sábado, 29 de janeiro de 2011

AFONSO HENRIQUES NASCIDO E EDUCADO NO DOURO - Nova Teoria

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Projeto de autoria do escritor duriense Altino Moreira Cardoso, publicado em 19 de Julho de 2010, sobre o nascimento de D. Afonso Henriques no Douro. Prevê-se a publicação do livro definitivo com cerca de 500 páginas na Páscoa de 2011.


Quem é ALTINO MOREIRA CARDOSO: - Autor de CANCIONEIRO SALOIO e GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO — nasceu em 8.12.1941, na freguesia de Loureiro, concelho de Peso da Régua. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Coimbra, em 1969. Frequentou, ao mesmo tempo, como elemento da Tuna Académica e do Conjunto de Câmara Carlos Seixas, o Conservatório de Música de Coimbra, na especialidade de Violino. Entre 1973 e 1976 fez o Bacharelato em Direito na Universidade de Lisboa. Os primeiros anos tinha-os passado no Seminário de Vila Real, onde já se impusera pela sua enorme capacidade intelectual, com propensão para a Música. A sua tese de licenciatura versou a Obra de um poeta da Presença: Afonso Duarte.

Concluído o Curso de Ciências Pedagógicas (também na Fac. de Letras da U.Coimbra.), seguiu o Ensino Secundário, com Estágio e Exame de Estado (1972), trabalhando em algumas escolas secundárias, entre as quais: Colégio de Porto de Mós, Liceu de Vila Real, Liceu da Amadora, Liceu de Queluz (efectivo desde 1973). Em complemento da actividade pedagógica tem elaborado e editado diversos trabalhos, de que destacamos: - Tem registadas na SPA mais de duzentas canções, entre as quais músicas para a infância, para a História de Portugal, para Contos Populares... Alguns conjuntos têm gravado canções suas, nomeadamente o Regional Duriense e os Rabelos do Douro. (...) Tem sido colaborador de diversos jornais: Música & Som (1976-1979), com funções directivas na Tribuna de Queluz (no Jornal da Amadora), Jornal de Queluz e no Jornal Amadora-Sintra, que fundou em 1991 e de que foi proprietário e director.

Dirigente do SNPL (Sindicato Nacional dos Professores Licenciados); dirigente da COPAAEC (Confederação Portuguesa dos Antigos Alunos do Ensino Católico, filiada na OMAAEC, Organização Mundial do mesmo Ensino); Presidente do Conselho Fiscal da AAASVR (Associação dos Antigos Alunos do Seminário de Vila Real); Presidente do Núcleo da Cruz Vermelha de Algueirão - Mem Martins; membro da SPA (Sociedade Portuguesa de Autores); sócio da AAECL (Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra e Lisboa); sócio da ANPES (Associação Nacional de Professores do Ensino Secundário); sócio da AATAUC (Associação dos Antigos Tunos da Universidade de Coimbra); ex-presidente do CBESQ (Centro de Bem-Estar Social de Queluz); ex-elemento do Grupo de Cantares da Casa de Trás-os-Montes de Lisboa; Presidente do Núcleo da Cruz Vermelha de Algueirão-Mem Martins; Medalha de bronze da Câmara de Sintra (1998); Professor Aposentado em 5-6-2002; Medalha do Liceu de Queluz (E S P. Alberto Neto - 2002); Medalha da Câmara M Sintra (Professores Aposentados - 2002); Presidente do Conselho Fiscal da recém-fundada CREARTIS - Associação dos Professores Escritores e Artistas; Medalha de Mérito Municipal (Prata) do Município de Sintra (29-6-2003).

ALGUMAS OBRAS PUBLICADAS: O ESTADO DO ENSINO (Entrevista radiofónica, nos 25 anos do Liceu de Queluz - 1999); O HOMEM DO DOURO NOS CONTOS DE JOÃO DE ARAÚJO CORREIA (Dezembro 2000); MANUEL DO MUNDO (teatro) (Maio 2003); O PODER MATRIARCAL NO DOURO, SEGUNDO AGUSTINA (Conferência, na Casa do Douro, seguida de intervenção de Agustina); O UNGIDO DE DIÓNISOS E OUTROS ENSAIOS (Julho de 2003); MÚSICAS PARA A MENSAGEM DE FERNANDO PESSOA (2004); PADRE MINHAVA - O HOMEM E O MÚSICO (Homenagem na Câmara de Mondim de Basto, Maio de 2004); CANCIONEIRO SALOIO (Junho 2005); GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO (1º volume - Março de 2006); GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO (2º volume - Março de 2007); SEMINÁRIO DE DIAMANTE (Abril de 2006); ACESSO A FERNANDO PESSOA (2ª ed., a publicar); (...)

AFONSO HENRIQUES
NASCIDO E EDUCADO NO DOURO
Nova Teoria
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AFONSO HENRIQUES NASCIDO E EDUCADO NO DOURO - Nova Teoria

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pontes de Magia

Basta olhares para pontes e deixares repousar o teu olhar no jogo de luzes e de cores que te permitem vislumbrar sobre uma paisagem soberba de socalcos que envolvem a Régua: o Douro é mesmo para tu sentires.

Se este for o teu caminho escolhido, atravessa as pontes e deixa-te encantar pelo irreal, pelo sonho, pela fantasia e pela beleza de um lugar, onde o teu coração pode ficar.

Dizem que as pontes servem para atravessar para a outra margem. Mas servem para muito mais. Atravessam as nossas vidas. Ligam o passado ao futuro. Mais do que julgas, as pontes fazem magia: fazem regressar aos lugares únicos e onde fomos felizes.

Mas, não deves esperar pela chegada das andorinhas nem pelo calor do Verão. Na primavera a luz é mais bonita, as vinhas ganham mais cores, a vida renasce e tudo recomeça como se fosse a primeira vez. No Douro, em Maio, já há cerejas doces e maduras para saboreares. As melhores, são as da Penajóia, dizem os antigos.

Se puderes, visita o Museu do Douro que está mais bonito, com mais coisas interessantes para veres. Gostava que fosses ver a exposição dedicada à vida e à obra da grande mulher do Douro, D. Antónia, a Ferreirinha da Régua, para melhor perceberes as suas paixões pelas vinhas, pelo vinho do Porto, pelo Douro, o grande amor da sua vida!

Sei que vais gostar. Escolhe o caminho que quiseres, mas não te esqueças de atravessar, ao entardecer, uma ponte da Régua: regressas, outra vez, à magia de um Outro Mundo - O Douro!
- José Alfredo Almeida, Peso da Régua, Janeiro de 2011. Clique na imagem acima para ampliar.

O actor que foi bombeiro

Na Régua, são conhecidas duas casas de espectáculos.

A mais antiga é o Salão Recreativo Reguense, ao cimo da Rua da Vareiras (hoje Rua Custódio José Vieira). Está inactivo há muitos anos, mas o edifício preserva intacta a beleza arquitectónica do passado.

A outra é o abandonado Cine -Teatro Avenida, perto do Quartel dos Bombeiros, que se desfaz em ruínas, esperando, como no tempo em que havia filmes, um fim menos inglório.

Antes destas casas, em tempos recuados, existiu um Teatro que funcionou numa casa situada ao fundo da rampa João Macedo, hoje Rua 1.º de Dezembro.

Desse primeiro Teatro da Régua, não se fez ainda a sua história. O que se conhece está escrito no livro “História da Vila e do Concelho do Peso da Régua”, que nos deixou José Afonso de Oliveira Soares e nas crónicas do escritor João de Araújo Correia.

Do que eles escreveram sobre o primitivo Teatro, uma conclusão se pode tirar: era um teatrinho modesto, fundado por (actores) amadores, que não envergonhava a terra. Foi palco dalguns dos mais importantes actores profissionais.

Quando se abriram as suas portas, ao público, nada se sabe com certeza e rigor. Como não se sabe quantos anos esse Teatro manteve, com carácter de permanência, uma actividade recreativa e cultural.

O que está historiado é que esse Teatro foi atingido por uma das piores cheias do rio Douro, a tenebrosa cheia de 1860. As águas galgaram as margens, inundaram as ruas principais e chegaram às habitações da zona ribeirinha, onde se localizava o edifício. A força das águas destruiu-lhe os cenários, o palco e o telhado.
Conta Afonso Soares que o rio Douro, no dia 26 de Dezembro de 1860, “subindo muitos metros acima do nível ordinário, submergiu o teatro, do qual foi necessário amarrar o telhado para não ir na corrente como alguns outros”. Começou rigoroso o inverno de 1860, recorda Afonso Soares, para descrever a intensidade das águas que “fez engrossar o rio à altura de 24 metros aproximadamente acima do seu nível de estiagem”. Foi uma cheia que causou grande tragédia, provocou avultados prejuízos, nos bens e haveres, fazendo viver intensos dramas e múltiplas angústias.

Durante bastantes anos, a população da Régua ficou sem o seu Teatro. O edifício manteve-se fechado, a aguardar obras e a boa vontade de gente caridosa. Os reguenses deixam, assim, de assistir às representações das companhias que se deslocavam pelo país.

O Teatro só não desapareceu, definitivamente, porque dois beneméritos, António Pereira de Matos e o Padre Luís António Frias, decidiram reconstrui-lo para que uma companhia dramática espanhola, em tornée pelo país, pudesse representar para o público reguense, grande admirador de teatro.

A companhia espanhola era formada por artistas razoáveis, mas tinha dois actores a Joanita e o Adolfo Eulálio Pauman, que se distinguiam pela figura e boa interpretação que emprestavam aos papéis.

No seu livro, Afonso Soares revela admiração pelo actor Adolfo Eulálio Pauman. Além  dos elogios que lhe dedicou, fez-lhe o retrato para figurar numa página dedicada às casas de espectáculos.

Sobre o actor espanhol, o comandante Afonso Soares conta-nos como ele  soube conquistar o coração dos reguenses e que, após um mês de representações, não seguiu com a sua companhia, na tornée,  mas ficou a residir na Régua.

Chega a contar-nos que o actor foi bombeiro da Régua…!

Os arquivos dos bombeiros não guardam memórias desta tão ilustre personagem. Ninguém se lembra de haver registos da sua incorporação. Mas, o testemunho de Afonso Soares merece-nos credibilidade, já que o autor da História da Régua, nos primórdios da fundação da associação dos nossos bombeiros, tinha sido seu comandante (1892-1927). No exercício desse nobre cargo, é possível que o tenha admitido como sócio-activo, isto é, bombeiro e, por ser uma personalidade insigne, não deixou de o recordar.

Esta revelação de Afonso Soares é uma informação preciosa para a história dos bombeiros da Régua que, por descuido ou falta de atenção, ignorava que esta ilustre personagem tivesse sido bombeiro.

Do bombeiro Adolfo Eulálio Pauman não existem provas de que tivesse apagado fogos, nem que tivesse gestos de heroísmo. Seriam úteis esses pormenores, mas não acrescentariam nada ao exemplo de altruísmo e  generosidade que demonstrou ao alistar-se na corporação. Se no palco do primeiro Teatro da Régua foi um actor deveras aplaudido, no palco da vida brilhou como bombeiro dedicado em socorrer os reguenses.

O que sobre ele escreveu Afonso Soares chega para podermos imaginar um famoso actor que, ao som do sino da Capela do Cruzeiro - os primeiros sinais de incêndio -  se fardava de bombeiro, à volta das velhas bombas de incêndio, guardadas no pequeno Quartel, à data situado no Largo da Chafarica.
Assim, fica por contar mais uma bela e interessante história de vida…! A história do célebre actor espanhol que foi bombeiro voluntário da Régua. Dele só resta um retrato do seu rosto, da autoria do artista Afonso Soares, para o orgulho e a admiração das presentes e das vindouras gerações de bombeiros do Peso da Régua.
- Colaboração de J. A. Almeida* para "Escritos do Douro" em Janeiro de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
  • *José Alfredo Almeida é advogado, ex-vereador (1998-2005), dirigente dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua entre outras atividades, escrevendo também crónicas que registram neste blogue e na imprensa regional duriense a história da atrás citada corporação humanitária, fatos do passado da bela cidade de Peso da Régua.

As cheias do rio Douro na Régua em 1916

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