Sexta, 02 Março 2012 12:16 - A. Fernando Vilela - In NB NetBila Trás-os-Montes e Alto Douro - Nos jornais impressos, nas televisões e rádios, nos cafés e restaurantes e em qualquer tasca ou esquina, superabundam as palavras, textos e imagens sobre a crise e a austeridade: o que gastamos, o pouco que vendemos aos países estrangeiros e o muito que compramos, a batata francesa, os figos da Turquia, o desemprego e o descontentamento generalizado dos portugueses, o défice, a balança de pagamentos, os cortes de subsídios, os políticos, o fim do estado social, as greves e os sindicatos e "a luta continua nas empresas e na rua".
Desabafava, há dias, um presidente de junta de freguesia: - Ao tempo que procuro alguém para ocupar um lugar de trabalho para limpeza das matas pertencentes à junta... Vou falando na freguesia, aqui e acolá, e a resposta é sempre mais ou menos a mesma : - Ai é para isso?... Hum... não, não estou interessado... Diz o presidente que o ordenado proposto não é nada de especial mas é um emprego digno, duradouro e nem exige grande esforço físico, pois há inclusivamente um pequena máquina para auxiliar nesse trabalho.
É pretensão do governo português, segundo as palavras da senhora Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, disponibilizar terras do Estado completamente desaproveitadas, para exploração agrícola, assim haja interessados empreendedores a tomar em mãos esta tarefa de trabalhar as terras que, resultado da revolução, já lá vão cerca de dois terços de área que podia continuar cultivada mas que se encontra num completo abandono. A região demarcada do Douro, classificada pela UNESCO, em 2001, como património da Humanidade é, como todos quantos a visitam reconhecem, uma área dotada de características especiais de beleza paisagística e representa um importante setor económico nacional de desenvolvimento, nomeadamente no que diz respeito à exportação dos seus famosos vinhos. No entanto, no Douro, pequenas manchas de área sem qualquer cultura, em locais ideais para a atividade agrícola, estão tristemente solitárias e desamparadas - a monte, como se diz. Sítios na região demarcada mais antiga do mundo, como a que mostra a imagem acima, são já bastantes. Esperam naturalmente por mãos determinadas e capazes de recuperarem pequenos mundos neste paraíso que é o Douro.