Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
- Sobre uma fotografia de Miguel Guedes (tirada na margem do rio perto do cais da Régua) para um pensamento que me ficou ao ler esta poesia de um heterónimo de Pessoa (RICARDO REIS, in "Odes" ) - José Alfredo Almeida, Peso da Régua, Março de 2011.