quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ausência

Não sei há quantos anos - talvez desde que me conheço – que transporto uma imagem-memória sem definição.
Bem me esforço por lhe encontrar a forma, a cor e o conteúdo, mas, sempre em vão.
Nessa procura me perco sem relógio, num suor pegajoso, numa dor de impotência, numa íntima aflição.
São momentos de luta interior que tanto ocorrem numa noite de espertina ou na balbúrdia do dia, sem resposta para as minhas dúvidas, convencido de que nunca alcançarei o descanso da solução.
Umas vezes, aquela imagem surge-me num revivalismo do já experimentado, mas, quando a aprofundo, logo se me dissipa a objectivação e tudo é engano, mistura de pensamento e de lembrança no esbatimento da monotonia.
Tanto me aparece no roxo da revolta como no rubro da injustiça, no negro da ingratidão como no cinzentismo da apatia.
Tanto chora numa premência de tristeza como grita numa brevidade de alegria.
Há, porém, uma minúcia que já apreendi: o sentimento da ausência. É isso: a ausência como uma fome nunca satisfeita, uma falta insuprível, um espaço sem tempo e sem modo, continuamente à espera de quem a possa preencher.
Será a ausência de uma alma que na minha se devia encaixar? Será uma incompreensão atávica perante a frieza de um mundo que não há meio de entender?
Será uma desarmonia entre uma época sem sentido e uma consciência inadaptada?
Um vazio, aquém (e além) do nascituro, como se o corpo fosse apenas o invólucro de um nome destinado ao cumprimento de uma obrigação gerada?
Mas se, afinal, isto não se explica, por que buscar, então, no intervalo da vida e da morte, a pacificação do entendimento, essa imagem-memória, se ela é uma ausência ausente, que é o mesmo que afirmar uma incapacidade racional – não uma subjectivação incomunicável -, uma omissão que se sofre no envelhecimento de um retrato que escurece tão veloz que só damos por ele quando o espelho se fende?
Vem-me de longe essa nuvem, esse tempo sem tempo, como uma sombra dos dias, como uma angústia de exílio. Queria-a na sua substância, demorar-me na sua presença para a saber inteira, porque só assim decifraria o seu sentido no relacionamento comigo.
Bastava detê-la no meu (e no seu) conhecimento e, depois de esclarecido, largá-la definitivamente.
- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória".
  • Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua. A imagem ilustratrativa acima, recolhida da internet livre é composta/editada em PhotoScape, poderá ser ampliada clicando com o mouse/rato.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Uma imagem antes de o SOL ir embora...

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Motivado pela bela e já rara imagem com origem no Douro de nossas raízes, transcrevo, grato, do "Jacarandá":

Luz - Quinta de Valbom, Douro, 1975
Quando ainda se usavam estes “cestos vindimos”, com cerca de 60 a 70 quilos de uvas. Às vezes, aqueles homens faziam por dia, desta maneira, dezenas de quilómetros a subir ou descer encostas. Os cestos faziam parte do “típico” duriense, cantado e elogiado por escritores e turistas, que quase sempre esqueciam a dureza daquele trabalho. Hoje, felizmente, estão praticamente desaparecidos. Caixas de 20 a 25 quilos e outros contentores, além dos tractores e das camionetas, fazem esse trabalho.

AFONSO HENRIQUES NASCIDO E EDUCADO NO DOURO - Nova Teoria

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Projeto de autoria do escritor duriense Altino Moreira Cardoso, publicado em 19 de Julho de 2010, sobre o nascimento de D. Afonso Henriques no Douro. Prevê-se a publicação do livro definitivo com cerca de 500 páginas na Páscoa de 2011.


Quem é ALTINO MOREIRA CARDOSO: - Autor de CANCIONEIRO SALOIO e GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO — nasceu em 8.12.1941, na freguesia de Loureiro, concelho de Peso da Régua. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Coimbra, em 1969. Frequentou, ao mesmo tempo, como elemento da Tuna Académica e do Conjunto de Câmara Carlos Seixas, o Conservatório de Música de Coimbra, na especialidade de Violino. Entre 1973 e 1976 fez o Bacharelato em Direito na Universidade de Lisboa. Os primeiros anos tinha-os passado no Seminário de Vila Real, onde já se impusera pela sua enorme capacidade intelectual, com propensão para a Música. A sua tese de licenciatura versou a Obra de um poeta da Presença: Afonso Duarte.

Concluído o Curso de Ciências Pedagógicas (também na Fac. de Letras da U.Coimbra.), seguiu o Ensino Secundário, com Estágio e Exame de Estado (1972), trabalhando em algumas escolas secundárias, entre as quais: Colégio de Porto de Mós, Liceu de Vila Real, Liceu da Amadora, Liceu de Queluz (efectivo desde 1973). Em complemento da actividade pedagógica tem elaborado e editado diversos trabalhos, de que destacamos: - Tem registadas na SPA mais de duzentas canções, entre as quais músicas para a infância, para a História de Portugal, para Contos Populares... Alguns conjuntos têm gravado canções suas, nomeadamente o Regional Duriense e os Rabelos do Douro. (...) Tem sido colaborador de diversos jornais: Música & Som (1976-1979), com funções directivas na Tribuna de Queluz (no Jornal da Amadora), Jornal de Queluz e no Jornal Amadora-Sintra, que fundou em 1991 e de que foi proprietário e director.

Dirigente do SNPL (Sindicato Nacional dos Professores Licenciados); dirigente da COPAAEC (Confederação Portuguesa dos Antigos Alunos do Ensino Católico, filiada na OMAAEC, Organização Mundial do mesmo Ensino); Presidente do Conselho Fiscal da AAASVR (Associação dos Antigos Alunos do Seminário de Vila Real); Presidente do Núcleo da Cruz Vermelha de Algueirão - Mem Martins; membro da SPA (Sociedade Portuguesa de Autores); sócio da AAECL (Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra e Lisboa); sócio da ANPES (Associação Nacional de Professores do Ensino Secundário); sócio da AATAUC (Associação dos Antigos Tunos da Universidade de Coimbra); ex-presidente do CBESQ (Centro de Bem-Estar Social de Queluz); ex-elemento do Grupo de Cantares da Casa de Trás-os-Montes de Lisboa; Presidente do Núcleo da Cruz Vermelha de Algueirão-Mem Martins; Medalha de bronze da Câmara de Sintra (1998); Professor Aposentado em 5-6-2002; Medalha do Liceu de Queluz (E S P. Alberto Neto - 2002); Medalha da Câmara M Sintra (Professores Aposentados - 2002); Presidente do Conselho Fiscal da recém-fundada CREARTIS - Associação dos Professores Escritores e Artistas; Medalha de Mérito Municipal (Prata) do Município de Sintra (29-6-2003).

ALGUMAS OBRAS PUBLICADAS: O ESTADO DO ENSINO (Entrevista radiofónica, nos 25 anos do Liceu de Queluz - 1999); O HOMEM DO DOURO NOS CONTOS DE JOÃO DE ARAÚJO CORREIA (Dezembro 2000); MANUEL DO MUNDO (teatro) (Maio 2003); O PODER MATRIARCAL NO DOURO, SEGUNDO AGUSTINA (Conferência, na Casa do Douro, seguida de intervenção de Agustina); O UNGIDO DE DIÓNISOS E OUTROS ENSAIOS (Julho de 2003); MÚSICAS PARA A MENSAGEM DE FERNANDO PESSOA (2004); PADRE MINHAVA - O HOMEM E O MÚSICO (Homenagem na Câmara de Mondim de Basto, Maio de 2004); CANCIONEIRO SALOIO (Junho 2005); GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO (1º volume - Março de 2006); GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO (2º volume - Março de 2007); SEMINÁRIO DE DIAMANTE (Abril de 2006); ACESSO A FERNANDO PESSOA (2ª ed., a publicar); (...)

AFONSO HENRIQUES
NASCIDO E EDUCADO NO DOURO
Nova Teoria
(Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
AFONSO HENRIQUES NASCIDO E EDUCADO NO DOURO - Nova Teoria

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pontes de Magia

Basta olhares para pontes e deixares repousar o teu olhar no jogo de luzes e de cores que te permitem vislumbrar sobre uma paisagem soberba de socalcos que envolvem a Régua: o Douro é mesmo para tu sentires.

Se este for o teu caminho escolhido, atravessa as pontes e deixa-te encantar pelo irreal, pelo sonho, pela fantasia e pela beleza de um lugar, onde o teu coração pode ficar.

Dizem que as pontes servem para atravessar para a outra margem. Mas servem para muito mais. Atravessam as nossas vidas. Ligam o passado ao futuro. Mais do que julgas, as pontes fazem magia: fazem regressar aos lugares únicos e onde fomos felizes.

Mas, não deves esperar pela chegada das andorinhas nem pelo calor do Verão. Na primavera a luz é mais bonita, as vinhas ganham mais cores, a vida renasce e tudo recomeça como se fosse a primeira vez. No Douro, em Maio, já há cerejas doces e maduras para saboreares. As melhores, são as da Penajóia, dizem os antigos.

Se puderes, visita o Museu do Douro que está mais bonito, com mais coisas interessantes para veres. Gostava que fosses ver a exposição dedicada à vida e à obra da grande mulher do Douro, D. Antónia, a Ferreirinha da Régua, para melhor perceberes as suas paixões pelas vinhas, pelo vinho do Porto, pelo Douro, o grande amor da sua vida!

Sei que vais gostar. Escolhe o caminho que quiseres, mas não te esqueças de atravessar, ao entardecer, uma ponte da Régua: regressas, outra vez, à magia de um Outro Mundo - O Douro!
- José Alfredo Almeida, Peso da Régua, Janeiro de 2011. Clique na imagem acima para ampliar.