terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Figuras da Régua - Recordando CESÁRIO BONITO


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Cesário Bonito nasceu no dia 1 de Agosto de 1909 em Peso da Régua.

Foi o 25º Presidente do Futebol Clube do Porto. Presidiu o clube em três períodos diferentes: de 1945 a 1948, de 1955 a 1957 e de 1965 a 1967.

A sua ligação ao FC Porto começou quando ainda era criança já que jogou futebol na equipa de infantis. Seguiu depois os caminhos da medicina para ser Médico de profissão.

Em 1943 assume o cargo de vice-presidente, e dois anos depois assume pela primeira vez o cargo de presidente do clube.

Foi durante esta sua primeira passagem pela liderança dos destinos dos Dragões, que se deram importantes avanços para a construção do Estádio das Antas. Havia na altura as hipóteses de se construir o estádio em Vilarinha, ou nas Antas. Cesário Bonito sempre defendeu a segunda hipótese, e foi o responsável pela compra dos terrenos em 1948.

Depois da sua primeira passagem pela presidência, passou a relator, e em 1950 a Presidente da Assembleia Geral.

Em 1955 foi de novo eleito para Presidente. Neste seu segundo mandato, viu o FC Porto a sagrar-se Campeão Nacional, após um jejum de 16 anos, e a vencer também a Taça de Portugal. Uma equipa que era orientada por Dorival Yustrich. Foi ainda neste seu segundo mandato que foi inaugurado o Lar do Jogador.

Outro caso que ficou marcado neste período foi o adiamento de parte da FPF de um jogo disputado no Estádio das Antas entre o FC Porto e o Sporting. Porque o jogador leonino, José Travassos, tinha ficado retido no aeroporto de Madrid devido ao nevoeiro. O Dr. Cesário Bonito revolta-se e protesta indignado. A Federação Portuguesa de Futebol irradia-o e suspendeu por 3 anos outros elementos da Direcção. Mas nem assim o Presidente do FC Porto se calou e como o escândalo começou a ter repercussões até no estrangeiro, a FPF recuou, levantou os castigos e assim acabou por ser imposta a justiça.

Cesário Bonito voltou a liderar os destinos do clube entre 1965 a 1967, passando depois a Presidente do Conselho Fiscal.

Em 1952 foi agraciado com o título de Sócio Honorário do FC Porto e em 1983 recebeu a mais importante distinção do clube que foi de Presidente Honorário.

Faleceu no dia 4 de Setembro de 1987.
- Publicada por Paulo Moreira in blog “Estrelas do F C P" - Sugestão de nosso Amigo e colaborador J. A. Almeida.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um incêndio no concelho de Santa Marta de Penaguião

“É-me agradável saborear o espectáculo dum incêndio, sem a possibilidade duma queimadura e sem a mortificação duma ajuda para o sinistrado. Deixo o caminho desimpedido ao meu representante, o bombeiro voluntário” – Miguel Torga, in A Terceira Voz.

Foi em 19 de Dezembro de 1957… no concelho de Santa Marta de Penaguião, mais precisamente na freguesia da Cumieira que ocorreu um violento incêndio numa casa de habitação da Quinta da Portela, pertencente aos herdeiros de D. Zulmira Leite Pedroso. Estiveram presentes os bombeiros da Régua e das duas corporações de Vila Real. Aqui nesta fotografia vêem-se os bombeiros da Régua no serviço de rescaldo. Empunhava a agulheta o José Almeida Macedo, tendo como seu espia o Joaquim Sequeira Teles e, na escada depois de auxiliarem a subida da mangueira (60 mm), estava o José Melo Júnior e o Alberto Coutinho.

Com o passar dos anos, é natural que não existam no lugar nenhumas marcas visíveis do incêndio. A casa ardida foi reconstruída, a vida ali não deixou de continuar, ninguém cruzando os braços perante o desânimo e a desgraça. Daquelas ruínas e cinzas, tudo recomeçou com mais energia e determinação, novo esforço e uma esperança renovada em melhores colheitas da vinha e produção de bons vinhos. Parece que serão poucas as pessoas que conseguirão recordar esse dia de fatalidade. Não deve ser fácil encontrar alguém ainda vivo que o tenha presenciado.

Decorridos 56 anos, o tempo não apagou todas as memórias desse incêndio. Resistem algumas, como esta fotografia publicada no jornal “O Primeiro de Janeiro” que mostra uma parte da tragédia. Sobrevive, pelo menos, um dos bombeiros da Régua que foi chamado para combater o fogo. Pode dar o seu testemunho o senhor Joaquim Sequeira Teles, ou como o tratam os amigos, o Quim Teles. Como tocasse numa ferida, lembra com pormenores e nitidez as fases do socorro a esse incêndio, a dor das pessoas, o serviço de rescaldo e as ruínas que restaram da habitação.


Foi bombeiro no corpo activo até ao limite de idade. Não chegou a integrar o quadro honorário, por erro ou lapso de alguém, mas isso não o impediu de voltar a entrar no quartel sempre que entendesse, em especial nos aniversários da associação, revivendo o genuíno voluntariado. Contagia conversas com sua simplicidade e afabilidade. É um homem simples e generoso. Escutam-se-lhe atentamente histórias impressionantes da sua vida, na qual diz ter apreendido tudo o que sabe. Para muitos, é já um reguense ilustre.

Conta 79 anos de vida (nasceu a 18 de Abril de 1930). Como sócio, trabalhou na desaparecida firma “A Construtora do Douro”, onde os operários eram quase todos bombeiros e, quando tocava a sirene, algumas obras paravam para irem para o fogo. Hoje fala-se mais dele pela sua notoriedade como dirigente da arbitragem e do futebol. É por todos estimado, bem como toda a família, os Teles, reconhecidos pela sua dedicação ao próximo e pelo trabalho social e humanitário. A começar, pelo seu irmão Manuel que é padre no Vidago - autor de irreverentes crónicas “Pontas de Fogo”- depois a conhecida Irmã Rosinha – que já celebrou 50 anos de vida religiosa como freira – conhecida pela seu trabalho com as crianças no Patronato de Godim - e o falecido Carlos, que também foi bombeiro. São pessoas de referência e exemplos de bondade para a Régua. Não foi só nesta missão que o Joaquim Sequeira Teles serviu o bem colectivo. Dedicou quase toda a sua vida a fazer o bem dos outros e à sua terra. Com justiça se diga, isto faz com que seja credor da nossa admiração e reconhecimento.

A generosidade humana de um homem que se faz bombeiro está realçada num excelente texto intitulado “O bombeiro e a religião”, assinado pelo Padre Luís Marçal, arcipreste da Régua, na revista do centenário da associação, onde vincou estas importantes reflexões:

“São três as palavras que identificam o bombeiro com o cristão, que exprimem a afinidade de objectos, a comunhão de ideais: “Vida por Vida”.

Vida por vida – é a divisa do bombeiro, é o seu dever a cumprir.

Vida por vida – é o sinal do cristão, o seu divino mandamento.

(…)

Amor universal, total, gratuito – eis o amor de Cristo que deverá ser o amor do cristão. Não é assim o amor do Bombeiro?

Ao toque da sirene não procura saber quem o chama: se amigo ou inimigo pobre ou rico, conhecido ou desconhecido. Vai porque é universal no seu gesto.

O bombeiro não condiciona o seu serviço, não põe limite algum na sua acção. Esvazia-se dos seus problemas para viver os problemas dos outros. Sai de casa e não sabe se regressa: não sabe se será o último beijo ou olhar com que se despede dos seus. Vai pôr a vida ao serviço de outras vidas: é total na sua entrega.

O bombeiro não exige e nada espera pelo seu trabalho: é voluntário na sua resposta.
Quando o bombeiro descobre no silvo da sirene a voz de Deus que o chama e no irmão que socorre a pessoa de Cristo a sofrer, o seu gesto que é senão de AMOR.”

Lembrava nas suas memórias o chefe António Guedes que, durante muitos anos, os bombeiros da Régua tinham a responsabilidade de zelar pelo socorro e a sua assistência dos bens e vidas das pessoas também em Mesão - Frio, Santa Marta de Penaguião e Armamar. Devia-se ao facto de não terem sido constituídos os corpos de bombeiros nesses concelhos vizinhos, o que fazia com que a tarefa recaísse na corporação de bombeiros que estava mais próxima. Pelo que, durante muitos anos, os bombeiros da Régua tiveram de prestar serviços de socorro a fogos e acidentados fora do seu concelho. Em muitos sinistros, os bombeiros da Régua mostraram a sua coragem, abnegação e valentia, praticando mesmo actos de grande heroísmo, que evitaram tragédias e perdas de vidas.

Assim aconteceu no incêndio que atingiu a casa da Quinta da Portela. O fogo chegou a provocar pânico. Segundo se consta terá tido causas de origem criminosa. Parece que teve uma rápida propagação e, quando chegaram os bombeiros da Régua, já as chamas tinham destruído grande parte da habitação. Tinha decorrido muito tempo desde o sinal de alerta. Depois, a distância do quartel até ao lugar era longa, o que não permitiu que tenham chegado a tempo de a salvar, mas não deixaram que o fogo causasse maiores danos. A casa ficava reduzida às suas paredes, pelo que os proprietários contavam que os danos eram avultados, contabilizando um valor de cerca de 1.300 contos. Os bombeiros ainda conseguiram precaver todo o vasilhame com vinho das últimas colheitas, guardado no armazém. O objectivo foi alcançado graças ao trabalho desenvolvido pelo piquete sob o comando do bombeiro de 1ª classe Joaquim Pereira Laranjo (um dos melhores bombeiros da sua geração, mais tarde promovido a chefe), que trabalhou com uma importante força de água captada a mais de 300 metros de distância.

Não são raras as vezes que tudo se perde num incêndio. As chamas, num instante, levam tudo em sua volta. São as pessoas que morrem São os bens ganhos com o custo do suor e sacrifício do trabalho que desaparecem. Não se recuperam mais as coisas preciosas, os objectos simbólicos e de recordações familiares. O incêndio, qualquer que seja, aos olhos de alguns pode ser um deslumbramento, mas na realidade deixa para contar histórias de angústia e sofrimento de pessoas.

Não é de admirar que um incêndio fascinasse o poeta Miguel Torga apenas pela sua beleza e espectáculo da natureza. Para o apagar era um daqueles que não avançava. Sentia-se melhor quando a missão passava a ser desempenhada pelos únicos homens que o enfrentam de frente, o bombeiro voluntário, o seu representante, a quem lhe deixava o caminho desimpedido. Com o seu pensamento, o poeta elogia a acção e a humanidade dos bombeiros. Admira-lhe o seu espírito de sacrifício e de coragem.

Percebemos agora e melhor, o que os bombeiros significam quando somos vítimas de incêndios, acidentes, tragédias e catástrofes. Para nos salvarem, não esperamos por mais ninguém, a não ser pelos bombeiros, os semi-deuses possíveis, em quem acreditamos, mesmo parecendo impossível, que façam verdadeiros milagres.
- Peso da Régua, Janeiro de 2010, J. A. Almeida. 

Obs. -  Joaquim Sequeira Teles, apesar dos seus quase 80 anos, é ainda dirigente da arbritragem na Federação Portuguesa de Futebol... Endereçamos, em nome de J. A. Almeida, autor do texto acima, no meu nome e de minha Família, um abraço aos irmãos Teles e demais estirpe. 
- J. L. Gabão.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Peso da Régua - Alameda Municipal em 1900



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Dois postais da Alameda Municipal, actual Alameda dos Capitães nos principios de 1900, mostrando um belo jardim, com características românticas.

A antiga Alameda, como jardim e seus lagos de água fresca, revelam um espírito de harmonia muito mais apurado do que as actuais formas de gerir o mesmo espaço urbano. Era onde o cidadão se refugiava em busca de ocupação dos tempos livres e de recreio comungando com a beleza deste lugar intemporal onde se vislumbra a verdadeira identidade da cidade.

Recordo que nos anos 50, ainda criança, dizia a meu saudoso Pai que queria ir brincar para "trás-da-câmara", pois era assim que eu designava a atual Alameda dos Capitães.
- Imagens e sugestão de texto de J. A. Almeida.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As manobras na Alameda Marechal Carmona


A Alameda Marechal Carmona, como se chamava em 1954 – hoje designada por Alameda dos Capitães - era o lugar escolhido pelo comando dos bombeiros da Régua para se fazerem uma série de manobras de com o seu equipamento de socorro e assistência e o de transportes de sinistrados e doentes, se bem que muito rudimentares mas então em uso, para treinar as aptidões físicas e capacidades técnicas dos elementos do corpo activo.

A Régua, nos anos 50 anos, era um centro urbano em notório crescimento e desenvolvimento ligado ao comércio do vinho do porto. A sua evolução fazia surgir mais perigos e riscos a enfrentar na área do socorro. Em volta dos bombeiros tudo rapidamente se alterava. As ruas passavam a ter mais trânsito rodoviário devido aos constantes movimentos de transporte do vinho em grandes camiões. Os armazéns também aumentavam e tornavam-se mais perigosos por guardarem matérias inflamáveis. Começava a sentir-se um incremento maior na construção civil, surgindo os primeiros prédios em altura.

Os tempos eram de mudanças no sector socorro. Os bombeiros precisavam de tomar medidas com uma certa urgência. O recurso ao uso da agulheta alimentada pela velha bomba braçal era insuficiente para dar resposta a uma nova multiplicidades de sinistros.

Era comandante Lourenço Medeiros - o respeitável senhor Lourenchinho - já de idade muito avançada e a direcção estava a cargo do carismático Dr. Júlio Vilela. Nos objectivos dos seus primeiros mandados, a formação dos bombeiros constituiu a sua a primeira prioridade. Passava a ser entendida como uma coisa séria. Precisava-se de se responder com mais responsabilidade às novas exigências da comunidade, que obrigava a acção dos bombeiros a um maior rigor e melhor preparação técnica.

Para não ficarem ultrapassados, os bombeiros da Régua procuram seguir o modelo que estavam a adoptar outras corporações para melhorarem as aptidões no plano do material e da preparação técnica. Depois de se reunirem com o Inspector de Incêndios da Zona Norte – Coronel Serafim de Morais - este indica para dar formação aos bombeiros, o chefe Artur José Pinto, do Batalhão Sapadores de Bombeiros do Porto, considerado como o “graduado mais competente” pelos seus superiores.

Sendo aceite sem reservas este serviço, o chefe Artur José Pinto passava a deslocar-se ao quartel Delfim Ferreira, na Régua, todos os fins-de-semana, para ensinar conhecimentos básicos de socorro e realizar as manobras, isto é, exercícios práticos no ataque ao combate aos fogos urbanos.

Os bombeiros passam a receber uma instrução com uma componente mais prática. As manobras no recinto da Alameda, ainda em terra batida, fazem-se com frequência e regularidade Começam a ser usuais os exercícios com as escadas, o escalonamento de casas, treina-se o uso da auto-bomba e mangueiras e ensaiam-se as novas técnicas de transportar os doentes e feridos na auto-maca.

Durante mais de uma década, o chefe Pinto - como na Régua era conhecido - foi o responsável pela formação dos bombeiros reguenses. A associação e o seu corpo de bombeiros deve-lhe estar grata pelo seu importante trabalho. O seu nome deve ser recordado como um dos que mais fez pela formação dos seus elementos, anos 50 e 60.

Na sua homenagem de despedida, feita em Outubro 1964, o Comandante Carlos Cardoso e o presidente da direcção, o médico e cronista Camilo de Araújo Correia reconheceram o seu valor e os seus préstimos. Deste importante director, que muito deu de si para o aumento do prestígio da associação, destacámos o louvor que lhe deu num breve e improvisado discurso: “ao homem, que não é demais dize-lo, conseguiu guindar o nosso corpo activo a um lugar merecido e destacado.”

Quem o conheceu muito bem, o admirava e manteve uma amizade foi o “nosso” grande chefe António Guedes, autor das memórias “Recordando... Bombeiros Voluntários”, publicadas no jornal “O Arrais”, que refere esses tempos e dá um impressionante testemunho sobre a acção deste bombeiro profissional, assim:

“Surpreende-me e penalizou-me deveras a inesperada noticia do falecimento do falecimento, ocorrido há poucos dias, do Chefe Artur José Pinto, do Batalhão de Sapadores do Porto, que durante mais de uma dezena de anos foi instrutor dos Bombeiros Voluntários da Régua.


Todos os sábados chegava num comboio da tarde e à noite, depois de jantar e das vinte às vinte e quatro horas, ministrava instrução e dava teorias aos nossos rapazes, repetindo o exercício no dia imediato, o domingo, das nove as 12 horas.


As “manobras” (como então se chamavam aos exercícios) que a nossa corporação executava, vinham já do tempo de Guilherme Gomes Fernandes, que a ministrava no Porto, aos domingos a bombeiros de várias corporações do país, entre os quais se encontram dois membros dos bombeiros da Régua - Camilo Guedes Castelo Branco e Aires Saldanha – que suportavam, da sua bolsa particular, todas as despesas resultantes das deslocações àquela cidade.


Eram dois “carolas”, que encaravam a sério – como deve ser - a vida de bombeiro e que adoravam (é o termo exacto), a sua corporação como o mesmo desvelo, o mesmo carinho e amor como o que um pai dedica a um filho extremoso.

Ora, a instrução que eles receberam, no Porto, e que depois foi dada à Corporação, Assim, o compreendeu Jaime Guedes, mais tarde, quando foi nomeado para presidir à direcção dos Bombeiros. Então deslocou-se propositadamente ao Porto e solicitou ao Inspector de Incêndios da Zona Norte e Comandante do Batalhão de Sapadores Bombeiros, coronel Serafim de Morais, que autorizasse que um graduado viesse rodas as semanas à Régua ministrar instrução à corporação local, pedido que foi imediata e gentilmente deferido.


E foi o Chefe Pinto que ele enviou, informando particularmente que era o graduado mais competente que tinha e que, certamente poria a corporação na “devida forma”, como de facto sucedeu.


Pois o Chefe Pinto angariou imediatamente grandes amizades nesta vila e pôs a corporação duma tal forma que até o Ministro do Interior, dr. Trigo de Negreiros, ficou absolutamente admirado com a precisão e a unanimidade de movimentos do piquete que lhe prestou honras, à entrada do edifico. E depois, no Salão Nobre, disse ao Comandante Lourenço Medeiros que supôs, até tratar-se de uma força da Guarda Nacional Republicana, tal a simultaneidade de movimentos na ocasião da apresentação de machados. E só então, reparando nestes, foi que verificou tratar-se de bombeiros, pelo que, muito elogiosamente, felicitou o Comandante e todo o Corpo Activo pelo aprumo, correcção e disciplina demonstrados.

Depois da minha passagem ao quadro honorário, os serviços do Chefe Pinto foram inexplicavelmente dispensados.


Julgo que foi um tremendo erro que cometeram.

(…)

Pois sou franco ao afirmar que discordei absolutamente da atitude drástica assumida não sei por quem, e que feriu profundamente o Chefe Pinto, conforme me confessou um dia em que, casualmente, o encontrei em Sampaio Bruno, no Porto.


Sinto imensas saudades desse bom amigo e camarada desaparecido, a quem a Corporação de Bombeiros da minha terra muito ficou a dever.”

Apesar de tudo, e respeitando a sua discordância, parece-nos que não timha razão. Levantada a poeira do tempo, podemos dar a nossa opinião sobre o assunto. Compreendemos a importância do chefe Pinto na formação dos bombeiros da Régua. Entendemos que, como seu amigo, o chefe António Guedes tenha defendido a continuação dos os seus serviços. Mas, nos finais da década de 60, sentiam-se mais mudanças no sector do socorro. Começava a falar-se em novas orientações e modelos de formação, como a criação de uma Escola Nacional de Fogo, para ensinar e preparar os bombeiros. Como seria de esperar, após dez anos, os seus métodos da instrução ministrada aos bombeiros ficavam ultrapassados. A Direcção e o Comando elogiavam-no pelos bons resultados obtidos graças ao seu valioso trabalho que, sem quaisquer dúvidas, contribuiu para melhorar o serviço de incêndios.

Por isso, devemos dar razão ao chefe António Guedes quando nos lembra que a este homem a “corporação de Bombeiros da minha terra muito ficou a dever.” Podemos até afirmar, que chefe Pinto vai ficar de corpo inteiro na história dos bombeiros da Régua.
- Peso da Régua, Janeiro de 2010, J. A. Almeida.

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