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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A uma flor silvestre - Poesia de Manuel Maria de Magalhães


De Manuel Maria de Magalhães*
Tu que fazes, linda flôr,
N´esta selva tão sosinha?
D´aqui  ver-te tenho dor,
Existindo sem visinha!...

Porque não vaes tu viver
Em jardins encantadores?
Vae-te, não queiras morrer
Tão ausente das mais flores.

Se vem um bicho malvado
Em procura de sustento,
Tu o verás a ti voltado;
Serás morta n´um momento

Se vem um tufão furioso
Por tua fronte passar.
Cairás logo no chão,
Sem ninguém te apanhar!

Anda pois, comigo vem,
Prometto-te, linda flor
De a ti, e mais ninguém
Dedicar o meu amor.

Viverás no meu jardim
No lugar que escolheres;
Só a ti amarei, sim,
Até eu, ou tu morreres.

Então anda, vem ser minha
Não quero que fiques só;
D´aqui deixar-te sosinha 
Tenho pena, tenho dó!

Regoa, Julho de 1864

Nota: *Publicada no jornal “O Douro”. Esta faceta de Manuel Maria de Magalhães como poeta romântico, até hoje era nossa desconhecida, revela muito do seu carácter humanista deste principal fundador e o primeiro comandante dos bombeiros da Régua (1880 a 1892).

Colaboração de texto e imagem do Dr. José Alfredo Almeida e edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2011. Clique na imagem acima para ampliar.