quinta-feira, 30 de junho de 2011

O PORTO...

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui - http://saboraporto.blogspot.com/)

O PORTO... É o PORTO!
Sempre belo, com neblina, com História, com o rio Douro, com o casario, as ruas e pontes e cafés da nostalgia... dos elétricos amarelos da rua de Santa Catarina arquejando sinetas estridentes em busca do Marquês, dos invernos frios num quarto de solteiro da rua Firmeza, das cartas de paixão escritas a amores distantes... da boemia na Ribeira, dos estudantes e jardins, com os jovens de ontem e de hoje nas estações, escadarias, travessas e praças do presente... com o coração e o povo abertos à hospitalidade, à esperança e à lembrança...
O PORTO... É o PORTO!
Como o imaginamos-sonhamos na distância de um imenso mar...
No terno amanhecer de um imenso despertar...
No entardecer suave e permanente de tanta saudade, ao adormecer...
O PORTO... É o PORTO...!
- J. L. Gabão. Junho 2011 

terça-feira, 28 de junho de 2011

ÚLTIMA VONTADE


Quando eu morrer,
Que seja em Agosto
Com toda a gente de férias.
Quero morrer sem desgosto,
Sem dor e sem aborrecer,
Envolto na brancura de um lençol,
Só um padre, a família e os amigos,
Sem mais ninguém saber.
Quero morrer sem choros, sem gritos
E sem anúncio no jornal.
Morrer não é o fim,
E quem me diz a mim
Que a minha vida, afinal,
Não se renovará num caminho
De amor e carinho,
De risos verdadeiros,
Todos os dias renovados
Como se fossem os primeiros?
Quando eu morrer,
Lavem-me com a lágrima do adeus
Que quem morre sempre deita,
Não com pena de morrer,
Mas triste pelos que ficam,
Mais tristes e abandonados,
Sem saberem o que os espera:
Se a disputa de uma herança
Ou o fim de uma esperança.
Quando eu morrer,
Metam-me num jazigo
Com uma ampla janela
Para ver, através dela,
O sol de cada domingo.
Ponham-me flores e uma vela,
Uma cruz e um poema
Que aqui deixo escrito:
Nasceu sem saber porquê,
Viveu sem que o entendessem.
Morreu sabendo para quê:
Para que na ausência o lembrassem.
Basta para dizer tudo,
O que foi o meu mundo
Em criança e em adulto.
Atravessei mares e continentes,
Chorei nas noites de abandono,
Amei raças diferentes
E não sei se matei por engano.
Quando eu morrer,
Não quero ir para a terra;
Em vez de morrer uma vez,
Morreria, então, duas vezes.
Concordem que não o merecerei
E, se o fizerem, garanto-vos,
Nunca o esquecerei.
Afinal, quem vive com os remorsos
De uma última vontade não cumprida,
Naquele instante de amargura e despedida
Em que o sangue se esvai,
No grito intolerável que a vida dá,
Até se esbater cansado num ai
Que até parece que, depois dele, nada mais há?
Quando eu morrer,
As andorinhas farão ninhos
No beiral da casa onde nasci,
Cantando de mansinho
Para que não me interrompam o fim.
Apanhem uma que seja dócil e bela,
Prendam-na às minhas mãos
E deixem-me ir assim com ela,
Caixão aberto e o sol a brilhar,
As pessoas espantadas a olhar
Para um funeral nunca visto.
Batam palmas devagarinho,
Não se importem de parecer mal,
Não falem durante o caminho,
E vejam se vou a voar.
Quando eu morrer,
Se calhar, não terei tempo de dizer
O que sempre calei em vida:
Que amei tanto os outros
E alguns não me mereceram,
Que chorei por loucos
E por quem não devia,
Que encolhi silêncios
Pelos que nunca me lembraram
E alguns até se afastaram.
Quando eu morrer
Vai ser penoso ir-me embora,
Deitado, estrada fora,
Sem me mexer,
Sem poder beijar os frutos da minha felicidade,
Virtudes e defeitos do meu ser,
Os seus rostos mais lindos do que o sol a nascer
E sorrir-lhes, então, até à eternidade.

- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória". O livro "O Lagar da Memória" foi apresentado  dia 12 de Março último na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia . Informações para compra aqui. Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". A imagem ilustrativa acima é formada/editada por diversas fotos recolhidas da internet livre. Clique na imagem para ampliar.
  • *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua - Portugal.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

É preciso que se saiba: "Quanto mais velho, melhor", é a frase popular que define o famoso Vinho do Porto

Por: Manuela Teixeira - Correio da Manhã

Os enólogos afirmam que os vinhos do Douro são únicos, mas foi o filho mais velho, o inimitável Vinho do Porto, quem iniciou a internacionalização da Região Demarcada do Douro. "Quanto mais velho, melhor", é a frase popular que define o famoso Vinho do Porto, também chamado de vinho fino.

Em 2010, o Douro vinhateiro produziu 263 mil pipas de vinho, das quais 140 mil foram de Vinho do Porto. A exportação rondou as 115 mil pipas, que corresponde a 315 milhões de euros. E o mercado nacional rendeu 56 milhões. Contas feitas, a produção de vinhos representa 98 por cento do rendimento da região demarcada. São 45 mil hectares de vinha, dos quais 36 mil licenciados para produzir vinhos do Douro, Porto, Rosé, Moscatel e vinhos durienses correntes.
Segundo o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), Luciano Vilhena Pereira, a actual crise económica poderá afectar ligeiramente o volume de vendas. "Mas a nível da exportação não parece haver problemas. Estamos até a conquistar novos mercados", frisa.
Actualmente, França, Holanda, Bélgica e Reino Unido são os melhores clientes dos vinhos do Douro. O Vinho do Porto é também muito apreciado nos Estados Unidos, Brasil, África do Sul e, mais recentemente, na Ásia. "O único perigo são as tentativas de imitação do Vinho do Porto. Alguns já arriscaram mas não conseguiram", refere Vilhena Pereira. "Vamos lá ver se os chineses também vão tentar", ironiza.
O que faz do Vinho do Porto único e inimitável são as suas características: é encorpado, generoso, de paladar macio e aroma inconfundível. É uma bebida com classe, que conta a história do Douro desde o final do século XVII.
Depois do Vinho do Porto, o Douro Vinhateiro cultivou dezenas de castas de vinhos de mesa, que conquistaram também Portugal e o Mundo.
A fama dos vinhos do Douro e em particular do Vinho do Porto foi o motor da promoção turística da região. Desde 2001 que o Douro Vinhateiro é Património Mundial, um titulo atribuído pela UNESCO. A paisagem cultural no vale do rio Douro, esculpido de vinhas em encostas íngremes, são o postal da região. Nos últimos anos, os empresários apostaram também no rio, com cruzeiros que levam os turistas até ao Peso da Régua, Pinhão e Barca D’Alva. As viagens incluem visitas às caves de Vinho do Porto e quintas de cultivo.
DISCURSO DIRECTO
"É O NOSSO PATRIMÓNIO",  Luciano Vilhena Pereira, Instituto dos Vinhos do Douro
CM – O Douro Vinhateiro ser Património Mundial fez aumentar as exportações?
Vilhena Pereira – Bastante, sobretudo os vinhos de mesa, porque o Vinho do Porto já tem séculos de notoriedade mundial. Antes de ser Património da Humanidade, o Douro é o nosso melhor património.
– Como trabalham o futuro?
– Estamos a realizar vários estudos de perfis dos solos com a abertura de 1500 buracos. É um trabalho em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
– E como defendem a marca?
– Com muita fiscalização, para travar a saída das castas da região.
PRESERVAR O PASSADO COM OS NOSSOS VINHOS
Fernando Morgado, engenheiro agrário, transmontano de origem e coração, é um dos mais novos vitivinicultores da Região Demarcada do Douro. Criou a marca Quinta de Fiães, com cultivo em Vilar de Maçada, Alijó. O vinho branco Quinta de Fiães é o ex-líbris e está inscrito no ranking dos cem melhores vinhos portugueses. Lançou-se no mercado em 1998 e já conquistou vários mercados internacionais.
Habituado à tradição, a família Morgado faz questão de ainda pisar as uvas em tanques, mas apenas por diversão, porque as tecnologias fazem o trabalho maior.
Preservar o passado na construção do futuro é o lema dos Morgado, que estão já a apostar no agro-turismo, com a construção de espaços onde os turistas podem participar no cultivo e também no processo da vindima. "Este ano vamos ter um boa colheita. Não houve infestações graves e o tempo tem estado favorável ao desenvolvimento da uva", explicou ao Correio da Manhã Fernando Morgado.
Os apreciadores de vinhos do Douro definem os Quinta de Fiães como um vinho macio, leve, que se bebe devagar e com prazer. Apesar de ser um maduro, os Morgado gostam de o servir bem frio.