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quinta-feira, 28 de abril de 2011

UM APONTAMENTO SOBRE A HISTÓRIA do actual Quartel dos Bombeiros Voluntários da Régua

Aí por volta do ano de 1947, quando por circunstâncias várias - que não vem ao caso relatar -, me vi alcandorado ao lugar de primeiro magistrado do Conce­lho, tive ocasião de ajudar no seu arranque definitivo, o edifico inacabado daquela prestimosa Insti­tuição, situado na que havia de mais tarde chamar-se Avenida Sebastião Ramires.

Tinha-se erguido um esqueleto de aspecto arquitectónico que prometia brilhar no futuro, mas du­rante alguns anos assim se con­servou, sem portas, sem janelas, e sem telhado. Servia unicamente de sentinas públicas mas sem saneamento.

Eu passava por ali poucas vezes - dado que não me fazia jeito pela situação da minha Repartiçao, e só de longe em longe avistava aquela estrutura de pedra estranhamente abandonada em plena avenida que agora mudou de nome mercê do 25 de Abril, como aliás se fez em todo o País para eliminar os nomes de figuras que, de algum modo, re­presentavam o antigo regime que quer queiram quer não, muito fi­zeram por Portugal.

Parece-me não ser a forma mais apropriada, porque a História não se faz com tretas mas sim com factos.

Mas adiante, e retomemos o fio à meada que queremos desfiar.

Quando tornei posse do lugar, passei então a fazer caminho pela Avenida e a deixar o carro em frente da referida obra.

Logo no primeiro dia e por mera curiosidade, entrei nos baixos, para ver o seu interior que contrastava tristemente com aquela magnifica frontaria tão bem trabalhada, revelando o excelente artista que a tinha con­cebido. Fiquei indignado e eno­jado com o que vi! grandes bu­racos abertos junto aos alicerces onde se lançavam as mais varia­das porcarias e muita gente ali fazia as suas necessidades, e de tal maneira, que o cheiro lá dentro era repugnante e pestilento.

Vendo que os Bombeiros esta­vam pessimamente instalados na rua dos Camilos, e ansiavam por ter a sua Sede, tratei imediata­mente de contactar a sua direc­ção, nomeadamente Jaime Gue­des, infelizmente já falecido, mas o principal «motor» da Associação, no sentido dese acabar o Quartel.

Confiei-lhe os meus pensamen­tos acerca do que me parecia mais rápido para acabar a obra e encontrei nele a melhor receptividade.

Falei na mesma altura e tro­quei impressões com o Enge­nheiro Manuel Barreto então Di­rector da Urbanização que logo se interessou pelo assunto e as­sentou-se em pedir a comparti­cipação, ao então Ministro das Obras Públicas, Senhor Engenhei­ro José Frederico Ulrich que daí a pouco viria visitar a Régua.
Quando essa visita se efectuou, levamo-lo a ver aquele espectáculo tão deprimente, e logo o Ministro deu o seu apoio e auxílio ao nosso pedido mas com a condição de se «limpar» a frontaria que não achava bonita. Com­batemos a ideia do Ministro, e passado tempo ele concordou, e a comparticipação veio, e a reconstrução do Quartel principiou.
Mas antes, e é aí que eu quero chegar dado que não havia portas, nem janelas, nem telhado, a Câmara da minha presidência deu aos Bombeiros os materiais retirados da demolição duma Casa que se tinha expropriado em freme da Manutenção Militar, e cujo terreno é que se destinava à construção do Edifício Escolar actualmente ali existente.

Com esses materiais taparam­-se as aberturas das janelas e portas, e cobriu-se o telhado, evi­tando-se assim que algumas pes­soas continuassem a degradar ainda mais o futuro quartel dos Bombeiros.

Depois, em sucessivas fases, se foi acabando e alindando o edifício que é sem dúvida, um dos mais sugestivos e bonitos do País.

A Câmara que acompanhou sempre com carinho a obra insta­lou-lhe a água e a luz. É claro que não se pode dissociar o quar­tel dos Bombeiros sem evocar os nomes das pessoas que tanto trabalharam para que ele se trans­formasse numa realidade. Uns já desaparecidos e que deram tudo à sua querida Associação, como Jaime Guedes, o grande impul­sionado! Álvaro da Silva Rodri­gues, exímio artista serralheiro e meu grande Amigo, Lourenço Medeiros, e ainda vivos, António Guedes, Claudino Clemente, e ou­tros cujos nomes me não ocorrem agora.

Leio sempre com agrado os artigos que o meu amigo António Guedes escreve para o «Arrais» e são quase sempre alusivos à As­sociação dos Bombeiros de que ele foi um dos principais e1ernen­tos, e certamente vai ficar con­tente ao ler estas linhas, recor­dando factos passados vai para 30 anos. E como pertence à mi­nha geração e pode dizer-se que trabalhamos juntos na Câmara, daqui lhe envio um abraço de velho Amigo.
- Manuel Alves Soares

Notas:
  1. Este interessante depoimento do Dr. Manuel Alves Soares – Presidente da Câmara da Régua nos finais dos anos 40 e princípios dos 50 anos - encontra-se publicado neste jornal e pelo seu manifesto interesse para os leitores compreenderem as imensas dificuldades em que foi acabado de construir o actual Quartel dos bombeiros da Régua, aqui se faz na integra a reprodução.
  2. As fotografias permitem ver a evolução que o Quartel Delfim Ferreira que, desde então, sofreu na sua magistral arquitectura, respeitando sempre o projecto original do famoso Arquitecto Oliveira Ferreira, o que está acontecer também com as obras de beneficiação da responsabilidade da actual Direcção e como apoio da Câmara Municipal.
- Matéria enviada por J. A. Almeida em Abril de 2011.

UM APONTAMENTO SOBRE A HISTÓRIA do actual Quartel dos Bombeiros Voluntários da Régua
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 7 de Abril de 2011
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