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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

PORTUGAL, MEU AVOZINHO...

Não sei bem explicar, mas, quando vejo fotos ou vídeos de Lisboa ou de qualquer outro lugar de Portugal, dá uma saudade tão grande que sinto o coração se apertar. Já visitei outros países, mas Portugal instalou-se no meu coração de uma maneira tal que se transformou em inquilino vitalício.

Quando ouço um fado, então... Parece até que minha terra natal é Portugal. Não renego minha terra, em absoluto, mas acho que essa paixão não é de hoje, vem de bem longe no tempo. Eu ainda não tinha 12 anos quando aconteceu um concurso de redações, aqui no Brasil, sobre a afinidade Brasil-Portugal, e, na minha cidade, Corupá, eu tirei o primeiro lugar, com direito a troféu e tudo.

O tema do concurso era Portugal, meu avozinho, e então, sem nem mesmo conhecer nada da terrinha, a não ser o que nos contavam os livros de história, eu consegui escrever algo que definia essa saudade antecipada. Estava escrito que eu faria muitas vezes a travessia do Atlântico para me encantar, cada vez mais, com aquele pequeno grande país. Na verdade, encantei-me com tudo: com as gentes, com os lugares, como o Douro, como Lisboa, Porto, com os vinhos, com a comida, com os cheiros, com as paisagens, com tanto mais...

Não é só a língua que temos em comum, é a simpatia do povo, é a cultura, são os costumes, são tantas coisas. Portugal tem os lugares mais lindos do mundo, tem as vinhas, que depois da vindima ficam com as folhas de tantas cores, um colorido natural e fantástico, que vai do verde até o marrom, passando pelo alaranjado, o vermelho, uma beleza. Tem o Rio Douro, tem o Rio Tejo, tem a arquitectura tão sua característica, tem o pastel de Belém, tem o vinho do Porto, o vinho Madeira, o vinho Verde, tem todos os vinhos. Tem o queijo de ovelha da Serra da Estrela, que só tem lá, tem bacalhau, tem o presunto pata negra, tem o fado, tem uma literatura contemporânea da melhor qualidade...

Portugal tem as cidades históricas, os castelos, o Oceanário... Mas tem muito mais do que isso. Ainda tenho que voltar lá muitas vezes, pois tudo o que conheço é muito pouco, e tenho muito a descobrir, adiante, sobre essa terra fantástica. Acho que ainda vou morar lá.
- Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, In Jornal do Brasil, edição de 2 de Dezembro de 2013 e blogue Crónica do Dia
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