terça-feira, 7 de dezembro de 2010

As Caldas do Moledo da nossa nostalgia...

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As águas das Termas das Caldas do Moledo são conhecidas desde há muito tempo. A elas se refere o celebre médico do reino, nascido em Mirandela, Dr. Francisco da Fonseca Henriques, no seu famoso livrinho "Aquilégio Medicinal", Lisboa Occidental, 1726, pág.24, onde nos garante que "no concelho de Penaguião, (...) ha umas Caldas suphureas, que curão os achaques frios de nervos, debilidades de juntas, vertigens, convulsões, e finalmente todos os os mais achaques...".

Pode assim dizer-se que a quantidade de banhistas oriundas de todos os pontos do país procuravam as Termas de Caldas do Moledo, "a fim de tratarem dos seus padecimentos", o que está retratado neste velho postal como uma simpática recepção a banhistas, e nos faz recuar aos seus momentos áureos, talvez a inicios do século XX, ainda durante a monarquia.

A vida social nas Termas das Caldas do Moledo era muito intensa no período balnear, "comboios especiais saiam da Régua às 9 horas, parando em todas as confluências de caminhos, exclusivamente para transporte de aquistas a desembarcar no cais privativo sobre o Palacte. Daí o comboio regressava à estação das Caldas do Moledo donde pelas 11.30 horas voltava ao cais para recolha e recondução dos mesmos passageiros". Um casino mandado pela Ferreirinha, vários hotéis - O Grande Hotel, O Hotel Vilhena e o Peti Hotel - "muitas casas para aquistas", três capelas particulares, uma farmácia, um talho, uma casa de artigos fotográficos, várias sapatarias, alfaiates, funileiros, relojoeiro, barbeiros, mercearias e estabelecimento de fazendas brancas, estação de telégrafo postal, estação dos caminhos de ferro, mercado diário na época balnear, aguardavam os aquistas para os servir e lhes proporcionar uma agradável estadia num lugar servido por uma paisagem fantástica e um clima ameno.
- Colaboração de J. A. Almeida para "Escritos do Douro" em Dezembro de 2010.

Recortes - RÉGUA, antes... RÉGUA, depois...

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

BOMBEIROS DA RÉGUA - Uma “força invencível” com 130 anos de vida ao serviço do povo reguense

Simulacro na zona habitacional do Peso

O programa festivo deste 130 aniversário da AHBV do Peso da Régua começou no inicio da tarde de sábado, dia 27 de Novembro, com a realização de um simulacro de combate a uma habitação situada na zona histórica do Peso, na Rua de S. João, para a qual foram bombeiros chamados a intervir nesse “teatro de operações” para demonstrarem as suas capacidades, eficácia e prontidão no combate ao fogo numa velha e degrada habitação, seguindo-se o salvamento de bens e a vida de uma pessoa ferida. Assim, os bombeiros puderam testar a operacionalidade de vários equipamentos e das suas viaturas num lugar em que as condições de segurança são precárias face às ruas estreitas, com estacionamentos indevidos e ao estado de ruína da maior parte em que se encontram muitas casas.

Romagem aos Cemitérios

No dia 28 de Novembro, as cerimónias comemorativas centraram-se numa romagem do corpo activo, fanfarra e directores aos dois cemitérios da cidade (Godim e Peso), onde foi colocada em cada jazigo de bombeiros e directores ali sepultados uma flor em cada jazigo e fez-se uma guarda de honra junto dos jazigos dos Comandantes Manuel Maria de Magalhães e de Carlos Cardoso, do antigo presidente de direcção, Dr. Júlio Vilela e dos bombeiros falecidos em combates aos fogos, João Figueiredo e Afonso Monteiro.

Sessão Solene com discursos e Crachás de Ouro para bombeiros

A sessão solene que teve lugar no Salão Nobre “António José Rodrigues” foi dirigida pelo presidente da Assembleia-geral da Associação, dr. José Alberto Marques que proferiu um discurso cheio de mensagens. Começou por salientar que 130 anos, não são 130 dias, para reforçar a ideia de uma instituição que perdura no tempo apesar dos muitos momentos de dificuldade. Sorte, disse, tiveram os bombeiros reguenses por ter existido ao longo dos anos, gente com inteligência e com vontade, para fazer desta instituição aquilo que é e que vem sendo ao longo de 130 anos, assinalando numa metáfora que ela está construída na rocha. Neste contexto, referiu a presença na sala de cinco antigos presidentes da Direcção – Dr. Aires Querubim de Menezes, Dr. José Luís Soveral Montenegro, Prof. Fernando de Almeida, José Manuel Moura e Eduardo Sebastião - a quem dirigiu os seus agradecimentos, estendidos a todos aqueles que fizeram da Associação aniversariante aquela a quem os reguenses mais amam. Não deixou depois de referir alguns presentes e alguns ausentes, em especial o dr. Jorge Almeida, por costume sempre presente neste acto, mas desta vez ausente por motivos de saúde. Reforçando a sua mensagem para a Associação, parafraseou Aquilo Ribeiro, quando este escreveu “Alcança quem não cansa”, para desejar que por parte dos Bombeiros da Régua, se “não canse, para se alcançar”.

De seguida o presidente da Direcção da Associação, dr. José Alfredo Almeida, que antes de mais relembrou os 27 homens que liderados pelo Comandante Manuel Maria de Magalhães, no dia 28 de Novembro de 1880, se uniram para dar identidade e ser à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, salientando que eles merecem o nosso respeito e admiração pelo que hoje são e valem os Bombeiros da Régua, depois de lembrar os antigos presidentes de Câmara da Régua que mais ajudaram a missão dos bombeiros - Dr. Mário Bernardes Pereira (1930), Dr. Fernando Bandeira (1955) e o Prof. Renato Aguiar (1980) e agradeceu e reconheceu também o apoio prestado pelo actual executivo, que foi essencial a candidatura para o financiamento das obras de requalificação da sede da associação e vai significativo para a próxima organização do 41º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, cuja responsabilidade cabe aos bombeiros da Régua. Agradeceu e destacou ainda, os beneméritos Eurico Cardoso, Eurico Patrício e empresário Manuel Rocha Macedo, recentemente falecido no Brasil, que durante o ano em curso muito ajudaram a Associação que dirige. E, acabou o seu discurso com uma citação do escritor João de Araújo Correia que era um grande admirador dos bombeiros da sua terra, em que num dos aniversários da associação lhe escreveu este enorme elogio: “Felicito a nobilíssima corporação por mais um ano de vida. Cumpro este dever como se cumprisse um voto religioso. Quando tudo falece, pela palavra tudo, a longa vida dos nossos bombeiros é um sinal de força invencível. Comparo-a à vida de uma árvore, que tenha escapado à fúria dos temporais para se prolongar como símbolo de eternidade.
O Dr. Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, que agraciou os Chefes António Silva e António Dias, com o Crachá de Ouro daquela Liga, falou para defender que o contexto de desenvolvimento dos bombeiros e da protecção por eles prestada, deve basear-se num triângulo em que se unem os Bombeiros com as suas Associações, o Poder Central e o Poder Autárquico, na manutenção do que chamou de um património público incomensurável, uma escola cívica, numa lógica de parceria em que cada qual afirma os seus valores.

O presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua, engº. Nuno Gonçalves, usou da palavra dizendo que a presença do presidente da Liga era em si mesma uma prova do relevo que os Bombeiros reguenses merecem a nível nacional, um estatuto conquistado segundo ele, ao longo dos anos pelo trabalho que em redor dela se soube desenvolver. Devemos pois segundo o edil, reconhecer mais do que agradecer, todo o trabalho que dirigentes e corpo activo levam ali a efeito para usufruto de toda a comunidade. Fez depois notar Nuno Gonçalves, que se em anos anteriores ali apelou à formação enquanto algo fundamental, agora podia dizer ter sido essa um aposta ganha. Aludindo a mais que centenária Associação Humanitária aniversariante, disse ser ela a mais importante de um concelho que tem muitas outras importantes e boas. Acerca do ano que se abre, garantiu ser um ano importante dadas as obras que se iniciarão e o 41.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses que se realizará na cidade. Não deixou contudo de fazer notar os tempos orçamentalmente difíceis que se vivem a nível geral, garantindo no entanto a continuidade do apoio da sua autarquia aos bombeiros.

Esta sessão solene foi encerrada pelo Governador Civil do Distrito de Vila Real, dr. Alexandre Chaves, que mais uma vez manifestou o seu apreço pelos bombeiros em geral, e pelos da Régua em particular, merecedores de respeito e admiração, conforme atesta o facto de terem 130 anos de vida.

Durante a cerimónia foram agraciados com o crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses, os Chefes António Silva (com 41 anos de serviço) e António Manuel Dias (37 anos de serviço) e ainda medalha de mérito para o bombeiro motorista Manuel Silva Dias (20 anos) e para o dr. José Alberto Marques (10 anos) e José Vasques de Sousa (10 anos).
Num gesto simbólico, mas de grande significado para a história dos bombeiros da Régua, a cerimónia terminou com a assinatura do Contrato de Empreitada para as obras de beneficiação do Quartel Delfim Ferreira, no valor de 300 mil euros, pelo presidente da Direcção e pelo representante da empresa construtora vencedora "Teixeira, Pinto & Soares", de Amarante, as quais devem iniciar-se até ao fim deste ano.
- Peso da Régua, Dezembro de 2010. Texto e imagens  de J A Almeida* para Escritos do Douro 2010. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua de onde é natural e de figuras marcantes do Douro.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tragédia na Ponte da Régua

Eram perto das 18.45 da 1º de Maio de 1964. Mais uma tarde primaveril acabava num horizonte cercado de montes de vinhas verdejantes e as aguas serenas de um rio pasmado na beleza das suas margens. De repente, um estrondoso ruído iria marcar de dor e sofrimento a sossegada vila da Régua.

Cumprindo com exactidão o horário, uma camioneta de passageiros da EAVT fazia o percurso habitual e rotinado, entre a cidade de Lamego e a Vila do Peso da Régua. Atravessava a ponte nova, já nos últimos tabuleiros – ponte destinada a uma linha ferroviária que nunca veio a ser construída. Avistava-se, já muito pertinho, o velho casario do Corgo, o imponente cais de mercadorias da estação do caminho-de-ferro, os táxis e camionetas de carreira a aguardarem passageiros, no Largo da Estação, onde também esta iria fazer a última paragem de giro.
Ao chegar prestes do fim da ponte, a camioneta cruza com um carro, um pequeno Austin Mini. Colidem lateralmente. A camioneta descontrola-se e guina para a esquerda. Sobe o passeio, derruba o gradeamento de ferro e precipita-se numa queda de 30 metros. A camioneta cai sobre lajes e pedregulhos que ladeiam a margem do rio, próximo do local onde as crianças costumavam brincar e tomar banho, conhecido como “Cais da Junqueira”. Desfaz-se em ferros retorcidos e vidros partidos. Gera-se o pânico nos passageiros. Surpreendentemente, um passageiro, o Sr. Matos Ferreira, sai ileso e a primeira coisa que faz é voltar a trás, à procura de um botão caído do seu casaco no meio daqueles destroços.
Pouco tempo depois, chegavam os primeiros bombeiros, o José Manuel Clemente e o pai, que ficam horrorizados com o cenário encontrado. São estes dois homens que prestam os primeiros socorros às vitimas feridas, ajudando-as a sair do interior da camioneta. De imediato, pedem reforços para responder com dignidade à gravidade da situação. Chegam os médicos e enfermeiros que trabalham na Régua e em Lamego, entre os quais é de salientar a presença do Dr. João de Araújo Correia. Começaram a ser retirados os corpos sem vida, o condutor e o cobrador da camioneta. Entre as manchas de sangue, aparecia calçado feminino, pastas de estudantes, uma colecção de pontos de matemática, chapéus de homem, um tubo de pasta dentífrica e as folhas de um ponto de matemática, com o nome do dono, Camilo Bernardes Pereira. Os feridos continuavam a ser retiradas do meio dos ferros retorcidos. Mais uma jovem sem vida, Maria Henriqueta, filha do vice-presidente da câmara, Roque Cruz.

Entretanto, os feridos são transportados nas ambulâncias dos bombeiros para a urgência do Hospital D. Luís I. Pouco tempo depois, corre a notícia de que acabava de falecer mais uma criança. Durante a madrugada, outra menina não resiste aos ferimentos. No dia seguinte, uma outra desiste de viver.
Acabam de perder a vida, neste trágico acidente, cinco adolescentes, na primavera da vida, e dois homens adultos. A Régua vive momentos de grande pesar, deixando-se enlutar pela tragédia das três famílias atingidas.
Para memória futura, João de Araújo Correia, chamado ao local para prestar assistência aos feridos, na sua qualidade de médico, não deixou de evocar a dor e o sofrimento dos sinistrados, dos familiares, dos amigos, de toda a população nem deixou de criticar a falta de civismo dos condutores, em geral, pouco dispostos a cumprirem o código, e lamentou que a tragédia acontecesse numa ponte nova, mas sem condições mínimas de segurança para circulação de veículos nos dois sentidos. Quem o ouviu, nesse tempo? Ninguém..! Fizeram ouvidos de mercador, foi como se nada ali tivesse acontecido. Passados muitos anos, naquela ponte, tudo permanece igual, mas com riscos cada vez maiores. Tudo isso faz parte de uma séria reflexão que ele próprio expôs na crónica “Duas Pontes”, publicada no jornal “Comércio do Porto”, de que aqui se transcreve o essencial:
“Mais um desastre de viação e, desta vez, horroroso. Cinco meninas em flor, ainda estudantes, e dois homens válidos, dois trabalhadores, encontraram a morte dentro de um autocarro, despenhado do alto de uma ponte, na Régua, sobre a margem direita do rio Douro.

Mas, além dos mortos, os feridos... O hospital da Régua foi hospital de sangue no fim de uma batalha. Quem assistiu àquelas ansiedades, àqueles estertores, continua a sonhar amargo pesadelo. O dia 1º de Maio de 1964, dia de rosas, fica assinalado, na Régua, como dia de goivos e martírios.

De quem foi a culpa? A culpa, senhores, não foi de ninguém. A culpa deve atribuir-se ao fatalismo, crença absoluta do automobilista português no que tem de acontecer. Com semelhante credo, tanto lhe faz guiar mal como bem, tanto lhe faz obedecer como desobedecer ao exame de condução. O código só tem valor antes do exame. Feito o exame, é letra morta.

Fanático do fatalismo, o motorista português é suicida sem desgosto e assassino sem rancor. E, se assim se pode dizer, um inocente. Maneira de o desviar de si próprio, fazer-lhe crer no livre arbítrio ou no determinismo, seria castigá-lo, de modo que lhe doesse, quando prevarica. Mas, a lei portuguesa e o tribunal português são benignos com o motorista desastrado. No fim das audiências, ouve-se dizer: pobre de quem morre.

Sobre a má filosofia, o vinho, a pressa, a inveja, o delírio - fazem da estrada portuguesa um cemitério. Não o seria se a lei fosse mais dura, e o tribunal menos indulgente.

Pobre estrada portuguesa! Em vez de caminho florido, é um calvário, uma fábrica de lutos. Na Régua, há hoje exemplos da maior “dor humana". Dois casais felizes perderam, cada um, duas filhas. São, como diria Camilo, sepulcros vivos de duas filhas mortas.
Quem acode à nossa estrada? Quem acode à família portuguesa? O caso da Régua é um grito que implora eco na consciência nacional. Tanta morte em estrada tão pequenina! Os desastres, em Portugal, são o dobro e o tresdobro dos inevitáveis.

O caso da Régua, à parte o erro ou erros de condução, é atribuível a outra espécie de incúria. Se, na ponte malfadada, estreita e desprotegida, com duas guardas que são dois ornatos, fossem proibidos cruzamentos e ultrapassagens, o desastre não teria ocorrido. Mas, nem do lado de Lamego, nem do lado da Régua, há sinal proibitivo. Nem sequer se reforça, num letreiro, o mandamento que obriga a moderar a marcha numa ponte. Não há nada! O que ali se faz, de vez em quando, é espantoso. Vai, pela sua mão, um motorista pacato. De repente, sem tir-te nem guar-te, passa-lhe à esquerda uma sombra. É um automóvel que vai para o outro mundo e quer levar consigo outros automóveis. Mais adiante, o motorista pacato avista uma nuvem. É outro automóvel, que vem ao seu encontro para o matar e fazer do seu carrinho um bolo. Pobre motorista pacato!

Na Régua, há duas pontes. Há a ponte nova, onde se deu o desastre, e a ponte velha, inutilizada por avaria do tabuleiro, mas, com pilares tão rijos, que pede tabuleiro novo. Se lho dessem, teria a Régua duas pontes, bastantes para o seu tráfego. Seriam duas pontes sem desastres, porque o trânsito se faria em sentido único. Ia-se da Régua a Lamego pela ponte velha e regressava-se à Régua pela ponte nova”.
Diz-se que o tempo tudo apaga, mas não parece ser verdade, quando se recordam os acontecimentos da tragédia na ponte da Régua, que não está esquecida por ninguém. Lembram-se dela os familiares das vítimas, onde a dor permanece viva, os feridos que sobreviveram da queda, acreditando que foi um milagre que lhes aconteceu nesse dia.

Os bombeiros também não esquecem o dia da tragédia. Aqueles que ajudaram na operação de salvamento e no transporte dos feridos e os que acompanharam o funeral das duas irmãs da família Roque Cruz, transportadas no velho pronto socorro Buick pela ruas da Régua, entre o hospital e o largo da Igreja Matriz, no Peso, onde se celebraram as últimas cerimónias religiosas.
Esta era a única missão que os bombeiros gostavam de não ter cumprido. Como aconteceu nas últimas viagens, ficou uma dor e luto profundo no coração daqueles homens que pelo caminho interminável da vida, choraram a morte daquelas crianças do acidente trágico, em cima da ponte nova da Régua.

Os nossos bombeiros prefeririam não ter participado nesta missão de dor que enlutou a população da sua vila natal, pelo facto de um acontecimento abrupto ter cortado o fio da vida a algumas jovens da sua comunidade e terem de ser eles a conduzir os restos mortais à última morada. Mas dar acolhimento a tal preferência seria traírem a razão da sua existência na Régua. A dor custa a suportar a todo o ser humano. É nessas ocasiões que as pessoas em sofrimento mais precisam da presença, do apoio e do auxílio dos amigos. Os bombeiros, igualmente em sofrimento, marcaram a sua presença amiga, oferecendo o seu auxílio até ao fim, até ao fel amargo da dor dos familiares destroçados. No meio das lágrimas que choraram mantiveram alta a nobreza que sempre os tem caracterizado.
- Peso da Régua, Dezembro de 2010. Colaboração de J A Almeida* para Escritos do Douro 2010. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua de onde é natural e de figuras marcantes do Douro.
Jornal "O Arrais", Sexta-Feira, 1 de Dezembro de 2010
Arquivo dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua
Tragédia na Ponte da Régua - 1º de Maio de 1964.
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Tragédia na Ponte da Régua - 1º de Maio de 1964