domingo, 10 de junho de 2012

QUEM ME DERA



Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.


Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Alberto Caeiro

Clique na imagem para ampliar. Imagem recolhida da net. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

sábado, 9 de junho de 2012

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

A "ponte-velha" agora recuperada

Clique na imagem para ampliar. Imagem original também publicada no jornal semanário "O Arrais". Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Fotografia atual de Miguel Guedes. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

E por falar em comboios... Uma maravilhosa viagem na Linha do Corgo

Para quem gosta de viajar no tempo, deixo o extracto de um texto de 1909, de Domingos Ramos, publicado na “Ilustração Transmontana”, que nos descreve uma maravilhosa viagem na Linha do Corgo:

“…Quem desembarca na Regoa e entra no comboio para as Pedras Salgadas, ao começar a subir as alterosas ravinas que o Corgo sulcou experimenta uma sensação de bem-estar, de admiração e alegria que lhe suggestiona qualquer coisa nova e inesperada. O comboio, n'um balouçar que tem o seu quê de berço, embala a gente sem o sentir e lá vae perfurando panoramas cada vez mais diversos e mais bellos. Aqui apparece-nos a graça gentil d'uma horta viridente, acolá a severidade de lombas elevadas, pináculos agudíssimos;  aquilo que a phylloxera não devastou e queimou como raio e a coragem e o aprumo do proprietário ressuscitou, apresenta-se-nos em amphitheatros, que outr'ora tanta riqueza demonstrava; a imponência dos castanheiros, o avelludado dos pinheiros, o rendilhado dos sabugueiros e o assetinado do amaldiçoado tabaco vêem substituir na rapidez do caminhar aquela magica cultura, para nos surgir ao collear um meandro do rio.
Os casaes alvejam ao sol, e os campanários das freguezias, uns no alto dos outeiros e outros no fundo dos valles, parecem ao longe bandos de pombas espavoridas pelo silvo da machina.
Chega-se a Carrazedo e alli a visualidade é de mágica thetral: não nos parece real o que vêmos, mas sim um sonho! Parado na gare, o comboio espera pelo descendente; ei-lo que foge por sobre a nossa cabeça e precipita-se, desgrenhando a pluma de fumo sobre aquelle que o espera; de repente esconde-se, reapparece, descendo sempre até que se approximam.
Prosegue-se em direcção a Villa Real… faltam minutos para a vermos.

Ninguém, por mais força imaginativa de que disponha, é capaz de affirmar que não excedeu toda a sua expectativa o maravilhoso sonho que vê realizado.

É impossível descrever-se.

Gaba-se o céu de Itália, especialmente o de Capri, porque imprime à paisagem um tom de lilaz em todo o ambiente; pois ao vislumbrar  a casaria, amparada pela magestade do Marão, se o Sol bate em cheio no kaleidoscópio da vila, parece-nos tudo banhado em cor de rosa a evaporar-se deante de nós.
É ampla a entrada para a villa pela Avenida do Caminho de Ferro.
Lá em baixo o Corgo ferve por entre as penedias e lá vae até ao Douro… …”.
- Domingos Ramos, “Ilustração Transmontana”, 1909

Clique nas imagem para ampliar. Sugestão de texto e imagens de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

Clique na imagem para ampliar. Imagem original também publicada no jornal semanário "O Arrais". Sugestão de JASA (José Alfredo Almeida) para este blogue. Fotografia atual de Miguel Guedes. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.