(Imagem do "Escritos do Douro" publicada em SEGUNDA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2012 - 132º. aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua)
Nas minhas deslocações profissionais e de lazer, tenho visitado – como a maioria dos leitores – diversas vilas e cidades. Para além de Tribunais, Museus, Igrejas, Câmaras, Hospitais etc., etc. são de notória utilidade pública os Quartéis dos Bombeiros.
Há quartéis e quartéis. Conhecem-se quartéis dos soldados da paz que têm o aspecto dum Armazém no rés-do-chão para aparcamento de viaturas e telecomunicações e dum exíguo 1º Andar para serviço administrativo, reuniões da direcção e salão nobre. Conhecem-se terras de iguais ou de maiores dimensões que a Régua mas não têm um Quartel igual ou semelhante. Não vou nomear nenhuma dessas terras por respeito à solidariedade, ao voluntariado e ao bem-fazer, apanágio a todos os bombeiros. Mas, é fácil ajuizar que há poucos Edifícios (dos Bombeiros) no nosso país, com o belo desenho e amplo espaço (cada vez menor no rés-do-chão) do Quartel Delfim Ferreira, na Av. Dr. Antão de Carvalho, na Régua. O Hábito (entenda-se por Edifício) com uma fachada principal granítica bem concebida e ornamentada, suficientemente iluminado e arejado por janelas com padieiras de cantaria, destaca-se na arquitectura da cidade.
Os Bombeiros reguenses e demais Equipa (os Monges) trabalham esforçadamente para servirem, o melhor possível, a Comunidade. Há tempos recebi do Dr. J. Alfredo Almeida uma fotografia histórica que documenta uma das fases da construção; por este meio, lha agradeço. Mas a riqueza e beleza do Edifício não se limitam ao exterior. São extensivas ao seu interior.
O rés-do-chão acolhe: central de comunicações, balneários, sanitários, 8 ambulâncias para doentes (5 de socorro e 3 de transporte), 5 viaturas de combate a incêndios (3 a fogos urbanos e duas a florestais), 2 barcos de socorro a náufragos com uma carrinha de mergulhadores, 1 carro de desencarceramento e ambulância do INEM.
No 1º andar ficam instalados a sala de reuniões da direcção, o salão nobre, a secretaria, gabinete e bar. Ainda aí fica o museu da Corporação denominado “Museu João de Araújo Correia” com uma exposição permanente dum acervo numeroso de peças: antiga bomba extintora braçal, motobombas, extintores, macas antigas, condecorações, prémios, prendas, fotografias, diplomas, bandeiras, estandartes, galhardetes, medalhas, a sineta de Canelas etc. etc. que despertam a curiosidade de visitantes, coleccionadores e são motivo de admiração doutras associações de bombeiros.
(Imagem do "Escritos do Douro" publicada em QUARTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 2009 - O Quartel dos Bombeiros da Régua - Notas para a sua história)
No 2º andar situam-se a biblioteca, gabinetes, sala de reuniões e formação, e camaratas. Noutras ocasiões, o 2º Andar teve um dinamismo cultural apreciável. Antes da existência da Biblioteca Municipal, ele serviu de alimento espiritual à sociedade da Régua e arredores com o funcionamento activo da biblioteca. Houve um tempo de inactividade, mas tal não lhe retira o merecimento. Muito boa gente leu e estudou nesse Salão ou levou emprestados para casa: jornais, revistas e livros da Biblioteca cujo patrono é Maximiano Lemos. Apesar deste ilustre reguense ser um santo não conseguiu o milagre do regresso de almas fugitivas ao espaço que baptizou. Quanto aos “Monges” (Bombeiros, Comando e Direcção) que há para dizer? Que são donos da protecção civil nas seguintes áreas: saúde, incêndios e acidentes (nas vias e no rio) no perímetro do concelho do Peso da Régua. Nunca é demais lembrar a sua formação na emergência pré-hospitalar e a sua preparação no socorro dos doentes que transportam aos hospitais e centros de saúde. Nos incêndios florestais os Bombeiros respondem também aos apelos do Centro Distrital de Vila Real de Operações de Socorro (CDOS).
O corpo de Bombeiros da Régua, entre voluntários e profissionais, ronda os 80, sendo estes cerca de 20. Tenho conhecimento da atenção que dispensam ao cidadão comum prestando-lhes uma ajuda de cinco estrelas. Se “o hábito não faz o monge” como diz o ditado, neste caso o hábito faz parte do monge. A grandeza e a nobreza do Edifício (o Hábito) de uma Associação de Bombeiros das mais antiga do país (28-11-1880), têm sido bem interpretadas pelos Soldados da Paz, Comandante e Direcção (os Monges), pois, prestando, dedicadamente, os seus imprescindíveis serviços sabem honrar os pergaminhos da memória e da história do concelho do Peso da Régua.
O Hábito e os Monges constituem um riquíssimo tesouro a preservar.
Nota: Como se depreende da leitura, este artigo não trata da Edificação “Sala Museu – Bombeiros Voluntários – Peso da Régua”, sita em frente da sede da Junta de Freguesia da Régua.
Clique nas imagens para ampliar. Imagens e texto editados para este blogue. Sugestão de texto do Dr. José Alfredo Almeida (JASA). Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Maio de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.