quinta-feira, 3 de março de 2011

LAGAR DA MEMÓRIA de M. Nogueira Borges


As páginas que se seguem são recolhas de alguns anos de vida guardadas no Lagar da (minha) Memória. Nasceram, como as uvas da PÁTRIA DURIENSE, de cepas de várias castas, idades e lugares. Umas têm o benefício da Região Demarcada, outras, os transcursos citadinos e africanos. Nenhuma delas rejeito: nem a doçura amadurecida, nem o amargo fora de época. (in “Apresentação”).

É a vida do Douro, as vidas à volta das vinhas e dos campos, dos fraguedos e dos socalcos, um cheiro a lagar ubérrimo e escravizante que salpicam o leitor ainda fiel às águas de uma pátria sempre rude para aqueles que não a foram abandonando. Tal como o autor.

 LAGAR DA MEMÓRIA de M. Nogueira Borges
CONVITE

A Mosaico de Palavras Editora tem a honra de convidar V. Exª e Família a assistir à apresentação da obra LAGAR DA MEMÓRIA, de M. NOGUEIRA BORGES, que irá decorrer no próximo dia 12 de Março (Sábado), pelas 15 h, na Casa-Museu Teixeira Lopes, 32, Vila Nova de Gaia (perto da Câmara Municipal de Gaia). Apresenta a obra o Dr. Armando Figueiredo.
(Clique nas imagens para ampliar)
Alguns trechos do "Lagar da Memória" transcritos no Escritos do Douro.


Pedidos/compra poderão ser feitos desde já diretamente à editora MOSAICO DE PALAVRAS, via net (http://mosaico-de-palavras.pt/product.php?id_product=101) ou através de Elvira Santos - geral@mosaicodepalavras.com com pagamento por transferência bancaria, ou ainda por meio de envio à cobrança.
Preço - 15,00€.
MOSAICO DE PALAVRAS EDITORA, LDA
RUA COMENDADOR ANTÓNIO AUGUSTO SILVA, 127 - R/C, 4435-191 RIO TINTO -PORTUGAL.
Telefone fixo - 224801761; Telefone móvel – 963678534

Recortes: Régua, antes... Régua, depois...

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Peso da Régua - Igreja Matriz (Peso)

quarta-feira, 2 de março de 2011

O meu brinde

Por Camilo de Araújo Correia

Estivesse onde estivesse, a fazer fosse o que fosse, eu viria a esta homenagem ao senhor Carlos Cardoso dos Santos, pelos seus 31 anos de brilhante e abnegado comando dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

E viria, vencendo distâncias e afazeres, porque não sou apenas um reguense devoto dos seus bombeiros e grato a quem, ao longo de tantos anos os disciplinou e dirigiu nos difíceis caminhos da protecção e salvação do próximo. E nós sabemos que essa dificuldade pode ir do sacrifício familiar ao sacrifício da própria vida. Viria porque sou também um velho amigo e um inabalável admirador do forte temperamento altruísta do senhor Carlos Cardoso dos Santos.

Se admitirmos que uma pessoa volta a nascer, quando começa a trabalhar, exercendo a profissão que escolheu, pode-se dizer que sou natural do Hospital de D. Luiz I e, amigo do senhor Carlos Cardoso, dos Santos desde que nasci...

Quando, há, cerca de 35 anos, fui trabalhar para o nosso Hospital já o encontrei funcionário da secretaria. Julgava eu. Mas cedo pude constatar que era funcionário do hospital todo. Parecia que tudo passava pelas suas mãos, desde a feitura dos ofícios à mudança das lâmpadas fundidas. E foram essas mãos, cansadas de todos os pequenos lemes do hospital, mas cheias de energia para todos os préstimos, que me 'entregaram o primeiro ordenado da minha carreira - trezentos escudos. 
Não é fácil esquecer esse ordenado. Ele foi também uma espécie de chave do inferno… Um inferno cheio de humanidade e simpatia, mas onde o trabalho era um diabo que parecia apostado em quebrar todos os relógios e rasgar todos os calendários. E foi nesse simpático e querido inferno, que é o Hospital de D. Luiz I, que eu e o senhor Carlos Cardoso dos Santos fomos envelhecendo sem nos queixarmos de nada e, muito menos, um do outro.

Os hospitais eram, por essa altura, e foram-no ainda por muito tempo, verdadeiras escolas de altruísmo, amadorismo e convívio fraterno.

E foi com todo esse altruísmo, amadorismo e capacidade de relação, largamente, exercidos no Hospital de D. Luiz I, que o senhor Carlos Cardoso dos Santos apareceu nos Bombeiros Voluntários da Régua. Não admira, pois, que os 31 anos do seu comando tenham sido de inegável eficiência e brilhantismo. E é por isso que aqui estamos com o ruído dos nossos aplausos e o silêncio da nossa gratidão.

O calor do meu brinde não ficaria completamente explicado se não lhes dissesse que passei pela Direcção dos Bombeiros da Régua, ao que julgo, por influência ou, pelo menos, franca concordância do senhor Carlos Cardoso dos Santos. Mal chegado de uma penosa mobilização em Moçambique, pode dizer-se que foi uma partidinha dos meus amigos. Uma simpática e honrosa partidinha, devo confessar. 
Peço licença para que o meu brinde seja extensivo à esposa do senhor Carlos Cardoso dos Santos e às esposas de todos os bombeiros. No peito de todas a sirene só deixa de tocar, quando o marido regressa a casa molhado, cansado... mas feliz.

Notas:
  1. Esta crónica foi publicada no jornal O Arrais, na edição de 13 de Março de 1990. 
  2. As fotografias de Baía Reis documentam momentos da posse, em 3 de Outubro de 1959, do Comandante Carlos Cardoso dos Santos.
  3. Uma cópia do convite que foi enviado aos amigos do Comandante Carlos Cardoso dos Santos para a homenagem pelo brilhante e abnegado desempenho de 31 anos de serviço nos Bombeiros da Régua, que se realizou, no dia 3 de Março de 1990, no Quartel Delfim Ferreira, onde o Dr. Camilo de Araújo Correia, como “devoto”  dos bombeiros da Régua,  esteve presente e leu este seu brilhante  “brinde”… de  generosidade ao seu grande amigo.
- Colaboração de J. A. Almeida para "Escritos do Douro" em Março de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
O meu brinde por Camilo de Araújo Correia
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 3 de Março de 2011
(Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
O meu brinde - Camilo de Araújo Correia

sábado, 26 de fevereiro de 2011

CONTRA A CORRENTE

Pega de caras o teu desencanto,
Toureia-o no redondel da multidão,
Numa qualquer praça, num qualquer canto,
E não autorizes que te ponham a mão.
Não vendas a tua palavra
Nem a tua verdade
Nem o teu amor.
Vale mais, quando morreres,
Teres o aceno de uma flor
Do que um coro de fingidores.
Podes contar os tostões,
Uma vida inteira que seja,
Podes contar as traições,
Venham de onde menos se deseja,
Podem-te vencer,
Naturalmente,
Podem-te roubar,
Cobardemente,
Mas não te podem prender
Nem convencer
A ficares calado,
Humilhado.

- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória". O livro "O Lagar da Memória" será apresentado  no próximo dia 12 de Março (Sábado), pelas 15 h, na Casa-Museu Teixeira Lopes, 32, Vila Nova de Gaia (perto da Câmara Municipal de Gaia). Convite e informações aqui.
  • Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua. A imagem ilustratrativa acima, recolhida da internet livre é composta/editada em PhotoScape, poderá ser ampliada clicando com o mouse/rato.