Regresso sempre às minhas origens, á minha terra, às Caldas do Moledo, quando tenho necessidade de me reencontrar com a minha vida.
Para lá chegar, conheço bem caminhos no mapa dos meus afectos e sentimentos mais íntimos.
Apetece-me voltar, algumas vezes, para respirar aquele ar puro e me encher da paz e serenidade que só aquela paisagem única, povoada de segredos e mistérios, me consegue dar.
Sempre que ali regresso procuro alguém que nunca dali conseguiu sair, o poeta nascido nas Caldas do Moledo, Antão de Morais Gomes que atingiu a Eternidade, o outro mundo, a escrever um pequeno livro de sonetos, esquecido no passar do tempo, a que chamou de "Antão era pastor..." como se procurasse uma parte de mim, que ali ficou na minha infância.
Desta última vez, encontrei-me no meio de rio Douro antigo, um rio que só existe nos mergulhos da minha infância e das aventuras de rapazes que no inicio do verão tinham por hábito colher as primeiras cerejas da Penajóia, aproveitando as ausências e a falta de vigilância dos seus donos.
Coisas de rapazes, mal feitas mas que não chegaram a causar danos e prejuízos maiores a ninguém. Desse tempo, aprendi mais uma verdade simples que registei no meu caderno de apontamentos : "se alguma coisa aprendi com o tempo, foi a respeitar e cuidar de quem mais gosto, mesmo que às vezes me pareça insuficiente".
Para mim, cada regresso que faço às Caldas do Moledo, é como voltar a um lugar onde fui feliz.
Para mim, o meu Moledo não é só um lugar, são todos os sentimentos que ali aprendi e nunca esqueci.
- José Alfredo Almeida, Peso da Régua, Janeiro de 2011. Clique nas imagens para ampliar.