu ao pedido de esclarecimentos.

Entretanto, Manuel Mesquita, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Régua, a proprietária do edifício onde está instalado o hospital, referiu que está à espera de encetar negociações com Ministério da Saúde para se definir a forma como esta unidade poderá ser transferida.

No entanto, o responsável salientou que "ainda não é líquido" que o hospital feche a 31 de dezembro.

O Ministério da Saúde pretende avançar com a transferência dos primeiros hospitais públicos para as Misericórdias. Em causa podem estar, numa primeira fase, os hospitais de Fafe, Ovar, Cantanhede, Anadia, Serpa e Régua.

Também presente na conferência de imprensa, Jorge Machado, deputado do PCP na Assembleia da República, alertou para o "vasto conjunto de serviços que o Governo quer desmantelar" em todo o país.

No distrito de Vila Real, segundo dados avançados pelo deputado foram desativadas "45 extensões de saúde" e 535 escolas, 480 delas do 1º ciclo do ensino básico.

Jorge Machado salientou ainda a perda de "nove estações dos CTT", que foram parcialmente substituídas por postos de correio.

Alguns destes postos de correio foram entregues a privados, juntas de freguesia ou câmaras, com "prejuízo para o serviço prestados" pelos Correios aos utentes.

O Governo prepara-se ainda, de acordo com o deputado, para fechar ou diminuir valências nos tribunais de Sabrosa, Murça, Boticas, Mondim de Basto, Mesão Frio, Chaves e Régua, e para encerrar 10 das 14 repartições de Finanças do distrito.

Medidas que, na sua opinião, vão obrigar as populações a "pagar mais caro serviços de pior qualidade" e que "visam promover negócios de privados".

"Este não é o caminho da Constituição de Abril", frisou Jorge Machado.

Esta visita do deputado a Trás-os-Montes insere-se numa iniciativa parlamentar que o PCP vai realizar quinta-feira, dia em que pretende interpelar o Governo sobre as funções do Estado e o encerramento de serviços no país.
- PLI // JGJ - Lusa/Fim
Pode ler também neste blogue !
Clique nas imagens para ampliar. Imagens digitalizadas com origem em livreto comemorativo da inauguração e benção do Hospital D. Luis I - Peso da Régua em 5 de Maio de 1957, pertencente aos arquivos do jornalista duriense Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Permite-se copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos. 

terça-feira, 29 de julho de 2008

História de um soneto.

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Na dramática noite do dia 8 de Agosto de 1953 estava em frente à estação da Régua, junto ao muro que dá para o rio Douro, assistindo ao dantesco espetáculo. Com seis anos de idade à época, acompanhava meu saudoso Pai Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Jamais saiu de minha memória a beleza assustadora e dramática das chamas envolvendo o edifício enorme da Casa Viúva Lopes. Foi experiência que marca até aos dias de hoje, com nitidez impressionante, minhas lembranças.
- J. L. Gabão, Brasil, Julho de 2008.
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O perigo anda de mãos dadas com a vontade de acudir e de servir a todos. A tragédia espreita a cada canto, e por vezes a morte sai a rua. Foi o que aconteceu no dia 8 de Agosto de 1953 com o Bombeiro João Gomes Figueiredo. João de Araújo Correia, homenageou o valente Soldado da Paz como se pode ler no texto abaixo:
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HISTÓRIA DE UM SONETO
- Por João de Araújo Correia
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Quando, em 1953, ardeu por completo, nesta vila, a CASA VIÚVA LOPES, empório de secos e molhados, como se diz no Brasil, morreu no incêndio o bombeiro João Figueiredo, mais conhecido por João dos Óculos.
No dia seguinte ao fogo, vi o cadáver, estendido de costas, do lado de dentro de uma abertura, que tinha sido, poucas horas antes, uma das portas da grande mercearia.
O corpo do João, ligeiramente vestido, como que ostentava, em toda a extensão das partes descobertas, o que se diz em Medicina, queimaduras do primeiro grau.
Não sei se a rápida morte do João foi devida às queimaduras, talvez mais extensas do que as ostentadas, se foi devida a asfixia ou queda. Não li relatório de autópsia nem sei até se o João foi autopsiado. Sei que morreu durantge o incêndio da CASA VIÚVA LOPES.
Era um pouco triste e um pouco frio, no trato, o João dos Óculos. Mas, homem bem comportado, honesto compositor na IMPRENSA DO DOURO. Vi-o trabalhar, muitas vezes, sem erguer os olhos do componedor.
Tive muita pena do desgraçado bombeiro. Tanto mais, que me eram simpáticos os seus padrinhos e pais adoptivos, o já cansado tipógrafo João Monteiro e sua mulher, a Senhora Glorinha, proprietários de uma arcaica tipografia quase morta chamada TRASMONTANA. Tinham descido de Vila Pouca de Aguiar à Régua, com seu prelo, como se tivessem embarcado para o Brasil. A Régua é chamariz de quem precisa de governar a vida.
Tive muita pena do João dos Óculos, falecido em 1953. Quando, em 1955, festejou as bodas de diamante a benemérita ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO PESO DA RÉGUA, lembrei-me dele e da sua trágica morte. E, vai daí, andando a passear no meu quarto, improvisei um soneto à sua memória. Digo improvisei, porque me apareceu no cérebro, desde a primeira à última palavra. Nasceu-me, de mais a mais, a conversar com um dos meus filhos, o Camilo, que não é nada tolo, como toda a gente sabe.
Por ele não ser tolo, recitei-lhe o soneto antes de o escrever.
Mas que má impressão lhe causei! Premiou-me os catorze versos com uma coroa de catorze espinhos. Disse-me que eram versos de cego.
Versos de cego, em 1955, eram uma versalhada, que os ceguinhos entoavam na rua, ao som da viola, violão ou outro instrumento de corda, para apurar tostões. Levavam de terra em terra, tocando e cantando, o noticiário de grandes casos. Eram, quase sempre, eco de grandes crimes, principalmente crimes passionais.
Estou a ouvi-los entoar a versalhada, que, na opinião de meu filho, era mãe do meu soneto.
Embora... Publiquei os meus catorze versos numa folha ilustrada, comemorativa dos setenta e cinco anos dos nossos Bombeiros.
Aqui reproduzo o soneto como se repetisse a minha oferenda a um quartel que festeja, em 1980, o primeiro centenário. É como segue:
.
BODAS DE DIAMANTE
.
O João dos Óculos nasceu bombeiro.
Embora fosse pálido e franzino,
Cumpriu até o fim o seu destino
Com impoluta alma de guerreiro.
.
Nenhuns braços lhe foram cativeiro
Mal da sereia ouvisse o som mofino...
Em uma noite de luar divino
Foi encontrar a morte num braseiro.
.
A sua Associação, cândida amante,
Celebra hoje as bodas de diamante,
Quase cem anos de exostência honesta.
.
Um bom diamante, sócios, é carvão.
Ide buscar o coração do João
E fazei dele o símbolo da festa.
.
Mal chegou a Lisboa o sonetito, encontrou no Dr. Nuno Simões carinhoso acolhimento. Depois de o ler na folha única, não se conteve o ilustre publicista. Comunicou o seu entusiasmo à Associação dos Bombeiros.
Isto de críticos... Se todos pensassem o mesmo, a respeito de qualquer obra, tombava o mundo para uma banda, correria o risco de se perder na imensidade.
Todos os conselhos ouvirás e o teu não deixarás - reza o prolóquio. Todas as críticas ouvirás e a tua não deixarás - digo eu antes e depois de publicar os meus escritos. Sei ou suponho que sei até que ponto merecem ser publicados.
.
Não se ficou somente pelo texto atrás reproduzido, a homenagem do "Mestre de todos nós" ao bombeiro falecido no incêndio da Casa Viúva Lopes...
Foi fatídico esse ano de 1953. A 24 de Dezembro, coube a desdita ao garboso e corajoso Afonso Pinto Monteiro, que acabado de almoçar, ao primeiro toque da sirene veio a correr atá ao Quartel. O incêndio era em Sedielos, e ainda a viatura subia a rua junto à Igreja Matriz de Godim, e já o Bombeiro falecia por indigestão provocada pela pela aflitiva corrida de momentos antes.
.
Livro - "Bombeiros Voluntários do Peso da Régua-125 anos da sua História";
Propriedade - Bombeiros Voluntários do Peso da Régua;
Autor - Manuel Igreja;
Fotografia - B. V. do Peso da Régua, Foto Baía, Manuel Igreja;
Paginação, fotolitos e impressão - Imprensa do Douro;
Depósito Legal n. 234957/05;
Tiragem - 2.000 exemplares.

História de um Soneto
João de Araújo Correia
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 27 de Janeiro de 2011
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História de um Soneto

quinta-feira, 10 de maio de 2012

RÉGUA - Um hospital que foi hospital!

Tempo — definição da angústia. 
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te 
Ao coração pulsátil dum poema! 
Era o devir eterno em harmonia. 
Mas foges das vogais, como a frescura 
Da tinta com que escrevo. 
Fica apenas a tua negra sombra: 
— O passado, 
Amargura maior, fotografada. 

Tempo... 
E não haver nada, 
Ninguém, 
Uma alma penada 
Que estrangule a ampulheta duma vez! 

Que realize o crime e a perfeição 
De cortar aquele fio movediço 
De areia 
Que nenhum tecelão 
É capaz de tecer na sua teia! 

Poema "Tempo" de Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'.

Clique nas imagens acima para ampliar. Imagens digitalizadas com origem em livreto comemorativo da inauguração e benção do Hospital D. Luis I - Peso da Régua em 5 de Maio de 1957, pertencente aos arquivos do jornalista duriense Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Maio de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.