quarta-feira, 19 de junho de 2013

Recortes ...

O Rio 

Da minha janela 
eu via o rio. 
Um rio imenso, 
tenso, 
de diferentes cores, 
de história, e de estórias, 
de vida e de mortes, 
de mil valores, 
de risos e ais, 
brutais. 

E todas as tardes 
eu vinha à janela 
e via o rio, 
um braço brilhante 
de amante 
a envolver as terras 
que despencam da cidade 
(sem piedade). 

Eu via o rio 
até aonde a vista 
alcança 
e se lança 
a mente. 
Eu via o rio 
deitar sobre a terra 
em tons variados, 
que o céu, de ciúme, 
lhe emprestava. 

E eu estava ali 
a ver o rio, 
todas as tardes, 
sem alardes, 
quieto como o rio, 
triste como ele, 
nessas horas cinzas 
de todas as tardes. 

E tantas vezes 
eu vi o rio 
que aprendi a conhecê-lo 
em todo o seu íntimo. 
Em um átimo, 
eu o senti; 
seu braço me envolveu 
também. 
Brilhou dentro de mim, 
e eu senti o rio 
a correr em meu corpo. 

Nunca mais precisei 
chegar à janela 
para ver meu rio.

- Victor Motta (recolhido da net).
Clique nas imagens para ampliar. Imagens de autoria de J. L. Gabão e editadas para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Junho de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

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