Era no verão passado, numa tarde quente dos últimos dias do meu calendário do mês Julho.
Inesquecível, a luz desenhada pelos ramos dos velhos plátanos, que ao passar me faz uma sombra no passado.
Naquele tarde, lembro-me que pedi para ficares, para não ires embora tão apressadamente. Tu já não ouviste nada e foste embora, a correr para lado nenhum.
Não te disse que precisava de Eternidades para te esquecer…!
Agora, lembro do silêncio que ficou, para sempre, naquele lugar. Entre as margens do meu rio, entre as margens da nossa existência. Sabes, podes não acreditar em mim, mas é só o silêncio que ouço de ti, quando caminho no meio dos plátanos.
Ao contrário de nós, os plátanos são intemporais. Como é a paisagem admirável das Caldas do Moledo. Aprendi que nós somos mesmo seres temporais: vivemos sempre entre o passado e o futuro...!
Que sorte ter aqui passado na altura certa, bruscamente no verão passado!
- José Alfredo Almeida, Peso da Régua, Janeiro de 2011. Clique na imagem acima para ampliar.